sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

SCUTs

Ora aí está. Os Srs. Autarcas do Norte saíram todos satisfeitos da reunião com o Sr. Ministro das Obras Públicas. Parece que vão arranjar um esquema de os utilizadores frequentes (diários) não terem que pagar. Não havia um único jurista na sala que os alertasse que essa solução é capaz de ser inconstitucional?

Serviço público

Um site muitíssimo útil, quer para descobrir qual a seguradora de um carro que nos tenha batido e fugido; quer para perceber a história (através de quantos seguros foram feitos) de um carro que se compre em segunda mão:
http://www.isp.pt/NR/exeres/019EEB91-E357-4A7C-8BD2-B62293701692.htm


A ESQUERDA TEM MEDO DO POVO?

Segundo os noticiários de hoje, a esquerda vai responder negativamente ao pedido de mais de 90.000 portugueses (que ainda se deram ao trabalho de o fazer) para que se referende o chamado "casamento gay" ou alegre, em tradução livre.
Já sabíamos que as vanguardas se afastam muitas vezes do povo, agora que sequestrem todo um povo, sem sequer terem que recorrer a armas, isso já é novidade. Este tipo de atitudes dá normalmente maus resultados.


DESILUSÃO

Segundo investigadores britânicos, o famoso ponto G não passa de uma invenção alimentada por revistas e terapeutas (jornal i de hoje).Tanta gente à procura dos Gambozinos e afinal eles não existem.


SCHUMANN

Passam este ano duzentos anos sobre o nascimento de Schumann. Recordemo-lo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

As Cidades


Viver na cidade é hoje a situação mais comum para a maioria da população. Tal facto deve-se a causas positivas, mas também a negativas. É bom, porque significa que um cada vez maior número de pessoas tem acesso a ofertas (de bens e serviços) que não estão disponíveis em zonas rurais, o que lhes possibilita um maior leque de escolhas profissionais, mas também culturais e de desenvolvimento pessoal.

Mas há aspectos negativos. Desde logo, porque a deslocação se faz primordialmente para as áreas metropolitanas, principalmente Lisboa, não se verificando um aumento populacional nas chamadas cidades médias. Esta situação de uma metrópole hiper-dimensionada relativamente ao resto do país significa que não se verifica um desenvolvimento harmonioso do país, o que origina problemas graves. Traz consigo um desenraizamento muito forte com uma acentuada falta de integração no contexto urbano e os inerentes problemas sub-urbanos de falta de segurança e instabilidade pessoal e familiar. Por outro lado, há um movimento de deslocação das populações do interior para o litoral, como já aqui salientei há poucas semanas. Na realidade, este fenómeno significa uma litoralização crescente da população portuguesa, da qual mais de 80% já vive nos concelhos do litoral e vizinhos, isto é, na prática, entre a costa e a A1.

Com a mudança das populações, as cidades têm que dar novas respostas, não sendo suficiente a gestão urbanística clássica, que se traduzia por um planeamento do território a régua e esquadro e pela aplicação de um grande número de normas muitas teóricas e com frequência desadaptadas da realidade.

Hoje em dia, é particularmente claro que as cidades competem entre si. Não só as populações com maiores recursos profissionais e financeiros podem escolher onde querem viver e exercer as suas actividades, como muitas empresas escolhem a localização para laborar que lhes é mais favorável. Isso depende do “ambiente económico” local, que tem a ver com acessibilidades, terrenos disponíveis e licenciamentos em tempo útil, mas também com a existência de mão-de-obra qualificada para a sua especificidade, existência de infra-estruturas urbanas para as famílias dos trabalhadores e a possibilidade de acesso a laboratórios de investigação de que eventualmente necessitem para a sua competitividade.

Evidentemente que as cidades deverão previamente ter o trabalho de detectar as suas linhas de força internas que lhes dão à partida vantagens comparativas e a capacidade de escolher os investimentos que, em termos de futuro, lhes amplifiquem essas vantagens. Isto é, para além de prepararem ofertas físicas adequadas, deverão ter uma visão estratégica do que são e daquilo que querem ser.

E o que querem ser passará obrigatoriamente pelos actuais vectores de desenvolvimento. De facto, é nas cidades que se juntam, num espaço limitado, capacidades produtivas, trocas de valor e acumulação de saber e criatividade que produz inovação.

Coimbra está neste caminho, bastando ter capacidade de observação crítica para se tirar esta conclusão. A actual atitude da Universidade, virada para o apoio à inovação criativa do ponto de vista económico bem como para o diálogo com as empresas, o investimento municipal massivo em espaços devidamente infraestruturados para acolhimento de empresas de base tecnológica (Coimbra iParque) e o aprofundamento do Plano Estratégico e de Urbanização mostram-no claramente.

Em épocas de crise generalizada, em que parece que todos ralham e todos têm razão, é ainda mais evidente a necessidade de visão estratégica que permita encontrar os caminhos que no futuro ditarão a diferença pela criação de riqueza e bem-estar. Isto tem muito a ver com capacidade de gerar consensos e unir esforços no Desenvolvimento da Cidade do século XXI.


Publicado no Diário de Coimbra em 4 de Janeiro de 2010

domingo, 3 de janeiro de 2010

Gripe A

Parece que a histeria da gripe A levou muitos países a comprar vacinas em quantidade largamente excedentária. Agora estão todos a tentar diminuir os prejuízos vendendo as vacinas a mais. Será que as farmacêuticas não tiveram nada a ver com esta situação, ou só ganharam com esta crise, por mero acaso?

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

PAÍS A DUAS VELOCIDADES

Fala-se muito por aí da necessidade de escolher um novo modelo de desenvolvimento para Portugal, como se tivéssemos um. Na verdade, o que hoje temos é o resultado da soma de voluntarismos governamentais diversos e da tomada do Estado por interesses corporativos e grupos de pressão.

Uma das características deste estado de coisas é uma evidente falta de coerência espacial e temporal do suposto modelo de desenvolvimento. Os voluntarismos descoordenados levaram a que se verifique uma coexistência de vários ritmos no mesmo espaço geográfico, isto é, realidades dentro de um mesmo país a circular a velocidades muito diferentes. Vemos essa disparidade nas nossas estradas, para dar um exemplo simples do quotidiano para todos os cidadãos. A melhoria da rede viária e a evolução tecnológica dos automóveis não foi acompanhada por uma adequada preparação da formação de grande número dos automobilistas. Como resultado, assiste-se permanentemente a situações que se poderiam considerar caricatas, se não fossem sempre potencialmente perigosas pelo meio em que se verificam: automobilistas que entram em sentido contrário nas auto-estradas, que param no meio da via sem qualquer sinalização, que andam perdidos pelas rotundas, etc.

Mas, de vez em quando, situações muito mais graves vêm denunciar o tal país a várias velocidades. Há poucos dias, um deslizamento de terras encerrou ao trânsito uma auto-estrada junto de Lisboa, a chamada CREL, provocando uma situação que se prevê durar várias semanas. A empreitada é simples: estima-se que seja necessário retirar de 500 a 600 mil metros cúbicos de terras, o que está a ser feito por 60 camiões a trabalhar 24 horas por dia. Isto é, enquanto uma moderna infra-estrutura era aberta à circulação viária, assegurando o escoamento de mais de 40.000 veículos por dia, ao lado foi-se fazendo um aterro sem qualquer controlo. O tal outro país, meio subterrâneo e eventualmente clandestino embora à vista de toda a gente, mais uma vez invadiu e ocupou espaço do país que circula à velocidade europeia.

A troca pública de acusações e de atribuição de responsabilidades entre as diversas entidades envolvidas é lamentável, pondo a nu as fragilidades do Estado perante as “espertezas” de alguns. E não se diga que a culpa é da falta de regulamentações: a execução de aterros é das actividades mais exaustivamente reguladas, e existem diversas entidades com competências sobre a matéria. Evidentemente que quem não tem culpa nenhuma são os automobilistas, que se vêem privados da utilização de uma estrada importante e diariamente arcam com mais custos em tempo e distância percorrida entre as suas casas e o trabalho.

Claro que se pode olhar para este caso como apenas mais uma consequência de um inverno rigoroso, como alguns tentam "vender" o sucedido. Não nos deixemos enganar. Há um país subterrâneo que vive e muitas vezes sobrevive sob uma capa fina de modernidade que se rompe à menor contrariedade: não nos esqueçamos da ponte de Entre-os Rios, desastre que acabou por não ter quaisquer responsáveis.

Com estes exemplos, uma pessoa fica a pensar que, realmente, mais valia sermos capazes de construir um país coerente e sem desfasamentos físicos e temporais, embora eventualmente a uma velocidade um pouco mais baixa, mas em segurança, isto é, em que as infra-estruturas construídas são fiáveis, não passíveis de invasões externas e com custos de manutenção perfeitamente garantidos durante toda a sua vida útil