segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

UM ANO DE MUDANÇAS

Com uma grande probabilidade, o mundo que conhecemos neste início de ano vai ser bastante diferente quando chegar o ano de 2013.
Não me refiro ao euro, que deverá estar por cá, sempre aos tropeções como acontece às crianças quando aprendem a andar, mas a resistir aos avanços dos que nunca o quiseram porque nunca quiseram uma União Europeia não socialista (digamos assim) e ainda aos políticos que olharam para a moeda única como uma oportunidade para praticarem os mais inacreditáveis disparates governativos.

Durante este ano vão ocorrer eleições mais ou menos democráticas em numerosos países. Em Angola já se sabe que Eduardo dos Santos vai vencer as presidenciais em setembro, criando condições para se manter mais uns dez anos no poder, o que até dá segurança a quem tem negócios com a maior empresária daquele país que, certamente só por acaso, é a filha dele próprio. Já em França, existindo mesmo democracia, o saltitante Sarkozy poderá encontrar-se em dificuldades nas presidenciais de abril e maio. É certo que o socialista François Hollande não tem grande carisma, mas por vezes mais do que opositores ganharem eleições, há líderes que as perdem, pelo que lhe poderá sair a sorte grande.
Na Venezuela, em princípio haverá eleições presidenciais em outubro, mas a questão que se coloca é se o paranoico Chavez terá saúde para continuar a sua senda de destruição da economia venezuelana.
A Rússia tem eleições presidenciais em março. Prepara-se a dança de cadeiras entre Putin e Medvedev perante ameaças de que o povo russo poderá começar a ficar farto deste tipo de governação. As enormes manifestações a que se tem assistido em Moscovo nos últimos tempos podem ser um sinal claro disso mesmo, embora ninguém saiba se o urso está a acordar ou se continua apenas a mexer-se durante o sono da hibernação.
Nos EUA, a Casa Branca pode mudar de inquilino. Em novembro Obama vai a eleições e a sua vida não está fácil, ao contrário do que se previa aquando da sua primeira eleição. O candidato opositor será certamente Mitt Romney que não será um adversário nada fácil. A situação económica também não ajudará muito Obama; por outro lado, se bem que a saída militar do Iraque tenha sido positiva, ainda há o Afeganistão onde o Ocidente continua a atolar-se, não tendo aprendido nada com os erros cometidos pelos soviéticos no século passado.
Para compensar toda esta sede de mudança, há a China onde o dragão continua a crescer sobre os direitos humanos e sociais dos chineses. E aí não se prevê qualquer alteração política. Ainda bem, dir-me-ão, já que os capitais excedentários chineses começaram finalmente a desaguar também em Portugal, o que nos poderá a ajudar a sair mais depressa da nossa atual crise. Costuma dizer-se que o dinheiro não tem cor e em tempo de guerra não se limpam armas e é muito verdade; mas recordo que no meu livro de leituras da escola primária vinha aquela história da panela de barro e da panela de ferro que convém não esquecer.
Publicado originalmente no diário de Coimbra em 9 de Janeiro de 2012

(Imagem retirada de: http://www.economist.com/ )

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