quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Tantos génios!

 

 


 

 

De Luis Aguiar Conraria, no Expresso:

https://expresso.pt/opiniao/2020-09-28-Mais-um-prego-no-caixao-da-escola-publica-1


«...No exame de acesso de Matemática A, a moda — ou seja, a nota que se repetiu mais vezes — foi 19. Em Física e Química A, do 11º ano, a moda foi 18. Olhando para as médias de acesso à Universidade, ficamos com a ideia de que o futuro do país está garantido. Os gestores portugueses serão, em breve, os melhores do mundo. Os economistas, idem. Temos uma medicina que não se compara a nada. Os juristas são tão extraordinários que a nossa Justiça rapidamente se tornará uma referência internacional. Cereja em cima do bolo, temos os melhores engenheiros aeroespaciais do mundo: em 10 anos, vamos a Marte e voltamos.

(Se tivermos em atenção que mais de metade dos professores universitários tem a avaliação máxima, de Excelente, somos obrigados a concluir que a academia portuguesa há de ser a melhor do mundo.)

Como, evidentemente, não somos todos uns génios, o que isto quer dizer é que os exames foram fáceis demais, não permitindo distinguir os bons alunos dos muito bons e dos excelentes. Isto tornou o acesso a alguns cursos numa autêntica lotaria. E numa tremenda injustiça para tantos jovens. Não consigo imaginar o que é estar na pele de um adolescente que desde o 10º ano só tira dezoitos, dezanoves e vintes, que nas provas de acesso não tem nenhuma nota abaixo de 18 e não consegue entrar no curso pretendido. Ou estar na pele de alguém que, ao longo de 3 anos, tirou 20 a tudo e que teve um azar no exame de Matemática, não conseguindo mais do que 16, e que por isso não entra no seu curso de sonho. Ao tornar o acesso ao superior numa lotaria, os exames foram um fracasso..

O CHOQUE COM A REALIDADE

Costa a informar os portugueses  que o seu país não tem condições para contrair mais empréstimos. Apenas utilizará o dinheiro "oferecido", dito à borla, que alguém pagará e nós não. Aderiu ao neo-liberalismo? Não! a União Europeia pela voz da sra. Von der Leyen veio explicar-lhe os factos da vida. E agora, geringonça? O BE continua a sustentar o governo PS? E o PCP? Claro que falta pouco para deixarem o PS sozinho a assumir os resultados da governação desde 2015. Vai ser feio de ver. E o Presidente que deixou que tudo isto acontecesse vai ter de arranjar uma saída. Não preciso de fazer um esquema para ver como vai ser.




segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Um país que faz de conta, ou que é apenas fingidor?

 


Eventualmente devido à pandemia que traz a nossa sociedade tolhida de medo, Portugal parece ter entrado num modo «faz de conta», de tal forma se parece fingir que situações graves, que se passam e deviam criar fortes reacções, não estão de facto a acontecer perante os nossos olhos.

Os dois principais partidos, o PS e o PSD, decidiram entre si avançar para uma democratização de faz de conta das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional e arranjaram uns colégios eleitorais constituídos por autarcas para «elegerem» os respectivos responsáveis. Para completar o cenário da dita democratização, distribuíram previamente entre si os lugares em disputa: tantos para mim e tantos para ti e agora srs. Autarcas votem em quem nós já escolhemos. Democracia de faz de conta, pois claro.

Três juízes do Tribunal da Relação de Lisboa foram acusados das mais diversas tropelias à Lei, cometidas enquanto aplicavam a mesma aos cidadãos que lá tinham a desdita de cair. Os factos de que vão acusados passaram-se durante anos, sem que as instâncias de Justiça superiores tivessem capacidade ou vontade da acabar com a situação que seria do conhecimento de grande parte dos funcionários judiciais que lá trabalhavam. No caso de os acusados do processo Lex virem a ser ser condenados, abre-se a possibilidade de centenas de cidadãos afectados por decisões judiciais da responsabilidade do Juiz Rangel poderem requerer revisão dos respectivos processos que, em vez de justiça, podem ter trazido injustiça às suas vidas. Entre essas decisões, uma referente ao processo que já levou um ex-primeiro Ministro a prisão preventiva durante meses há seis anos, fingindo o país não reparar na gravidade de tal situação e no facto de ainda se aguardar pelo despacho de pronúncia ou não.

Entretanto, enquanto apresenta um suposto pacote para combater a corrupção que não é mais que uma mão cheia de nada, o Governo tem na AR uma proposta que visa substituir por convites directos a regra dos concursos para contratação pública e, neste caso, espero mesmo que o país não finja que não se passa nada.

O Governo pede a um cidadão respeitado e respeitável, a quem o primeiro-Ministro chama poeta-engenheiro, que elabore sozinho uma “visão” de recuperação pós-pandemia para orientar a aplicação de mais de uma dezena de milhar de milhões de euros da União Europeia e o país não mostra sinais de perceber a confissão pública de falta de estratégia nacional que isto denuncia.

Os portugueses continuam a ouvir a lenga-lenga de que a troica só veio para Portugal com o seu rol de austeridade e sacrifícios porque uns partidos malvados não aprovaram o PEC IV que lhe traria a recuperação sem necessidade daqueles problemas. E, já agora, sem necessidade de empréstimo de 78 mil milhões. Após isso, o governo andou 5 anos a afirmar que o crescimento de Portugal era superior à média europeia e o país fingia acreditar que sim e que não via que, ano após ano, íamos descendo um lugar no ranking europeu da produção de riqueza. E que, nos últimos 20 anos, o nosso crescimento médio foi de uns míseros 0,5%, sem que isso traga quaisquer dores de cabeça aos portugueses em geral e, principalmente, a quem o prazer de os governar.

O país dorme ou finge não ver que se está a preparar uma solução energética para o país, substituindo o gás natural por hidrogénio que será três ou quatro vezes mais caro. Tal como já aconteceu com as eólicas que nos impingiram com os portugueses a pagar alegremente uma das electricidades mais caras da Europa, porque estão na linha da frente da “descarbonização”, vejam lá a satisfação. Satisfação essa que obriga a sua maioria a não conseguir aquecer as casas no Inverno por causa da conta da electricidade.

O país finge igualmente não ver que, depois de duas auditorias a um banco que está a funcionar de portas abertas e que chegaram basicamente às mesmas conclusões, os responsáveis políticos, com o líder do maior partido da oposição à cabeça, pedem ainda outra auditoria a fazer agora, imagine-se, pelo Tribunal de Contas. Como se a oposição política se deva dirigir à gestão de um banco e não à governação do país. O que não nos deveria admirar quando se dispensa um primeiro-Ministro de ir quinzenalmente ao parlamento explicar-se e prestar contas, passando a fazê-lo de dois em dois meses lá está, porque coitado, tem mais que fazer.

Um país de fingidores, é aquilo em que Portugal se está a tornar.

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 28 de Setembro de 2020

Emprego público para todos?

 Variação do emprego público desde 2012. Percebem agora a técnica do PS com a geringonça, ou é preciso explicar melhor?



O grande, enorme problema: os obstáculos. Ai de quem obstaculizae a distribuição

 https://leitor.expresso.pt/semanario/semanario2500/html/primeiro-caderno/em-destaque/costa-assume-supervisao-dos-novos-fundos?imp_reader_token=bfd0002e-afd0-4ca7-a328-0de8b6f3504b

 


 

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Sarah Lee Guthrie "Catch the Wind" | 30-Minute Music Hour: On the Road

AMIZADE

 


Tempos estranhos estes, em que o afastamento entre as pessoas passou a ser regra e, mais que isso, mesmo obrigação legal. Meses e meses sem contactos pessoais o que, para além de consequências psicológicas evidentes, provocará alterações sensíveis no próprio funcionamento da sociedade, já que o Homem sempre foi um animal gregário. Famílias que se fecham em casa sem se visitarem. Famílias que deixam de ir ao restaurante para evitar contágio. Viagens de turismo que não se fazem e familiares que não se visitam. As consequências económicas são de todos conhecidas por evidência imediata, já as outras não, só se descobrirão mais tarde.

Mas, mesmo nestas condições sociais de isolamento pessoal há algo que resiste, porque está para além da distância e do tempo: a amizade. Desde bancos de escola onde alegrias e jogos infantis criaram relações simples e inocentes mas duradouras para a vida, até mesas de café onde discussões e conversas sobre tudo e mais alguma coisa nos levaram a conhecermo-nos melhor e aos outros, passando por férias de verão mais animadas, muitas situações ao longo da vida nos levaram a criar relações especiais com outras pessoas. Relações de amizade que, tantas vezes, acontecem entre pessoas muito diferentes em feitios, interesses imediatos, quase como se assim se obtivessem equilíbrios que acabam por tornar cada um melhor e mais receptivo à diferença, através da compreensão do outro. Relações que funcionam, tantas vezes, como estabilizadores emocionais durante as crises mais ou menos sérias que todos acabamos por ter ao longo da vida.

Quando reencontramos amigos verdadeiros, sentimo-nos como se o tempo não tivesse passado desde o último encontro. Ainda que se tenham passado dezenas de anos, é possível e mesmo frequente que a conversa seja retomada no ponto em que então ficou, como se tivesse acontecido há poucos dias. Comigo já aconteceu. Aqueles amigos que já nos deixaram para sempre mantêm-se de tal forma vivos na memória dos afectos que, quando nos lembramos deles, é possível recordar com exactidão palavras, frases, entoações, expressões. Nada disso desaparece da nossa memória e também tal me acontece em relação a amigos que já não estão fisicamente entre nós. Precisamente o contrário daquelas outras amizades que, por serem meramente circunstanciais, se evaporam para evitar situações difíceis. Como dizia Confúcio: para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça; no sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.


A amizade séria pressupõe um respeito pelo outro, mas é também uma manifestação de confiança ilimitada. Não tem a ver com o amor ou a paixão, sendo antes disso uma relação estável, que autoriza uma dádiva mútua sem nada exigir e que se mantém com a passagem do tempo. Devo dizer que já encontrei pessoas que nunca tiveram amizades, tiveram colegas e, eventualmente amores e desamores, mas nunca sentiram essa sensação de poder confiar totalmente em alguém como amigo e só posso lamentar que tenham perdido na vida algo de tão importante.

Esta crónica não nasceu do acaso. Foi suscitada pela surpresa de, mesmo em situações de confinamento pandémico, ser possível verificar como amizades pessoais de muitos anos se mantêm vivas de uma forma absolutamente espantosa e com uma capacidade de dádiva e de preocupação cuidadosa que revelam aspectos tantas vezes escondidos mas bem vivos. Redescobertas sempre agradáveis de fazer e que nos levam a recordar ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY:

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

 

Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 21 de Setembro de 2020

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Aquela janela

 Coloquei ali em baixo a canção "aquela janela virada pró mar" de Tristão da Silva. Tenho um particular afecto por esta canção. É, talvez, uma das minhas memórias musicais mais antigas, de ouvir na telefonia em miúdo. Fazia-me sonhar com o mar. Não me poderia passar pela ideia que um dia também seria marinheiro, ainda que por poucos anos. Hoje ouça-a como memória também desse tempo de ondas, espuma e sensações que só o mar alto nos pode transmitir. Memórias.

Tristão da Silva - Aquela janela virada p'r'ó mar

A REALIDADE E A SUA PERCEPÇÃO

 Do blogue IMPERTINÊNCIAS:

"A razão universal é a evolução natural ter conduzido o homo sapiens a um enviesamento da percepção da realidade que o leva a acreditar no que confirma as suas crenças e os seus pré-conceitos. Por isso, a partir do momento que um político ganha a confiança do seu eleitorado este tende a acreditar em tudo e isso é aproveitado por políticos manipuladores que apelam não à razão mas à emoção."

 

Assim se justifica o apoio a Sócrates perante todas as evidências, tal como o actual suporte a Costa, mesmo apoiando Luis Filipe Vieira .

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

UM PAÍS QUE NÃO É PARA IDOSOS

 


Para choque de muita gente, a pandemia Covid 19 veio destapar uma realidade que se encontrava bem escondida ou, talvez, deliberadamente esquecida pela maioria das pessoas. De repente parece que os portugueses acordaram para as condições em que vivem grande parte dos seus mais velhos. Os chamados «lares da terceira idade», designação as mais das vezes eufemística para designar verdadeiros depósitos de velhos vieram a mostrar-se como altamente permeáveis ao vírus SARS-CoV-2, havendo actualmente mais de 30 desses lares com surtos activos e tendo, em consequência, morrido até hoje mais 720 pessoas.

O sucedido no Lar da Misericórdia em Reguengos de Monsaraz não pode ser esquecido e muito menos calado, mas apenas como exemplo do que se passa pelo país e que necessita urgentemente de ser objecto de atenção e de actuação dos responsáveis pela Segurança Social. Descobriu-se com espanto geral e infelizmente também com notória fuga às responsabilidades por quem devia ter outra atitude, que muitos dos idosos que morreram no surto verificado naquele lar terão sido vítimas de falta de cuidados sanitários e médicos e não directamente da acção do vírus. Mas é muito provável que o que aconteceu naquele lar se tenha verificado um pouco por todo o país, embora só ali tenha saltado para a comunicação social, pelas razões conhecidas.

Todos sabemos do progressivo e rápido envelhecimento da população portuguesa e das consequências que tal facto vai trazer ao sistema da segurança social, se o sistema vigente não for radicalmente alterado. Acresce que as actuais soluções de apoio a lares sociais não são, do ponto de vista puramente humano, aceitáveis e ainda menos desejáveis. Isto falando dos lares legais porque, pelo que vamos vendo, o número de instalações ilegais, sem qualquer controlo nem fiscalização, é enorme.

Os idosos são colocados nos lares, perdendo grande parte da sua vontade própria, sendo sujeitos a rotinas que os reduzem a utentes comandados e sem espaços ou actividades pessoais. Todos já constatámos como os utentes dos lares dispõem generalizadamente de quartos para duas pessoas, com camas próprias mas sem secretárias nem sofás onde possam desenvolver trabalhos ou ler na intimidade. Os dias são passados colectivamente, a ver televisão em conjunto havendo apenas, quando as há, uma ou outra saída igualmente colectiva. Por razões de facilidade e economia de gestão, os utentes são mesmo impedidos de ir ao seu próprio quarto durante o dia. Nestas condições, ainda que entrem nas instituições com algumas capacidades pessoais, os idosos rapidamente se transformam em velhos que apenas aguardam pela chegada da hora inevitável. As excepções a esta regra são raras, de louvar, mas são isso mesmo: excepções

Muitas das instituições que gerem lares de terceira idade pertencem à chamada economia social e prestam um papel essencial que o Estado vai apoiando com um suporte financeiro insuficiente. Também nesta área social, talvez dizendo melhor, principalmente nesta área, a pobreza infiltra-se insidiosamente por todos os interstícios do sistema. As instituições que recebem utentes apoiados pela Segurança Social sabem bem que a contrapartida que recebem do Estado é insuficiente para cobrir os custos, pelo que têm de ir buscar a outras origens o necessário para que aqueles utentes sejam tratados de uma forma pelo menos digna.

A pandemia mostrou esta realidade e seria bom que a sociedade, como um todo, aproveitasse para alterar o paradigma dos idosos em Portugal, indo observar o que se faz em muitos países europeus, já que tem de ser esse o nosso actual termo de comparação. O Estado, através da Segurança Social, e as inúmeras entidades que intervêm nesta área devem encontrar alternativas ao actual estado de coisas, de forma clara e pensando fundamentalmente na dignidade dos utentes das instituições.

Tornou-se vulgar, quando se fala do número de mortos com ou pelo vírus, acrescentar: ah, mas tinham oitenta e tal ou noventa e tal anos, como se essa idade fosse um anátema e não um prémio pela vida que se levou, contribuindo para se obter tudo aquilo de que os jovens de hoje, que serão os idosos de amanhã, usufruem. Os idosos têm, pela própria evolução da vida, maiores fragilidades, exigindo por isso mesmo mais cuidados e não abandono criminoso. A idade não é algo que se deva esconder e a dignidade humana deve existir até ao momento final. O exemplo dado pelo Papa João Paulo II que, em vez de esconder a degradação da sua condição física, a assumiu publicamente contrasta de forma absoluta com a atitude de Hemingway que, perante a falta de pulsão sexual resolveu o problema indo buscar a caçadeira ao armário e acabando com a vida. Mas, se virmos bem, em ambos os casos tratou-se de assumir o seu destino, ao contrário da tristeza degradante dos lares de 3ª idade portugueses.
 
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 14 de Setembro de 2020

Nos cornos da covid: DO VERÃO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO

 Convém irmos vendo o que acontece na realidade. Ninguém pergunta por isto ao Ministério da saúde? Porquê?



Nos cornos da covid: DO VERÃO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO: Para vossa reflexão, eis uma análise sobre o morticínio de Verão, a verdadeira "pandemia". A covid, ao pé do que anda a acontecer,...

A vigarice é barata

Soube-se hoje que uma deputada por Castelo Branco acordou com o Tribunal pagar mil euros em troca de ser arquivado um processo por falsificação de documentos.

Portanto o Procurador da República propôs, o Juiz aceitou e a sra. deputada lá se vê livre do processo, que não da vergonha, porque isso pressupõe aceitar que é culpada. Bem, isso era se tivesse vergonha. Nisto andaram todos mal, quanto a mim.

Depois queixem-se de que os portugueses não confiam na Justiça e acreditam que os políticos são todos uns malandros.

Isto numa altura em que o Primeiro- Ministro mostra publicamente ter confiança num indivíduo dirigente do futebol que está a contas com a Justiça por centenas de milhões, enquanto dizia que «à política  o que é da política e à justiça o que é da justiça» quanto ao seu antigo chefe e camarada Sócrates.

Vá lá a gente tentar entender...


 


 

domingo, 13 de setembro de 2020

POLÍTICA E FUTEBOL

 António Costa e Fernando Medina decidiram aceitar o convite de Luis Filipe Vieira para participarem na comissão de honra da sua recandidatura à presidência do clube de futebol Benfica.

António Costa, que se saiba exerce as suas funções primo-ministeriais em exclusividade. O mesmo acontece com Fernando Medina na presidência da Câmara de Lisboa. Já nenhum deles participa na Quadratura do Círculo, isto é, pertence à respectiva cooperativa.

Agora vêm defender que a sua presença na referida comissão se faz a título pessoal nada tendo a ver com as respectivas funções institucionais. Para este efeito não são as mesmas pessoas que exercem aquelas funções. Serão outras, portanto.

E uns jornalistas vão catar num suposto regulamento ético do Governo, para saber se Costa o está a infringir. Mais um frete, claro.

Será preciso muito para perceber que ambos meteram a pata na poça por duas razões?

Em primeiro lugar, política e futebol não casam, devem ser estanques. Por uma questão óbvia de limpeza sanitária do espaço público.

Em segundo lugar, porque a pessoa que estão a apoiar se chama Luis Filipe Vieira. O que lhes devia ter tocado umas campainhas, ao receberem o convite. Por causa de eventuais vigarices de dinheiro que correm pelos tribunais. Muito dinheiro. Centenas de milhões, mesmo.

Mais uma vez cito Rodrigo da Fonseca:

«Nascer entre brutos, viver entre brutos, morrer entre brutos, é triste»

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

TRIBUNAIS

 

A Relação de Lisboa sobre uma decisão do Juiz Ivo Rosa:
"Extravasar competências, esquecer e confundir conceitos jurídicos básicos"
Não entendo nada de Direito, mas parece-me que esta frase é assassina sobre a competência jurídica do Juiz.
E não se passa nada? É que, ou a Relação tem razão, ou não tem. De qualquer das formas deveria haver consequências.

"Exultate Justi" (Empire Of The Sun") - John Williams

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Partilhar boa música com os amigos

Adeus Emma Peel

CINDERELLA ROCKEFELLA by ESTH...

ANA GOMES, CANDIDATA

 

Parabéns a Ana Gomes. Claro que não é minha candidata. Mas consegue várias coisas positivas com a sua candidatura.
Uma já conseguiu: que André Ventura lhe dissesse que é uma candidatura cigana (é um dois em um).
Outra é obrigar a lama de António Costa a mexer-se e nos lamaçais todos se afogam.
Vamos ainda descobrir o que separa a sua candidatura da de Marisa Matias.
E Marcelo vai ter que ser mais concreto relativamente a diversas matérias de que tem fugido.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

CRÓNICA DOS DIAS QUE PASSAM

 


E chegou Setembro. Seis meses depois do início da pandemia COVID-19 e da consequente paragem social e económica, chegou a altura em que tradicionalmente se assiste a um regresso das actividades depois das férias de Verão. O que este ano se traduz num regresso completamente diferente, acumulando escolas, feiras do livro e política, numa abertura curiosamente marcada pela Festa do Avante, seja qual for o significado que isso tenha.

A crise económica tem sido mascarada pelos apoios estatais que para já têm evitado as falências generalizadas e desemprego, mas está aí à porta com uma força impressionante. Os sinais da sua aproximação aparecem para já na atitude dos responsáveis políticos, tentando o Governo disfarçar a situação o mais possível, confiante que está no programa de recuperação da União Europeia que prevê uma importante fatia dita «a fundo perdido», que nunca será tal coisa, sendo apenas paga mais tarde ainda não se sabe por quem e em que condições. O nervosismo que se vê advém de algo que escondem por enquanto, que é a necessidade de aprovação do tal empréstimo europeu pelos 27 parlamentos nacionais e do atraso que isso significa para a vinda daquilo a que de forma popularucha chamam «pipa de massa» ou «bazuca», que não deverá chegar antes de Abril/Maio do próximo ano.

Até lá, há que aguentar e encontrar o maior número possível de distracções para o povo não notar muito a falta de dinheiro. A auditoria ao Novo Banco veio mesmo a calhar para esse feito. Aconteceu, contudo, que funciona ao contrário do esperado. De facto, mais de 95% dos empréstimos «complicados» ainda são herança do antigo BES e os prejuízos de cerca de 4 mil milhões de euros correspondem aproximadamente à garantia exigida pelos compradores do Novo Banco, aceites por Gosta e Centeno aquando da venda do Novo Banco. Toda a campanha de cortina montada pelos partidos que apoiam este governo, mas a que aderiram também os partidos da direita não passa disso mesmo, areia para atirar aos olhos dos portugueses para tentar fugir a responsabilidades próprias. Mas valia que aceitassem todos a situação como inevitável face ao descalabro do antigo BES e que explicassem com verdade porque é que não fecharam o Novo Banco em 2017 e o venderam nas condições que agora se sabe o que, provavelmente, teve a ver com uma defesa do sistema bancário, em particular da CGD.

A invenção de uma suposta «crise política» não passa igualmente de outra manobra de distracção. A gravíssima crise económica e social que se está a formar faz com que nos próximos anos governar não seja uma tarefa atractiva, principalmente para quem tem como regra de vida política não fazer qualquer reforma estrutural que permita ao país reagir por si mesmo ao afundamento progressivo que se verifica desde há anos, pelo menos desde 2000. O primeiro-Ministro entendeu por bem forçar a nota relativamente à hipótese de crise política, o que foi obviamente encarado como um ultimato pelos partidos que desde 2015 o têm apoiado e garantido a aprovação anual dos Orçamentos de Estado, mas que nesta conjuntura preferiam estar longe da governação. É evidente para todos que, quer o BE, quer o PCP, vão vender caro o apoio nas actuais condições, o que não significa crise política, porque todos sabem perfeitamente que, em virtude das próximas eleições presidenciais, o Presidente da República se encontra constitucionalmente impedido de dissolver a Assembleia da República. O simples respeito pelos cidadãos deveria impedir os responsáveis políticos de encenar fábulas deste tipo.

À direita, o desnorte não é menor. O CDS prossegue o seu caminho para a total insignificância e, quando se exigia uma total e perfeita separação de águas, o PSD anunciou a hipótese de conversar com o CHEGA sob determinadas condições, situação totalmente inaceitável do ponto de vista dos democratas perante toda a actuação e orientações políticas que se vão conhecendo do partido liderado por André Ventura. Quando já se ouve mesmo falar de mais uma grande marcha sobre Lisboa, ainda assim espera-se que André Ventura não se lembre de aconselhar um traje escuro como apropriado para o evento.

O presidente Marcelo tem assistido a tudo isto com uma evidente irritação. Em particular, no que diz respeito à suposta «crise política», respondeu mesmo com desagrado. E, mais uma vez, a direita portuguesa mostra querer dar razão a quem diz ser ela a mais estúpida do mundo. Sendo, constitucionalmente, o nosso presidente um árbitro e não um actor, seria difícil que pudesse ter tido outra atitude desde 2016 perante os governos de António Costa, bem apoiados no Parlamento pelo BE e pelo PCP. Recordo que foi ainda o presidente Cavaco e não Marcelo quem exigiu a António Costa acordos assinados para deixar passar a solução governativa que ficou conhecida como «Geringonça» e assim a institucionalizou. Marcelo tem sido e vai continuar a ser um fiel rigoroso da balança, doa a quem doer.
 
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 7 de Setembro de 2020