segunda-feira, 30 de maio de 2022

Armas para defesa pessoal?


 O exercício prolongado da actividade de escrever crónicas semanais levanta, como suponho que os leitores facilmente compreenderão, alguns problemas a quem o pratica. Entre eles, a escolha do tema a abordar em cada semana, sem cair na posição a que muitos hoje chamam «tudólogo» que significará saber falar de tudo. Devo confessar que a minha experiência como escriba do «visto de dentro» há mais de 16 anos me tem ensinado a abordar questões concretas, tentando contextualizá-las da forma que me parece mais correcta em função das suas características próprias e evitando sempre introduzir moralizações espúrias. Sem esquecer o respeito pelo leitor que obriga a recusar manipulações que tantas vezes um simples adjectivo esconde. Por outro lado, há momentos em que a realidade se impõe de tal forma que obriga a deixar para trás o assunto que se pretendia abordar. É o caso desta crónica. O massacre sucedido numa escola básica na pequena cidade de Uvalde no Texas, EUA não pode ser uma destas matérias cujas imagens na televisão impressionam toda a gente durante dois dias para logo serem substituídas na atenção colectiva por outra tragédia nalguma parte do mundo ou mais um escândalo de corrupção.

Trata-se de um assunto difícil de abordar. Desde logo pela violência do sucedido, até por entre os 21 mortos se contarem 18 crianças alvejadas friamente, muitas delas directamente na cabeça. Depois, por o autor da tragédia ser um jovem com 18 anos, ele próprio também quase uma criança. A questão do acesso a armas nos EUA, supostamente para defesa pessoal, mas tantas vezes quase de guerra coloca-se novamente, sem qualquer dúvida. E, finalmente, a frequência com que situações deste tipo se verificam nos EUA é algo de impressionante.

De facto, estes tiroteios em escolas com consequências trágicas repetem-se com uma regularidade que perturba. Só neste século, lembram-se os seguintes: Em Abril de 2007 um estudante matou trinta e duas pessoas numa Universidade da Virgínia; em Abril de 2012 um homem matou sete pessoas numa Universidade na Califórnia; ainda em 2012, em Dezembro, um jovem de 20 anos matou vinte seis pessoas das quais 20 crianças pequenas numa escola primária no Connecticut; em Outubro de 2015 um estudante matou nove pessoas numa Universidade do Oregon; em Janeiro de 2018 um estudante com 15 anos matou dois colegas num liceu no Kentucky; em Fevereiro de 2018 um jovem matou dezassete pessoas num liceu na Flórida, de que tinha sido antes expulso; em Maio de 2018 um estudante de 17 anos matou dez pessoas num liceu no Texas; em Novembro de 2019 um jovem de 16 anos matou dois colegas de turma e feriu mais três, num liceu na Califórnia; em Novembro de 2021 um rapaz com 15 anos matou quatro colegas e feriu mais uns tantos num liceu no Michigan. Não se deverá esquecer a tragédia da Columbine High School no Colorado onde, em Abril de 1999 dois estudantes mataram doze colegas e um professor e, ainda assim, não conseguiram fazer explodir as bombas que levavam. Esta listagem faz pensar sobre quais as influências a que os jovens americanos estão sujeitos, que levam a que tantos sigam por este caminho.

Certamente uma cultura de violência que vai dos desenhos animados infantis até ao tipo de música ouvida permanentemente pelos jovens terá algo a ver com o que se passa. Tal como a normalidade da aquisição e posse de armas à sombra da Segunda Emenda da Constituição institui o sentimento de que as armas são algo de normal numa sociedade em que as armas têm um carácter quase religioso. Aplica-se aquela lei de 1791 como se as armas não tivessem evoluído e a letalidade das espingardas semi-automáticas de hoje fosse comparável à das armas daquele tempo e que as circunstâncias políticas e sociais de então se mantivessem até aos nossos dias. Acresce que, em muitos Estados, os cidadãos têm acesso muito facilitado àquele armamento, quase de guerra, a partir dos 18 anos.

Neste caso da semana passada, em Uvalde, o autor do massacre que acabou morto pela pelas forças policiais tinha um problema de gaguez que levava a que os colegas fizessem troça dele. Terá desenvolvido, certamente por uma conjugação desse facto com os elementos sociais que acima refiro, um carácter anti-social que o levou à violência extrema de entrar numa escola e matar crianças a sangue frio com tiros de espingarda semi-automática. O que, claro, não sucederia nunca numa sociedade pacífica e solidária com os mais frágeis e, também, se o acesso àquele armamento fosse muito mais difícil.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 30 de Maio de 2022 

Imagem recolhida na internet

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Portugal é, e sempre foi, Europa


 Durante grande parte da sua História, designadamente a partir do Séc. XVI, Portugal viveu virado para o mar, em consequência da gesta dos descobrimentos marítimos e da construção de um Império. Em consequência, a nossa ligação à Europa diminuiu significativamente, situação que só terminou com a independência das antigas colónias e participação na CEE, hoje a União Europeia, já perto do fim do Séc. XX.

Mas, até aos descobrimentos, e apesar de estarmos na sua extremidade ocidental e geograficamente mesmo com alguma excentricidade, a nossa ligação à Europa foi sempre muito íntima, podendo mesmo considerar-se como umbilical. Hoje em dia não se pode olhar para a formação da nossa nacionalidade sem a integrar nos movimentos europeus da época, os séculos XII e XIII.

O rei fundador, D, Afonso Henriques, era neto do rei de Leão e Castela Afonso VI pelo lado da mãe D. Teresa, mas descendia directamente de Hugo Capeto, rei de França, pelo lado do pai, o conde D. Henrique que veio da Borgonha para a Península Ibérica. Assim se firmaram as bases para a expansão da cristandade na Ibéria de acordo com as novas ideias religiosas de Cluny defendidas por Hugo, cunhado do duque da Borgonha, cuja sobrinha Constança era a mulher de Afonso VI. A ligação umbilical do condado Portucalense a França é assim evidente e foi decisiva na acção de D. Afonso Henriques na expansão do território através da conquista de territórios aos mouros e na transformação do condado Portucalense no reino de Portugal. Para o que contribuiu largamente o apoio de militares europeus e ordens militares religiosas integradas na acção geral conhecida por Reconquista Cristã da Península Ibérica.

Toda a primeira Dinastia e ainda a segunda são pautadas por uma íntima ligação ibérica e europeia de Portugal, através da política de casamentos com as casas reais europeias. Normalmente esses casamentos verificavam-se com casas de França/Borgonha/Flandres ou Barcelona, Aragão, Castela ou Leão. Mas quando olhamos para o historial dessas ligações matrimoniais, às vezes surgem surpresas que nos fazem perguntar, como e porquê se verificaram. Em vez de simples leitura curiosa de livros de História, só pesquisa profissional ou a sorte de encontrar o livro certo permiirão responder adequadamente àquelas perguntas. É o caso dos casamentos de duas infantas portuguesas que foram casar com reis da longínqua Dinamarca. D. Berengária, filha do rei D. Sancho I e de D. Dulce de Barcelona e de Aragão foi casar com o rei da Dinamarca Valdemar II, e a sua sobrinha D. Leonor, filha do rei D. Afonso II e de D. Urraca filha do rei de Castela D. Afonso VIII, sendo irmã dos reis D. Sancho II e D. Afonso III, viria a casar com o rei Valdemar III. É muito provável que o facto de ser filho de D. Afonso III, educado nas cortes da Dinamarca e de França e depois conde de Bolonha por casamento, antes de vir para Portugal reinar em substituição do seu irmão D. Sancho II, tenha tido uma grande importância na formação e educação excepcionais do rei D. Dinis, prova da importância das ligações internacionais da corte portuguesa.


Já os casamentos das duas infantas portuguesas, tia e sobrinha, com reis da Dinamarca no início do Séc. XIII constituem algo mais difícil de entender. Na realidade, a Jutlândia fica perto da extremidade setentrional da Europa enquanto Portugal está bem a sul, sendo enormes as diferenças sociais e culturais entre os dois países, já nesses tempos. Terão sido consequência da permanência de D. Berengária junto de sua tia Teresa de Portugal, condessa da Flandres e Duquesa da Borgonha, na corte francesa. Assim se teria estabelecido alguma ligação com a corte dinamarquesa, pelo casamento do rei de França Filipe II. O relacionamento entre as cortes portuguesa e dinamarquesa teria tido um passo intermédio passando pela corte francesa, o que explicaria a sua concretização

Mas do que parece não poder não haver dúvidas é do profundo entrosamento do Portugal medieval com a Europa de então, que ia desde o Mediterrâneo até ao Báltico. Os casamentos desse tempo, e aqui apenas abordo alguns da I Dinastia, significavam não apenas a deslocação de um dos cônjuges, mas de toda uma companhia pessoal incluindo guarda própria, para além das trocas de títulos nobiliárquicos e de propriedades nos países envolvidos. A II Dinastia começaria com nova ligação à Europa, no caso a Inglaterra, e viria a dar «novos mundos ao mundo», mas isso já é outra História, excepcional a todos os títulos.

Por isso mesmo não podemos ficar admirados com a facilidade com que os portugueses se integraram na actual União Europeia, muito para além dos acordos políticos. Diria mesmo que os portugueses se sentem hoje como europeus por inteiro, mesmo apesar de tantos erros dos nossos governantes.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em  23 de Maio de 2022

Imagens recolhidas na internet

segunda-feira, 16 de maio de 2022

A DERROTA DE PUTIN (e de uns amigos que por cá vai tendo)


Ao invadir o país soberano que é a Ucrânia de uma forma selvagem mas simultaneamente incompetente do ponto de vista exclusivamente militar, Putin está a conseguir provocar alterações na cena internacional que poucos julgavam possíveis ainda há escassos três meses.

A derrota da Alemanha e do Japão em 1945 ditou o fim da Segunda Guerra Mundial tendo, no entanto, coincidido praticamente com o início da chamada Guerra Fria na sequência dos acordos de Yalta e de Potsdam e da instalação de regimes comunistas em grande parte dos países europeus de Leste, ocupados pelo Exército Vermelho. Apenas escapou a Grécia, mesmo assim depois de uma guerra civil perdida pelos comunistas.

A Guerra Fria, por muitos considerada como um prolongamento da II Grande Guerra, só veio a terminar em 1991 com o colapso da União Soviética. Muitos previram então o fim da História tal como tinha acontecido até então, sonhando mais uma vez com uma era de paz e progresso generalizados. Nada de mais errado, como hoje é claramente visível.

A globalização, se fez diminuir de forma impressionante a pobreza no mundo, trouxe igualmente novos e graves problemas relacionados com a evolução tecnológica. Muitos países não conseguiram acompanhar essa evolução, fechando-se em si mesmos através do surgimento de novos nacionalismos e com base em economias super dependentes de fontes energéticas como o gás natural ou o petróleo. É o caso da Federação Russa, o maior país do mundo cuja economia, contudo, é inferior à da Itália. A nostalgia do tempo em que a Rússia se podia confundir com a ex-URSS dominando os países do Pacto de Varsóvia e influenciando ainda grande parte daquilo a que se chamava «terceiro mundo» foi crescendo à medida que a incapacidade de gerir o enorme país euro-asiático, fazendo crescer a sua economia de forma sustentada e coerente à maneira ocidental, se foi tornando progressivamente mais evidente.

A invasão da Ucrânia, até há escassos meses considerada uma impossibilidade, está aí para mostrar como a Rússia de Putin e sua clique é incapaz de estabelecer um modo de vida pacífico e multilateral com o resto do mundo. É hoje evidente que, se a NATO é apresentada como o grande inimigo, na realidade é a própria União Europeia, com o seu sucesso económico e social, e o estilo de vida do Ocidente em geral que é insuportável para quem hoje gere os destinos da Rússia. Só que está tudo a sair ao contrário dos desejos do presidente russo. O povo ucraniano resiste de uma forma impressionante ao inimigo invasor e a resposta ocidental foi igualmente inesperada e fortíssima sob os vários pontos de vista, incluindo o apoio de entrega de armamento à Ucrânia.

E os restantes países vizinhos da Rússia, mesmo os que durante dezenas de anos mantiveram uma posição afirmativa de neutralidade, sentiram que a sua segurança está hoje colocada seriamente em questão. É assim que a Suécia e a Finlândia decidiram colocar-se sob o guarda-chuva de protecção da NATO, numa profunda alteração do status quo internacional. E não, não é a NATO que se está a alargar para Leste, são os países que sentem necessidade de protecção perante a efectiva ameaça russa. Bem podem os nostálgicos da antiga URSS e inimigos de sempre do modo de vida ocidental, da União Europeia, da América e da NATO vir gritar contra o expansionismo capitalista. Apesar de se auto-intitularem como estando do lado do progresso e da evolução da História, não são hoje mais do que apoiantes de regimes e sistemas políticos retrógrados, que recuperam o pior dos nacionalismos de há cem anos e que colocam em perigo a paz no mundo. Mais ninguém, além dos actuais governantes russos, acena com a ameaça, clara ou insinuada, da utilização de armamento nuclear. E não encontraram melhor resposta à decisão finlandesa de integrar a NATO, do que cortar o fornecimento de energia eléctrica àquele país, assim mostrando que se sentem em guerra com todo o resto do mundo.

Na realidade, Vladimir Putin, Sergey Lavrov e Dmitri Medvedev já perceberam que a aventura militar em que se meteram na Ucrânia está a correr mal, não só do ponto de vista de ocupação do país invadido, mas também para o povo russo em termos económicos e sociais. E, ao contrário de ampliar a influência russa no mundo, está a unir o resto da Europa em auto-defesa, para além de aprofundar os laços com o outro lado do Atlântico. As consequências da invasão russa da Ucrânia, para além da derrota militar já hoje evidente, irão muito para além deste facto, começando a desenhar-se uma nova ordem internacional em que Ocidente e China serão os principais intervenientes, económica e militarmente, com uma Rússia desfeiteada a lamber de novo as feridas em vez de ser um grande império como já foi e não é, precisamente por culpa dos seus dirigentes.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 16 de Maio de 2022

Fotografia retirada da internet

segunda-feira, 9 de maio de 2022

AMOR-PRÓPRIO DE COIMBRA

 


Dois acontecimentos estão a marcar os dias que passam na nossa Cidade: a Académica OAF caiu para a terceira divisão, independentemente da designação que lhe dêem e a candidatura de Coimbra a capital europeia da Cultura em 2027 não passou à fase seguinte.

Se qualquer uma das situações tem a capacidade de, só por si, deitar abaixo o nosso amor-próprio colectivo, a simultaneidade da sua ocorrência é algo de perturbador e acabrunhante, não sendo possível esconder nem tão pouco esquecer esta realidade que nos bateu à porta.

Numa época que iniciou com a vontade expressa de voltar à primeira divisão, a Académica está, a duas rondas do fim, em último lugar a 13 pontos do penúltimo. Até agora teve 3 vitórias, 7 empates e 22 derrotas. Pior seria sempre possível, mas era difícil. E é assim que, pela primeira vez da sua história de 134 anos, a Briosa cai para a terceira divisão, escassos dez anos depois de ter vencido a Taça de Portugal. A situação dramática do clube a nível desportivo é certamente resultado de problemas até agora insolúveis a nível de gestão, em particular no aspecto financeiro. Aliás, sinal disso mesmo é a não apresentação de listas para as eleições dos órgãos do clube na primeira data anunciada para o efeito, obrigando os actuais dirigentes a continuar em funções. Dois aspectos retenho neste momento. Em primeiro lugar, o presidente Pedro Roxo terá afirmado que «a história do clube irá fazer a Académica reerguer». Nada de mais errado! O que fará reerguer a Académica não é a sua história que é passado, embora de orgulho, e sim soluções organizativas e trabalho, muito trabalho humilde. E, já agora, capacidade de unir as diversas entidades representativas de Coimbra em torno de um projecto. Depois, não é só a Direcção que é responsável pela actual situação lamentável. São todos os órgãos do Clube que trouxeram a Académica até aqui e é essencial que a Cidade sinta unidade no interior do Clube, ou nunca disponibilizará os necessários apoios para virar a situação.


Sucede que na Académica ninguém veio acusar os árbitros pelos maus resultados desportivos obtidos, o que é de saudar, até pela excepção que constitui no conturbado mundo do futebol profissional em Portugal. E será talvez por esta circunstância que a reacção da comissão responsável pela candidatura de Coimbra a capital europeia da Cultura 2027 se torna mais notória e mesmo chocante ao optar por uma «futebolização» da Cultura ao nível mais baixo

De facto, após o conhecimento público do relatório do Júri que avaliou as candidaturas das diversas cidades candidatas, aquela comissão veio acusar o júri de alegadamente não ser imparcial tendo à partida uma posição contra Coimbra e mesmo de não ter lido o livro que corporizava a candidatura da nossa Cidade. Soube-se agora que a comissão organizadora enviou mesmo uma comunicação à organização europeia responsável pela escolha queixando-se disso mesmo tendo, como é evidente, recebido resposta adequada e a acabar com a questão. Os elementos da comissão organizadora não se apercebem de que, ao introduzirem um factor de batota na escolha estão, para além de demonstrar mau-perder, não só a descredibilizar um processo tão importante como escolher a capital europeia portuguesa da cultura em 2027, mas também a lançar um anátema sobre as candidaturas das cidades que passaram à fase seguinte?


E os cidadãos perguntam-se como se tornou possível que a Cultura em Coimbra, ao mais alto nível, tenha optado por seguir os passos do futebol naquilo que tem de pior, demagógico e auto-desresponsabilizante, que é acusar os árbitros pelos maus resultados? Tenho encontrado numerosas pessoas, mesmo algumas que apoiaram em geral o caminho seguido pelo «grupo de trabalho», que ficaram chocadas com a reacção dos seus responsáveis, embora por diversas razões calem em público esse profundo desagrado a que alguns chamam mesmo vergonha.

Como já escrevi neste espaço anteriormente, a candidatura de Coimbra não começou bem e não era minha intenção voltar ao assunto, mas senti ser necessário dar voz ao descontentamento que corre na Cidade e, quem não deve, não teme. Infelizmente, como para dar razão à voz do povo, a candidatura acabou mal, já que "o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita". Foi o que aconteceu, muito para lá da não inclusão no lote das candidaturas que passaram à fase seguinte, a quem Coimbra deveria, desportivamente, felicitar e desejar as maiores felicidades. E aprender para o futuro, já que águas passadas não movem moinhos.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 9 de Maio de 2022

Imagens recolhidas na internet