segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O PSD e o País

Faz agora um ano que o PSD elegeu Passos Coelho como líder. As eleições directas que ditaram a sua escolha traduziram-se numa votação de mais de 60% dos votos dos militantes, contra candidatos do gabarito de Paulo Rangel e Aguiar Branco. Um resultado que apenas surpreendeu quem de facto não conhecia Passos Coelho, a sua forma séria de estar na coisa pública e a sua capacidade política.

Recorde-se que nas eleições internas de Maio de 2008 tinha sido escolhida Ferreira Leite com 38% dos votos contra Passos Coelho que nessas eleições obteve 31% e Santana Lopes 29,5 %. Nas eleições para a Assembleia da República que se seguiram, Passos Coelho foi excluído das listas de deputados do PSD, pelo que hoje não pode defrontar directamente o Governo no Parlamento, ao contrário do que sucede habitualmente nas democracias, e o PSD dirigido por Manuela Ferreira Leite obteve 29,1% contra 36,5% do PS, isto já em plena crise financeira. Como se sabe, a hora da verdade das lideranças partidárias verifica-se nos resultados das eleições legislativas e não noutro momento qualquer. Por isso mesmo se relembra igualmente que em 2005 Santana Lopes obteve 28,7% contra 45% do Partido Socialista. A História é o que é e não outra coisa qualquer e é sempre bom ter memória destas coisas.

Após a sua eleição como presidente do PSD, a acção de Passos Coelho tem-se pautado por duas características claras. A nível interno por uma preparação programática séria do partido para a sua acção governativa quando vier a ser chamado para essa responsabilidade e por uma acção construtiva de unidade interna, chamando a colaborar todos os que o quiserem fazer independentemente das suas escolhas pessoais anteriores. Já a nível nacional, a sua liderança tem-se caracterizado por uma acção patriótica que coloca sempre com muita sensatez o interesse nacional à frente do que possa parecer o interesse imediato do partido.

A aprovação do Orçamento de Estado para 2011 era crucial para o País, atendendo à delicada situação das contas públicas face ao défice, à dívida e à evolução da economia.

Nas eleições presidenciais, o PSD fez o que tinha de ser feito. Após a reeleição de Cavaco Silva à primeira volta, Passos Coelho esclareceu o significado político destas eleições, recusando retirar delas quaisquer consequências para a vida partidária.

Perante o anúncio da apresentação de uma moção de censura por parte do Bloco de Esquerda, Passos Coelho demonstrou mais uma vez como, na solidão da decisão crucial, é capaz de evitar as inúmeras armadilhas, optando pelo interesse nacional e demonstrando frieza de espírito, capacidade de análise e personalidade própria.

Muita gente, incluindo alguns responsáveis do PSD, tem comentado a falta de experiência de Pedro Passos Coelho. Esquecem ou omitem o que os portugueses exprimiram sobre essa experiência nas duas últimas eleições legislativas. Penso que o que acima fica escrito mostra bem que não é por falta de alternativa séria do PSD que este país não reagirá e terá capacidade de recuperar da situação em que se encontra hoje e para a qual Passos Coelho tem a grande, enorme vantagem de não ter contribuído em nada.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 28 de Fevereiro de 2011

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