segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

ATITUDES

Terá finalmente chegado ao fim o longo período de turbulência que caracterizou a vida do maior banco privado português durante quase todo o último ano.

Durante este período assistiu-se a quase tudo aquilo que seria impensável que pudesse acontecer numa grande instituição bancária.

Desde logo, as lutas intestinas entre órgãos de gestão do banco que reflectiram divisões profundas sobre a governação do BCP que se esperaria fossem mantidas no interior da instituição e que acabaram por ser travadas na praça pública.

Depois, o conhecimento público de decisões de gestão que no mínimo se podem considerar altamente controversas.

As ingerências políticas no processo foram também públicas e notórias, o que não augura nada de bom para a cada vez mais necessária libertação da economia relativamente ao Estado.

A actuação das entidades reguladoras ao longo de todo o processo terá também deixado muito a desejar, alimentando fundadas dúvidas sobre a sua real e efectiva independência.

Muito grave, e pouco esclarecida, foi ainda a ideia que perpassou ao longo de todo este processo sobre a cedência a interesses de Angola, designadamente através da Sonangol. Curiosamente no último número da revista TIME, aparece uma análise sobre a corrupção em vários países africanos. Os dados sobre Angola mostram ser este um dos piores países africanos quanto a esse aspecto, com uma taxa de controlo de corrupção de 8,7% e uma taxa de legalidade de 7,1%. Pior é quase impossível, sendo certo que o petróleo de Angola contagia praticamente todos os negócios adjacentes.

No meio de tudo isto, ressalta a atitude corajosa e independente de Miguel Cadilhe. No que à primeira vista pode parecer uma atitude quixotesca, mostrou ao país que na sociedade civil existem ainda reservas de resistência à progressiva influência estatal na economia e até na vida diária das pessoas. No momento em que se apresentou já não era possível cortar a complexa teia de interesses montada, mas poderá ter sido uma semente que germinará mais cedo ou mais tarde.

Publicado no DC em 21 Janeiro 2008



domingo, 20 de janeiro de 2008

MAHLER - despedida de fim de semana

Fazendo votos que os meus leitores (poucos mas bons, certamente) tenham apreciado esta partilha de emoções propostas por Gustav Mahler, aqui fica a pérola suprema:


Das Lied von der Erde ( A Canção da Terra)

MAHLER - continuação

Da 3ª sinfonia, o 5º movimento:

sábado, 19 de janeiro de 2008

Mahler -continuação

Da 4ª sinfonia, o final do 4º andamento: "Das Himmlische Leben".


CONVÉM NÃO ESQUECER ALGUMAS VERDADES

Evangelho segundo S. Marcos 2,13-17.

Jesus saiu de novo para a beira-mar. Toda a multidão ia ao seu encontro, e Ele ensinava-os. Ao passar, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me.» E, levantando-se, ele seguiu Jesus. Depois, quando se encontrava à mesa em casa dele, muitos cobradores de impostos e pecadores também se puseram à mesma mesa com Jesus e os seus discípulos, pois eram muitos os que o seguiam. Mas os doutores da Lei do partido dos fariseus, vendo-o comer com pecadores e cobradores de impostos, disseram aos discípulos: «Porque é que Ele come com cobradores de impostos e pecadores?» Jesus ouviu isto e respondeu: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.»

CAVACO TINHA RAZÃO

Na sua mensagem de ano novo, o Presidente referiu negativamente os ordenados demasiado elevados de gestores de algumas empresas. Na altura pareceu a muita gente que seria um comentário despropositado naquela comunicação.
O jornal Público informou ontem que Paulo Teixeira Pinto recebeu 10 milhões de euros à cabeça e mais 35 mil euros por mês até ao fim da vida, pela sua saída do BCP.
Se isto não é uma imoralidade, não sei o que o seja e mostra que Cavaco sabia exactamente o que dizia.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sinfonia dos mil

A oitava sinfonia de Mahler é conhecida por "sinfonia dos mil". Precisa de mais de mil interpretes entre orquestra, solistas e coros, pelo que raramente é tocada.
Da "sinfonia dos mil" fica aqui um cheirinho (Veni creator -1º andamento, parte 1):

Adagietto

Hoje em dia esta é talvez a peça mais conhecida de Mahler, desde o filme "Morte em Veneza".
É o quarto andamento da quinta sinfonia.


Bom fim de semana

Este fim de semana é dedicado a MAHLER.
Gustav Mahler é, há muito, um dos meus compositores preferidos. Provavelmente, sem o saber, atraiu-me aquele ritmo em que alterna momentos de grandiosidade com súbitos momentos de uma intimidade desarmante.
Para começar, nada como um trecho da 1ª Sinfonia, conhecida por "Der Titan", no caso o 3º andamento onde aparece o delicioso"frère Jacques".

NO NEWS, GOOD NEWS

Só a inexistência de más notícias pode explicar que duas patetices como um frasco de mau cheiro e um F16 que quase passou a velocidade do som ocupem tanto tempo da comunicação social que temos.
Falta de más notícias ou cortina de fumo para as esconder.