segunda-feira, 23 de junho de 2008

MOBILIDADE URBANA E AMBIENTE




Coimbra foi pioneira na adopção de troleicarros em Portugal, cuja primeira linha entrou ao serviço em 1947, através de uma ligação a Santa Clara, sendo a passagem do Rio Mondego efectuada ainda pela antiga ponte metálica anterior à actual Ponte de Sta. Clara projectada pelo Eng. Edgar Cardoso.
Os troleicarros são veículos com características especiais que os tornaram desde o princípio do agrado dos habitantes da Cidade. Essas características tornam-nos únicos a nível ambiental, quer no nível de ruído, quer no nível de emissão de carbono para a atmosfera. São tão cómodos e silenciosos que os conimbricenses desde logo carinhosamente os apelidaram de “pantufas”.
A evolução tecnológica veio dotar os troleicarros de sistemas de emergência que lhes permite deslocarem-se em pequenos percursos no caso de falhas de energia e ainda de capacidades de recuperação energética nas situações de não consumo.
As outras cidades portuguesas que ao longo do séc. XX tiveram troleicarros, Porto e Braga, acabaram por abandonar este tipo de veículo de transporte urbano de passageiros.
Assim sendo, Coimbra é hoje a única cidade portuguesa e mesmo da Península Ibérica a oferecer aos cidadãos este tipo de transporte.
Ainda bem, direi eu. De facto, os actuais problemas energéticos vêm reforçar enormemente as vantagens do transporte de tracção eléctrica relativamente aos movidos a diesel.
Mas Coimbra que mantém a sua rede de troleicarros a funcionar há 60 anos, não parou no tempo.
Assim, está desde há pouco tempo a funcionar a nova “linha 60” de troleicarros, unindo a Universidade a Santo António dos Olivais e à Solum, estando ainda prevista a curto prazo a vinda de novos troleicarros para acrescentar aos vinte actualmente existentes.
Significa isto que a Câmara Municipal de Coimbra, dentro do território cuja gestão lhe compete, está na primeira linha no combate aos actuais problemas ambientais e energéticos, enquanto assume o apoio à mobilidade urbana dos seus habitantes e dos muitos milhares que todos os dias cá entram por diversos motivos.
Dado que a energia eléctrica para a rede de tracção ainda é comprada ao fornecedor nacional, incluindo portanto em si um custo ambiental, seria de toda a vantagem encarar a produção municipal de energia eléctrica renovável que permitisse diminuir essa factura ambiental. Esse passo seria ouro sobre azul e colocaria Coimbra na vanguarda mundial desse sector. Existem hoje diversas opções tecnológicas, desde a energia solar, à eólica e ao biogás dos desperdícios florestais, até ao aproveitamento do metano dos esgotos domésticos, não esquecendo a hidráulica já que dentro da Cidade existe um açude no Mondego.
Publicado no Diário de Coimbra em 23 de Junho de 2008

2 comentários:

Manucha disse...

Esta cidadã de Coimbra ainda não tinha reparado o que a CMC/SMTUC nos prorciona. FANTÁSTICO! Só critica os autocarros e a emissão dos seus gases. Sou uma pura ignorante. Notícias destas deviam vir ter à nossa caixa de correio, de modo a não deitarmos com a propaganda.Vou já divulgar esta notícia.
Manucha

Fernando disse...

Mais uma vez o exemplo vem de Coimbra. Pena que no Porto tirando o eléctrico para os turistas da Ribeira até à Foz (até pareço o Veloso), tenham dado cabo de todas as linhas de troleicarro e carro eléctrico. Ainda existe para aí um arremedo de preocupção ambiental, que para mim é apenas económica, com uns autocarros a gás. Com raríssimas excepções temos os autarcas que merecemos, à medida do País, o que é preciso é betão em grande para marcar uma obra e garantir (ou tentar)a próxima reeleição. Veja-se o autêntico atentado feito na Praça da Liberdade, empedrada até à exaustão e com a interveniência directa dum Sisa Vieira e dum Souto Moura, devidamente contratados por um tal Rui Rio. Transformaram uma das praças mais bonitas da Europa na "coisa" mais soturna e feia que conheço. Grandes nomes, grandes asneiras. É preciso marcar a época com obras que contrabalancem toda uma carreira...