segunda-feira, 2 de junho de 2014

Heroísmo de Homens comuns



A Operação “Overlord” significou o início do fim da ocupação do continente europeu pela barbárie nazi. Durante longos meses, uma logística de uma dimensão antes nunca vista tinha preparado o desembarque de tropas Aliadas em França.
Inicialmente previsto para o dia 2 de Junho, as condições meteorológicas no Canal da Mancha impediram o início da operação durante vários dias. A situação era de tal forma complicada que nem permitiu festejar a tomada de Roma pelos Aliados ocorrida em 4 de Junho. Finalmente, na noite de 5 para 6 de Junho de 1944, foram largados os primeiros soldados ingleses e americanos em pára-quedas na Normandia, dando início ao Dia D. 

Às seis e meia da manhã desembarcaram os primeiros soldados americanos na praia com o nome de código “Utah”, seguindo-se soldados ingleses e canadianos nas praias “Gold”, “Sword” e “Juno”, que rapidamente entraram pelo interior do território francês, havendo no fim do Dia D, 155.000 homens desembarcados. Os alemães apenas na praia “Omaha” conseguiram suster 35.000 soldados americanos durante algum tempo, dando origem a demonstrações de bravura e coragem inimagináveis, que hoje se nos tornaram familiares através de vários filmes.
No dia 10 de Junho foram desembarcados na Normandia mais 325.000 soldados aliados. No dia 14 de Junho, deu-se o primeiro bombardeamento aéreo americano em território japonês. Dando cumprimento ao acordado anteriormente entre os Aliados, no dia 22 de Junho Estaline iniciou o ataque à Frente de Leninegrado, impedindo o comando alemão de dar toda a atenção à nova frente criada em França e começando a empurrar os exércitos alemães para ocidente, até à derrota final do 3º Reich. Quatro longos e trágicos anos depois da invasão alemã da Noruega, Dinamarca, Países Baixos e França começada em Abril de 1940, a sorte da guerra começava a mudar, mas só em 7 de Maio do ano seguinte os alemães assinariam a rendição.
Não é meu propósito nesta crónica ressaltar as barbaridades cometidas pela besta nazi durante a guerra e mesmo antes dela, contra judeus e muitos outros grupos sociais, mas essencialmente contra o valor da Liberdade.
A realidade é que passam esta semana setenta anos sobre o desembarque na Normandia, que resgatou os valores da dignidade humana.
Nesse dia perderam a vida nas praias da Normandia muitos soldados canadianos, ingleses e americanos. Foi o seu sacrifício que permitiu a derrota do nazismo e do regime de absoluta opressão que instalou em quase toda a Europa.
Muitos desses soldados eram ingleses, vindos portanto de um país europeu que, embora não tivesse chegado a ser invadido, sofreu directamente ataques alemães no seu território por via aérea e marítima. De facto, sem querer diminuir a resistência soviética ao avanço alemão, não fora a resposta firme da Inglaterra e provavelmente ainda hoje a Europa teria como cores o negro e vermelho das bandeiras nazis.
Mas no Dia D e nos meses que se seguiram muitos dos soldados que deram a sua vida pela libertação da Europa vieram do outro lado do Atlântico. Foram de uma abnegação e de uma coragem que não se podem esquecer. Alguns, poucos, dos que então lutaram em solo europeu na juventude dos seus vinte anos ainda serão vivos. Esta crónica visa mostrar que, se há forças negativas e escuras na humanidade, há também os que se sacrificam para que o futuro de todos seja aquele que escolherem livremente e sem grilhetas. Os soldados que há setenta anos desembarcaram nas praias da Normandia para nos libertar a todos, quer os que lá ficaram, quer os que seguiram em frente eram homens comuns que se tornaram heróis da Humanidade e que merecem o nosso louvor e, acima de tudo, a nossa eterna gratidão. Exactamente aquele tipo de homem comum que Aaron Copland homenageou com a sua “Fanfare For The Common Man” que convido o leitor a ouvir depois de ler esta crónica (https://www.youtube.com/watch?v=FLMVB0B1_Ts)

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