segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

COMO ESCOLHER UM NOVO AEROPORTO

A recente decisão governamental de abandonar a localização da OTA escolhida há dez anos para o novo aeroporto internacional de Lisboa, optando pela escolha preliminar de Alcochete foi tomada com base num estudo do LNEC, sendo portanto uma decisão política sustentada tecnicamente.

Curiosamente, o primeiro estudo desenvolvido para a localização do novo aeroporto de Lisboa datado de 1972, já propunha um local próximo da zona agora escolhida, prevendo-se até mesmo nessa altura a transferência do campo de tiro de Alcochete.

Dá a impressão que se andou a tergiversar durante 35 anos, o que transmite muito má imagem da capacidade de planeamento do país.

No entanto, a decisão agora tomada tem alguns aspectos que necessitam de melhor explicação para ser bem compreendida e aceite pela generalidade dos portugueses.

Claro que o trabalho do LNEC está bem feito e é inteiramente credível.

Claro que constitui uma importantíssima ferramenta para suporte de decisão política.

Mas a leitura do estudo do LNEC, permite verificar que o referido estudo concluiu que Alcochete é melhor que a Ota em quatro dos sete factores críticos de decisão:

1.-Segurança; 2.-Eficiência e capacidade das operações de tráfego aéreo; 3.-Sustentabilidade dos recursos naturais e riscos; 4.-Compatibilidade e desenvolvimento económico e social e avaliação financeira.

A OTA é melhor nos outros três critérios: 1.-conservação da natureza e biodiversidade; 2.-Sistemas de transportes terrestres e acessibilidades; 3.-Ordenamento do território.

Aquando da apresentação da decisão governamental, a justificação apresentada foi genérica, sendo apenas apresentada como a melhor técnica e economicamente. Não foram explicitados os pesos relativos dos critérios, isto é, por exemplo, o ordenamento do território é menos ou mais importante em termos estratégicos nacionais do que o desenvolvimento económico? Os critérios mais vantajosos para Alcochete estão genericamente relacionados com a vertente aeronáutica, enquanto as vantagens da OTA têm mais a ver com a organização e estrutura do país. O que é mais importante em termos estratégicos?

Tudo isto deveria ser devidamente justificado e explicado, atendendo a que se trata de um investimento gigantesco com grandes implicações no funcionamento, capacidade e competitividade do país.

Parece-me muito mais importante analisar estes aspectos do que discutir a localização do novo aeroporto em termos puramente regionais ou partidários.

Se é evidente que a OTA seria muito mais vantajosa para os habitantes da região Centro que vão apanhar avião a Lisboa do que Alcochete, o essencial é que o novo aeroporto internacional de Lisboa seja o que melhor serve o país em termos estratégicos nacionais. Por outro lado, devemos ter consciência de que a localização na Ota traria muito maior pressão da região metropolitana de Lisboa sobre a região Centro, o que talvez nos traga algumas vantagens.

Publicado no DC em 14 Janeiro 2008



quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

EM POLITICA O QUE PARECE, É

"Antes era o Tratado Constitucional. Agora temos o Tratado de Lisboa. É muito diferente".
O que parece é que os compromissos eleitorais não são para cumprir. As consequências virão depois.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A ESLOVENIA ACONSELHA PORTUGAL

Da Agência Lusa em 7 de Janeiro 2008:

O primeiro-ministro da Eslovénia e presidente em exercício da União Europeia, Janez Jansa, aconselhou hoje Portugal a ratificar o Tratado de Lisboa por via parlamentar e não por referendo.

"Penso que não seria sensato realizar um referendo" em Portugal, disse Janez Jansa, em declarações à Agência Lusa, na capital da Eslovénia, cujo Governo sucedeu ao português, há uma semana, na presidência rotativa semestral do bloco europeu dos 27.

Ao ler esta pérola, não pude deixar de me interrogar: será que os outros europeus sentiram o mesmo que eu ao ler isto, na altura em que ouviam as declarações do anterior "presidente em exerccício da União Europeia" até há sete dias atrás?

ACEGE EM COIMBRA



O próximo encontro da ACEGE em Coimbra terá lugar na Sé Velha no próximo dia 15 de Janeiro, à hora do almoço.
O palestrante será o Dr. Nuno Fernandes Thomaz que se debruçará sobre as seguintes questões:

- conceito de responsabilidade social das empresas (RSE) (a ética, os comportamentos, a hipocrisia)

- responsabilidade social dos empresários e gestores numa época de globalização (teoria dos 3 p’s)

- dimensão específica dos empresários e gestores cristãos (como de todos os empresários e gestores independentemente da sua orientação confessional)

- imperativos da competitividade

- a sustentabilidade das empresas (os “stakeholders”, a criação de valor, o lucro, a coesão social, o desenvolvimento, o ambiente)

- os dilemas de consciência do gestor de hoje (a segurança do emprego, as reestruturações, as deslocalizações)


Quem estiver interessado em participar (com direito a debater) poderá enviar mensagem para este blogue.

ATLÂNTICO


Já saiu o nº de Janeiro da revista Atlântico.
Aconselho a leitura. Concorde-se ou não com o tom geral, passa por aqui muito do debate sobre o futuro que nos espera, que certamente ( pelo menos, assim o espero) não será o socialismo, seja qual for o adjectivo que se lhe coloque à frente.

2008: ANO DE GRANDES EFEMÉRIDES

O ano que agora começa é pródigo em efemérides que nos deverão merecer a maior atenção, porque os acontecimentos a que se referem influíram decisivamente na formação da identidade portuguesa. Não conhecendo minimamente o nosso passado não é possível entendermos as razões de muito do que hoje somos.

No próximo dia 1 de Fevereiro passam cem anos sobre o regicídio, em que foram assassinados o Rei D. Carlos I e o Príncipe herdeiro Luís Filipe no Terreiro do Paço. Este terrível acontecimento teve implicações enormes na sociedade portuguesa, tendo levado à instauração da República escassos dois anos depois. Ainda hoje é perceptível uma clara diferença de opiniões sobre aquele assassinato que, não raras vezes, é desculpado perante um suposto abrir caminho à democracia em Portugal. Na opinião de muitos historiadores, os anos que se seguiram a estes acontecimentos não trouxeram mais democracia a Portugal, antes pelo contrário. Trouxeram sim a República, o que é uma coisa muito diferente como todos sabemos. Muitos outros países europeus mantiveram as Monarquias e não são menos democráticos e desenvolvidos que a nossa República.

No dia 7 de Março faz duzentos anos que a família real portuguesa, acompanhada de milhares de fidalgos chegou ao Rio de Janeiro após ter escapado à sua prisão pelo general francês Junot como era desejo de Napoleão, durante a primeira invasão francesa. Também estes acontecimentos vieram a ter uma importância decisiva não só para Portugal, mas também para o Brasil pela influência que teve no seu processo de independência. Ainda em relação às invasões francesas, no dia 21 de Agosto faz duzentos anos a batalha do Vimeiro que ditou a viragem dos acontecimentos a favor de Portugal.

Em 6 de Fevereiro faz quatrocentos anos que nasceu o Padre António Vieira, figura cimeira das nossas letras e exemplo maior do respeito pelos valores civilizacionais dos índios do Brasil, que defendeu contra todos os poderes.

Enfim, no decorrer de 2008 celebram-se quinhentos anos sobre a conclusão do retábulo-mor da Sé Velha de Coimbra. Perguntará o leitor a que propósito é que refiro aqui este facto, que à primeira vista nem sequer é um acontecimento. Nada de mais errado. O magnífico retábulo-mor da Sé Velha do período gótico flamejante, cuja visita se recomenda vivamente, foi construído pelos artistas flamengos Olivier de Gand e Jean d’Ypres. É a demonstração de que, ao contrário do que muito boa gente julga, no século XVI a cultura portuguesa estava intimamente ligada à cultura do norte da Europa, assim se mostrando que não é por pertencermos actualmente à União Europeia que somo mais europeus do que antes.

Publicado no DC em 7 Janeiro 2008



domingo, 6 de janeiro de 2008

INTOLERÂNCIA

Conheço alguém que costuma dizer que admite tudo, excepto fanáticos. E eu concordo.
Esta história da lei anti-tabaco do oito ou oitenta só podia acabar assim. Os grandes legisladores que temos "esqueceram-se" da regulamentação e aí temos os fumadores perseguidos como criminosos. Estamos num ponto em que os presos são proibidos de fumar, nas o Estado dá-lhes seringas para se drogarem.
Quando os Estados se metem a promover revoluções culturais normalmente os resultados são ao contrário do que se pretende.
Também os alemães têm uma lei anti-tabaco desde o dia 1 e parece que não estão a achar piada nenhuma. É que na Alemanha já houve antes uma lei contra o tabaco da autoria de Adolf Hitler, que também gostava muito de pessoas altas, magras, loiras de preferência e que praticassem muito desporto.
Aqui fica uma fotografia de dois fumadores famosos, cheios de defeitos e de vícios como o de fumar, mas de quem é muito fácil gostar:


sábado, 5 de janeiro de 2008

CRONÓMETRO OU CRONÓGRAFO?

Existe uma confusão muito vulgarizada, mesmo entre quem aprecia relógios mecânicos bonitos. Trata-se de saber a diferença entre cronógrafo e cronómetro.
Um cronómetro é actualmente um relógio mecânico que atinge um determinado patamar de precisão, que lhe permite obter um certificado específico passado pelo CSCO (Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres) após a realização com sucesso de uma série bem definida de testes. A necessidade desta precisão nasceu na navegação marítima, para se calcular a longitude. Ainda me lembro de, a bordo dos navios da Armada, haver sempre um cronómetro, cuja responsabilidade de manutenção cabia ao Oficial de Navegação. O procedimento de dar a corda ao cronómetro que estava guardado numa caixa de madeira e possuía dois eixos de rotação a fim de absorver as movimentações do navio, era perfeitamente definido e era mesmo um ritual, com o fim de garantir que a sua variação era controlada. Claro que isto se passava antes da era do GPS.
Um exemplo de cronómetro da OMEGA que apresenta a designação no mostrador:




Já um cronógrafo é um relógio que permite medir e mostrar períodos de tempo, isto é, que possuem mecanismos que se põem a trabalhar e se param através de botões.
Um exemplo de cronógrafo é o famoso Speedmaster da OMEGA que foi até hoje o único relógio usado na Lua, por ter sido adoptado pelo programa Apollo:

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

OOPS!

Perante a anulação do Paris-Dakar 2008, o meu anterior post leva-me a esclarecer o seguinte:
1) O post foi colocado dois dias antes da anulação e espelha a minha opinião sobre o espectáculo, livre de influências estranhas.
2) Continuo a pensar que nada justifica o terrorismo.
3) Dito isto, o estado actual do mundo deveria levar-nos todos a repensar muitas das atitudes que antes julgávamos inocentes.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

LISBOA-DAKAR


Os meus amigos amantes de desportos motorizados que me desculpem.
Mas não acham que esta coisa do Lisboa-Dakar é um insulto às populações dos países atravessados pela corrida? Precisamente aqueles países de onde tantos milhares fogem de qualquer maneira e feitio, para tentarem entrar no nosso querido "castelo"?
O espectáculo das máquinas artilhadas, com apoio de helicópteros e toda a parafernália de equipamentos sofisticados a passar pelo meio dos magrebinos e negros que olham para tudo aquilo como se uma invasão de extraterrestres se tratasse seria apenas patético, se não fosse uma demonstração egoísta de arrogância, falta de decoro e de consideração pelos semelhantes.