segunda-feira, 14 de setembro de 2015

E o Luso aqui tão perto (Crónica de viagem)



Coimbra é o centro geográfico de uma pequena região dotada de numerosos locais apelativos, dotados de características próprias e que, no seu conjunto, constituem uma zona com um valor extraordinário, do ponto de vista turístico. Tudo isto a pouco mais de meia hora de viagem de automóvel, o que facilita as deslocações de ida e regresso, com tempo para usufruir daquilo que nos é oferecido. Locais que mereceriam ser tratados em conjunto do ponto de vista turístico, em conjunto com a própria cidade de Coimbra, dada a sua complementaridade evidente.
A Lousã, com a sua serra e as aldeias dantes abandonadas e que hoje constituem um conjunto cosmopolita. A paisagem impressionante de Penacova com o rio Mondego a correr no fundo da serrania. Montemor-o-Velho e o seu castelo magnífico sobre os belíssimos campos do Mondego. A Figueira da Foz, quer como praia, quer como cidade, sem esquecer as outras praias de Quiaios, Mira e Tocha. A Curia com o parque das termas, o Grande Hotel e o seu parque, para além do único campo de golf verdadeiramente perto de Coimbra. Entre tantos outros de que espero falar em breve, são tudo locais com belezas diferentes e encantos próprios tantas vezes esquecidos dos guias turísticos elaborados em função de regiões turísticas agigantadas que tendem a esquecer o pormenor.

A norte de Coimbra, e bem perto, está ainda a Serra do Buçaco, com a sua mata valiosíssima do ponto de vista ambiental e o magnífico Hotel que, para além dos seus serviços de qualidade excepcional, nos proporciona a sua extraordinária beleza arquitectónica e paisagística. Dos seus jardins que se podem usufruir livremente, é possível partir para passeios pedestres pelas matas, quer para a Cruz Alta no cimo da serra, quer para a vila do Luso, no fundo da serra.
A vila do Luso, que mais parece uma Sintra em miniatura pelas suas belezas naturais e edificações, tem vindo a ser objecto de uma reabilitação urbana cuidada por parte da Câmara da Mealhada, que lhe melhorou substancialmente os espaços públicos, incluindo as fontes de água onde desde sempre qualquer pessoa se pode abastecer livremente da água do Luso que a mala do seu carro conseguir conter em garrafões.
Bem nas proximidades da fonte, está o “Casino do Luso”, edificado no século XIX sobre os balneários das termas. Também este edifício foi restaurado, mostrando-se hoje em toda a magnificência do seu salão com o tecto pintado em 1910 pelo pintor Gabriel Constante.

 A história deste edifício e do seu sugestivo nome vem de, no início do século XX, ter sido arrendado ao Casino Peninsular da Figueira da Foz, depois de ter sido “Club” e “Grémio”; Alguns anos depois, a Sociedade de Águas do Luso passou a explorar directamente o espaço, mantendo-se, no entanto, a designação até aos dias de hoje.
Se o “Casino” do Luso só por si já merece uma visita, a exposição que neste momento acolhe é um motivo acrescido para a deslocação ao Luso. Estão a passar 205 anos sobre a Batalha do Buçaco e no Casino do Luso está montada uma interessante exposição sobre o conhecimento geográfico daquela região nessa altura da História, bem como de partes do país com particular enfoque nos locais que tiveram algo a ver com a passagem dos exércitos franceses durante as invasões. Nesse tempo, eram os Engenheiros militares que tinham a função de fazer os levantamentos e de os passar para as cartas, não havendo ainda Engenheiros civis, tendo as cartas uma importância crucial para as operações militares, como se sabe. Grande parte das cartas existentes na altura foi levada para o Brasil com D. João VI e o seu séquito, outra parte foi depois levada de Portugal pelos franceses e também pelos ingleses. Do espólio de cartas desse tempo actualmente existente em Portugal, foram impressas cartas com explicações técnicas e históricas, que estão em exposição no Casino do Luso até ao fim deste mês. 

Para quem não se interessar tanto por este assunto, há algo mais a justificar a visita. De facto, estão expostas dezenas de caricaturas com figuras a três dimensões, que reproduzem com bastante rigor os uniformes militares portugueses desde o início da nacionalidade até aos dias de hoje.
Como frequentador usual do Luso, sempre achei estranho que seja raro encontrar por lá conimbricenses que, provavelmente, vão procurar muito mais longe tudo o que aquela vila oferece, incluindo hotelaria para as mais diversas bolsas, termas e SPA. E o Luso está aqui tão perto, caro leitor, que vale mesmo a pena a pequena viagem para lá ir.

Sem comentários: