domingo, 12 de outubro de 2008

TRATADO DE LISBOA

Como todos sabemos, o "Tratado de Lisboa" que já foi o assunto mais importante da União Europeia deverá ser aprovado até ao fim do presente ano, com um novo referendo a realizar na Irlanda.
Claro está que a resolução da actual crise económica e financeira se sobrepõe aos problemas organizativos (bom, isto não é verdade para todos, já que em Portugal a AR achou mais importante discutir o "casamento" dos homossexuais, mas enfim...)
Por outro lado, o tratamento dado à Irlanda por alguns líderes, nomeadamente a Sra. Angela Merkel não deverá ser esquecido pelos irlandeses na hora de votar, pelo que o resultado do referendo poderá ser contrário aos desejos de Bruxelas.
No entanto, convinha não esquecer esta questão. Provavelmente, deveria ser dado um passo em frente, deitar para o caixote do lixo aquela proposta e avançar decididamente para o federalismo europeu.
A falta de capacidade europeia em responder a uma voz a um problema grave e concreto para todos, mostra que a orgânica interna da União tem que ser repensada e modificada urgentemente.
Receio é que os actuais líderes europeus não sejam capazes de dar esse passo.

sábado, 11 de outubro de 2008

DO FUNDO DOS TEMPOS

"Blue velvet" de Bobby Vinton.

A OUTRA NOIVA, FALSAMENTE GRÁVIDA...

Descrição do Público:
"Pode beijar o noivo. Pode beijar a noiva", declarou a "conservadora". E beijaram-se, sob uma chuva de papelinhos e de arroz. Os dois casais, um feminino, outro masculino, encenaram um casamento (repetido ao longo da manhã ao ritmo das necessidades jornalísticas) frente à Assembleia da República como forma de protesto contra o "casamento de conveniência" entre o PS e a "direita conservadora" para chumbar a legalização das uniões entre pessoas do mesmo sexo.
De vestido branco e um véu improvisado, a cineasta Raquel Freire explica por que assumiu o papel de uma das noivas, num acto simbólico a favor da igualdade de direitos. "A humanidade está cheia de histórias assim. Os negros só podiam entrar na parte de trás do autocarro. Portugal também só permite que os homossexuais tenham relações escondidos como se fosse na parte de trás do autocarro."
"Joana", a outra noiva, falsamente grávida, dá outro argumento para mudar a lei: "É só trocar duas vírgulas e duas palavras. Não se gasta dinheiro nenhum e não interfere com a vida de ninguém, a não ser dos próprios."
Comentários:
- "A noiva e o noivo": até a linguagem é homofóbica?
- "falsamente grávida": como é evidente, a humanidade entregue a estas pessoas acabaria rapidamente, porque as gravidezes seriam todas falsas

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O MUNDO ESTÁ PERIGOSO

Por esta altura já muitas pessoas perceberam que a razão da crise financeira mundial (que agora começa também a ser económica, e de que maneira) não se fundamenta no famoso "suprime" nos EUA. O problema do "subprime" que é bem real, serviu apenas de detonador.
As razões do complexo problema a nível global não andarão muito longe das opções dos responsáveis dos bancos centrais.
No caso do "nosso" BCE que anda há que tempos a lutar contra uma possível inflação e assim a manter as taxas de juro em níveis elevados, a decisão de descer a taxa em 0,5% mostra a sua incapacidade de perceber o que se passa e de reagir a sério. As bolsas soluçaram um pouco na meia hora seguinte ao anúncio e regressaram à sua queda permanente. A taxa Euribor também não ligou à medida e voltou a subir hoje.
Entretanto, os países europeus entram praticamente todos em recessão ou quase, com as pessoas a discutirem se o capitalismo morreu e se o socialismo regressou.
De facto o mundo está perigoso, mas sobretudo por causa por causa dos "dirigentes" que (des)governam o mundo.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

ACEGE em Coimbra

Ver notícia, na caixa em baixo à direita.
Informações e inscrições em: acegecoimbra@gmail.com

As ovelhinhas

Segundo a imprensa de hoje, o líder do Partido Nacional Renovador (PNR), vai apresentar uma queixa contra o vereador da Câmara de Lisboa que cumpriu o seu dever ao mandar retirar aquele cartaz "brincalhão" da ovelha branca a dar um pontapé às ovelhas negras com a frase «Imigração? Nós Dizemos Não!».
Já agora, porque é que não vai ao tribunal apresentar queixa da Democracia?
Sempre ia mais directo ao assunto.

DIVÓRCIO FISCAL

Todos nós conheceremos casos de casais que se divorciaram "formalmente", porque os encargos com os filhos lhes permitirão poupar cerca de mil euros por mês.
Os casais "casados" não podem descontar essas despesas com os filhos, o que cria uma situação que, além de estúpida, é perfeitamente injusta.
Tudo isto tem vindo a ser denunciado desde há vários anos, nomeadamente pela Associação Portuguesa de Famílias Numerosas. O resultado é nulo. Os responsáveis das Finanças continuam a fazer ouvidos de mercador, enquanto se proclamam apoios às famílias.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Intervenções arquitectónicas de vulto


Se há actividade humana cujo exercício afecte a vida quotidiana de todos nós, é a arquitectura. É através dela que a humanidade tem adaptado as condições da natureza às suas necessidades e conforto.

A evolução social e económica tem aberto novas visões e possibilidades para a arquitectura, umas vezes escrevendo-se sobre as pré-existências, outras vezes ocupando novos territórios, mas sempre criando novas condições de habitabilidade e utilização.

Devido à sua longa e rica História, a cidade de Coimbra apresenta exemplos das mais diversas intervenções arquitectónicas ao longo de séculos, mais ou menos felizes. Todas elas contribuem, no entanto, para o conjunto que hoje existe e que serve de base para o futuro que virá. Assim se justifica a sua importância.

É hoje pacífico que a intervenção que ocorreu na Alta da cidade entre os anos 40 e 70 do século passado destruiu de forma irreparável todo um legado histórico rico de vivências e de modos de vida, que desapareceu para sempre.

Em seu lugar, surgiram os grandes edifícios das faculdades, que, com o antigo palácio real ocupado pela Faculdade de Direito e Reitoria, constituem hoje o pólo I da Universidade de Coimbra. Curiosamente, tanto o desenho urbanístico da intervenção como os projectos dos edifícios devem-se não a projectistas desconhecidos, mas a alguns dos maiores nomes do urbanismo e arquitectura em Portugal. Tratou-se de uma intervenção claramente datada, tendo os edifícios, à excepção dos últimos a serem construídos, uma arquitectura neo-clássica, a meu ver de extremo mau gosto. Em matéria de gostos, há sempre quem defenda os opostos, o que aceito de bom grado.

Já as recentes e actuais intervenções nos novos pólos são mais difíceis de aceitar, tendo em conta o conhecimento presente.

Ainda não encontrei nenhum utente que defenda claramente o pólo II, quer quanto à organização do espaço, quer quanto à arquitectura exterior dos edifícios, quer quanto à funcionalidade dos mesmos.

Neste caso, para azar, não há um regime autoritário que sirva de desculpa. As opções tomadas foram-no em regime democrático, e os projectistas foram escolhidos entre os mais conceituados do país. Escuso-me aqui de pormenorizar falhas existentes, mas elas são tantas e tão gritantes que falam por si. De facto, algo correu mal naquele processo que leva a que o pólo II da Universidade de Coimbra também não seja exemplar.

Já o pólo III, que se encontra em fase de conclusão de obras, foi ocupar uma colina com espaço muito limitado, dando a impressão de se querer meter o Rossio na Betesga. Quem observa as novas edificações a partir da circular interna, só se pode espantar com a densidade de construção, que faz prever o pior em termos de acessibilidades quando se encontrar a funcionar em pleno. E o que dizer de um edifício completamente negro num tempo em que o aquecimento global obriga a grandes cuidados em termos de eficácia energética dos edifícios?

A arquitectura é de facto uma actividade tão importante na vida colectiva, pelas consequências das opções tomadas que, a meu ver, só se compara nessa importância à actividade política. Mas esta ainda está sujeita ao escrutínio democrático, ao passo que a arquitectura só depende praticamente de quem a faz e de quem a paga.

Estas intervenções absolutamente decisivas para a Cidade deveriam ser escrutinadas e os processos de decisão que lhes deram origem objecto de análise, para que no futuro não se venham a correr erros semelhantes.


Publicado no Diário de Coimbra em 6 de Outubro de 2008

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

"MAIS BONITO, MAIS JOVEM"

É todo um programa.
O Multibanco mudou a imagem e é o retrato acabado do país que temos hoje.
Então é assim:
Segundo os jornais, o presidente da SIBS que gere o Multibanco, afirmou o seguinte, aquando da inauguração da nova imagem do multibanco: "O Multibanco ficou mais bonito, mais jovem. A nova imagem corresponde de alguma forma a uma renovação de geração porque 25 anos é aquilo a que corresponde uma geração. Isto foi reformar o pai e dar lugar ao filho".
Claro que Vítor Bento é uma pessoa inteligente e competente, de cuja cabeça nunca sairia uma patetice destas. Mas os tempos são realmente de repetir acriticamente o que o pessoal do marketing põe à frente, levando as pessoas a fazer figuras tristes destas. Aliás quando os exemplos vêem lá muito de cima, o melhor é seguir a onda e armar em vendedor de feira.
Ou se calhar sou eu que já sou de outro tempo.
Bom fim de semana.