segunda-feira, 8 de setembro de 2008

ESTAGNAÇÃO


Não há qualquer satisfação em escrever esta crónica, antes pelo contrário.

A actual situação económica do país, que aliás segue mais ou menos em paralelo o que se passa no resto da Europa, é de verdadeira crise. O seu significado ultrapassa em muito as simples críticas que as oposições tendem a fazer e os biombos que os situacionistas sempre criam.

Durante os últimos dias, foi possível colher na imprensa numerosos “flashes” que, no seu conjunto, dão uma ideia do que se passa, mesmo a quem não é especialista em economia:

· O Governo desceu a previsão do crescimento económico de 2008 para 1,2%, havendo especialistas que afirmam que mesmo esse valor não deverá ser alcançado, devendo ser, quando muito, de 1%.

· A OCDE prevê que a Europa cresça menos do que anteriormente previsto, enquanto os EUA vão crescer acima da previsão.

· Segundo a Comissão Europeia, a confiança económica em toda a Europa está no nível mais baixo desde Março de 2002.

· Segundo o Eurostat, o consumo das famílias, o investimento, as exportações e as importações na zona Euro contraíram-se no segundo trimestre do ano relativamente ao trimestre anterior, provocando a queda de 0,2 por cento do PIB nesse período.

· A taxa Euribor, que determina as prestações da maior parte dos empréstimos para a habitação, está ao maior nível desde 2002.

· O desemprego em Portugal fixou-se no final de Junho nos 7,5%, o que, embora sendo melhor que no mês anterior, ainda é muito mais alto que a média europeia de 6,8%.

· O INE informou que a nossa vizinha Espanha – que, recorde-se, é o nosso maior parceiro comercial – teve no segundo trimestre o pior crescimento dos últimos 15 anos.

· E por falar em Espanha, o Dr. Pina Moura, que preside à Iberdrola Portugal e foi ministro das Finanças do Eng.º Guterres, afirmou que as taxas de crescimento portuguesas nos próximos 3 anos serão “ténues ou até frágeis, podendo a situação resvalar para uma situação recessiva”, opinando que o Governo poderá “usar o Orçamento contra a crise”.

Perante este cenário, os governos de vários países apresentaram já programas específicos para fazer frente à situação, sendo a Espanha um exemplo.

A circunstância de em Portugal se irem realizar várias eleições no decorrer do próximo ano não deverá ser obstáculo a que esta crise seja encarada com muita responsabilidade quer pelo Governo, quer pelos partidos da oposição, cada qual no papel que lhe compete no sistema democrático.

Em alturas destas, a economia, em particular as pequenas e médias empresas que constituem a esmagadora maioria do tecido económico, tem que ser acarinhada e apoiada, mesmo à custa de grandes investimentos que devem ser deixados para alturas de desafogo.


Publicado no Diário de Coimbra em 8 de Setembro de 2008

sábado, 6 de setembro de 2008

Ainda Dalida

Naqueles belos tempos dos anos 70 o telefone era o meio de comunicação, mesmo a preto e branco.
Para despedida de Dalida, PAROLES PAROLES com Alain Delon:

Recordar Dalida

Recordar Dalida faz-nos bem. Aqui fica com AVEC LE TEMPS de Léo Ferré:

PARA RECORDAR

Aqui fica uma memória de juventude:

Dalida e Gigi l'amoroso

ALLGARVE



Pelos vistos este foi o pior Verão de que há memória no ALGARVE, em termos turísticos.
E no ALLGARVE, terá sido bom?
Perante este fracasso total de uma das campanhas de marketing mais caras de que há memória, ninguém pede contas?

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

AMVOX TRANSPONDER


Demorou a desenvolver, mas já existe.
Os filmes 007 habituaram-nos a toda uma série de gadgets, boa parte deles utilizando um Aston Martin como base.
Mas não passavam de imaginação, muitas vezes delirante.
Bom, na sequência da colaboração entre as duas marcas, a JaegerLeCoultre desenvolveu um novo relógio cronógrafo, o AMVOX TRANSPONDER.
Tem várias características interessantes e absolutamente únicas que fazem dele uma invenção bem mais interessante do que as de Mister "Q".
Trata-se de um cronógrafo mecânico sem botões. A activação dos comandos faz-se pressionando determinadas zonas do mostrador.
A outra característica é que abre e fecha as portas do Aston Martin DBS do respectivo (feliz) possuidor à distância.
A engenharia e capacidade de miniaturização para desenvolver uma peça com esta precisão são absolutamente notáveis.
O pior é que só é vendido na compra de um Aston Martin DBS, pelo que é uma edição muito (mesmo muito) limitada.
Por sua vez o Aston Martin DBS também algumas características muito interessantes (e vêm de série):
- Motor de 12 cilindros com 6.000 cm3 e 512 cavalos.
- Carroçaria em painéis de fibra de carbono.
- Velocidade máxima de 307 km/h.
- Faz dos 0 aos 100 km/h em 4,3 seg.
- Tudo o resto a condizer.

Eis o dito cujo:

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Só pode ser boa pessoa.


De repente, a desconhecida Sarah Palin sofreu uma barragem de acusações:

Revelação da gravidez da filha da candidata.

Notícia de uma investigação em curso por suspeitas de abuso de poder.

Sarah foi membro do Partido para a Independência do Alasca.

Também foi notícia a prisão do seu marido há 22 anos por condução sob o efeito de álcool.

É amante de caça (no Alasca).

É antiga jogadora de hóquei.

Foi vencedora de concursos de beleza.

É uma governadora desconhecida com o rótulo de lutadora contra a corrupção.

Não abortou o filho com Down.

Tem demasiados filhos para exercer a vice-presidência.

Ana Gomes chamou-lhe lasca.

De facto, em dois dias já é muito só para uma mulher: QUE GRANDE MULHER.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

ROSSI E AGOSTINI


Valentino Rossi igualou este fim de semana o record de vitórias de Giacomo Agostini na classe principal de motos: 68 vitórias.
Giacomo Agostini ainda detém algumas marcas na modalidade, mas o facto é que Valentino Rossi é um campeão à sua altura.
Recordo com saudade os tempos em que Agostini corria com a sua MV Augusta e ganhava tudo o que havia para ganhar, sem nunca ter tido uma queda a sério.
Num tempo em que as corridas de Fórmula 1 perderam grande parte do interesse que tiveram no passado, porque a evolução tecnológica tornou os carros demasiado potentes, demasiado rápidos e demasiado seguros para as pistas em que correm, as motos de 500 cc ainda conseguem manter a competitividade e animação que dependem da destreza dos pilotos, para além das máquinas.

COMPETITIVIDADE URBANA

Foi recentemente publicado o relatório anual do “International Forum on Urban Competitiveness”, que apresenta a classificação mundial das cidades sob o ponto de vista da sua competitividade relativa.
Para aquele estudo, a “competitividade urbana” de cada cidade traduz a sua capacidade de criar riqueza mais rapidamente e de melhor maneira em comparação com as outras cidades.
O relatório analisa a competitividade de 500 cidades em todo o mundo, através de 9 critérios: produto total, produto per capita, produto por unidade de área geográfica, produtividade laboral, número de empresas multinacionais instaladas, número de patentes, preços, taxa de crescimento económico e taxa de emprego.
Segundo o relatório, as quatro cidades mais competitivas do mundo são Nova Iorque, Londres, Tóquio e Paris, não havendo aqui novidades. Madrid aparece em 17.º lugar.
Verifica-se que as regiões do mundo com cidades mais competitivas são a América do Norte e a Europa.
Correspondendo à ideia actual quanto ao crescimento asiático, é possível constatar que as dez cidades com maior crescimento económico em todo o mundo são chinesas. Em termos de competitividade urbana, Hong Kong, Xangai, Shenzhen e Pequim ocupam por enquanto os lugares 26, 41, 64 e 66 do ranking.
Comparando este relatório anual com os anteriores, conclui-se que a competitividade urbana relativa das cidades está sempre em mutação: enquanto algumas melhoram substancialmente, “trepando” muitos lugares, outras há que se deixam atrasar. Isto é, as cidades não se podem deixar adormecer se querem ser competitivas.
O relatório aborda ainda detalhadamente as explicações para a competitividade urbana em 150 cidades, através da avaliação de 103 índices, agregados em diversos capítulos, como competitividade empresarial, estrutura industrial, recursos humanos, ambiente, etc.
Curiosamente, no capítulo da qualidade de vida aparece Lisboa em terceiro lugar, atrás de Paris e de Sydney, mas afundando-se em todos os outros factores.
Como conclusão, o relatório sublinha que a crescente urbanização deveria levar as autoridades a dar mais importância ao desenvolvimento sustentável da economia, sociedade, ambiente e cultura, promovendo a competitividade urbana e assim fazendo das suas cidades melhores locais para se viver.
Parecem lugares comuns para se dizer, e que não terão muito a ver connosco, mas não são. A classificação das cidades, onde aparecem não só grandes metrópoles mas também cidades de média dimensão, merece uma análise cuidada e um estudo detalhado dos diversos critérios utilizados.
A ponderação destes factores deveria sustentar as opções dos responsáveis das cidades, com consequências ao nível das escolhas a fazer.
A urbanização crescente do nosso país, que se tem traduzido num abandono do interior e no crescimento algo descontrolado das áreas urbanas, necessita de uma abordagem que tenha em conta muitos dos aspectos abordados neste relatório.
É a própria sustentabilidade do país e consequente qualidade de vida das próximas gerações que está em causa. É necessário e urgente olhar para o desenvolvimento urbano à luz da abordagem deste relatório, porque a competitividade urbana é muito mais do que “alindar” as cidades, e bem mais do que promover investimentos públicos imediatistas, muitas vezes sem sustentabilidade.

Publicado no Diário de Coimbra em 1 de Setembro de 2008