terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O estádio de Braga custou mais de cem milhões para 30.000 espectadores, note-se. O do Benfica foi mais caro, mas para o DOBRO de espectadores.

Um erro que custou milhões:

Oito milhões de euros depois Braga desiste de piscina olímpica



A CM de Braga endividou-se para construir um estádio novo para o clube da terra. Não foi caso único, mas Braga não construiu um estádio qualquer. Não. A autarquia liderada por Mesquita Machado optou por fazer um dos estádios mais caros de todos os do Euro 2004 (penso que apenas o do SLB foi mais caro). Mas com esse investimento, a autarquia acabou por ficar com graves problemas financeiros (como tantas outras). Mesmo assim, os seus responsáveis pensaram que podiam continuar a gastar como se nada se passasse. E começaram a construir um complexo de piscinas ao lado do estádio. Mas o dinheiro acabou. E oito milhões de euros depois, concluíram que não podem continuar com essa obra. E alguém irá assumir a responsabilidade por esses oito milhões já gastos? O vice presidente da câmara, Vítor Sousa, disse que: "mais vale assumirmos o erro do que continuar a enveredar por ele" Terá a sua razão. Mas quem irá ressarcir o erário público pelo erro que custou oito milhões? Os próprios autarcas socialistas de Braga? Uma questão que interessava ver respondida.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Há invernos e invernos.

A.Vivaldi - La Notte (Allegro)

Leiam o Umberto Eco

O PCP a dar beijos no bigode de Hitler:

É esta a malta que representa "os trabalhadores portugueses".

E o Verão que nunca mais chega.

Joyce Di Donato - Da due venti (Vivaldi, Ercole sul Termodonte)

Se recebemos recados de Belém, é justo mandar recados de volta

Se recebemos recados de Belém, é justo mandar recados de volta:

Amiguinho, o poder executivo não é em Belém. Para isso é preciso concorrer para S. Bento. Eu sei que começa tudo por B, mas ainda não é bem a mesma coisa.

A BANCA NA ECONOMIA E NA SOCIEDADE, HOJE


Um dos aspetos mais curiosos e menos falados da atual crise internacional tem a ver com o comportamento dos responsáveis dos bancos que, desde sempre, constituem uma classe à parte na sociedade em geral e económica em particular: os banqueiros. Longe de afirmar que os Bancos são os únicos responsáveis pela situação em que nos encontramos no ocidente, e sem embarcar nas teses da vulgata marxista sobre o assunto, parece-me no entanto estar à vista de todos que nos últimos quatro anos os bancos têm sido genericamente um problema em toda esta situação e não a solução. Nos Estados Unidos houve a falência do Lehman Brothers, mas os restantes bancos de grande (ou mesmo enorme) dimensão, foram alvo de uma gigantesca operação de resgate por parte das autoridades federais, que colocaram as rotativas a imprimir dólares a grande velocidade para fazer face à situação. Já na Europa, com medo da inflação, seguiu-se política diferente, tendo-se montado uma operação complexa entre os Estados, o BCE e os bancos em estes se puseram a defender as dívidas públicas ganhando dinheiro com isso, mas à custa da sua própria capacidade de financiamento do resto da economia, com as consequências que estão à vista de todos.
Há muito boa gente que pensa que se aos banqueiros fossem aplicadas as regras do mercado de exigir mais equidade e prémio do mérito que são aplicadas a toda a restante economia, nenhum deles estaria ainda hoje à frente das suas instituições bancárias. Ao contrário, o que se vê é que, apesar de tudo, os dirigentes supremos dos bancos continuam calma e placidamente a dirigir as suas operações financeiras e a receber prémios de milhões de euros ao fim do ano. Soube-se há poucas semanas que um banqueiro português a presidir a um banco inglês, se recusou a receber o seu prémio anual de milhões de euros, por o achar injusto, já que esteve incapacitado por doença durante uns meses; ficou bem a António Horta Osório, mas se não tivesse tido essa atitude, nenhum de nós saberia do valor daquele bónus, para além do seu ordenado de presidente do Lloyds Banking Group.
De facto, em geral a atuação dos bancos pautou-se por deficiente análise de riscos de operações e incapacidade de gerir operações complexas que escondiam grandes quantidades dos chamados “ativos tóxicos”. O resultado, em vez da falência desses bancos como acontece com qualquer empresa normal que se mete em negócios disparatados e como castigo por má gestão, foi o que se vê: governos a executar operações de salvamento desses bancos que, como bem se sabe, acabam sempre por ser pagas pelos cidadãos através dos seus impostos e, não menos importante, introduzindo fatores artificiais no bom e são funcionamento da economia.
A crise, porque é muito profunda, está aí para durar ainda muito tempo. Infelizmente. Como se tem visto nas últimas semanas, o clima social não está muito calmo, com o surgimento de afirmações infelizes donde menos se esperaria, bem como reações as mais das vezes destemperadas e desajustadas. Mas as questões de fundo permanecem e a discussão do papel da banca na economia e da necessidade de mais equidade não é só necessária, mas mesmo urgente.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 30 de Janeiro de 2012

domingo, 29 de janeiro de 2012

Recuso-me a acreditar

Banco de Portugal e privados são sócios em negócios de imobiliário - Dinheiro Vivo

Gente tonta a dirigir a UE

Não se brinca com o fogo.:


Há dias escrevi aqui sobre o disparate que representa a União Europeia lançar um embargo petrolífero ao Irão quando os seus membros em situação mais complicada, como a Grécia, França e Itália, estão absolutamente dependentes do petróleo iraniano. Parece, no entanto, que a Baronesa Catherine Ashton que, por escolha não se sabe de quem, dirige brilhantemente a política externa europeia, achava que depois de anunciar o embargo o conseguia realizar a prazo ou às pinguinhas, sem que o Irão reagisse. Mas o Irão acaba de demonstrar que está disposto a subir a parada neste jogo de poker que lhe propõem e ameaça cortar o petróleo à Europa já na próxima semana. A União Europeia vai por isso confrontar-se de imediato com um choque petrolífero a somar aos inúmeros sarilhos em que está envolvida. Eu só me pergunto como é que é possível termos tanta incompetência e falta de sentido da realidade à frente dos destinos da União Europeia. Porque o que os líderes europeus andam presentemente a fazer chama-se brincar com o fogo.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A guerra de joy-stick

Paquistão: Quatro alegados rebeldes mortos em ataque de 'drone' norte-americano - militares

NAUFRÁGIO

O “Princess of the Stars” afundou-se nas Filipinas durante uma forte tempestade. Mais de 800 pessoas morreram, das quais mais de quinhentas nunca foram encontradas. Uma tragédia gigantesca. Também nas Filipinas, afundou-se o “Dona Paz”, após uma colisão com outro navio: as consequências foram dantescas, tendo morrido mais de 4.300 pessoas.
Para mais informação ao leitor, adianto que o naufrágio do “Princess of the Stars” ocorreu em 21 de junho de 2008 e que o do “Dona Paz” foi em 20 de dezembro de 1987. Nenhum deles foi assim há tanto tempo, pois não? Pois devo estar muito perto da verdade, se disser que nenhum dos leitores se lembra destes naufrágios.
Mas tenho a certeza que o leitor conhece muitos pormenores do naufrágio do Titanic que aconteceu há bem mais tempo, em abril de 1912. Mesmo antes do filme que há alguns anos foi dedicado a este naufrágio, já este acidente fazia parte do nosso imaginário. Seja porque era uma viagem inaugural em que o navio ia cheio de milionários e porque antes da viagem foi dito que nem Deus seria capaz de afundar o navio, seja ainda pelo desprezo arrogante das condições meteorológicas locais, o afundamento do Titanic origina memórias vivas em todos nós, como se o tivéssemos testemunhado de verdade.
E o leitor sabe de tudo acerca do naufrágio do “Costa Concordia” que aconteceu há uma semana perto da costa da Toscânia em Itália, em que o número de mortos e desaparecidos é inferior a trinta. Sabe o nome do Comandante que parece ter sido um dos primeiros a abandonar o navio. Até já viu em detalhe a derrota do navio e a rota que lhe tinha sido traçada e que deveria ter seguido, o que não aconteceu porque o comandante terá resolvido fazer um desvio até junto de terra para saudar uns locais. Também não terá perdido as declarações de uma rapariga moldava de 25 anos que jantou nessa com o comandante e até se diz que seria convidada pessoal dele. O leitor teve ainda oportunidade de ver imagens terríveis dos passageiros a abandonar o navio adornado e mesmo já deitado de lado sobre o fundo do mar, numa posição a que os “marujos” como eu designam por “fez da quilha, portaló”. Quer o Titanic, quer este “Costa Concordia” levavam principalmente passageiros oriundos de países europeus. A Europa gosta muito de olhar para o seu umbigo, o que nos leva a ignorar desastres gigantescos que se passam lá longe e em que não há vítimas europeias, enquanto qualquer desastre dentro de portas levanta ondas de indignação e ataques ridículos a pessoas e instituições que infelizmente quase transformam esses desastres em cenas de revistas cor-de-rosa. Apenas mais um sintoma da mentalidade superficial e arrogante dos europeus que, lenta mas inexoravelmente, está a tornar a afundar Europa numa irrelevância a nível mundial, e não apenas economicamente, bem à maneira dos passageiros que dançam enquanto o navio vai ao fundo.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 23 de Janeiro de 2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Uma anedota que esteve ministra

Raciocínio tipicamente socialista:

A antiga ministra Canavilhas é uma cabecinha pensadora. Para a altura da celerada (há muito tempo que não utilizava esta palavra…) #PL118, ”os retalhistas e intermediários, cujo negócio é vender equipamentos de cópia, deviam incorporar a nova taxa“. Pois claro. Porque a senhora, cheia de sensibilidade social, quer poupar os portugueses a novos aumentos de preços. Como? Cortando nas margens. Claro: como comerciantes, como intermediários, são inevitavelmente chupistas no raciocínio puro de qualquer socialista. Nalguns casos, como aqui já foi demonstrados, os equipamentos poderão duplicar de preço, mas para a Canavilhas há sempre a margem dos retalhistas. Aonde chegámos…



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Torres Couto

A que propósito é que as televisões foram desenterrar a anedota do Torres Couto?

Pois é!

PS demarca-se “totalmente” do pedido de fiscalização junto do Tribunal Constitucional: O líder parlamentar do PS afirmou hoje que a sua direcção se demarca “totalmente” da iniciativa de deputados socialistas e do Bloco de Esquerda de requererem a fiscalização da constitucionalidade do Orçamento do Estado para 2012.

Leve suspeita

Leve suspeita:

Há pouco ouvi na rádio o deputado (e politólogo) Manuel Meirinho Martins, a apelar a uma clarificação da lei dos limites de mandatos de autarcas. Em causa está a possibilidade de um autarca, chegado ao seu limite, passar simplesmente para uma freguesia ou município vizinho, e candidatar-se novamente. Diz o deputado, com alguma razão, que não seria este contorcionismo que estava no espírito da lei. É verdade que os eleitores mudam, o cargo muda (ser presidente de X é diferente de ser presidente de Y), mas há nisto tudo alguma Putinização: ora sou presidente, ora sou primeiro-ministro, ora me apetece voltar a presidente, e por aí fora, sem nunca violar a lei. E a Rússia nunca foi um grande exemplo de funcionamento democrático.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Paganini-Liszt La Campanella HQ

Morning

SMETANA - La Moldau - Herbert VON KARAJAN

MOZART Requiem - LACRIMOSA - Herbert von Karajan

Herbert von Karajan - Rossini - William Tell (2)

Bach - Abbado

Riccardo Muti: El Arte de la Dirección Musical

Placido Domingo B. Hendricks D. Hvorostovski La ci darem la

Vamos ver se entendi bem…

Um jornal em campanha. Que nojo. E há quem vá a correr deitar foguetes e buscar as canas. A histeria tomou conta de tudo?



Vamos ver se entendi bem…:

Segundo o Público de hoje, o actual Governo nomeou 1097 pessoas em “quase sete meses”, mais do que as 1094 nomeadas pelo primeiro governo de Sócrates em “dois meses e meio”. Título do Público: “Passos Coelho já nomeou mais pessoas do que o primeiro Governo de Sócrates”.


Devo dizer que tive de ler várias vezes a notícia para compreender a enormidade do raciocínio. O primeiro governo de Sócrates nomeou pessoas ao ritmo de 99 por semana, o de Passos Coelho ao ritmo de 37 por semana. Mas este último “nomeou mais do que o primeiro”.


Para fazer uma notícia daquelas podiam-se utilizar dois critérios: total de nomeações ao fim de um mesmo número de meses ou semanas (o método mais correcto) ou média de nomeações por mês ou por semana. Só assim se poderia comparar o que seria comparável. Comparar totais para períodos diferentes ou revela uma enorme ignorância, ou então intenções menos claras.


Já agora, por mero exercício contabilístico, vejamos o número médio de nomeações por semana dos últimos seis governos, sempre utilizando os números fornecidos pelo Público:


- Durão Barroso: 57 nomeações por semana

- Santana Lopes: 94 nomeações por semana

- Sócrates I: 99 nomeações por semana

- Sócrates II: 91 nomeações por semana

- Passos Coelho: 37 nomeações por semana


Suspeito que esta espécie de ranking não daria manchete do jornal, mas isto sou eu a pensar…


De resto, o trabalho de levantamento do Público nem sequer é muito fiável: hoje de manhã foi divulgado que, de acordo com números do próprio Governo, houve 1.682 nomeações (e não 1097), sendo que 962 foram reconduções. Há dia mais felizes na vida de um jornal.



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Economia paralela vale mais de 40 mil milhões de euros

Economia paralela vale mais de 40 mil milhões de euros: A economia paralela em Portugal valia 24,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010. São mais de 40 mil milhões de euros que não passam pelo fisco e que representam um crescimento de mil milhões de euros...

GUERRAS SEM GUERREIROS

O desenvolvimento tecnológico está a mudar radicalmente a nossa vida, não sendo a guerra exceção. Ao longo dos séculos os homens foram lentamente aperfeiçoando os processos de matar o inimigo, à medida que a mobilidade foi evoluindo e que a capacidade de fogo também foi aumentando. Mas havia algo que ainda não tinha mudado: era sempre preciso ter soldados no terreno, ainda que a pilotar os aviões para largar as bombas.
Foi a partir do momento em que os militares desenvolveram os sistemas de navegação guiada por satélite, (mais tarde foram tornados disponíveis para usos civis, através do GPS que hoje usamos), que se desenvolveu toda uma tecnologia que está a definir novas formas de fazer a guerra. Quase todas semanas lemos notícias um pouco estranhas com títulos do género “Aviões teleguiados dos EUA matam quatro rebeldes no Paquistão”. São os famosos “drones”, que não são mais que pequenos aviões de guerra, equipados com mísseis, com sensores de tudo e mais alguma coisa, para além de câmaras especiais que lhes permitem “ver” de noite. Só lhes falta algo: piloto. São comandados à distância, aliás a uma distância de muitos milhares de quilómetros. A sala de comando situa-se bem no interior dos EUA, onde operadores de computadores com pequenos joysticks vão manobrando os “drones” por cima do território do outro lado do mundo, procurando os inimigos e eliminando-os um a um. O facto de usarem farda faz concluir que se trata de uma instalação militar, mas não transforma a atividade que lhes foi atribuída, que antigamente tinha um nome bem desagradável.
Como se isto ainda não fosse suficientemente mau, soube-se há poucos dias que já foi apresentado um novo avião de guerra, este de dimensões normais, que também não precisa de piloto. O software de que dispõe permite-lhe mesmo “tomar decisões” táticas por si mesmo, independentemente dos “controladores” à distância.
Muitas questões levantam estas novas e estranhas formas de fazer a guerra que, algo insolitamente, tornam cada vez mais atuais as palavras de Klausevitz sobre o significado da guerra vista como o prolongamento da diplomacia, por outros meios.
Se observarmos bem, não há guerra declarada no Paquistão. Mas os “drones” andam por lá a matar com o maior dos à-vontades, mais parecendo que desapareceram as fronteiras entre países. Por outro lado, a tecnologia que permite este tipo de guerra é demasiado sofisticada para que países pobres se possam defender. Acresce que, quem a possui, deixa de ter aquele aborrecimento de ter mortos em combate havendo, no entanto, cada vez mais “efeitos colaterais”. Na prática, o 11 de setembro fez confundir a guerra clássica com a luta internacional contra o terrorismo, levando as Forças Armadas a fazer “trabalho sujo” antes entregue a serviços secretos, o que a breve prazo bem poderá vir a tornar obsoleta a clássica organização militar dos países como Portugal.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 16 de Janeiro de 2012

domingo, 15 de janeiro de 2012