terça-feira, 1 de abril de 2008

VERDADES DURAS COMO PUNHOS


No passado fim de semana, António Borges deu uma entrevista ao Público onde, a certa altura, disse o seguinte:
"Os factos são o que são. Em 2005, fui ao Congresso do PSD e apresentei uma moção onde me disponibilizei para ajudar o PSD a ter uma oposição mais activa em relação ao Governo. O congresso teve lugar no fim-de -semana e na segunda-feira, logo de manhã, fui chamado ao gabinete do ministro Manuel Pinho que me comunicou que todos os contratos com a Goldman Sachs estavam cancelados a partir daquele momento".
Após estas afirmações, o ainda ministro Manuel Pinho pretendeu desmentir António Borges garantindo que honestamente não se lembra de ter falado com ele.
Dois comentários:
-Em primeiro lugar, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. No momento em que António Borges devia ter assumido a sua candidatura não teve coragem para o fazer; se o tivesse feito, mesmo perdendo, estaria hoje numa posição completamente diferente perante os militantes do PSD que, embora tendo muitos defeitos, apreciam sobretudo quem tem coragem para ir à luta. Com isto não quero dizer que não tem hipóteses: tem apenas que sair da redoma intelectual e ir à luta pura e dura dos argumentos políticos, para além da técnica.
- Em segundo lugar, a actuação do ministro Manuel Pinho que politicamente não é ninguém, é bem a imagem dos dias de hoje, em que um Estado cada vez mais omnipresente põe e dispõe na área económica. Em vez de colocar a economia em cima e apoiar as pequenas e médias empresas como lhe competia, trata de manipular cada vez mais os grandes negócios em função de objectivos políticos.
Apesar de tudo, António Borges fez muito bem em se afirmar com esta entrevista. É de atitudes destas que o país precisa; de quem seja capaz de apresentar caminhos diferentes e de os sustentar devidamente do ponto de vista técnico.
Doutor António Borges: que não lhe doa a mão e não se fique por Alter do Chão.




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