quarta-feira, 29 de abril de 2009

APPASSIONATA

De vez em quando sabe muito bem voltar a ouvir as obras primas absolutas.
Sviatoslav Richter e a Appassionata de Beethoven:


EDUCAÇÃO

Na sua intervenção na semana passada em Coimbra, Artur Santos Silva salientou um aspecto interessante da educação nos países que têm índices mais elevados de eficácia do sistema educativo, com grandes vantagens na respectiva competitividade nacional. Nesses países, o período considerado crucial na educação consiste nos primeiros quatro anos. Sim, leu bem: NOS PRIMEIROS QUATRO ANOS.
Nesses países, a escolha dos professores responsáveis por esse período é extremamente exigente e o acompanhamento do seu trabalho é feito com grande cuidado. Os professores dos primeiros quatro anos de escolaridade são muito bem considerados na sociedade, mais bem pagos até do que os universitários.
O que se passa por cá? exactamente o contrário. Os alunos saem desses primeiros anos cruciais quase ignorantes, sendo até voz corrente que o primeiro mês do quinto ano é passado a ensinar os meninos e meninas a estar sentados na sala e a comportarem-se com respeito pelo professor e pelos colegas: muitas vezes vêm da antiga primária como uns autênticos selvagenzinhos. Claro que isto não se passa com as crianças que frequentam colégios privados, o que desde logo estabelece desequilíbrios sociais que mais tarde terão grandes consequências sociais.
Em vez de trabalhar esta área, que fazem os nosso governantes? Aprovam a escola obrigatória até aos 18 anos, se bem que possam trabalhar a partir dos 16 anos.
Baralhados? Não tanto. Supostamente esta medida é facil no papel e renderá votos; nem uma voz se opôs na AR.
Tratar dos primeiros anos de escolaridade obrigatória a sério é que não, porque os meninos e meninas têm é que "gostar da escola".

terça-feira, 28 de abril de 2009

ACEGE EM COIMBRA


Em 19 de Maio almoço-debate na Sé Velha com Daniel Taborda, representante da Crioestaminal.
A Crioestaminal é uma empresa de biotecnologia criada em 2003 e é pioneira e líder em Portugal na sua área, que passa por proporcionar aos pais dos recém-nascidos a possibilidade de isolarem e criopreservarem as células estaminais do sangue do cordão umbilical.
É também um bom exemplo de uma empresa ligada à investigação de alto nível e de sucesso empresarial de uma boa ideia, entre nós, que merece ser conhecida.

Aqui fica o link para a Crioestaminal.

Informações por acegecoimbra@gmail.com

TOGETHER THROUGH LIFE

Mais um grande disco de Bob Dylan. Ainda por cima traz um CD com um programa de rádio em que o apresentador é o próprio...Bob Dylan que, além disso, escolhe as músicas: imperdível.
Uma das músicas é o "You´ve got a friend" da Carol King (fiquei logo convencido, claro está):

segunda-feira, 27 de abril de 2009

D. AFONSO HENRIQUES E COIMBRA



Passam este ano 900 anos sobre a data provável do nascimento de D. Afonso Henriques, fundador da nacionalidade e primeiro Rei de Portugal, que terá ocorrido em 1109.
Sobre o local de nascimento do nosso primeiro Rei não há certezas absolutas. Daí haver comemorações pelo mesmo facto em cidades tão distintas como Guimarães e Viseu, reivindicando cada uma delas o mesmo acontecimento. Curiosamente, há também autores que defendem ter D. Afonso Henriques nascido em Coimbra.
Muito sinceramente interessa-me pouco se nasceu em Coimbra, Guimarães ou Viseu, dado não haver provas concludentes sobre esse facto. Ninguém escolhe o local onde nasce.
Já a escolha da sua capital pelo primeiro Rei de uma nova nação, traduz um acto de vontade consciente e isso é que verdadeiramente importa. Coimbra foi escolhida pelo nosso primeiro Rei para capital do novo reino e sobre isso não há quaisquer dúvidas. Foi também em Coimbra que nasceu a maioria dos reis da primeira dinastia. E também é certo que D. Afonso Henriques, bem como o seu filho D. Sancho, segundo Rei de Portugal, têm os seus restos mortais depositados no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, fundado pelo próprio D. Afonso I em 1131. Pela importância e significado destes factos, o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra é hoje, e muito bem, classificado de Panteão Nacional.
Coimbra não precisa de se pôr em bicos de pés para participar em comemorações locais do nascimento de D. Afonso Henriques, colaborando em rivalidades paroquiais com outras cidades.
As comemorações dos 900 anos do nascimento de D. Afonso Henriques em Coimbra estão orientadas para os alunos das escolas do concelho com conferências e exposições, para além do cerimonial com que todos os anos se homenageia D. Afonso I em Santa Cruz com a participação do Exército, que será em 23 de Maio.
No entanto, dado que as celebrações são sempre efémeras, penso que faria todo o sentido aproveitar a oportunidade para se criar, em Coimbra, um Centro de Interpretação da Primeira Dinastia, como aliás já foi publicamente sugerido por José Miguel Júdice, numa ideia que deveria merecer todo o carinho da Cidade.
O conhecimento da nossa História, particularmente dos seus primórdios, é essencial para a consolidação do colectivo como Nação, particularmente nestes tempos de integração numa estrutura multinacional. Isso não se consegue hoje com um museu estático, mas sim com uma estrutura multifacetada que autorize perspectivas diversas sobre a História, como é um centro interpretativo.
Por outro lado, a relação de Coimbra com os primeiros anos da existência de Portugal é suficientemente íntima para justificar que se localize na nossa cidade. Não nos devemos esquecer que os acontecimentos que deram origem ao próprio mito de Pedro e Inês se deram em Coimbra, durante aquele período da nossa História.
Um Centro Interpretativo da Primeira Dinastia em Coimbra proporcionaria uma ligação produtiva das pedras dos nossos inúmeros monumentos ao conhecimento já existente e a produzir, e alavancaria fortemente a actividade turística da Cidade.

Publicado no Diário de Coimbra em 27 de Abril de 2009

sexta-feira, 24 de abril de 2009

BACH e mais BACH

Do programa "Dias da música em Belém" de 2009, com Bach:

"No dia 11 de Março de 1829, a Sing-Akademie de Berlim, dirigida por Felix Mendelssohn, interpretava a Paixão segundo São Mateus de Johann Sebastian Bach, evento que veio a desencadear um vasto movimento de difusão e redescoberta da música do compositor. Foi a partir de 1829 que a música de Bach se tornou popular, para nunca mais deixar de o ser."


LIBERDADES

À hora de almoço vi um apresentador da RTP (suponho que se chama Jorge Gabriel) todo cheio de si a elogiar os militares de Abril por lhe terem dado a "liberdade de fazer o que me apetecer".
Ora bem. Isto é tudo aquilo que não deveria ser possível ouvir de um apresentador numa televisão que recebe dinheiro de impostos por serviço público. Eu sei que é apenas um apresentador de programas de entretenimento. Mas. por isso mesmo, é visto e ouvido diariamente por muitos milhares de pessoas, até porque um tipo simpático e divertido. Alguém lá da casa lhe deveria explicar que liberdade para "fazer o que lhe apetecer" não existe, porque os outros também têm direito a uma liberdade igualzinha à dele. Se aquilo que ele disse fosse verdade, alguém o poderia atirar de uma ponte abaixo se lhe apetecesse, por exemplo, para não imaginar algo pior.
Este tipo de aligeiramento da linguagem em pessoas que são vistas por muita gente e que por isso mesmo muita gente tende a tomar como exemplo é insuportável e tem evidentemente consequências nefastas na nossa sociedade. Se o Jorge Gabriel diz isto, porque é que as crianças que o vêm não hão-de pensar que é verdade e levar isso à letra?
Eu sei que muita gente me responderá que é apenas o Jorge Gabriel e que estou a dar importância a algo que não vale nada. Lamento, mas é esse tipo de complacência que atira todo o país para baixo, ao desresponsabilizar e infantilizar toda a atitude social.
E já agora, é exactamente o oposto do que supostamente o 25 de Abril nos trouxe, isto é uma cidadania inteira.


Regresso da política

Do artigo de opinião de José Miguel Júdice no Público de hoje:
"De facto, se Sócrates perder as eleições para o PSD, tudo indica que Cavaco não será reeleito. E se Sócrates ficar com maioria relativa e se apoiar no CDS, as condições de Alegre serão maiores do que se a direita toda ela ficar na oposição".
A política nunca deixará de ser um jogo de espelhos. E na sua essência está ganhar e governar para se manter o poder.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O COSMOS

A NASA divulgou esta foto a que chamou curiosamente "a mão de Deus" e mostra os efeitos de um pulsar.

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João Paulo Craveiro

www.vistodedentro.blogspot.com

NUNO ÁLVARES PEREIRA - SANTO

Neste Domingo é beatificado em Roma Nuno Álvares Pereira.
Claro que uma beatificação é um assunto da Igreja Católica, pelo que os comentários azedos de laicistas militantes que para aí se ouvem não fazem sentido. Mas trata-se igualmente de uma figura maior da nossa História, pelo que o facto de a Igreja Católica o considerar um EXEMPLO a seguir (e é isso que significa ser Santo) nos deve tocar, sejamos ou não católicos.
É uma figura que pessoalmente me diz ainda mais, pelas minhas raízes familiares na Sertã, concelho a que pertence a linda vila de Cernache do Bonjardim, onde nasceu D. Nuno em 24 de Junho de 1360.
Era portanto um jovem de pouco mais de vinte anos quando foi o principal apoio militar de D. João I na crise de 1383-1385, destacando-se o seu papel nos Atoleiros em Abril de 1384 e fundamentalmente, na vitória final de Aljubarrota em 14 de Agosto de 1385.
A partir de 1423 e até à sua morte em 1431 tornou-se o Irmão Nuno de Santa Maria. Logo depois da sua morte o povo o considerou como santo com grande devoção.
Lembra-se que Camões o evocou nos Lusíadas através da frase «Ditosa Pátria que tal filho teve».
A sua filha Beatriz casou com Afonso, filho de D. João I, dando origem à Casa de Bragança que se entrecruzou com a História de Portugal durante muitos anos.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Os clássicos

De vez em quando os clássicos colocam-nos palavras destas à frente que nos lembram o essencial.
De Dostoievski (Recordações da Casa dos Mortos):
"Quem conhece a experiência do poder, da capacidade de humilhar sem limites um outro ser humano...perde automaticamente o controlo das suas próprias sensações. A tirania é um hábito, tem a sua própria existência, transforma-se em doença. Tal hábito pode matar e endurecer o melhor dos homens, que se transforma então num animal feroz."

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Educação

O antigo ministro da Educação Marçal Grilo afirmou o seguinte, há poucos
dias:
"Houve para aí umas teorias que diziam que não era necessário encher a
cabeça de conhecimentos, mas sim formar cabeças pensantes, mas uma
cabeça só pensa bem se estiver cheia de conhecimentos"
Não está mal para quem teve Ana Benavente como sec. de Estado e é a
prova de que se está sempre a aprender.
O problema é que andamos há demasiado tempo com experimentações
pedagógicas com as terríveis consequências que todos vemos na
aprendizagem, por exemplo, da matemática e do português.
Valia a pena saber o que pensarão disto os actuais responsáveis pela
educação dos nossos filhos.

SOMOS TODOS EUROPEUS


Há alguns dias, Mário Soares resolveu dar uma ajuda a quem não quer ver Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia, afirmando que a Europa precisa de “caras novas”.

Mais uma vez, temos um caso de cegueira ideológica, que impede as suas vítimas de descortinar qualquer interesse para Portugal no facto de a Comissão Europeia ser presidida por um português. Excepção lhe seja feita, o actual primeiro-ministro sabe muito bem o que isso tem significado para nós, razão por que já afirmou que apoiará Durão Barroso, independentemente do resultado global das eleições europeias. Na realidade, ao apontar o patriotismo como razão para essa posição, terá querido dizer que a ocupação daquele lugar por um português é importante para os nossos interesses nacionais, que são assim defendidos de maneira muito mais eficaz. Por motivos óbvios, não o pode dizer com esta frontalidade. De facto, não é meramente por ser português que importa que Durão Barroso se mantenha naquele cargo.

O PSD apresentou o Dr. Paulo Rangel como cabeça de lista para as eleições europeias, numa garantia de elevação e qualidade no debate que necessariamente se seguirá. E não chega atrasado: não é certamente por acaso que o povo diz que os últimos são os primeiros. Curiosamente, esta escolha responde também àquela necessidade de “caras novas” para a Europa, embora a sua idade seja já mais que suficiente para que não possa ser considerado como “jovem excitado” quando as suas afirmações vêm estragar algumas “verdades estabelecidas”.

A líder do PSD apresentou o candidato vincando que os portugueses anseiam por verdade, competência e esperança, com toda a razão.

Já aqui referi anteriormente a importância das eleições europeias, tantas vezes desprezadas entre nós e mesmo consideradas por alguns como sendo de segunda categoria. Na realidade, estas eleições não vão escolher quem nos vai governar, mas não é por isso que deixam de ser importantes. A integração europeia significa entregar cada vez mais soberania às instâncias europeias, razão mais que suficiente para escolhermos bem quem enviamos como representantes para o Parlamento Europeu. E, por isso mesmo, estas eleições devem cada vez mais ser vistas como cruciais, não devendo servir para encontrar prateleiras douradas para adversários internos ou políticos em fim de carreira, mas sim para escolher os melhores para defender os interesses nacionais.

Paulo Rangel é detentor de uma sólida formação jurídica, tendo conhecimento profundo da organização da União, bem como ideias claras sobre a participação de Portugal na União Europeia, e do que esta deve ser. É uma excelente escolha, que certamente contribuirá para um bom resultado do PSD nas europeias de 7 de Junho próximo, importante para um bom início do exigente ciclo eleitoral deste ano.


Publicado no Diário de Coimbra em 20 de Abril de 2009

domingo, 19 de abril de 2009

AS MINHAS CANÇÕES

Diana Krall

AS MINHAS CANÇÕES

Regressando ao tema

ACEGE

Neste fim-de-semana decorreu o 4º Congresso da ACEGE .
Foi um fórum notável em que foi possível ouvir comunicações de grandes especialistas que abordaram os diversos aspectos da actual crise, com uma análise das diversas causas que a provocaram, bem como os caminhos de saída. Deu para perceber que não houve uma ou duas causas, mas um conjunto de problemas que, em conjunto, criaram uma situação sem saída que não fosse a crise. Tal como um avião nunca cai apenas por um problema, mas pela conjugação de vários em simultâneo.
Para se ter uma ideia daquilo que se passou, basta dizer que na cerimónia de abertura falaram (e de que maneira), o Cardeal Patriarca D. José Policarpo, o Presidente da Comissão Europeia Durão Barroso e o Presidente da República Cavaco Silva. Em nome da casa, falaram João Alberto Pinto Basto e António Pinto Leite. Do discurso de Cavaco Silva já toda a comunicação social se fez eco, pelo significado e importância do que disse. António Pinto Leite proferiu um discurso absolutamente brilhante, que deixou entusiasmados todos os presentes na sala, que o brindaram com uma salva de palmas que parecia não terminar.

Na primeira mesa participaram Diogo Lucena, Luis Campos e Cunha eAntónio Horta Osório. O moderador foi o Pe. João Seabra.
Na segunda mesa, moderada por Manuel Braga da Cruz, participaram Raul Diniz, Raul Galamba e José Luis Simões.
Na terceira mesa, moderada por José Roquette, intervieram Isabel Jonet, Henrique Granadeiro e Alexandre Relvas.

Ficou evidente que se aplica ao sistema económico de mercado, o mesmo princípio que à democracia, isto é: é o pior sistema, à excepção de todos os outros.
Recado fundamental: Haja valores e não se esqueçça o bem-comum nas empresas.
Outra ideia a reter: apesar do que se diz por aí, o país continua a ter pessoas brilhantes que podem dar muito para construir um futuro melhor para todos nós, fora e dentro dos partidos: que os responsáveis políticos os ouçam são os meus votos.

O Sr. Esteve

Durante mais de quarenta anos, Portugal teve um governante a quem se chamava o Sr. Esteve. De cada vez que visitava algum local público, as notícias sobre o acontecimento começavam por "S. Exª o Presidente do Conselho esteve em...". Diziam as más línguas que era para evitar contactos (imediatos, quem sabe?) com o povo.
O Diário de Coimbra de hoje tem uma notícia que começa assim:
«A sua presença não tinha sido anunciada, mas José Sócrates não desperdiçou a oportunidade de estar presente... ».

quarta-feira, 15 de abril de 2009

HANDEL

Fez ontem 250 anos que morreu Händel. Em sua memória e para nosso gosto aqui fica a "Música Aquática". Sempre dá para esquecer a previsão do Banco de Portugal de descida do PIB de 3,5% (e ainda vamos em Abril).

terça-feira, 14 de abril de 2009

SANTANISMO

A partir disto, parece que não me resta outra alternativa senão ser santanista: que ganhe a esta gente são os meus votos.

(des) União Europeia

A última cimeira entre a UE e os EUA deu origem às tradicionais confusões que deixaram Obama sem saber bem com quem falar.
Em Praga, na conferência de imprensa, compareceu ele em nome dos EUA bem como Durão Barroso como presidente da Comissão Europeia, o primeiro-ministro checo que preside à União neste semestre e o primeiro-ministro sueco que lhe sucederá nos seis meses seguintes. Uma confusão, como se pode imaginar. Ao referir-se à liderança europeia Obama, sem saber bem o que dizer, falou na "liderança destes três cavalheiros", o que é notoriamente apenas uma anedota.
A revista Economist descreve assim o encontro entre o presidente americano e os líderes europeus:

segunda-feira, 13 de abril de 2009

BENCHMARKING


A recente cimeira do G20 realizada em Londres teve inúmeros aspectos a merecer a nossa redobrada atenção, muito para além da estreia da presença de Barack Obama como Presidente dos EUA. Em cima da mesa, a necessidade de dar resposta à recessão económica mundial.

Esses aspectos já foram escalpelizados e, se o espectáculo de Obama não desiludiu, desconfia-se seriamente que os líderes dos países que representam cerca de 90% da economia mundial não protagonizaram nenhuma Bretton Woods, ficando bem longe de tal ambição.

A reunião teve lugar em Londres, tendo como anfitrião Gordon Brown. Ora, a actual situação política do Primeiro-ministro britânico não deixa de ser curiosa. Gordon Brown sucedeu a Tony Blair na responsabilidade da chefia do governo britânico. Brown tinha assumido a pasta das finanças desde o início da governação do chamado New Labour, em Maio de 1997.

Enquanto organizador do G20, Gordon Brown assumiu um papel de destaque. Irradiando confiança, apresentou quase que a salvação económica do mundo; a verdade, porém, é que a sua situação política em casa nada tem de inspirada. Herdeiro da liderança de Tony Blair, considerado o criador do monetarismo de fachada trabalhista ou socialismo moderno, enfrenta hoje baixíssimos níveis de confiança nas sondagens de opinião. Tudo parece indicar uma derrota eleitoral verdadeiramente expressiva nas próximas eleições.

Deve, porém, ser salientado que essa baixa nas sondagens eleitorais não resulta da actual crise. Ainda antes dos seus primeiros sinais, já as sondagens não o favoreciam. Brown, contudo, insiste na crise como causalidade, reiterando as suas proporções globais e a inevitabilidade das suas consequências – políticas, perguntamo-nos – para o Reino Unido. Na verdade, a crise internacional veio apenas colocar a nu as fragilidades da governação trabalhista, ampliando os problemas políticos já existentes.

O azar de Gordon Brown só é amplificado pelo facto de o Partido Conservador ter hoje um líder à altura dos acontecimentos, David Cameron. O mesmo que, respondendo ainda a Tony Blair no Parlamento, lhe atirou sem contemplações que “você em tempos foi o futuro”, diminuindo-lhe de imediato a aura que até então parecia brilhar permanentemente.

Exceptuando as tragédias familiares que partilham (perda de filhos), as diferenças entre os dois líderes não poderiam ser maiores. David Cameron é afirmativo, pragmático, não renegando a sua formação de Eton. De forma mais relevante ainda, não se resigna a esperar pela queda dos trabalhistas, antes trabalhando árdua e competentemente para que tal suceda.

A quem lhe diz que no Reino Unido são os governos que perdem as eleições e não as oposições que as ganham, ele responde que quando um governo está em sarilhos, a principal tarefa do principal partido da oposição é não ser inelegível.

A sua educação e simpatia podem ser confundidas com facilitismo. O seu biógrafo, Francis Elliot, alerta contudo que essa disponibilidade tem limites, e os seus adversários parecem conhecê-los.

Gordon Brown não é, de todo, um político sem substância, mas tem pela frente um adversário sério e bem preparado, que assume os desafios do nosso tempo com pragmatismo, e que embora sendo Conservador, conseguiu tornar-se herdeiro da afectividade dos britânicos por Blair.


Publicado no Diário de Coimbra em 13 de Abril de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

SANTA PÁSCOA

«Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e cantemos de alegria»


Evangelho segundo S. João 20,1-9.

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava. Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado do túmulo e não sabemos onde o puseram.» Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao túmulo. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Inclinou-se para observar e reparou que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao ver os panos de linho espalmados no chão, ao passo que o lenço que tivera em volta da cabeça não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho, mas de outro modo, enrolado noutra posição. Então, entrou também o outro discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer, pois ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.

SANTA PÁSCOA

QUOTAS

O PS descobriu a solução para o problema das quotas que obrigam os partidos a apresentar pelo menos 1/3 de mulheres nas listas. É simples: repetir os nomes nas diversas listas, como acontece com Ana Gomes e Elisa Ferreira, aliás com benefícios evidentes para as candidatas e para a "qualidade" média das listas.

sábado, 11 de abril de 2009

Barroso em Bruxelas

O Primeiro- Ministro tem duas boas razões para apoiar a manutenção de Barroso em Bruxelas:
1- Apoio decisivo, embora discreto, do Presidente da Comissão, para os fundos europeus;
2- Enquanto Barroso por lá se mantiver não vem para cá complicar a vida ao PS, seja em legislativas, seja em presidenciais.
Claro que a "diferença de perspectivas" com o cabeça de lista socialista às europeias serve muito bem para manter uma alternativa a Barroso em aberto e para subir a parada das negociações, coisas que dão sempre muito jeito e que só demonstram profissionalismo na política.

terça-feira, 7 de abril de 2009

As minhas canções

Peter, Paul & Mary ( Mary Travers): If i had a hammer

PRÓS E...

Ontem à noite, nova edição dessa missão de propaganda chamada "Prós e Contras" sob a direcção atenta de Fátima Campos Ferreira, desta vez sobre a realização das chamadas "grandes obras públicas". No palco, o ministro Mário Lino e o Doutor José Reis pelos Prós; pelos Contras, o Dr. Eduardo Catroga e o deputado comunista Bruno Dias. Como se vê um equilíbrio perfeito entre Esquerda e Direita e entre Governo e Oposição, já que Eduardo Catroga fala por si e por mais ninguém. No público, profissionais de diversas áreas e o ministério das Obras Públicas em peso.

Perante a posição de Eduardo Catroga sobre a experiência portuguesa de parcerias publico-privadas nas obras públicas desde o início das SCUTS em que o Estado fica com o risco e um endividamento enorme para o futuro, Mário Lino avança com os argumentos habituais, entre os quais o país não poder ficar para trás na alta velocidade. José Reis resolve cobrir o ministro pela esquerda e afirma que nesta altura é essencial discutir as relações entre o Estado e o privado, estando ele próprio convencido das vantagens do Estado. Depois desta tirada ideológica avançadissima, fiquei esclarecido e fui-me deitar.

Quando é que a ERC se digna a "visionar" estes programas sob o ponto de vista do equilíbrio?

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Meditação transcendental

Os antigos Beatles Mccartney e Ringo resolveram juntar-se para apoiar a "meditação transcendental" nas escolas, seja lá o que isso for. Verdadeiramente deplorável a figura daquelas múmias paralíticas a cantar mal e a destruir em palco o que fizeram há séculos com os seus antigos companheiros. Pior mesmo só o comentário que acompanhou a reportagem televisiva sobre a sua supostamente desejada reunião permanente...

E DEPOIS DA CRISE?

As notícias sobre a actual crise não deixam de piorar a cada dia que passa. Ora, é também certo que, mais cedo ou mais tarde, ela irá passar. Assim, a resposta dos responsáveis governamentais não pode ficar só no plano das respostas imediatas às situações de emergência social. Pode, sim, ter em consideração que qualquer crise é também uma oportunidade.
Quando esta terminar, grande parte da economia estará destruída. Com toda a certeza, haverá porém outra parte que, tendo levantado a cabeça, avançará para o mundo pós-crise com elevada velocidade e pujança, liberta das muitas teias e gorduras excessivas que antes lhe tolhiam os movimentos.
É no momento actual que se devem definir, com conhecimento de causa, quais os sectores estratégicos da economia que depois da crise poderão emergir com sucesso e capacidade para transmitir à nossa economia a produtividade que faça de Portugal um país competitivo. Para tal, é necessária visão estratégica, para além da capacidade de apagar fogos.
Ajudar empresas ou mesmo sectores de forma avulsa equivalerá muito provavelmente a atirar dinheiro ao mar, embora possa calar algumas queixas, durante algum tempo. As pessoas atingidas pela crise necessitam de apoio e devem ser protegidas nesta fase difícil; as empresas sem viabilidade económica não.
Entre os sectores estratégicos que claramente deverão ser tidos em conta, apontam-se as actividades ligadas ao mar (não esquecer o famoso hiper-cluster do mar, defendido há anos por Ernâni Lopes), as ligadas ao turismo de qualidade, particularmente o da terceira idade, a reabilitação urbana, o património histórico único e a área ambiental. Como envolvente geral de actuação deverá estar, necessariamente, a INOVAÇÃO.
Em particular, a reabilitação dos centros urbanos degradados terá a vantagem de reanimar uma actividade económica crucial para o país que é a construção civil, reorientando-a para uma opção mais sustentável. Em consonância, deveria, aliás, aproveitar-se a estagnação da promoção imobiliária para alterar a Lei dos Solos com vista a eliminar definitivamente o crescimento desordenado das povoações.
Em suma, espera-se que haja visão para detectar as oportunidades escondidas pela falsa prosperidade dos últimos anos, e colocar a economia nacional na rota certa para o momento chave da recuperação.

Publicado no Diário de Coimbra em 6 de Abril de 2009

As minhas canções

A canção de Solveig por Lucia Popp (em Peer Gynt de Grieg):

sexta-feira, 3 de abril de 2009

KAL' Cartoon (ECONOMIST)

A LEI É A ÉTICA DA REPÚBLICA?

Vai para aí grande algazarra na sequência da nomeação de Domingos Névoa para uma empresa pública.
Muitos dos políticos que aparecem escandalizados sempre tiveram na ponta da língua a máxima: "A LEI É A ÉTICA DA REPÚBLICA" (relembro aqui Mário Soares, Jaime Gama, Pina Moura e Manuel Alegre, entre muitos outros).
Que se saiba, não há lei que impeça Domingos Névoa de ser nomeado seja para onde for.
Sempre defendi, ao contrário daquelas pessoas, que a Lei não chega. Nem saúdo a súbita mudança de opinião porque desconfio que releva de hipocrisia e auto-defesa política.

Bons conselhos

Citando Warren Buffett:

"É PREFERÍVEL ESTAR MAIS OU MENOS CERTO DO QUE ERRADO COM PRECISÃO"

As minhas canções

Suzanne: aqui pelo Leonard Cohen com a Judy Collins

quarta-feira, 1 de abril de 2009

VERDADE OU MENTIRA?



A revista Fortune tem trazido nos últimos meses o anúncio aqui reproduzido.
Trata-se de promoção institucional junto de um público internacional bem específico. Só não valia a pena introduzir uma frase publicitária que é mentira: a maior estação fotovoltaica do mundo não é portuguesa. Assinale-se, igualmente, que este anúncio é pago com verbas do QREN.