domingo, 30 de dezembro de 2007

SERRANITA DE MANHOUCE

A "simplicidade" de Isabel Silvestre no fim deste ano complicado.

“ESPAÇO DE TEMPO”

Esta é uma expressão vulgar que me habituei a considerar como representativa de ignorância por parte de quem a emprega.

Na física clássica, o espaço é definido por três eixos ou apenas dois se considerarmos um plano. Para além disto, havia o tempo que definia o momento do acontecimento, independentemente da localização geométrica, mas que se lhe podia associar para o definir completamente.

Após a teoria da relatividade, a distância passou a ser definida em função do tempo e da velocidade da luz, isto é, o metro passou a ser definido como a distância percorrida pela luz em 0,000000003335640952 segundos medidos por um relógio de césio. Este valor corresponde à distância entre duas marcas numa barra de platina guardada em Paris, que é a definição que aprendemos na escola primária.

Curiosamente, vista desta forma, a expressão “espaço de tempo” já não parece tão ignorante, o que mostra que estamos sempre a aprender.

Para saber mais sobre o Tempo, aconselho vivamente a “BREVE HISTÓRIA DO TEMPO” de Stephen W. Hawking.

Tempus fugit



A duração dos nossos dias é calculada em função da translação da Terra à volta do Sol, que demora 365,242199 dias a fazer-se.
O calendário gregoriano introduzido pelo papa Gregório XIII em 1582 veio substituir o calendário definido por Júlio César e Cleópatra que, por partir de uma duração do ano de 365,25 dias levava já no século XVI um erro de 10 dias inteiros. A adopção dos anos bissextos veio corrigir este erro.
Mas a astronomia é muito mais complicada. Na realidade, a precessão dos equinócios devida ao facto de a Terra girar em torno do seu eixo como um pião leva a que o ano sideral medido em relação às estrelas dure ainda mais 20 minutos e 24 segundos. Só este pormenor deita por terra toda a “capacidade científica” da Maya e demais astrólogos.
Mais interessante ainda é o facto de o dia definido em cima ser o “dia médio”, porque os dias não têm todos a mesma duração. Como a Terra, na sua rotação à volta do Sol, segue uma elipse imperfeita, a duração real dos dias varia entre 23 horas 44 minutos em 3 de Novembro e 24 horas e 14 minutos em 11 de Fevereiro, havendo quatro dias por ano com uma duração igual à duração média. A diferença entre estas duas durações chama-se “equação do tempo” e, pasme-se, existem relógios mecânicos capazes de resolver a equação do tempo no mostrador, como é o caso do Breguet aqui representado.

sábado, 29 de dezembro de 2007

MILLENNIUM BCP - 3

RIP
Não ao BCP, a quem desejo sinceramente que sobreviva, mas à chamada "economia liberal" em Portugal.

MILLENNIUM BCP-2

Há muito tempo que as televisões não passavam declarações do porta voz do PSD com tanta insistência. Claro que o Sr. Rui Gomes da Silva deve estar todo satisfeito por se ver tantas vezes na televisão.
Coitado, nem se apercebe que quantas mais vezes as televisões passarem as suas declarações de satisfação pela nomeação do Eng. Faria de Oliveira para a CGD menos votos tem o PSD.
E mais não digo.

O POVO PASSOU A MANDAR

RTP - 28 DEZ 2007:

Após uma visita à exposição do Ermitage em Lisboa, uma criança com cerca de 8/10 anos, reproduz aquilo que ouviu da especialista que guiou o seu grupo na visita à exposição.
E o que disse sobre o "Imperador" NicolauII?
Que tinha sido morto com toda a sua família pelos bolcheviques, o que não tinha sido bom, mas no fim foi o povo que ficou a mandar.
Mais uma vez a relativização introduzida pelo "mas".
Claro que ninguém disse à criancinha que os bolcheviques eram comunistas.
E certamente também ninguém lhe disse que, tendo o povo passado a mandar, além de NicolauII e família foram mortas dezenas de milhões de pessoas em nome desse mesmo povo.
Mas isto, se calhar, sou eu que continuo a ser anti comunista primário...

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

NATAL


Se há momento da nossa vida colectiva actual em que se torna evidente o choque entre a tradição cristã e o actual relativismo racionalista é o Natal.

Todos nós sabemos a origem das festividades relacionadas com o Natal, que é o nascimento de Jesus Cristo, o que significa que esta é uma das celebrações sociais mais vincadamente cristãs.

Também são sobejamente conhecidos os lugares comuns relacionados com o Natal que enchem páginas de revistas e jornais, nomeadamente de entrevistas de “gente bonita”, afirmando uns que o Natal é todos os dias, outros que o Natal é quando um homem quiser, outros ainda que as crianças são o melhor do mundo, etc. São apenas frases feitas sem qualquer significado.

Por outro lado, basta andar na rua para se ser bombardeado com músicas a metro e luzes e mais luzinhas a brilhar, que aliás já nem reproduzem qualquer símbolo natalício, tentando apenas criar um ambiente supostamente propício a fazer compras.

Isto é, a sociedade laica contemporânea pegou num dos principais símbolos da tradição cristã e adaptou-o aos seus interesses e preocupações imediatas. Esta atitude perde tanto para o espírito cristão original do Natal, que é talvez uma das melhores provas de que, ao tentar ultrapassar os valores cristãos, a sociedade moderna apenas consegue produzir uma triste caricatura de uma festa familiar cristã que tantas obras de arte perenes produziu ao longo de vinte séculos.

O significado profundo do Natal não consiste nas prendinhas e nas luzes das ruas, mas sim no surgimento de Alguém que trouxe uma Verdade ainda hoje revolucionária ao dizer que todos os seres humanos são iguais perante Deus. É por esta razão que todos somos colectiva e pessoalmente responsáveis perante a pobreza, a exploração dos fracos e a injustiça.

Neste Natal os meus votos vão para que todos nós sejamos capazes de ultrapassar a intolerância e a incapacidade de ver o sofrimento dos nossos semelhantes, principalmente os mais fracos e desprotegidos, como era Jesus Cristo quando nasceu numa gruta em Belém há dois mil anos.

Publicado no DC em 24 Dezembro 2007



domingo, 23 de dezembro de 2007

MILLENNIUM BCP

O que era uma questão empresarial, ainda que com possíveis consequências para os accionisstas, clientes e funcionários passou para o plano político.
É lamentável e pode ter consequências imprevisíveis.
Espera-se que a actual liderança do PSD veja a importância do que se passa e que vai muito para além dos "acordos não escritos" relativos à liderança da CGD. Aliás, essa questão nem sequer deveria ter vindo a público, muito menos nesta altura.
As intervenções públicas de responsáveis públicos do sector financeiro também não estão a primar pela sensatez.
Aguardemos pelos próximos capítulos, na esperança de que a época que se atravessa ajude a manter alguma reserva e a haver algum respeito pelos valores fundamentais que todos dizemos respeitar, evitando que isto se pareça com a Rússia de Putin.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

MAGNIFICAT

Uma das passagens mais belas do Novo Testamento relacionadas com o Natal é a saudação de Isabel a sua prima Maria quando esta a vai visitar para lhe comunicar que está grávida do Filho de Deus.
Esta oração encontra-se no Evangelho segundo S. Lucas (1:46-55)
:


A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador.

Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante

Me chamarão bem-aventurada todas as gerações.

O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome.

A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem.

Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos.

Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes.

Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias.

Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,

como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre.

Glória ao Pai e ao Filho e ao espírito Santo,

como era no princípio, agora e sempre.

Ámen





Entre os vários compositores que escreveram sobre o Magnificat sobressai Johann Sebastian Bach que, como é bem conhecido, compunha para maior glória de Deus.




segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

ÉTICA E EMPRESAS

Uma das consequências mais notórias e impressivas da globalização é uma maior dificuldade das pequenas e médias empresas se adaptarem a um ambiente económico muito mais exigente do ponto de vista da competitividade do que se verificava há uns anos. De facto, a abertura cada vez maior dos mercados à escala planetária significa competir directamente com empresas com estruturas de custos muito diferentes, dados os diferentes estágios de desenvolvimento dos países onde se localizam, que se traduzem em custos com pessoal, matérias primas e energia muito diferenciados. Significa isto normalmente que os preços de venda dos produtos e serviços são “esmagados” para poderem ser competitivos e permitirem o crescimento das empresas, ou mesmo a sua subsistência.

Nestas condições, coloca-se cada vez com maior premência a questão da ética nos negócios, dado que com muito maior facilidade os empresários se vêm na situação de lançar mão de todos os meios ao alcance para garantir o sucesso das suas empresas. Não se pode ainda esquecer que o insucesso das empresas significa, para além da perda económica, todo um rol de sofrimento para os empresários e seus colaboradores que normalmente vão engrossar a fila dos desempregados.

Nos dias de hoje as pessoas passam cada vez mais tempo nos seus empregos, assistindo-se mesmo a uma transferência do papel central da sociedade que tradicionalmente era da família, para as empresas

Se sempre foi um desafio ser empreendedor, hoje é muito mais difícil, não se compreendendo muito bem a má-vontade contra os empresários que ainda hoje se nota em muitas franjas da sociedade portuguesa, talvez fruto de querelas ideológicas mal resolvidas relacionadas com a falência dos amanhãs que cantam.

De qualquer forma, é a qualidade das empresas e dos seus responsáveis que conta cada vez mais para a construção de um futuro que seja económica e socialmente sustentável.

Por estas razões, a preocupação com a auto-regulação das empresas com vista a promover códigos de conduta e a adopção de códigos de ética para os seus colaboradores desde o gestor de topo ao mais simples colaborador, é importante para que a sua competitividade seja sustentável, garantindo estabilidade e bem-estar para todos.

A este propósito, recomendo aos leitores uma visita ao portal VER: http://www.ver.pt/


Publicado no DC em 17 Dezembro 2007