A responsabilidade social nas empresas vai fazendo o seu caminho, sendo cada vez maior o número de bons exemplos que se vão encontrando.
Um dos aspectos mais importantes da RSE respeita às relações das empresas com os seus trabalhadores, que se reflectem de imediato na vivência das respectivas famílias.
Ainda há poucos dias foi entregue o Prémio “Empresas Familiarmente Responsáveis”, numa cerimónia em que o Dr. António Bagão Félix foi o conferencista convidado, uns meses depois de ter vindo a Coimbra, a convite da ACEGE, para falar precisamente sobre estas matérias.
As pessoas devem ser hoje consideradas como o maior capital das empresas, deixando de ser apenas o anónimo colectivo “recursos humanos”.
No último encontro da ACEGE em Coimbra, o Dr. António Pinto Leite apresentou entre nós um bom exemplo. Ao pretender preencher uma vaga de lugar de advogado, uma grande sociedade de advogados procurava um homem, porque já tinha nos seus quadros várias advogadas jovens com filhos pequenos ou a caminho de serem mães. Sucedeu que, após a necessária procura e atendendo aos rigorosos critérios de qualidade, apenas foi possível encontrar uma jovem advogada com a competência e especialização adequada para o lugar, pelo que acabou por ser a escolhida. Sendo assim, ficou acordado o período em que a advogada recém-contratada sairia da sociedade em que se encontrava a trabalhar para iniciar as suas funções na nova sociedade. Poucos dias antes da mudança, a advogada pediu no entanto para falar com o responsável da empresa para onde ia trabalhar, informando que entretanto engravidara e que sendo assim, desobrigava a empresa do acordo, dado que poucos meses depois iria entrar de baixa. Qual não foi o seu espanto quando a reacção foi de felicitação pela gravidez, sendo-lhe garantido o lugar através de uma solução provisória até ao seu regresso definitivo. Serve o exemplo para demonstrar que é possível mudar a ideia ainda infelizmente corrente de que as empresas apenas pretendem o trabalho dos seus colaboradores, não os apoiando nas suas necessidades pessoais e familiares.
Outro exemplo foi dado há poucos dias bem perto de nós. A Associação para o Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP) de Miranda do Corvo decidiu atribuir um prémio de 500 euros às suas trabalhadoras que decidam ter filhos. O objectivo apontado é combater a discriminação negativa nas mulheres e promover a natalidade. Daqui um grande abraço ao Dr. Jaime Ramos, presidente da ADFP, e as felicitações pelo apontar de um caminho diferente.
Como se vê, algo está a mudar no mundo do trabalho, esperando-se que os bons exemplos se venham a multiplicar, sendo que também nesta área a Responsabilidade Social das Empresas é importante para um desenvolvimento sustentado da economia.
Publicado no Diário de Coimbra em 9 de Junho de 2008