domingo, 14 de novembro de 2010

Vasco Pulido Valente, hoje no Público. Sem comentários.

«Luís Amado, ministro dos Negócios Estrangeiros, pede na primeira página do Expresso um governo de coligação. Na terceira página, o director do Expresso, Henrique Monteiro, declara "este governo", o que formalmente existe, "quase um cadáver" e discute com a maior solenidade a formação do seguinte. Na pagina 13, o Expresso também informa que António Costa, o n.º 2 do PS, desistiu de suceder a Sócrates (já vamos nisso?), a favor de Francisco Assis, que por sua vez terá (ou não terá) de concorrer com António José Seguro, o putativo representante da esquerda socialista. Entretanto, vozes soltas, como a de Ana Gomes (que muita gente julgava desaparecida), pedem a demissão imediata do ministro das Finanças, de que ninguém gosta, ou uma remodelação mais drástica, para o PS "ganhar fôlego". No meio desta balbúrdia, consta que certas "figuras" proeminentes do partido (entre as quais vários "soaristas") preferem um Congresso imediato para substituir Sócrates, como ele merece, e fabricar um "governo patriótico", presidido por António Vitorino (a título de Nossa Senhora do Socorro) e apoiado no Parlamento pelo PSD, coisa que Passos Coelho com toda a clareza recusa. A preocupação geral dos socialistas parece ser o absoluto descrédito do governo, a sua previsível incapacidade para executar o Orçamento de 2011 e o medo de que as tensões sociais "rebentem" na rua. Há mais quem partilhe estes sentimentos. Paulo Portas no Diário Económico exigiu um "governo de salvação nacional" (fervorosamente "patriótico", como é óbvio) com o PS, o PSD e o CDS. Santana Lopes, que nunca consegue ficar quieto e caladinho, trouxe logo o seu apoio à ideia. E Pacheco Pereira apelou para "o afastamento voluntário de Sócrates", que ele considera "o principal factor subjectivo da crise", e com mais realismo (e menos marxismo) voltou a sugerir o mesmíssimo governo de "salvação nacional" ou um acordo parlamentar ou (em desespero) um simples "pacto de estabilidade", que ele jamais conseguirá definir, excepto presumivelmente com a ajuda do filósofo e eurodeputado Paulo Rangel que propôs (no Porto) um pacto entre os "partidos do arco governativo" até 2020. Não restava a menor dúvida que vivíamos numa casa de loucos. Mas sempre ia persistindo uma vaga esperança de que a loucura não fosse tanta. Agora sabemos que é. E que não tem cura.»

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