segunda-feira, 12 de novembro de 2018

TENHAMOS MEDO, MUITO MEDO




As tecnologias da informação e, essencialmente a Internet, colocaram todo o mundo em contacto com uma rapidez e uma eficácia difíceis de imaginar ainda há poucos anos. Esta expansão da inter-ligação à escala global tem levantado muitos receios sobre segurança, mas normalmente relacionados com Hackers isto é, com especialistas que escrevem programas capazes de entrar nos sistemas tidos como mais seguros. Estão neste caso os sistemas que controlam as transacções bancárias, bem como os das Forças Armadas que controlam as mais diversas armas, principalmente as mais sofisticadas. As Forças Armadas dos países mais desenvolvidos têm hoje mesmo unidades que se dedicam, quer a controlar ataques informáticos, quer a praticá-los no exterior. Basta lembrar o famoso vírus “stuxnet” que terá sido utilizado há uns anos para destruir milhares de centrifugadoras de enriquecimento de urânio, no Irão.
Mas há outra maneira de romper a segurança informática, muito mais sofisticada, mais difícil de ser detectada e que exige muito mais meios e mesmo uma organização complexa para ser conseguida que não utiliza software e sim os meios físicos dos computadores, o hardware. Ao conseguir-se “plantar” um microchip nos computadores, abre-se uma porta comandada à distância através de um simples comando, virtualmente impossível de detectar e que, de forma silenciosa, dá acesso a toda a informação que passa pelo processador do computador.
E foi um caso desses que uma investigação levada a cabo pela Agência Bloomberg conseguiu trazer a público, num extenso e detalhado (enfim, imagina-se que até ao ponto possível) artigo na revista Bloomberg Newsweek, num dos seus números mais recentes.
Aí se descreve como uma verificação de segurança de rotina à Elemental Technologies, que a Amazon pretendia adquirir, detectou algumas anomalias nos servidores dessa empresa. Uma análise mais aprofundada às “motherboards” desses computadores permitiu verificar que continham pequenos “chips” do tamanho de um grão de arroz, que não estavam previstos nos respectivos projectos. Essa empresa produzia “software” de compressão de vídeos pesados e a sua formatação para serem utilizados nos mais diversos equipamentos; permitia a transmissão de Jogos Olímpicos, comunicações com a Estação Espacial Internacional, mas também utilizações secretas pela CIA e Forças Armadas, como comunicações com “drones” militares, por exemplo. Tratava-se, portanto, de informação extremamente sensível. Eventualmente, chegou-se à conclusão de que os “chips” teriam sido plantados por algum os alguns dos possíveis fabricantes. As placas tinham todas origem na mesma empresa, o maior fabricante de “motherboards” para servidores do mundo, a Supermicro. Esta empresa tem as suas placas “motherboard” colocadas nos servidores tidos como mais seguros do mundo, como aqueles que controlam as ordens de compra e venda dos bancos, dos “hedge-funds”, serviços de “nuvem” de alta segurança como os da Cia, etc. 

A Supermicro fabrica as “motherboards” na China e foi aí que os “chips espiões” foram colocados. O seu desenvolvimento exigia também grande capacidade técnica, já que os últimos exemplares detectados tinham o tamanho de uma ponta de lápis e eram colocados entre duas das camadas de fibra de vidro que servem de base às “motherboards”, sendo quase impossíveis de serem descobertos. Concluiu-se que foram desenvolvidos por uma unidade especializada do Exército de Libertação Popular chinês que obrigava as fábricas a colocá-los nas placas encomendadas pela Supermicro, de acordo com as suas indicações. Foi assim que dezenas das maiores empresas do mundo e diversas Forças Armadas estiveram (ou ainda estão) à mercê da espionagem global chinesa, expondo os seus segredos mais bem guardados.
Isto passou-se a partir de 2016 e manteve-se até agora no silêncio dos deuses. Curiosamente, ainda não se viu a comunicação social abordar o assunto, ainda que ao de leve e nem mesmo na Web Summit alguém se referiu ao caso. Trata-se de uma falha gravíssima de segurança à escala global, levada a cabo por um país que simultaneamente está a comprar empresas estratégicas um pouco por todo o mundo, de que Portugal é um exemplo. Tenhamos medo, muito medo.

Publicado no Diário de Coimbra, em 12 Novembro 2018

Lições de moral

Sobre a lição de moral de António Costa a Manuel Alegre


quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Mahler - Symphony No.1 [4/5]

TRUMP

Depois de ver, em diversos sites de notícias, a resposta de Trump ao jornalista da CNN, fui tentado a comentar, mas fiquei quieto. Afinal, só via a reacção e não a pergunta do jornalista, pelo que tinha que dar o benefício da dúvida de o jornalista ter sido inconveniente. Depois de ver a reportagem completa, fiquei esclarecido. Afinal Trump foi verdadeiramente aterrador. Não é  normal um presidente americano reagir assim sem destemperadamente, numa conferência de imprensa, a uma pergunta, inteiramente legítima  e com sentido, de um jornalista. Tudo aquilo ultrapassou todos os limites da democracia, do respeito, da educação e até, da decência. Daqui para diante, o presidente americano, se já não gostava dele, passa a ser um bandido internacional que, espero, o próprio sistema americano seja capaz de expurgar logo que possível.

Sá Carneiro

Recordando Sá Carneiro, principalmente àqueles que andam sempre com o nome dele na língua, mas não praticam:

“A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha”

Estaline não diria melhor

Lindo, Estaline, ou mesmo Hitler, não diriam melhor:

“A política não é uma questão de vontade, mas de força”

Catarina Martins em entrevista ao Expresso, 

Quem parte e reparte e não tira a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte

Salários dos políticos e gestores são os que mais sobem em Portugal



https://www.dn.pt/edicao-do-dia/08-nov-2018/interior/salarios-dos-politicos-e-gestores-sao-os-que-mais-sobem-em-portugal-10145574.html?fbclid=IwAR1wHENif8DyY_xmIHHN5a4KDxuxGXm_sthTZOTE7AXL4deJQNwZrbNemqY

Patrick Cassidy - Funeral March

terça-feira, 6 de novembro de 2018

F. Liszt - "Ständchen" Piano Transcriptions After Schubert - Khatia Buni...

Feminismo em 1975

Em 1975, algumas mulheres anunciaram que iam queimar soutiens publicamente no Parque Eduardo VII, em Lisboa, em nome da sua liberdade, com a Alexa aqui em primeiro plano. Foi um descalabro. Atraíram uma multidão de homens que, rapidamente, passaram da simples curiosidade voyerista a uma violência inacreditável contra as mulheres. Uma mostra do atraso social da altura no nosso país. Relembro esta manifestação, com solidariedade para com elas,
 https://youtu.be/HZgaDPl_2NY

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Armistício: mitos e celebrações




Desde muito novo que me lembro de ouvir falar na heróica participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial, onde os soldados portugueses teriam demonstrado mais uma vez a sua bravura, nomeadamente na batalha de La Lys ocorrida em 9 de Abril de 1918 que, assim, tinha passado a fazer parte do conjunto das glórias militares portuguesas. Era tido como certo que os soldados do Corpo Expedicionário Português (PEP) tinham lutado com toda a valentia contra o poderoso inimigo alemão, sacrificando-se gloriosamente pelo seu país que, de forma una, lhes tinha confiado essa missão.
Sabemos hoje que a realidade do sucedido não teve nada a ver com aquele mito propagado quer na 1ª República, quer no Estado Novo, embora por razões diferentes. Em primeiro lugar, não houve nada que se parecesse com unanimidade no país, no que toca à participação naquele conflito. Nesta guerra defrontaram-se os representantes de um mundo que estava a acabar, em que os respectivos chefes de Estado até eram quase todos primos que nem se aperceberam bem por que começou o conflito, mas sem capacidade para se sentarem à mesa e evitarem a hecatombe que acabou com 4 impérios.
A decisão da participação portuguesa na guerra ocorreu poucos meses depois do 14 de Maio de 1915, em que morreram centenas de pessoas nas ruas de Lisboa. Afonso Costa e o seu PRP ficaram donos e senhores absolutos do poder, embora não do país, pelo que pressionaram a Inglaterra a pedir a Portugal o apresamento dos navios alemães no porto de Lisboa, o que foi feito em 23 de Fevereiro de 1916. O objectivo assumido era o de conseguir uma “unidade nacional” que lhes permitisse a manutenção no poder, sem limitações, além de Portugal vir a poder sentar-se à mesa com os vencedores. A Alemanha declarou guerra a Portugal e o General Norton de Matos preparou os pouco mais de 50.000 homens do Corpo Expedicionário Português para seguirem para o teatro de guerra, na Flandres. 

Soldados mal preparados, mal alimentados e pior vestidos e calçados para o que os esperava. E o que os esperava era uma desgraça imensa, numa guerra de trincheiras horrível, com a qual Portugal nada tinha a ver, e na qual os soldados portugueses não eram mais do que carne para canhão. Literalmente. Os diversos ministérios da guerra, quer da “União Sagrada”, quer de Sidónio Pais, deixaram os soldados na frente sem procederem à sua necessária rotatividade, a comerem alimentos ingleses que detestavam e com roupas que se desfaziam na humidade das trincheiras. A partir de Março de 1918 os alemães lançaram uma última ofensiva no Somme e, na noite de 8 para 9 de Abril, atacaram o sector português em La Lys numa ofensiva fortíssima de artilharia e posterior ataque de infantaria numa frente de 20 quilómetros que desbaratou as defesas portuguesas, provocando mais de 400 mortos e 6.000 prisioneiros.
Tudo correu mal nesta nossa participação na Primeira Grande Guerra. Tal não impediu que, depois da guerra, Portugal ainda tentasse receber a espantosa indemnização de guerra de centenas de milhões de libras correspondentes a 1.050 libras por cada um dos muitos milhares de civis africanos supostamente mortos na guerra e antes vítimas de bárbaro colonialismo, numa falta de vergonha a vários títulos lamentável.
Por tudo isto mal se percebe o entusiasmo das comemorações portuguesas do centenário do Armistício, que ocorre no próximo dia 11 de Novembro e a que se decidiu dar “grande relevo”. Nem as razões da entrada na guerra, nem a desgraça que foi essa participação são de molde a suscitar orgulhos e festividades militares. Deveriam ser antes motivo de reflexão sobre o nosso papel no mundo e de como os nossos atrasos atávicos servem de base para os maiores disparates dos governantes com sacrifícios acrescidos para os portugueses que não têm culpa nenhuma disso, a não ser pela sua passividade crónica.
A construção de mitos históricos corresponde à necessidade de sublimar colectivamente desgraças e frustrações, dizendo mais de quem a promove do que dos acontecimentos que lhes estão na origem. E os mitos são frequentemente nocivos para as sociedades: lembremo-nos do sebastianismo que se seguiu à derrota de 4 de Agosto de 1578 e do mal que fez e faz à maneira de ser portuguesa.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Nara Noïan - Hier Encore

MEMÓRIAS E NERVOS À FLOR DA PELE




Em muitos países democráticos existe a tradição de os dirigentes políticos, após o exercício de funções de grande relevância, escreverem as suas memórias em que descrevem factos passados, o relacionamento com outros agentes e os sentimentos perante as situações que viveram.
Entre nós, não se tornou ainda habitual que os dirigentes políticos escrevam as suas memórias. Eventualmente, como fez o antigo Presidente Jorge Sampaio, participam na elaboração das suas biografias, através da colaboração de terceiros. Contudo, temos que convir na grande diferença entre a autoria de memórias na primeira ou na terceira pessoa.
Podemos atribuir esta situação portuguesa a várias causas, desde pessoais a sociológicas. Na realidade, não será fácil passar toda uma vivência pessoal ao papel, o que exige a tomada permanente de notas durante o exercício do cargo e uma posterior disponibilidade pessoal para assumir a tarefa dessa escrita, que dá muito trabalho. Também é bem conhecida, entre nós, a inexistência de uma cultura de avaliação do trabalho feito, mesmo de prestação de contas de dirigentes como é um facto corrente nos países de cultura anglo-saxónica. Por outro lado, há altos responsáveis políticos que afirmam não escrever memórias para preservar o presente e o próprio futuro, já que a sua acção se verificou em tempos tão conturbados que o conhecimento de alguns factos poderia ser desestabilizador. É o caso de Ramalho Eanes, cuja presidência ainda coincidiu com o PREC e também com os primeiros tempos de normalização democrática. Penso, no entanto, que ficamos todos a perder com isso, embora Eanes esteja no seu pleno direito ao tomar essa posição.

A excepção portuguesa notória é Cavaco Silva. Publicou as suas memórias de quando foi Primeiro-ministro e acaba agora de publicar o segundo volume sobre o seu exercício da presidência da República. Os motivos para essa publicação são assumidos pelo próprio como uma exigência ética pessoal de prestação de contas à boa maneira anglo-saxónica. Eu acrescentarei que, em minha opinião, um dirigente político tão atacado como ele sempre foi, à esquerda e mesmo à direita, não quis deixar passar a oportunidade de fornecer, para memória futura, a “sua verdade” sobre esses tempos. Se não o fizesse, correria o risco de, no futuro longínquo e mesmo próximo, a sua acção vir a ser descrita apenas pelo que dele dizem os seus adversários, passando ao lado daquilo que ele, eventualmente, achasse que seria mais justo dizer.
Mas não me lembro de que a publicação de um livro de memórias políticas tenha provocado de imediato tantas reações negativas, mais parecendo mesmo ter caído o Carmo e a Trindade. Qual o motivo imediato de tanta contestação? Falta de sentido de Estado, denuncia Carlos César que acrescenta: “mostra atitude de devassa e delação presidencial”. César confessa assim não ter gostado da revelação de situações descritas por Cavaco relativas às reuniões semanais dos primeiros-ministros socialistas com Cavaco Silva, enquanto presidente da República. Parece considerar essas reuniões como se se tratasse de conversas entre amigos à mesa do café e não relações institucionais entre Governo e presidência da República, logo de extrema responsabilidade. Já António Costa diz que não comenta memórias presidenciais, porque tem sentido de Estado. E lá vem outra vez o sentido de Estado que passa assim a ser como a água benta: cada um toma a que quer. Depois, acrescentou-se que o período de tempo a que este volume se refere ainda é muito recente, pelo que o autor deveria deixar passar mais uns anos; a esta crítica quase apetece responder que depois de morto ninguém escreve memórias.
É evidente que o autor destas memórias continua a suscitar uma rejeição profunda por parte de determinados sectores da sociedade portuguesa. Não por acaso, são os mesmos que por ele foram impiedosamente derrotados nas urnas em três eleições legislativas, sendo duas delas com maioria absoluta e duas eleições presidenciais à primeira volta. Claro que também perdeu umas presidenciais, mas das derrotas não reza a História, como se sabe. E, como se costuma dizer, o povo, em quem reside a legitimidade democrática, tem sempre razão quando vota, quer nas suas escolhas, quer nas suas rejeições.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

DEMOCRACIA NEGATIVA



É uma evidência que salta aos nossos olhos: os regimes democráticos, tal como os conhecemos, passam por transformações profundas que poderão mesmo vir a colocá-los em questão.
Não me refiro a aspectos pontuais em que políticos mais ou menos conspícuos se servem de mentiras camufladas ou mesmo descaradas para justificarem as suas actuações. Tal sempre houve em todas as sociedades e, perdoe-se-me o pessimismo, sempre haverá. Tal como é de todos os tempos a capacidade de dizer mal dos adversários, inventando mesmo mentiras sobre eles.
Mas os regimes democráticos têm como substância a possibilidade de o povo escolher entre as diversas opções que lhe são propostas na altura das eleições. As campanhas com os programas e os candidatos permitem aos eleitores perceber quem lhes convém, de acordo com os seus interesses. Estes até poderão ser diferentes entre os mais diversos sectores sociais, e são-no normalmente, permitindo o resultado global atribuir as funções governativas da comunidade como um todo às maiorias que se possam constituir ou ao candidato que recolher mais votos, no caso de candidaturas individuais.
Contudo, nos últimos anos assiste-se, um pouco por todo o mundo, a uma mudança neste paradigma democrático que está a produzir resultados inesperados e a causar espanto em quem não percebe o que se passa e que, na realidade, é tantas vezes responsável pela mudança. As razões poderão ser muitas, desde o fim do mundo bipolar em que duas potências dominavam completamente as suas respectivas áreas de influência até à globalização, passando pelas profundas mudanças trazidas pela tecnologia da informação. O que é visível é uma crescente fuga dos eleitorados para os extremos políticos, abandonando um centrismo que é sempre algo conservador e que, pelo menos na minha opinião, durante décadas foi gerador de uma prosperidade generalizada sem paralelo na História.
A sociedade passou a dividir-se entre bons e maus, para além das clássicas diferenças entre esquerdas e direitas. Perante as mais diversas situações, criam-se ondas de indignação e campanhas mediáticas instantâneas que a internet se encarrega de transformar em manifestações à escala global. E ninguém tem capacidade para colocar os factos que deram origem a essas ondas de indignação em questão porque ninguém quer ficar do “lado dos maus”, abandonando-se a razão e mesmo o bom-senso. A sociedade mundial é hoje, mais do que uma sociedade da informação, uma sociedade da indignação. O “somos todos Charlie” ou “me-too” são apenas exemplos dessas vagas que tantas vezes acabam por engolir, levar na frente e destruir os próprios que lhes deram origem.

E tudo isto se transferiu para as democracias. Vimos este fenómeno nos Estados Unidos da América nas últimas eleições presidenciais e também no referendo do Reino Unido que deu origem ao Brexit. Nas eleições presidenciais no Brasil a demonização do adversário atinge níveis nunca vistos. Chega-se a afirmar que não interessa quem está com quem e o que fez, mas sim impedir que o adversário vença, e não estou aqui a defender ou atacar seja quem for em concreto, mas apenas a descrever o que se passa, como exemplo das mudanças a que assistimos em todo o mundo.
As discussões políticas transferiram-se do campo das ideias para o campo da moral, em que sistematicamente cada lado extremado se arroga de superioridade nessa matéria. Como sabemos da História, sempre que alguém, de esquerda ou de direita, se arroga de superioridade moral e chega ao poder, quem fica a perder é a Liberdade.
Os resultados estão à vista e não são animadores para quem acredita no valor da Democracia. Quem sai sistematicamente vencedor destas lutas são populistas que defendem velhas ideias que ressumam nacionalismos, xenofobias e mesmo racismos, aproveitando-se oportunisticamente dos medos que eles próprios fomentam e a tecnologia difunde. Num futuro próximo, estes vencedores até poderão dar a ideia de que continuam a respeitar os cânones democráticos mas, na realidade, os regimes aproximar-se-ão cada vez mais de fachadas normalizadas de sistemas destruidores da cidadania e da liberdade.