terça-feira, 28 de agosto de 2012

REGRESSOU A TROIKA


Regressou a Troika.
Para verificar se continuamos a empobrecer de acordo com as regras.
E para me lembrar sempre de agradecer todos os dias a quem os chamou, 



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Construir uma Cidade com História


Brasília foi construída do nada nos anos 50 e 60 do século passado, sob o impulso do Presidente Kubitschek de Oliveira, segundo um plano urbanístico de Lúcio Costa e tendo os edifícios mais marcantes a assinatura de Oscar Niemeyer.
Há poucos exemplos de cidades construídas assim apenas a partir de uma ideia e de um terreno vazio. Teoricamente, têm tudo para dar certo. Quem já foi a Brasília sabe que isso não é verdade. Para além do artificialismo e mesmo de um formalismo demasiado pesado, para uma cidade com menos de 100 anos, aparece-nos surpreendentemente velha e gasta. Mesmo os edifícios governamentais que aparecem tão bonitos nas fotografias surgem já, quando vistos mais de perto, com um ar sujo e pouco brilhante.
O que se dirá de uma cidade como Coimbra? Que é muito mais que o resultado do sonho de um homem. Coimbra não nasceu ontem. Antes de o ser já era Aeminium. Isso muito antes de um jovem rebelde ter resolvido pegar na História com as suas mãos e, mal ou bem, ter separado para sempre o Condado Portucalense da Galiza virando-se para Sul para construir um País, conquistando-o aos mouros.
O jovem que se fez Rei começando por lutar contra a própria Mãe, fez de Coimbra a primeira capital do seu Reino e foi nesse preciso momento que a História da nossa Cidade se começou a confundir com a História de um Portugal então nascente.
Nós, os que cá estamos hoje, tenhamos ou não responsabilidades públicas, somos apenas um momento fugaz na história da nossa Cidade. Isso não diminui o nosso papel, antes pelo contrário. Torna-nos responsáveis por um legado antiquíssimo que temos que transmitir aos que haverão de vir depois de nós. Da forma como o melhorarmos ou não dependerá a qualidade de vida das futuras gerações de conimbricenses.
Caímos muitas vezes na tentação de dizer que vamos definir o futuro, falamos mesmo demasiadas vezes num “homem novo”, temos a arrogância de imaginar que, com o poder, poderemos construir uma cidade nova.
Nada de mais errado, convenhamos, pelos desgraçados exemplos históricos que conhecemos. Mas cair na posição contrária não é melhor. Uma veneração estática do passado tantas vezes consequência de um conhecimento aprofundado pelo estudo universitário, mas acompanhada por uma incapacidade de provocar mudança e evolução, equivale a parar no tempo, transformando a cidade num museu de pedras mortas.
Isto é, construir uma cidade como Coimbra nos dias de hoje, exige, para além de um respeito pelo passado baseado num conhecimento histórico estruturado, uma compreensão do mundo actual e, fundamentalmente, uma grande vontade de acompanhar as mudanças e capacidade para “Fazer”.
Coimbra nem pode ter vergonha de si mesma e do seu passado, nem pode deixar de ter capacidade de se afirmar de uma forma orgulhosa por tudo o que de bom e progressivo possui nos dias de hoje, impondo-se numa grande região beirã que só espera isso mesmo de nós.
Aqui está a chave para a resolução de todos e cada um dos problemas sectoriais da nossa Cidade, quer na área da Cultura e do Turismo, quer na área do desenvolvimento sócio-económico, quer na gestão do território. O facto de todo o país atravessar um momento particularmente difícil, só nos pode encorajar a utilizar de forma consequente o legado do passado com os meios do presente, encontrando novas soluções para problemas velhos.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 27 de Agosto de 2012

sábado, 25 de agosto de 2012

Neil Armstrong

Há quarenta anos fiquei agarrado à televisão para ver os primeiros homens na Lua. Neil Armstrong faz parte do meu "eu" e morreu hoje.


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Paganini-Liszt La Campanella

Tango dos Barbudos

"O Vaticano é um antro de misóginos"

Maria João Sande Lemos, hoje na Visão:
- O que falta à Igreja?
R: Amor. Enquanto Jesus significava amor, solidariedade e compaixão, a Igreja tornou-se seca, árida, quezilenta e sempre contra tudo. É um espaço de exclusão e não de abertura.

Tal e qual. Pelo menos. Além de excluir, persegue muitas vezes, o que ainda é pior.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Livros escolares



O novo ano escolar está aí à porta. Traz consigo novidades e alegrias para os jovens estudantes, mas também alguns problemas para os pais. A compra dos manuais escolares é sempre um momento difícil, ainda mais em tempos de dificuldades económicas agravadas, este ano alargadas a muitas famílias que não puderam dispor dos subsídios de férias que têm tido a função supletiva de financiar essa despesa familiar. Se para os pais desempregados a situação é genericamente desesperada, para muitos outros pais o mês de Setembro vai ser também muito difícil.
A questão dos manuais escolares tem em Portugal diversas vertentes que não têm sido devidamente equacionadas e muito menos resolvidas.
Começa pela evolução dos livros ao longo das últimas dezenas de anos. O seu tamanho, peso e claro, o seu custo, cresceram de uma forma inacreditável. Mesmo este ano, com taxas de crescimento do PIB bem negativas e em que todas as famílias perdem dinheiro, os editores conseguiram a proeza de aumentar o preço dos livros.
Não me vou alongar pela faceta pedagógica da organização dos conteúdos. Convido apenas os pais a tentarem perceber as mesmas matérias que estudaram no seu tempo. Se conseguirem organizar-se pelos esquemas, citações e distribuição das matérias importantes pelo meio do que é acessório, terão muita sorte. Fica-se com a ideia de que as crianças de hoje terão que ser muito mais inteligentes para obterem bons resultados, porque tudo parece programado para que o estudo seja mais um jogo do que trabalho sério, que obrigatoriamente terá sempre de incluir memorização. Por outro lado, o manual da matéria nunca é suficiente, vindo sempre acompanhado de outros livros de apoio que é necessário comprar, porque funcionam em conjunto com o manual principal.
Os livros escolares são hoje verdadeiramente um luxo e autêntico desperdício, pela quantidade de papel utilizado, pela profusão da utilização de gráficos e fotografias a cores desnecessários e até pela superfície de papel não utilizado.
Acresce que todos os anos mudam, pelo que não se consegue fugir à despesa, ainda que haja irmãos com pouca diferença de idades.
Com tudo isto, o negócio da edição de livros escolares tornou-se uma verdadeira mina de ouro. Claro que o ministério da Educação, com os seus inúmeros serviços centralizadores dominados por teorias pedagógicas falsamente modernas está na base de tudo isto, não se conseguindo fugir à ideia de que foi tomado por dentro pelos interesses das editoras.
Os pais começaram a tentar reagir ao cerco que lhes foi montado, estando a surgir “bancos de livros escolares” um pouco por todo o país. É assim que os jornais noticiaram há poucos dias que “o banco de livros escolares de Coimbra já ajudou 75 famílias”. Perante tudo o que se passa, não é possível deixar de saudar o esforço e vontade de ajudar o próximo em dificuldades. Mas permitam-me: nesta questão dos livros escolares isto não é solução e não se pode ficar por aqui.
O ministério da Educação tem o dever de arrepiar caminho e modificar a estrutura do manual escolar de alto a baixo, em função da aprendizagem, dos interesses dos alunos e economia familiar e não da maximização dos proveitos das editoras, que é o que se passa hoje, ou vamos todos concluir que quem foi eleito para mandar na Educação não quer ou não tem poder para mudar o estado de coisas. Aliás já vai tarde, porque neste ano escolar que agora começa deveriam ter sido dados sinais sérios nesse sentido, até pela emergência social da situação actual.
As escolas também têm responsabilidades nesta área. Em vez de serem os pais a organizar “bancos de livros escolares”, devem elas próprias organizar-se para que os livros utilizados num ano possam ser reutilizados no ano seguinte.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 20 de Agosto de 2012

Linda Ronstadt & Aaron Neville - Don't Know Much (live 1990)

PEUGEOT 203