segunda-feira, 13 de março de 2017

Autárquicas 17: para onde vai Coimbra?


 Todos os sinais apontam para que as próximas eleições autárquicas em Coimbra venham a proporcionar aos eleitores uma inusitada possibilidade de escolha. Tal facto é, já por si, de saudar como uma capacidade da sociedade gerar dentro de si respostas para questões que, neste momento concreto, sente como vitais para a definição do futuro. O regime democrático assenta nos partidos que são a expressão política do livre associativismo, dando voz às diversas opções político/ideológicas. Mas a liberdade de expressão política não deve ser exclusiva dos partidos, razão por que existe a possibilidade de surgimento de candidaturas independentes dos partidos nas eleições autárquicas.
É hoje evidente algum cansaço eleitoral que se traduz nas taxas de abstenção que têm vindo a subir paulatinamente de acto eleitoral para acto eleitoral. A actuação dos partidos não é alheia a este abstencionismo. Particularmente a nível local fecham-se nas suas estruturas não surgindo publicamente senão em alturas de eleições. Dentro de poucos meses os conimbricenses vão ter a possibilidade de fazer uma opção dentro de um leque variado de propostas. Desde logo, os partidos tradicionais vão estar presentes com as suas candidaturas. O PCP, através da coligação CDU que há anos é a sua imagem eleitoral, vai certamente apresentar uma candidatura à semelhança das eleições anteriores, sendo o cabeça de lista à Câmara Municipal o responsável pela estrutura partidária concelhia. O resultado eleitoral da CDU não deverá ser muito diferente dos anteriores, pelo que garantirá o seu lugar na vereação, muito provavelmente para gerir aquela que muitos chamam a segunda câmara que está instalada há anos na Rua da Sofia. Como em equipa que ganha não se mexe, o PS já indicou como candidato à Câmara o seu actual presidente Manuel Machado, não devendo haver por aí grandes novidades. Manuel Machado já é bem conhecido dos conimbricenses, no que tem de bom e naquilo que tem de menos bom pelo que, a ser reeleito, o seu mandato não deverá trazer grandes surpresas de actuação e Coimbra continuará no trajecto dos últimos anos. Do lado do PSD surgiu uma candidatura cuja face é o médico Jaime Ramos que já era aguardada há anos. Desta vez regressa a coligação com o CDS e com o PPM, pelo que a possibilidade de vitória é real, atendendo a que o PSD nunca ganhou as autárquicas em Coimbra, concorrendo sozinho. Acresce que Jaime Ramos tem experiência autárquica e possui um currículo notável na área da intervenção social. A vitória da coligação dependerá, no entanto, da capacidade de afirmação para além dos partidos que a compõem, com tradução não só nas propostas, mas também na composição das equipas, que deverão afirmar-se pela qualidade e independência, mas sem perder a alma da base política que a sustenta.
Os Cidadãos por Coimbra voltarão certamente a apresentar-se nestas eleições. A sua imagem de independência está de alguma forma afectada pela preponderância do Bloco de Esquerda que toda a gente sente, malgrado a actuação verdadeiramente independente e capaz do seu actual vereador Ferreira da Silva. A hipótese de o actual representante do CPC não voltar a ser cabeça de lista e a forma como José Manuel Silva foi publicamente tratado não auguram, contudo, um resultado superior ao das últimas eleições.
A surpresa destas autárquicas reside na apresentação de uma nova candidatura independente, personalizada no candidato a presidente da Câmara, o antigo bastonário da Ordem dos Médicos José Manuel Silva. A sua imagem de independência radical e a capacidade de afirmação poderão garantir-lhe, á partida, a eleição de um ou dois vereadores. Um resultado acima disso será extremamente difícil, devendo o médico, para além das propostas que serão garantidamente de qualidade, evitar rodear-se de académicos que tradicionalmente não são muito bem recebidos pelo eleitorado de Coimbra, pese embora o factor Universidade na cidade. A comparação com o caso de Rui Moreira no Porto poderá ser enganadora já que, por detrás da sua candidatura, havia muito do mundo dos partidos, do PS ao CDS, passando por muitos apoiantes de Rui Rio no PSD.
Sendo certo que daqui até à marcação da data das eleições alguma surpresa ainda poderá surgir, o cenário inicial das autárquicas não deverá fugir muito do que aqui se deixa descrito. A partir daí, o resultado final dependerá da capacidade de afirmação das diferentes candidaturas perante as outras, aos olhos do eleitorado.


2 comentários:

Unknown disse...

Então e a candidatura independente do prof. Norberto Pires?

João Paulo Craveiro disse...

Essa pergunta deve ser dirigida ao Sr. Prof.
De qualquer forma, neste parágrafo deixei em aberto a hipótese de surgirem outras candidaturas:
"Sendo certo que daqui até à marcação da data das eleições alguma surpresa ainda poderá surgir, o cenário inicial das autárquicas não deverá fugir muito do que aqui se deixa descrito"
Cumprimentos