sexta-feira, 14 de março de 2008

UMA NO CRAVO, OUTRA NA FERRADURA



Soube-se hoje que o PS tomou uma iniciativa legislativa visando a proibição da colocação de piercings na língua, prevendo ainda a definição de "um quadro de qualidade" para a instalação e funcionamento dos estabelecimentos de colocação de piercings e tatuagens.

Num dia destes ainda vamos ver o legislador a definir e controlar a qualidade das previsões astrológicas...

Esta fúria legislativa que demonstra uma vontade de tudo controlar é interessante e levanta muitas dúvidas. Por exemplo, os senhores deputados só ouviram falar de piercings na língua? Não sabem da colocação de piercings noutros locais mais escondidos do corpo, ou acham que aí não há problema por não serem mostrados em sítios públicos? Ou isso ou então foram atacados por um estranho pudor.

Por outro lado, porque é que um simples piercing é mais inconveniente do que um aborto?




1 comentário:

Fernando disse...

Completamente de acordo, caro João Paulo. De acordo com a opinião e de acordo com a proibição. Impossível maior convergência. Se é lícito que se legisle tentando assegurar a saúde pública não permitindo actos cirúrgicos, porque o são, efectuados por qualquer um e em qualquer lado, se é verdade que furar a língua, o nariz, os lábios (quaisquer que sejam) é, no mínimo, inestético e revelador dum terrível mau gosto, também é verdade que é a expressão da vontade individual relativamente ao próprio corpo. E não é essa uma das máximas dos defensores do aborto, que a mulher é livre de dispôr livremente do seu corpo?
Esquecem um pequeno pormenor, também estão a pôr e dispôr de uma vida que não é sua. Só que aqui começam as nossas verdadeiras divergências, se há ou não vida depois da concepção. Cada um que pense o que quiser, mas como dizia Galileu que se move,move.