segunda-feira, 29 de junho de 2009

O SOCIALISMO REAL CAIU HÁ 20 ANOS



Está a passar relativamente despercebida a efeméride de um dos acontecimentos mais significativos do nosso tempo.

Foi em 1989 que uma das experiências sociais mais profundas e duradouras dos últimos séculos teve o seu fim simbólico, com a queda do Muro de Berlim em 9 de Novembro desse ano.

Terminava, assim, de forma inglória uma aventura que marcou de forma indelével quase todo um século da humanidade. E foi o povo anónimo que tomando nas mãos o seu futuro acabou com um sistema que tinha levado o mundo à beira do precipício do holocausto nuclear durante a Guerra Fria.

Não vale a pena analisar aqui as causas que no século XIX levaram ao surgimento e desenvolvimento do chamado Socialismo Real no início do século XX, nem sequer descrever a tragédia humanitária que constituiu enquanto existiu. A sua História ainda é suficientemente recente para todos nos lembrarmos disso. Por outro lado, ao desaparecer aquilo a que Churchill chamou de “cortina de ferro”, não há também qualquer razão para que persistam as posições de anti-comunismo. As aberrações comunistas que ainda subsistem, como Cuba e a Coreia do Norte, não têm qualquer relevância e apenas mostram, mais uma vez, como as ditaduras são incapazes de entender a passagem da História, e só subsistem como sistemas de poder pessoal.

A queda do Muro de Berlim foi o acontecimento que simbolizou as transformações do mundo comunista que terminaram na sua extinção. Curiosamente, foi o início dos trabalhos do Congresso dos Representantes do Povo em Moscovo, em 25 de Maio de 1989 que veio a determinar a implosão comunista.

Quando o líder soviético Mikhail Gorbachev abriu a porta às críticas, a liberdade entrou pelo Congresso em torrentes de tal forma violentas que o regime soviético acabou por ser destruído pelo seu interior.

O equilíbrio mundial instável e perigoso que existia no mundo pela existência de dois blocos ficou assim destruído, pelo súbito desaparecimento de um deles.

Em termos políticos, a nação líder do anterior bloco ocidental, os EUA, ficou notoriamente desorientada pelo desaparecimento do contraponto a nível mundial.

Em termos económicos, o mundo viu surgir um novo mercado gigantesco, muito desorganizado, mas que rapidamente evoluiu e deu origem a uma nova situação de liberdade de comércio e de trocas financeiras conhecido por globalização.

As ondas de choque tremendas de há vinte anos ainda hoje se sentem pelo mundo inteiro. Os desequilíbrios que então existiam estão, porém, notoriamente atenuados, havendo centenas de milhões de pessoas com acesso a níveis de vida e uma liberdade que eram impensáveis.

Não se pode deixar de considerar que a actual crise económica e financeira é igualmente uma consequência do que então sucedeu. A adaptação das estruturas de regulação económica internacional que foram pensadas para um contexto mundial completamente diferente não foi feita. Em consequência, o próprio sistema económico reagiu à euforia e artificialidade criada no mundo financeiro impondo uma correcção que se está a fazer com grande sacrifício por toda a parte.

A efeméride do desaparecimento do Socialismo Real merece bem ser recordada, ficando o ano de 1989 como crucial para toda a humanidade, pelas consequências que teve, está a ter e terá ainda por muito tempo.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A resposta do mercado

Do JN:  "As acções da PT seguem a subir 0,72 por cento para 6,69 euros, depois de o Governo ter anunciado que comunicou à administração da operadora que vai inviabilizar a compra de 30 por cento da Media Capital.

Às 11:15, as acções da PT seguiam em alta ligeira, valendo 6.69 euros, o valor mais alto desde o início de Setembro de 2008."


quinta-feira, 25 de junho de 2009

NO MOMENTO CERTO

Muito bem Cavaco Silva ao comentar o "negócio" da compra da TVI pela PT, exigindo ética e transparência: no momento certo e em público, pela primeira vez.
Neste momento é de relembrar igualmente a reacção violenta de Jorge Sampaio quando se soube de determinada "fundação" no tempo de Guterres.


quarta-feira, 24 de junho de 2009

MÁS NOTÍCIAS

As notícias da OCDE (via DN) de hoje são mesmo más:

Portugal ainda não atingiu o pior da crise, diz OCDE.
As previsões da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) indicam que a economia portuguesa ainda não bateu no fundo. Esta organização prevê que Portugal sofra uma queda de 4,5% neste ano e continue a derrapar em 2010: decréscimo de 0,5%. Número que levarão o desemprego a atingir valores recorde e um forte impacto nas contas do Estado.

De alguma forma o país precisa de reagir a isto, sem as habituais conversas de pau.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Evangelho do dia

(Mt 7, 6.12-14) Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, não vão eles calcá-las aos pés e voltar-se para vos despedaçarem. Tudo quanto quiserdes que os homens vos façam fazei-o também a eles, pois nisto consiste a Lei e os Profetas. Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição e muitos são os que seguem por eles. Como é estreita a porta e apertado o caminho que conduz à vida e como são poucos aqueles que os encontram!»

Tenham um bom dia.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O FUTURO DA ECONOMIA DE COIMBRA

Como escrevi neste espaço na semana passada, a competição entre as cidades é hoje muito importante. O aprofundamento da integração no espaço comunitário leva a que a identificação das populações se faça cada vez mais com as cidades em que residem e trabalham. Daí a grande importância da identidade, que se relaciona com a História cultural das cidades e com a sua afirmação económica.
Nas últimas duas ou três décadas do século passado, Coimbra viu desaparecer grande parte do seu tecido industrial. Não vou aqui desenvolver as razões por que tal sucedeu, mas foi um facto, e é hoje irreversível. O importante é perceber as linhas de evolução económica, e ajudar a criar as condições para que a cidade seja mais produtora de riqueza do que consumidora, e se afirme na constelação das cidades.
No decorrer do corrente ano, a ACEGE teve a oportunidade de promover a realização de conferências por responsáveis de empresas e organismos públicos de reconhecido sucesso. Em particular, ouviram-se responsáveis de novas empresas como a Bluepharma, a ISA e a Crioestaminal, que explicaram como montaram projectos empresariais que, com determinação, capacidade técnica e inovação tecnológica, se vieram a afirmar internacionalmente em áreas de grande competitividade. E, como estas, surgiram várias outras, que são exemplos de grande capacidade tecnológica e empresarial como a Critical Software, só para citar a mais conhecida.
Em termos estratégicos de evolução económica, isto significa que Coimbra está a mudar rapidamente, o que exige vontades dotadas de visão, para que a mudança se consolide e se expanda.
A criação de um cluster económico ainda informal na base das tecnologias da informação e da investigação universitária em diversas áreas começa a ser visível em Coimbra, e é necessário que continue a ter apoio.
Ao contrário do que muitas vezes se lê na comunicação social, a Universidade de Coimbra está hoje no patamar superior no que respeita às novas tecnologias, existindo uma forte ligação descomplexada entre a investigação que se pratica nos seus laboratórios e o mundo empresarial.
O Instituto Pedro Nunes tem tido um papel crucial nessa área, com a sua incubadora de novas empresas. O novo parque tecnológico vem criar condições físicas óptimas para a implantação de novas empresas, expansão das existentes e atracção de investimentos externos na área da inovação.
A existência de laboratórios tecnológicos virados para o apoio a actividades económicas – como é o caso do Itecons, que resultou de parcerias entre a Universidade, a economia real e o próprio município – é fundamental. A sua actividade dá solução local a questões técnicas complexas que anteriormente só se podiam resolver em Lisboa ou no Porto, criando valor enquanto desenvolve novas soluções e apoia tecnicamente uma actividade económica importante como é a construção civil.
Muito há ainda a fazer para recuperar a pujança económica que Coimbra teve no passado. Uma coisa é certa, porém: há caminhos já abertos, e a existência de uma nova classe empresarial fortemente ligada à investigação com espírito empreendedor e sucesso na sua actividade é mais uma demonstração do que é Coimbra no seu melhor.

Publicado no Diário de Coimbra em 22 de Junho de 2009