segunda-feira, 9 de março de 2009

A UNIÃO EUROPEIA IMPORTA



O primeiro dos três actos eleitorais que teremos neste preenchido ano ocorrerá já no próximo dia 7 de Junho. Nele escolheremos os nossos deputados ao Parlamento Europeu (PE).

É escusado dizer que os portugueses, aliás como a maioria dos restantes europeus, pouco ligam a esta eleição. Se nas primeiras eleições em que votámos para o PE, em 1987, a abstenção andou pelos 27%, nas últimas, realizadas em 2004, a abstenção foi de 61%. Isto diz tudo sobre o interesse que estas eleições têm despertado nos portugueses.

Mas é um erro pensar-se que o PE é irrelevante para a nossa vida, e que portanto não merece a pena preocuparmo-nos com quem para lá enviamos como nossos representantes.

De facto, se para a maioria de nós o PE é uma instituição relativamente desconhecida, deve recordar-se que já existe há 50 anos, e que é eleito directamente há 30. Por outro lado, as sucessivas reformas da União Europeia têm vindo a atribuir cada vez mais importância e competências ao PE.

O acréscimo destes poderes legislativos traduz-se no facto de mais de 60% da legislação dos estados-membros ter origem no PE. Significa isto que os resultados da actividade do PE afectam a nossa vida diária duma forma muito mais relevante do que supomos. A mais pequena decisão de um acto legislativo do PE pode, por exemplo, significar uma alteração decisiva, para o bem ou para o mal, em relação à competitividade de uma actividade económica concreta, implicando o seu sucesso ou a sua insustentabilidade.

É verdade que a integração dos deputados eleitos para o PE nas diversas famílias políticas europeias leva frequentemente a uma falta de identificação dos eleitores para como os seus representantes. Por sua vez, estes também não cumprem muitas vezes a sua obrigação de esclarecer os eleitores nacionais sobre o seu trabalho, preferindo frequentemente proferir declarações solenes sobre questões ideológicas que encobrem o seu trabalho diário.

A importância da escolha de representantes capazes não só de influenciar o rumo político da União Europeia mas também de defender eficazmente os nossos interesses nacionais é evidente.

O Partido Socialista escolheu já o seu cabeça de lista para estas eleições; a meu ver, escolheu bem. Concorde-se com as posições do doutor Vital Moreira ou discorde-se delas (o que, pessoalmente, devo reconhecer ser muito frequente), é um candidato que sabe muito bem o que quer, em termos de futuro da União Europeia e em particular do Tratado de Lisboa. A sua reconhecida capacidade retórica garantirá qualidade nos debates do PE, podendo ser decisivo na defesa dos interesses nacionais.

A fasquia foi assim colocada alta pelo Partido Socialista. O Partido Social Democrata tem agora a responsabilidade de responder em conformidade com uma grande candidatura, o que até nem será difícil, atendendo à qualidade de vários quadros seus, especialmente nesta área específica que nem obriga a que seja um académico.

Espera-se que esta eleição, até pela situação generalizada de crise económica e de valores políticos instalada, sirva também para que os portugueses sejam esclarecidos sobre a importância do que está em jogo e que lhes seja dada a possibilidade de escolher representantes à altura dos desafios.


Publicado no Diário de Coimbra em 9 de Março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

CHAMAM-LHE CIDADANIA

Se o Estado pode controlar a velocidade dos automobilistas com radares, porque é que estes não têm o direito de saber que estão a ser controlados, por exemplo com detector de radar?

sábado, 7 de março de 2009

Espiral



Esta é uma fotografia de uma galáxia espiral tirada pelo hubble. No centro estão as estrelas mais velhas. Nos braços da espiral, em movimento acelerado, estão as estrelas mais novas e as regiões em formação.
Faz lembrar a actual situação económica mundial e do país.

sexta-feira, 6 de março de 2009

RESPEITABILIDADE

As áreas de reserva de respeitabilidade vão caindo, uma a uma. Depois da magistratura ter perdido a sua aura, veio a banca.
Esta semana souberam-se pormenores chocantes do processo BCP. A anterior administração da CGD emprestou dinheiro a rodos a vários investidores para comprarem acções do BCP e correrem com a administração que, bem ou mal, lá estava com continuidade desde a fundação do Banco. Depois de conseguido o objectivo de arranjarem maioria na AG, foi escolhida a nova administração, curiosamente capitaneada por quem lhes tinha emprestado o dinheiro para mandarem.
Tudo isto à vista de toda a gente, com dinheiros da CGD, que é totalmente do Estado, isto é, nossa.
Até agora não houve nenhuma Instituição do Estado que tenha sido capaz de chamar à pedra quem fez uma operação de saque de dinheiros públicos deste calibre. Nem a Oposição se digna cumprir o seu papel.
Neste momento é a desgraçada da actual Administração da CGD que tem que andar a apagar os fogos ateados pelos outros e e a responder perante toda a gente, incluindo Assembleia da República. Quem devia explicar isto tudo é quem arranjou toda esta marosca. Entretanto, esses mesmos estão a levar o BCP aos infernos de acções a valerem menos de 60 cêntimos.
Quem ganha? Será Angola ou Stanley Ho, já que a rapaziada de Macau anda toda à solta?

segunda-feira, 2 de março de 2009

CARIDADE

Do Evangelho de hoje (Mateus, 25):

‘Senhor, quando é que Te vimos com fome e Te demos de comer, ou com sede e Te demos de beber? Quando é que Te vimos peregrino e Te recolhemos, ou sem roupa e Te vestimos? Quando é que Te vimos doente ou na prisão e Te fomos ver?’. E o Rei lhes responderá: ‘Em verdade vos digo: Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes’.

CIDADES DE SUCESSO




Já por várias vezes abordei nestas linhas quais os caminhos que hoje em dia levam as cidades ao sucesso competitivo. São, naturalmente, muito diferentes dos de há vinte ou trinta anos.
Se antes se prestava atenção ao número de rotundas ou mesmo de pavilhões desportivos cobertos, o que hoje verdadeiramente interessa para definir a liderança entre as cidades é a capacidade de inovação e de empreendedorismo.
Isto é, estamos num tempo em que o fundamental é o “software”, e não o “hardware”, o que não nos deverá surpreender dado o conhecido sucesso do “Silicon Valley”.
O estabelecimento de parcerias entre quem gere os destinos das cidades e quem detém o conhecimento é a base da construção das condições para um futuro mais próspero e competitivo das comunidades.
É indiscutível que Coimbra tem vindo a marcar pontos de uma forma insofismável nesta área. E não se pense que os sucessos aparecem aqui por acaso. São fruto de um trabalho continuado e de colaborações em rede como sucede entre a Autarquia e a Universidade em várias áreas.
Nos últimos tempos, não passa praticamente um mês sem que haja notícias de prémios ou de sucessos reconhecidos a nível internacional, seja na área da saúde, seja na da robótica, seja na da informática, seja na da química. E não se pense que estas são coisas menores ou pontuais; muito pelo contrário, marcam descobertas e desenvolvimento de soluções com aplicação futura generalizada.
É assim com alguma naturalidade que nos últimos anos Coimbra viu nascer e desenvolverem-se empresas de base tecnológica de topo, que se afirmam em todo o mundo em áreas de grande competitividade. Como exemplo, olhe-se para a Critical Software, a ISA (Intelligent Sensing Anywhere), a CrioEstaminal ,a Bluepharma e a Active Space Tecnologies, entre outras. São empresas que, de forma notável, contribuem para fixar em Coimbra centenas de quadros técnicos especializados, que até há poucos anos tinham obrigatoriamente que sair de Coimbra para trabalhar.
Recentemente foi anunciado que a incubadora de empresas do Instituto Pedro Nunes em Coimbra foi classificada como a segunda melhor do mundo entre as incubadoras de base científica.
Boa parte das empresas acima referidas tiveram o seu início na incubadora do IPN, que assim marca de forma indelével o futuro económico de Coimbra.
Em tempos de depressão colectiva generalizada, os bons exemplos são ainda mais de relevar, não se devendo deixar passar sem um reconhecimento de todos os cidadãos interessados no bem colectivo.
A directora do IPN Teresa Mendes, bem como o director da incubadora, Paulo Santos, devem ser felicitados, não apenas por este prémio agora recebido, mas pela capacidade de trabalho e empenho colocados durante anos no apoio à criação e desenvolvimento de projectos empresariais tão importantes para a nossa região e para o país.

Publicado no Diário de Coimbra em 2 de Março de 2009

domingo, 1 de março de 2009

VENENO PURO

Faço figas para que o Prof. Marcelo não morda a língua hoje, que corre o sério risco de cair para o lado.
As suas propostas ao PSD para líder da candidatura ao parlamento europeu foram, por esta ordem:
Marques Mendes
Pacheco Pereira
Passos Coelho
Às vezes abusa na dose, mas sempre com piada.

Capitalismo pouco selvagem

Então é assim, segundo o Prof. Marcelo:
A CGD, enquanto era administrada por Santos Ferreira e Armando Vara, entre outros, subsidiou a Teixeira Duarte, Joe Berardo e Manuel Fino para comprarem participações relevantes no BCP e correrem com quem lá estava.
A seguir, aqueles grandes accionistas colocam aqueles ex-administradores da CGD à frente do BCP.
A seguir, os accionistas do BCP, ao verem as suas participações a ir para a sarjeta, vão à CGD e vendem esse "lixo tóxico " à própria CGD com lucros de dezenas de milhões de euros.
Com capitalistas destes não admira que o Anacleto Louçã do Bloco de Esquerda arranje cada vez mais seguidores.

VITAL

Vital Moreira é uma excelente escolha de Sócrates. Por diversas razões.
É um europeísta convicto,o que dá sempre jeito para um eurodeputado.
Conhece bem as estruturas da União.
Tem grande formação jurídica.
É muito bom na arte da retórica.
Pode contribuir positivamente para uma melhoria da União.
Como os eurodeputados, quando estão no Parlamento Europeu, têm a possibilidade (e dever) de defender mais os interesses do seu país do que os partidários, é bom para todos nós termos lá representantes qualificados.
Em termos exclusivamente politico-partidários nacionais, puxa o PS para a esquerda o que dá jeito a M. Ferreira Leite.
Tem ainda a vantagem de obrigar o PSD a acompanhar o PS a nível da qualidade das suas escolhas, já que eleva a fasquia.