segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Guerra e Paz


Passam agora setenta anos sobre um dos factos mais importantes da Segunda Guerra Mundial, que tem sido motivo de celebrações em diversos locais da Bélgica Holanda e França. Após o desembarque na Normandia em 6 de Junho de 1944, as tropas aliadas avançaram irresistivelmente a caminho da Alemanha, visando a derrota final de Hitler e do seu “império dos mil anos”. Em Dezembro desse ano, Hitler organizou e comandou pessoalmente aquilo que no seu delírio supôs ser a batalha que derrotaria finalmente os aliados. Os alemães juntaram diversos exércitos num total de cerca de 250.000 homens com equipamento militar poderosíssimo incluindo dois exércitos de panzers e organizaram um contra-ataque fulminante de surpresa através das Ardenas, com vista a ocupar o porto de Antuérpia e quebrar os fornecimentos aliados. Foi uma das batalhas mais terríveis do teatro de batalha europeuna segunda Grande Guerra, não só pelas baixas que provocou, mas também pela ferocidade de que se revestiu. Fundamentalmente, foram os exércitos americanos que fizeram frente às terrível ofensiva alemã. Diversos factores contribuiram para as dificuldades com que se defrontaram as tropas aliadas na ofensiva das Ardenas. As nuvens e nevoeiro persistente anularam a vantagem aérea dos aliados. A ofensiva alemã apanhou os aliados de surpresa, não só porque conseguiram manter em segredo a sua preparação, mas também porque foram enviadas largas dezenas de alemães vestidos com fardas americanas para trás das linhas da frente aliadas, que confundiram os altos comandos com informações falsas. Com neve e frio intenso que só por si causaram milhares de baixas, os soldados americanos foram cercados e derrotados em diversos locais da floresta das Ardenas.

 No entanto, num local crucial para a passagem do grosso dos exércitos alemães para Antuérpia, um punhado de soldados americanos do regimento 101º de Aerotransportados resistiu heroicamente durante vários dias às ofensivas alemãs, até à chegada salvadora do 4º Exército americano. Ficou para a História a resposta do Gen. McAuliffe aos emissários alemães que lhe vieram propor a rendição e que se traduziu numa única palavra: “Nuts”. Valeu às tropas americanas, ao fim de seis dias de combates mortíferos, o levantar do nevoeiro que possibilitou a entrada em acção das forças aéreas inglesa e americana, o que virou a sorte da batalha. Esta ofensiva alemã ficou ainda famosa por diversos motivos, para além da sua violência. Na véspera do natal de 1944, os alemães fizeram o primeiro ataque aéreo ao solo utilizando aviões a jato em vez dos aviões a hélice utilizados até então. O exército alemão não seria derrotado sem que procedesse a um dos piores crimes de guerra que se conhecem, o Massacre de Malmédy perpetrado em 17 de Dezembro de 1944, em que largas dezenas de soldados americanos prisioneiros de guerra foram chacinados com fogo de tanques alemães Panzer.
A vitória aliada foi obtida à custa de sacrifícios inimagináveis dos soldados americanos, ingleses, canadianos e franceses envolvidos na batalha. Winston Churchill viria a considerar esta batalha como a mais importante de toda a Segunda Grande Guerra e que seria certamente a mais famosa vitória americana de sempre. No fim da batalha, em 28 de Janeiro de 1945, mais de 20.000 soldados americanos tinham morrido e dezenas de milhares ficado feridos com gravidade, desaparecido ou sido capturados, tendo morrido cerca de mil soldados ingleses. Do lado alemão, as estimativas apontam para mais de 70.000 baixas.
É costume dizer-se e eu concordo, que todas as guerras são injustas. Quem sofre mais nas guerras são soldados que apenas cumprem ordens e servem muitas vezes de carne para canhão, além de civis que são esmagados no caminho das armas. Mas, apesar de injustas, há guerras que são necessárias. Infelizmente. Se hoje celebramos o Natal em Paz, é porque muitos se sacrificaram e deramaprópria vida para que isso fosse possível, mesmo em épocas de Natal não tão distantes no tempo quanto isso e não devemos esquecer isso nunca.
A quem me lê, desejo um Bom Natal em Paz.

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