segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

NATAL



O Natal é certamente o símbolo da cristandade mais adoptado e aceite em todo o mundo. Há boas razões para isso: junta uma criança inocente nascida num meio pobre, a sua mãe e o seu pai que o é, porque o aceita como filho. Um conjunto notável de circunstâncias a que se juntam outras, como o momento Histórico e o local, que instantaneamente suscitam afectividade e adesão, antes mesmo do carácter religioso que advém do facto de a criança ser Jesus Cristo. A representação de Natal de S. Francisco de Assis que lhe juntou os simpáticos animais, só veio consolidar uma imagem que resiste até aos dias de hoje.
Na realidade, o dia em que se celebra o Natal não terá a ver com a verdadeira data do nascimento de Cristo que, através do cruzamento da análise dos evangelhos e da história do império romano (datas dos recenseamentos) poderá ter ocorrido no mês de Agosto, alguns anos antes da data fixada no século IV.
Mas o que interessa é o significado. E a data escolhida pelo cristianismo faz uma ponte para as antigas culturas que davam um grande significado ao solstício de Inverno que ocorre a 21 de Dezembro, data em que a noite tem a maior duração, mas também o momento a partir do qual os dias passam a ser cada vez maiores, simbolizando a vida que se renova. Por isso mesmo, na antiguidade, todos os grandes monumentos se orientavam para o Sol no momento do solstício de Inverno, o que indica a importância que esse momento desde muito cedo tinha para todas as civilizações.
Na nossa civilização ocidental perdeu-se grande parte da ligação à Natureza, sendo tudo muito artificial, até mesmo nas culturas que se tornaram quase independentes do clima de cada estação do ano. No entanto, o Natal significa essencialmente paz e harmonia, simbolizados na simplicidade do carinho que uma criança merece, por mais simples que seja o contexto em que nasce. Toda a exploração comercial que a nossa actual sociedade, estupidamente consumista e materialista faz associar a esta época surge como uma barbaridade sem nome perante a existência de tantas crianças que à nossa volta padecem de sofrimentos a começar pela fome e falta de carinho.
Caro leitor, tenha um feliz natal, mas não deixe que as luzes, a música e as compras façam esquecer a ternura intrínseca do simples presépio, de todos os presépios humanos.
Publicado originalmenteno Diário de Coimbra em 23 Dezembro 2013

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