quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

BOM ANO

Evangelho do dia:

(Jo 1, 1-18)  No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d'Ele e sem Ele nada foi feito. N'Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho d'Ele, exclamando: «Era deste que eu dizia: 'O que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim'». Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça. Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.



segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

2010, um ano de centenários


O correr inexorável do tempo trouxe-nos o fim do ano de 2009. Como sabemos, a numeração dos anos corresponde a uma pura convenção, sendo em quase todo o mundo seguido o calendário gregoriano que em 1582 aperfeiçoou e substituiu o calendário juliano que vinha desde os tempos do império romano.

Já a duração dos anos não tem nada de convencional, correspondendo à duração de uma translação da Terra à volta do Sol. Embora o esqueçamos com alguma frequência, todos nós vivemos em ritmos impostos pela Natureza que não está nas nossas mãos mudar.

Nas passagens de ano é frequente recordar as efemérides que ocorrem no ano que vai começar. Trazem-se assim à lembrança factos do passado que marcaram a nossa história colectiva, definindo boa parte daquilo que somos hoje.

No ano que começa esta semana ocorrem dois centenários muito importantes para o Portugal actual: os duzentos anos das invasões francesas e os cem anos da instauração da República.

Não sendo um facto muito conhecido, passam no próximo dia 1 de Outubro duzentos anos sobre a data em que o exército francês de Massena ocupou e saqueou Coimbra durante vários dias. A batalha do Buçaco em que os exércitos portugueses e ingleses comandados por Wellington derrotaram os invasores, tinha ocorrido pouco antes, em 27 de Setembro. Após a batalha, os exércitos aliados retiraram para sul, na sua estratégia de ir dando luta aos franceses até às Linhas de Torres Vedras que protegiam a capital. Foi assim que Coimbra ficou à mercê dos soldados derrotados de Napoleão, famintos e maltratados. A quase totalidade dos cerca de 40.000 habitantes da nossa cidade fugiu enchendo as estradas atrás dos soldados portugueses e ingleses. Os soldados franceses destruíram e pilharam tudo o que puderam e não tinha sido escondido não escapando nada, nem sequer laboratórios da Universidade. Muitos habitantes terão sido mortos, sem distinção de sexo nem idade. Antes que as milícias portuguesas comandadas pelo coronel inglês Trent tivessem recuperado a Cidade em 7 de Outubro, centenas de edifícios haviam sido incendiados. As Guerras Peninsulares marcam o início de um definhamento da economia portuguesa que nunca mais recuperou totalmente em relação ao resto da Europa.

Igualmente em Outubro, comemoram-se os cem anos da República. Dois anos depois do regicídio, uma revolta em Lisboa deu origem ao fim da Monarquia, velha de oitocentos anos. O regime estava de tal forma apodrecido, que nem se defendeu. Já D. Carlos costumava dizer que era rei numa monarquia sem monárquicos. Não vale a pena estarmos hoje a branquear o que foi a 1ª República. Claro que teve alguns aspectos positivos. Mas os negativos foram tantos e tão graves, que criaram um fosso entre a esmagadora maioria da população e a reduzida clique do PRP que governou Portugal como se fosse sua propriedade. Em poucos anos conseguiu criar uma reacção que levou ao 28 de Maio de 1926. Aliás, nem republicanos escaparam à desgraça que foram esses tempos, como o chefe do governo António Granjo morto pela carbonária na tristemente célebre noite de 21 de Outubro de 1921, tal como sucedeu com outras figuras de relevo. Nem se diga que a 1ª República trouxe mais democracia a Portugal do que o regime que derrubou. Após o 5 de Outubro de 1910, o número de recenseados desceu mais de 50%, já que a nova república tinha medo dos votos do povo. Em 1926, Portugal era mesmo o único país europeu sem sufrágio universal, como lembra Rui Ramos na sua recente História de Portugal.

A História pode ajudar a criar um espírito colectivo de pertença a uma comunidade, mas deve servir também e sobretudo, para evitarmos erros do passado e sermos capazes de preparar um melhor futuro para os que nos sucederão.

Bom ano de 2010 para todos os leitores.


Publicado no Diário de Coimbra em 28 de Dezembro de 2009

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Equilíbrios e balanços

Olhando para o Portugal de hoje, já imaginou como estaria o nosso sistema de "equilíbios e balanços" se na presidência da República estivesse Mário Soares ou Manuel Alegre em vez de Cavaco Silva?


OBAMA

A revista Visão diz que Obama, coitado, não podia fazer mais na cimeira do clima de Copenhaga, porque estava limitado pelo Senado. Assim se conclui que mais vale cair em graça do que ser engraçado, já que a boa (e simpática) imprensa desculpa sempre tudo. Por outro lado, parece também que muita gente  está habituada aos sistemas de "quero, posso e mando" e convive mal com o raio da Democracia e os seus sistemas de equilíbrios.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

MAGNIFICAT

Do Evangelho de hoje (Lc 1, 46-56):
Naquele tempo, Maria disse: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre». Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses e depois regressou a sua casa.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Solistício de Inverno

Hoje é o solistício de Inverno. Em termos astronómicos, é o dia do ano em que no nosso hemisfério Norte o Sol sobe menos no horizonte, isto é, do maior afastamento da eclíptica relativamente ao equador celeste. Na antiguidade era particularmente celebrado, porque a partir deste dia o Sol subirá cada vez mais, garantindo a vida e as colheitas no seu tempo. É a certeza de que melhores dias virão. É pena que a nossa civilização tenha perdido a ligação à Natureza, artificializando as nossas relações e fazendo esquecer que vivemos num planeta que devemos cuidar para os nossos descendentes.

Um Santo e Feliz Natal


De mansinho, estamos de novo no Natal. Apesar de todas as preocupações e ralações que os últimos tempos têm trazido a todos nós, a passagem inexorável dos dias fez-nos chegar à altura do calendário em que a tradição cristã nos faz recordar o nascimento de Cristo.

A força da mensagem do Natal é tão grande, que mesmo uma sociedade laicizada como é a nossa actual não prescinde da sua comemoração.

É verdade que é possível ler artigos sobre o Natal em que não se fala uma única vez do nascimento de Jesus Cristo, embora não se deixe de referir as crianças, principalmente as que mais sofrem com o abandono e a pobreza. Quase se transforma a festa cristã numa arma de luta de classes.

A sociedade mercantilizada em que vivemos tenta igualmente transformar o Natal numa festa consumista que mais não seria do que um pretexto para vender inutilidades. Curiosamente, esta festa consumista gira toda à volta de um símbolo que, embora também de tradição cristã, rodeia o essencial do significado do Natal. Refiro-me, como é bom de ver, ao Pai Natal bem redondinho e vestido com o vermelho de uma célebre campanha da Coca-Cola. Coitado dele, sinal dos tempos, já não entra nas casas pela chaminé para deixar presentes, mas aparece por todo o lado a trepar pelas paredes como se fosse um vulgar ladrão.

Mas a celebração do Natal resiste a todas estas circunstâncias, porque o seu significado profundo é o da paz, da concórdia e da fraternidade.

O facto de Deus se ter feito Homem para nos salvar através da sua morte na cruz que se celebra na Páscoa obrigou a que nascesse como todos nós. Nasceu aliás em circunstâncias muito difíceis, porque os seus Pais se tinham visto obrigados a deslocar-se a outra cidade distante da sua em mais de 150 km para se recensearem. Razão por que acabou por nascer, não no conforto de uma habitação, mas num curral de animais, único local encontrado para refúgio. Coisas maravilhosas se passaram então, como a romagem dos pastores vizinhos, o surgimento temporário de uma estrela e a adoração dos reis magos.

A inclemência do poder fez-se também sentir da pior maneira. O rei Herodes, com medo de um novo rei dos judeus, mandou matar todos os meninos de Belém com menos de dois anos, obrigando a que o regresso da Sagrada Família a casa se fizesse por outro caminho.

A representação actual do Presépio é muito antiga, devendo-se, segundo a tradição cristã, a uma iniciativa de S. Francisco de Assis no ano de 1223, nunca mais tendo sido abandonada.

Ao longo dos tempos tem havido tentativas de transformar ou mesmo de eliminar a tradição cristã do Natal. Como se o Natal só pudesse ser celebrado pelos cristãos no interior das suas casas ou das igrejas. Mas a verdade é que mesmo sob a capa do mercantilismo ou da invasão de pais natais, o significado profundo do Natal está lá, representado no sorriso inocente e confiante daquela criança acabada de nascer. Basta ver a alegria das crianças quando recebem uma prenda, por mais singela que ela seja, para perceber que o Natal é fundamentalmente delas, façamos nós adultos o que fizermos para o estragar. Mesmo Jesus Cristo já homem, muitos anos depois do seu nascimento haveria de dizer: “deixar vir a mim as criancinhas”.

A todos os colaboradores deste jornal e aos seus leitores, os meus votos de um Santo e Feliz Natal.


Publicado no Diário de Coimbra em 21 de Dezembro de 2009

sábado, 19 de dezembro de 2009

Tenho vergonha, tenho muita vergonha

Descrição das patentes militares, por S. Exª o Sr. Ministro da Defesa de Portugal:
"Sei que as estrelas são de general, as tiras dos outros oficiais e os acentos circunflexos do pessoal subalterno"

O frentismo social

Passo a passo para o abismo:

No início do próximo mês, o casamento entre pessoas do mesmo sexo irá "aterrar" na agenda da Assembleia da República. Mas para 2010 ensaiam-se já outras discussões "fracturantes". Um deputado do PS vai propor a legalização da eutanásia. E o Bloco de Esquerda prepara-se para legislar sobre direitos de identidade dos transsexuais.

(Do DN de hoje, através do SAPO)