segunda-feira, 1 de setembro de 2008

COMPETITIVIDADE URBANA

Foi recentemente publicado o relatório anual do “International Forum on Urban Competitiveness”, que apresenta a classificação mundial das cidades sob o ponto de vista da sua competitividade relativa.
Para aquele estudo, a “competitividade urbana” de cada cidade traduz a sua capacidade de criar riqueza mais rapidamente e de melhor maneira em comparação com as outras cidades.
O relatório analisa a competitividade de 500 cidades em todo o mundo, através de 9 critérios: produto total, produto per capita, produto por unidade de área geográfica, produtividade laboral, número de empresas multinacionais instaladas, número de patentes, preços, taxa de crescimento económico e taxa de emprego.
Segundo o relatório, as quatro cidades mais competitivas do mundo são Nova Iorque, Londres, Tóquio e Paris, não havendo aqui novidades. Madrid aparece em 17.º lugar.
Verifica-se que as regiões do mundo com cidades mais competitivas são a América do Norte e a Europa.
Correspondendo à ideia actual quanto ao crescimento asiático, é possível constatar que as dez cidades com maior crescimento económico em todo o mundo são chinesas. Em termos de competitividade urbana, Hong Kong, Xangai, Shenzhen e Pequim ocupam por enquanto os lugares 26, 41, 64 e 66 do ranking.
Comparando este relatório anual com os anteriores, conclui-se que a competitividade urbana relativa das cidades está sempre em mutação: enquanto algumas melhoram substancialmente, “trepando” muitos lugares, outras há que se deixam atrasar. Isto é, as cidades não se podem deixar adormecer se querem ser competitivas.
O relatório aborda ainda detalhadamente as explicações para a competitividade urbana em 150 cidades, através da avaliação de 103 índices, agregados em diversos capítulos, como competitividade empresarial, estrutura industrial, recursos humanos, ambiente, etc.
Curiosamente, no capítulo da qualidade de vida aparece Lisboa em terceiro lugar, atrás de Paris e de Sydney, mas afundando-se em todos os outros factores.
Como conclusão, o relatório sublinha que a crescente urbanização deveria levar as autoridades a dar mais importância ao desenvolvimento sustentável da economia, sociedade, ambiente e cultura, promovendo a competitividade urbana e assim fazendo das suas cidades melhores locais para se viver.
Parecem lugares comuns para se dizer, e que não terão muito a ver connosco, mas não são. A classificação das cidades, onde aparecem não só grandes metrópoles mas também cidades de média dimensão, merece uma análise cuidada e um estudo detalhado dos diversos critérios utilizados.
A ponderação destes factores deveria sustentar as opções dos responsáveis das cidades, com consequências ao nível das escolhas a fazer.
A urbanização crescente do nosso país, que se tem traduzido num abandono do interior e no crescimento algo descontrolado das áreas urbanas, necessita de uma abordagem que tenha em conta muitos dos aspectos abordados neste relatório.
É a própria sustentabilidade do país e consequente qualidade de vida das próximas gerações que está em causa. É necessário e urgente olhar para o desenvolvimento urbano à luz da abordagem deste relatório, porque a competitividade urbana é muito mais do que “alindar” as cidades, e bem mais do que promover investimentos públicos imediatistas, muitas vezes sem sustentabilidade.

Publicado no Diário de Coimbra em 1 de Setembro de 2008

1 comentário:

Manucha disse...

Artigo Espectacular. E mais não digo ou melhor boa continuação de acções de sensibilização ao "público". Não desistas.