segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Ele anda (ainda) por aí



Poucas vezes na História da Humanidade se poderá dizer que o “Mal Absoluto” tenha andado à solta no mundo como nos tempos que vão desde os anos em que Hitler iniciou o caminho para a tomada do poder na Alemanha para o seu “Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores” até ao fim da Segunda Guerra Mundial. As paradas gigantescas nem sequer tentavam esconder a verdadeira essência do Partido Nacional Socialista; antes pelo contrário, acentuavam-na com orgulho. O negro preponderava, apenas cortado pelas suásticas vermelhas, numa encenação teatral que elevava o fanatismo cego e acrítico aos limites do intolerável para qualquer pessoa livre e racional. Cerimónias essas que pretendiam aparecer como celebrações religiosas dirigidas por alguém com poder mais que humano sobre os participantes: o próprio Hitler. As atitudes dos nazis alemães para com os desgraçados eleitos como inimigos, fossem judeus, homossexuais, ciganos ou simples deficientes mostravam uma frieza e uma falta de princípios e de humanidade completas. Todos aqueles que pudessem constituir alguma ameaça ao “nacional socialismo” pela diferença de ideias políticas foram varridos do mapa. Durante o período de ascensão ao poder, enquanto o velho Presidente Paul von Hindenburg não o fez chanceler, Hitler constituiu uma milícia para-militar do próprio partido, as SA, que se encarregaram de andar pelas ruas a fazer o trabalho de limpeza étnica.

 Vale a pena recordar que, quando tomou o poder, Hitler de imediato colocou a polícia do Estado a trabalhar para si, tirando o poder às SA e liquidando as suas chefias, com Ernst Röhm à cabeça acusado de bolchevismo, na célebre noite das facas longas.
O fundamentalismo islâmico dos nossos dias replica (à sua maneira) todos os aspectos descritos do nazismo, não lhe faltando mesmo a negritude das indumentárias e das bandeiras. O auto intitulado estado islâmico, na sua luta para constituir um verdadeiro Estado, tem seguido todas as técnicas usadas por Hitler nos anos 20 e 30 do século XX para atingir o mesmo fim. 
Todos os que não seguem a lei (sharia) por eles imposta, baseada numa visão própria do Islão, são procurados nas suas casas e barbaramente aniquilados, homens, mulheres e crianças, em espectáculos dantescos. Aos homossexuais, atiram-nos do alto de prédios altos, enquanto multidões assistem ao acto; acusados de actos não sociais são atados a cruzes e mortos de forma indescritível; mulheres acusadas de adultério são mortas à pedrada por essa gente louca; tudo isto, enquanto os clérigos, de livro sagrado na mão, verificam se tudo é feito de acordo com o prescrito pelo profeta. A Amnistia Internacional publicou por esses dias um relatório que prova exaustivamente, com datas e locais, a limpeza étnica sistemática levada a cabo pelo ISIS no território do Iraque e é assustador. 

Na Nigéria, o grupo islâmico extremista local, o Boko Harum, tem levado a cabo morticínios incontáveis em aldeias cristãs, mas também muçulmanas, arrasando territórios e cidades inteiras para tomar conta de um dos países mais prósperos de África.
Só não vê quem não quer ver. Nada disto tem a ver com actos ou atitudes do restante mundo, por mais complexos de culpa que possamos ter no ocidente. É novamente o Mal Absoluto a levantar a cabeça, levando a guerra a todo o mundo que não aceite a sua lei. O que aconteceu agora em França é para aqui irrelevante. Vem apenas na sequência do ataque às torres gémeas em Nova Iorque, do ataque na estação de Atocha em Madrid e de muitos outros atentados a maior parte deles frustrados pelas forças de segurança. Pode no entanto ser importante, como catalisador para o acordar para o novo Nazismo que se prepara para dar cabo da nossa sociedade de tolerância e da nossa civilização. Nos anos vinte e trinta do século passado também o mundo civilizado de então olhava para os nazis com bonomia, não imaginando o que se ia seguir. E hoje todos sabemos o esforço mundial que foi necessário para travar a selvajaria negra e vermelha de então. E as muitas dezenas de milhões de mortos, as cidades destroçadas e o sofrimento indizível de milhões de homens e mulheres nos campos de concentração. Tenhamos todos consciência do que se passa perante os nossos olhos.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 19 de Janeiro de 2014

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