domingo, 26 de outubro de 2008

Fórmula 1 dos pobres


"O regresso da fórmula 1 a Lisboa"

A acção de marketing da Renault em Lisboa foi assim chamada e "comprada" pela imprensa.
Um carro de fórmula 1 a subir e a descer sozinho a Av. da Liberdade e uns carritos a fazer peões para alfacinha ver não passam de uma acção de publicidade bem imaginada e bem "vendida" a quem interessa: autoridades locais e comunicação social.
Na verdade não se trata de nenhum regresso da fórmula 1 a Lisboa. Mas impressiona todo o ambiente inacreditável e saloio criado à volta desta acção publicitária, incluindo mais de mil polícias, fecho de ruas ao trânsito e até esquecimento do nível de decibeis trazido para junto de quem não tem culpa nenhuma. Se a Câmara anda a dar "kits"de limpeza aos moradores do Bairro Alto, porque é que não se lembrou de dar tampões de ouvidos aos moradores locais?
Daqui a uns anos saberemos todos quem esteve envolvido nesta farsa e quanto dinheiro correu.
Entretanto, sou levado a concordar com Paula Teixeira da Cruz quando diz no Expresso desta semana que Lisboa é hoje um caso de polícia.

sábado, 25 de outubro de 2008

MALAS DE DINHEIRO

O Expresso de hoje traz mais informações sobre "o caso do dinheiro vivo".
Refiro-me, como é bom de ver, à história da alteração do regime de financiamento partidário que o Orçamento Geral do Estado para 2009 trazia escondida no ventre.
Depois de descoberta a marosca, não aparece ninguém responsável pela alteração proposta. Pudera!
Até o Dr. Alberto Martins vem agora assegurar que "aquilo" não passaria. Como se os deputados da maioria tivessem independência para votar: viu-se no casamento dos homosexuais.
Como apreciador de livros policiais, dou um conselho para descobrir o responsável. Basta fazer a pergunta clássica: a quem interessa o crime?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

MAHLER

Como sempre digo, no século XX, Bach chamou-se Mahler.

BACH

A obra prima absoluta da história da música.
Da Paixão segundo S. Mateus:

Bach

Como prometido, aqui fica algo que anda sempre no carro desde há uns trinta anos (antes em cassete e agora em CD, claro está). O Alan Grennspan é que devia ter ouvido isto nos últimos 40 anos.

ACTUS TRAGICUS (depois não digam que não sou amigo).
Por favor, ouçam até ao fim.

Bach

Nem eu sei bem porquê, os resultados da bolsa de hoje levaram-me a ouvir os Concertos Brandeburgueses (de Brandeburgo, claro está).
Aqui fica um pouco no nº3 que é óptimo para ouvir no carro.
A seguir vou colocar algo mais complicado, mas absolutamente magnífico.

MAIS NÚMEROS

Não resisto a colocar aqui uma tabela de índices comparativos da situação do país em 2004 e as previsões para 2009, da autoria de Miguel Frasquilho e publicado no blogue Atlântico:




Nem são precisos grandes comentários.

SERVIÇO PÚBLICO

A RTP continua no seu serviço público de publicidade gratuita ao produto chamado “Magalhães”.

No noticiário das 8 horas da manhã de hoje, apresentou uma reportagem feita numa escola do 1º ciclo, sendo perguntado às criancinhas que ainda estão a começar a aprender a ler e a fazer contas se o dito cujo era importante, com as respostas que se calculam.

Só um dos petizes foi capaz de declarar que preferia o método dos cadernos ao “Magalhães”para aprender. Coitado, ainda não aderiu à revolução tecnológica que há-de levar todos os seus coleguinhas à estratosfera do conhecimento e competência.

No final da peça, ouviu-se um comentário do repórter segundo o qual naquela escola que tem 197 alunos, só um deles não tem “Magalhães” imagine-se, “porque os pais disseram não”. Grandes bandidos, digo eu. Por agora não foram publicamente identificados, mas não deverá faltar muito para irem responder a Tribunal pelo crime óbvio que estão a cometer.

Seria interessante comparar de forma independente, já no final deste ano lectivo, os resultados destes dois alunos tão desirmanados do restante, no que toca à “aquisição de competências” básicas daquela idade que evidentemente não incluem navegar na internet nem jogar no computador.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

"BBC proíbe humor sobre Islão na sua programação"

Do Diario Digital:

"BBC proíbe humor sobre Islão na sua programação

O director-geral da BBC, Mark Thompson, impôs novas directrizes aos seus trabalhadores, que passam pela proibição de qualquer tipo de humor ou referência satírica sobre os muçulmanos nos conteúdos da cadeia britânica.

Thompson justifica a decisão como uma questão de «sensibilidade», já que considera que todas as religiões têm as mesmas características.

«Não há nenhuma razão para afirmar que há religiões que sejam imunes à confrontação, mas considero que todas são iguais», explicou, referindo-se a uma religião (o islamismo) que tem actualmente cerca de 1,6 milhões de praticantes em território britânico. "

Mais uma vez o medo a trabalhar. Lembram-se dos desenhos de Maomé?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

DO EXERCÍCIO DO PODER E DA SUA CONQUISTA


É frequente ouvir-se dizer de um político que não presta, porque não é capaz de ganhar eleições a quem quer que seja.

Pelo contrário, outros políticos há cujo único atributo de qualidade parece ser o de ganhar muitas eleições, seja de que maneira for.

Ponto prévio: falar em eleições é, evidentemente, falar em eleições democráticas, onde se pode perder ou ganhar. A democracia não é um sistema perfeito, como todos vamos apreendendo diariamente, mas tudo indica que seja, apesar de tudo, o menos mau de todos.

Em democracia, para se exercer o poder é necessário ganhá-lo antes, o que significa vencer eleições.

O povo, na sua sabedoria, escolhe muitas vezes lideranças para resolver problemas específicos de determinado momento histórico, rejeitando até essas mesmas lideranças quando as circunstâncias passam a ser outras.

O caso de Winston Churchill é bem conhecido e exemplificativo desta afirmação. Durante anos bradou sem sucesso contra os políticos do seu país e do resto da Europa pelas posições de subserviência perante Hitler. Começada a Segunda Guerra Mundial, foi-lhe atribuída a difícil tarefa de dirigir os destinos do seu país, com o célebre lema “we will never surrender” (nunca nos renderemos) e prometendo apenas “sangue, suor e lágrimas”. Com a vitória no final da guerra, foi imediatamente substituído em eleições na governação do país, que entregou a outros a tarefa da reconstrução.

Os momentos históricos de crise exigem dos candidatos capacidade e vontade de afirmar respostas para situações muito mais exigentes do que é normal.

Os grandes líderes manifestam-se precisamente nessas alturas, como foi o caso de Churchill na Segunda Grande Guerra.

A crise que hoje vivemos não é, felizmente, uma situação de guerra. Mas não nos iludamos: a sua gravidade já está a ter consequências na economia mundial e vai ter implicações profundas em muitos aspectos da nossa vida. As suas causas e extensão são ainda desconhecidas na sua totalidade, o que significa que os dirigentes políticos que lhe fazem frente têm que ser verdadeiros líderes, sob pena de consequências ainda mais severas.

Não se pense, contudo, que os momentos de crise devem ser pretexto para a criação de consensos que, no fundo, só interessam a quem está no poder e que limitam as hipóteses do povo escolher o seu caminho.

Para continuar a usar o Reino Unido como exemplo, observemos atentamente a forma, a substância e a capacidade de afirmação de David Cameron perante Gordon Brown, precisamente num momento em que este até sobressaiu pela positiva perante a maioria dos actuais responsáveis governativos europeus.

A do Reino Unido é talvez a democracia mais antiga do mundo e certamente a mais consolidada. Seguramente que aquilo que lá se considera normal e até necessário em termos democráticos, não poderá deixar de ser considerado como tal, também por cá.


Publicado no Diário de Coimbra em 20 de Outubro de 2008