segunda-feira, 19 de maio de 2008

ELEIÇÕES PARTIDÁRIAS


Está quase a chegar ao fim o processo de escolha do candidato do partido Democrata às eleições para a presidência dos Estados Unidos da América.

Tem sido uma campanha longa e dura, para a qual a candidata Hillary Clinton partiu com uma grande vantagem que lhe parecia augurar uma vitória fácil, o que não veio a verificar-se.

Os analistas políticos americanos que são muito mais do que simples opinadores ou comentadores, já apontaram aliás os cinco principais erros da campanha de Hillary Clinton. O maior desses erros terá constituído na deficiente percepção da vontade instalada no espírito dos eleitores. Clinton definiu como principais linhas de estratégia a experiência governativa, a preparação pessoal e a inevitabilidade da sua candidatura. Dado que o ciclo instalado é de mudança, essa estratégia caiu muito mal junto dos eleitores democratas, abrindo caminho para a mensagem de Barak Obama, muito mais fresca e em linha com a necessidade de mudança.

Estando os eleitores democratas ansiosos por virar a página depois da experiência presidencial de George W. Bush, dificilmente uma política consumada (embora brilhante e extremamente inteligente) e ligada há anos ao “establishment” do poder de Washington corresponde aos seus anseios numa altura de mudança.

O aspecto mais interessante e verdadeiramente impressionante desta campanha é, no entanto, outro.

Na realidade, os eleitores democratas não estão dispostos a passar um cheque em branco a quem vai ter, caso venha a ser eleito Presidente, tanto poder no país e no mundo.

Os candidatos são assim forçados a explicar muito bem e ao detalhe as suas propostas concretas sobre as matérias tidas como mais importantes. Os dois candidatos Hillary Clinton e Barak Obama já tiveram 21 debates em directo na televisão. Os temas debatidos abrangem áreas tão diversas como o estímulo à economia, a educação, o Iraque, o Irão, a imigração, a energia, o ambiente, o casamento de pessoas do mesmo sexo, os impostos, a segurança social, a livre circulação de bens, a pesquisa de células estaminais, as armas, etc.

E não são debates a fingir em que os candidatos se podem esconder em meias palavras ou mentiras, porque são imediatamente desmascarados em frente de toda a gente.
Este processo de escolha exige dos candidatos tomadas de posição claras sobre todas as matérias importantes, que obviamente até vão evoluindo durante o processo. Significa isto que as estruturas de apoio dos diversos candidatos têm que fornecer informação completa sobre as diversas matérias, como sustentabilidade económica, consequências sociais, percepção política dos eleitores, etc.
Não se pense que ao lado de tudo isto não existem campanhas de caça ao voto pelos barões do partido, nem tráfico de sindicatos de voto. Tudo isso existe, porque tem mesmo que existir em democracia que todos sabemos não ser um sistema perfeito. Só que não é a actividade principal e muito menos a única para garantir votos, como se vê. E isso é que é verdadeiramente importante em democracia.

Publicado no Diário de Coimbra em 19 de Maio de 2008

sábado, 17 de maio de 2008

FIM DE SEMANA ESPECIAL

O blogue Atlântico resolveu fazer deste um fim de semana muito especial.
Ver aqui
Nota: sou o que se chama um pai babado, mas gosto.

CIÚME

O You Tube permite-nos encontrar verdadeiras pérolas que de outra forma provavelmente nunca encontraríamos. Enquanto procurava uma música de Stephan Grapelli, Jean Luc Ponty e um outro violinista de que não recordo o nome e que não consegui encontrar, tropecei nisto que aqui deixo.
É apenas um encontro improvável de Stephane Grappelli e Yehudi Menuhin a interpretarem "Jealousy" ao vivo. Nem comento.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

A TRUTA

Há trechos de música que acho que nunca me cansarei de ouvir. Um deles é este 4º andamento do Quinteto A TRUTA de Schubert que aqui volto a colocar para meu deleite e espero que dos visitantes deste blogue. Para quem gostar de Schubert sugiro uma visita ao fim-de-semana que lhe dediquei aqui no passado mês de Fevereiro.
A versão aqui tocada ao vivo por Daniel Barenboim, Zubin Mehta, Itzhak Perlman, Pinchas Zuckerman e a saudosa Jacqueline Du Pré, é daquelas de arrepiar, principalmente o violoncelo.





TOSCA

Já faltam poucos dias para a Tosca de Puccini que vai à cena em S. Carlos.
Espero que a interpretação valha a pena, porque a obra é extraordinária.
Angela Gheorghiu é Tosca.

RAZÕES DO MEU APOIO A PEDRO PASSOS COELHO



O Partido Social Democrata vive actualmente aquele que é, certamente, um dos períodos mais importantes e difíceis da sua existência.

No próximo dia 31 de Maio, vai escolher em eleições directas o seu líder, do qual se espera o sucesso no confronto com o actual primeiro-ministro nas eleições legislativas do próximo ano. As expectativas são ainda mais elevadas: espera-se do próximo líder social-democrata que volte a colocar Portugal no caminho do progresso económico e social, em convergência com a União Europeia da qual nos temos vindo a afastar nos últimos anos.

Fundamentalmente, é isto que está em causa. Quase tudo o resto são pormenores irrelevantes face à realidade, ou mesmo processos de camuflagem dessa mesma realidade.

No início deste processo eleitoral, aguardei com serenidade durante alguns dias, até perceber o significado político das várias candidaturas, e assim poder decidir a minha opção.

Perante o que vi e ouvi, fiz a minha escolha. Como já vem sendo meu hábito, decidi tornar esta opção pública. Mais ainda, decidi aceitar o honroso convite de participar na candidatura do Dr. Pedro Passos Coelho, enquanto seu mandatário concelhio para Coimbra.

Em breves palavras partilho com os leitores as razões da minha opção, esperando assim contribuir para que melhor se perceba esta candidatura. Com este meu modesto contributo, espero ainda que a candidatura venha a merecer o apoio do maior número de militantes do PSD de Coimbra.

Face ao histórico dos últimos anos, não há dúvida que se tem verificado um distanciamento crescente entre os anseios da população portuguesa em geral e o que se tem passado no interior do PSD, que se reflecte nas propostas que tem oferecido aos portugueses (ou na falta delas).

Corolário desta situação é a absoluta necessidade de conciliação de conceitos aparentemente antagónicos, como sejam garantir a mudança na governação do país sem esquecer a necessária segurança e estabilidade (sem aventureirismos) ou a credibilidade da acção política associada à capacidade de agarrar a novidade trazida por toda a rapidíssima alteração económica e social, decorrente da integração europeia, por um lado, e da globalização, por outro.

Engana-se quem pensa que quem está amarrado às velhas soluções imaginadas pelos teóricos da economia durante a primeira metade do século XX e que foram melhor ou pior utilizadas na segunda metade do mesmo século consegue resolver a complexa e completamente nova situação a que assistimos neste início do século XXI.

Por outro lado, desde o 25 de Abril que o PSD andou sempre à frente nas reformas do sistema político e na procura de alternativas governativas mais adequadas aos novos tempos que têm surgido. Sempre que o PSD assumiu uma via reformista clara relativamente à situação existente, teve sucesso; quando se limitou a querer gerir melhor a crise, não teve sucesso, porque os portugueses percebem que assim não serve para nada. Isto é, o PSD não pode querer apenas substituir o pessoal político do PS pelo seu próprio pessoal político, por melhor e mais competente que seja. Ao invés, tem de apresentar um programa de mudança aos portugueses, para o que previamente tem que confrontar os seus próprios militantes com propostas claras e diferenciadas. Veja-se o actual exemplo das eleições primárias para escolher os candidatos dos partidos Democrata e Republicano nos Estados Unidos da América. Os eleitores não escolhem o seu candidato pelos seus lindos olhos, ou pela sua experiência governativa anterior. Escolhem através de um escrutínio rigoroso e exaustivo das propostas concretas dos diversos candidatos. Ninguém está disposto a passar um cheque em branco a quem irá tratar dos conflituosos interesses de uma grande comunidade.

O mesmo pretendo para Portugal e, neste momento em concreto, para o PSD.

Analisando os vários candidatos à liderança do PSD, particularmente os que se encontram à frente nas sondagens, que são inquestionavelmente o Dr. Pedro Passos Coelho e a Dra. Manuela Ferreira Leite, verifica-se que há aspectos comuns: a credibilidade política, a honestidade e probidade pessoais inatacáveis. Os militantes do PSD estão já de parabéns, porque estes aspectos cruciais estão garantidos logo à partida, vença qualquer um deles.

A partir daí surgem as diferenças.

O Dr. Pedro Passos Coelho é o único candidato que desde o princípio optou por fazer propostas claras norteadas por um princípio geral e diferenciador que visa diminuir drasticamente o peso do Estado ao longo de um período de dez anos. Assim se libertarão as energias da sociedade civil, possibilitando o retomar do caminho do desenvolvimento e do crescimento económico. Isto sem esquecer as necessidades sociais dos mais desfavorecidos, cujo número tem precisamente crescido de forma acentuada como consequência do actual modelo de desenvolvimento, que, ao contrário das boas intenções de quem o defende, está a provocar o empobrecimento crescente da sociedade portuguesa, como é patente aos olhos de todos nós.

A proposta do Dr. Pedro Passos Coelho assenta numa Carta de Valores com dez pontos: Pessoa, Liberdade, Verdade, Confiança, Esperança, Mudança, União, Mérito, Autoridade e Oportunidade. Não se trata de uma enumeração de simples palavras, como tantos denunciam, mas de um desenvolvimento de valores que, no seu conjunto, representam uma proposta coerente e altamente significativa para mudar o PSD, e apresentar uma alternativa para a actual governação socialista, em vez de apenas sugerir uma melhor gestão da situação existente.

Razões mais que suficientes para confiar ao Dr. Pedro Passos Coelho a liderança do PSD, e ter a certeza de que os portugueses em geral verão nele uma excelente alternativa ao Eng. José Sócrates nas eleições legislativas do próximo ano.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

NOTÍCIAS POUCO ANIMADORAS

O Governo, através do ministro das Finanças, anunciou hoje uma revisão da previsão do crescimento económico para este ano. Trata-se de uma má notícia que, curiosamente, é transmitida aos portugueses enquanto o primeiro-ministro está fora, supostamente rodeado de boas notícias relativas a n contratos de negócios excelentes conseguidos na Venezuela através da amizade do "socialista bolivariano" Hugo Chávez.

Assim sendo, ficámos a saber que em vez dos 2,2% anteriores, o novo valor é de 1,5%. Curiosamente, há menos de 2 semanas quando a União Europeia apontou para Portugal a estimativa de 1,7 %, o Governo apresentou esse valor como um sucesso, significando finalmente um ano de convergência com a zona Euro que se previa crescer 1,6%. Era pouco, era mesmo o único índice de alguma forma positivo, mas para quem não é exigente chega.

Mas nem isso acontece. Em vez de 1,7% serão, na melhor das hipóteses 1,5%. E quanto à zona Euro, a previsão não se verifica, porque o crescimento vai ser maior. Na realidade, o crescimento na zona euro melhorou no primeiro trimestre, com um valor de 0,7% que compara com 0,4% dos últimos três meses anteriores.

Há portanto uma retoma da economia europeia, que se deverá ao bom desempenho do "motor" alemão.

De caminho lá se vai a "explicação" do ministro das Finanças sobre o facto de a nossa quebra se dever a causas externas. Então isso é válido para nós e já não se aplica ao resto da Europa?

História mal contada. Ainda por cima a comparação só se faz com a zona Euro, porque quanto ao resto da Europa até é bom não olhar que faz mal.




segunda-feira, 12 de maio de 2008

POLÍTICA E REALIDADE


Como é do conhecimento geral, está novamente em discussão a questão dos horários de abertura dos estabelecimentos comerciais. Em particular, discute-se a possível abertura dos hipermercados ao Domingo. Na última semana a Assembleia da República debruçou-se sobre diversas propostas, tendo deliberado baixar à comissão uma proposta que prevê que as Câmaras Municipais possam decidir sobre a abertura dos hipermercados ao Domingo nos respectivos municípios.

Esta matéria tem sido objecto de grande debate, dado haver sobre ela as posições mais díspares, desde o fecho puro e simples das lojas ao Domingo, até à liberalização total à vontade dos proprietários das lojas. Estes defendem a sua posição acenando com um eventual aumento do nº de postos de trabalho e até de baixa de preços de produtos, pasme-se.

Do outro lado aponta-se a necessidade de haver um dia da semana para descanso das famílias. Já o comércio tradicional aponta para a concorrência desleal das grandes superfícies, que a desregulação do sector trará inevitavelmente.

Perante tal variedade de posições, os decisores políticos devem ter em conta os diversos interesses, para poderem decidir qual a melhor opção num determinado momento.

A Associação Comercial e Industrial de Coimbra -ACIC que representa centenas de comerciantes do distrito decidiu participar no processo, tendo para o efeito solicitado em Março reuniões com os responsáveis distritais dos partidos com assento na Assembleia da República. Desses partidos apenas o PCP se dignou responder e sentar-se à mesa com os representantes dos empresários do comércio de Coimbra. Isto é, os responsáveis distritais dos outros partidos não estão disponíveis para analisar esta questão com uma associação com a importância da ACIC. Pensarão eventualmente que já sabem tudo sobre a matéria e que tendo sido eleitos têm o seu próprio programa que resolve todas as questões, sendo desnecessário ter a maçada de perder tempo a ouvir o que os próprios interessados têm a dizer sobre elas.

Se os responsáveis dos partidos políticos pretendem que as populações continuem a sentir-se cada vez mais alheadas da política e a desconsiderar os políticos, estas atitudes vão no bom caminho, mas não são certamente a melhor maneira de contribuir para a qualidade da nossa democracia.

Publicado no Diário de Coimbra em 12 de Maio de 2008

domingo, 11 de maio de 2008



João Domingos Bomtempo, nasceu em Lisboa a 28 de Dezembro de 1775 e faleceu na mesma cidade a 18 de Agosto de 1842.
A sua obra é vasta e de grande qualidade, englobando missas, sonatas, cantatas, árias, concertos, etc.
Infelizmente os responsáveis pela nossa política cultural ou não o conhecem ou não se interessam pela sua divulgação.
Aqui fica um trecho da sua Sinfonia nº 2 que revela a qualidade do seu trabalho.





sábado, 10 de maio de 2008

MUSICA DE FOGO DE ARTIFICIO



George Friederic Handel compôs esta música em 1749 por encomenda de Jorge II para acompanhar os fogos de artifício em Green Park em Londres na celebração do fim da Guerra da Sucessão Austríaca e a assinatura do Tratado de Aix-la-Chapelle.