segunda-feira, 13 de abril de 2009

BENCHMARKING


A recente cimeira do G20 realizada em Londres teve inúmeros aspectos a merecer a nossa redobrada atenção, muito para além da estreia da presença de Barack Obama como Presidente dos EUA. Em cima da mesa, a necessidade de dar resposta à recessão económica mundial.

Esses aspectos já foram escalpelizados e, se o espectáculo de Obama não desiludiu, desconfia-se seriamente que os líderes dos países que representam cerca de 90% da economia mundial não protagonizaram nenhuma Bretton Woods, ficando bem longe de tal ambição.

A reunião teve lugar em Londres, tendo como anfitrião Gordon Brown. Ora, a actual situação política do Primeiro-ministro britânico não deixa de ser curiosa. Gordon Brown sucedeu a Tony Blair na responsabilidade da chefia do governo britânico. Brown tinha assumido a pasta das finanças desde o início da governação do chamado New Labour, em Maio de 1997.

Enquanto organizador do G20, Gordon Brown assumiu um papel de destaque. Irradiando confiança, apresentou quase que a salvação económica do mundo; a verdade, porém, é que a sua situação política em casa nada tem de inspirada. Herdeiro da liderança de Tony Blair, considerado o criador do monetarismo de fachada trabalhista ou socialismo moderno, enfrenta hoje baixíssimos níveis de confiança nas sondagens de opinião. Tudo parece indicar uma derrota eleitoral verdadeiramente expressiva nas próximas eleições.

Deve, porém, ser salientado que essa baixa nas sondagens eleitorais não resulta da actual crise. Ainda antes dos seus primeiros sinais, já as sondagens não o favoreciam. Brown, contudo, insiste na crise como causalidade, reiterando as suas proporções globais e a inevitabilidade das suas consequências – políticas, perguntamo-nos – para o Reino Unido. Na verdade, a crise internacional veio apenas colocar a nu as fragilidades da governação trabalhista, ampliando os problemas políticos já existentes.

O azar de Gordon Brown só é amplificado pelo facto de o Partido Conservador ter hoje um líder à altura dos acontecimentos, David Cameron. O mesmo que, respondendo ainda a Tony Blair no Parlamento, lhe atirou sem contemplações que “você em tempos foi o futuro”, diminuindo-lhe de imediato a aura que até então parecia brilhar permanentemente.

Exceptuando as tragédias familiares que partilham (perda de filhos), as diferenças entre os dois líderes não poderiam ser maiores. David Cameron é afirmativo, pragmático, não renegando a sua formação de Eton. De forma mais relevante ainda, não se resigna a esperar pela queda dos trabalhistas, antes trabalhando árdua e competentemente para que tal suceda.

A quem lhe diz que no Reino Unido são os governos que perdem as eleições e não as oposições que as ganham, ele responde que quando um governo está em sarilhos, a principal tarefa do principal partido da oposição é não ser inelegível.

A sua educação e simpatia podem ser confundidas com facilitismo. O seu biógrafo, Francis Elliot, alerta contudo que essa disponibilidade tem limites, e os seus adversários parecem conhecê-los.

Gordon Brown não é, de todo, um político sem substância, mas tem pela frente um adversário sério e bem preparado, que assume os desafios do nosso tempo com pragmatismo, e que embora sendo Conservador, conseguiu tornar-se herdeiro da afectividade dos britânicos por Blair.


Publicado no Diário de Coimbra em 13 de Abril de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

SANTA PÁSCOA

«Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e cantemos de alegria»


Evangelho segundo S. João 20,1-9.

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava. Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado do túmulo e não sabemos onde o puseram.» Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao túmulo. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Inclinou-se para observar e reparou que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao ver os panos de linho espalmados no chão, ao passo que o lenço que tivera em volta da cabeça não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho, mas de outro modo, enrolado noutra posição. Então, entrou também o outro discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer, pois ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.

SANTA PÁSCOA

QUOTAS

O PS descobriu a solução para o problema das quotas que obrigam os partidos a apresentar pelo menos 1/3 de mulheres nas listas. É simples: repetir os nomes nas diversas listas, como acontece com Ana Gomes e Elisa Ferreira, aliás com benefícios evidentes para as candidatas e para a "qualidade" média das listas.

sábado, 11 de abril de 2009

Barroso em Bruxelas

O Primeiro- Ministro tem duas boas razões para apoiar a manutenção de Barroso em Bruxelas:
1- Apoio decisivo, embora discreto, do Presidente da Comissão, para os fundos europeus;
2- Enquanto Barroso por lá se mantiver não vem para cá complicar a vida ao PS, seja em legislativas, seja em presidenciais.
Claro que a "diferença de perspectivas" com o cabeça de lista socialista às europeias serve muito bem para manter uma alternativa a Barroso em aberto e para subir a parada das negociações, coisas que dão sempre muito jeito e que só demonstram profissionalismo na política.

terça-feira, 7 de abril de 2009

As minhas canções

Peter, Paul & Mary ( Mary Travers): If i had a hammer

PRÓS E...

Ontem à noite, nova edição dessa missão de propaganda chamada "Prós e Contras" sob a direcção atenta de Fátima Campos Ferreira, desta vez sobre a realização das chamadas "grandes obras públicas". No palco, o ministro Mário Lino e o Doutor José Reis pelos Prós; pelos Contras, o Dr. Eduardo Catroga e o deputado comunista Bruno Dias. Como se vê um equilíbrio perfeito entre Esquerda e Direita e entre Governo e Oposição, já que Eduardo Catroga fala por si e por mais ninguém. No público, profissionais de diversas áreas e o ministério das Obras Públicas em peso.

Perante a posição de Eduardo Catroga sobre a experiência portuguesa de parcerias publico-privadas nas obras públicas desde o início das SCUTS em que o Estado fica com o risco e um endividamento enorme para o futuro, Mário Lino avança com os argumentos habituais, entre os quais o país não poder ficar para trás na alta velocidade. José Reis resolve cobrir o ministro pela esquerda e afirma que nesta altura é essencial discutir as relações entre o Estado e o privado, estando ele próprio convencido das vantagens do Estado. Depois desta tirada ideológica avançadissima, fiquei esclarecido e fui-me deitar.

Quando é que a ERC se digna a "visionar" estes programas sob o ponto de vista do equilíbrio?

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Meditação transcendental

Os antigos Beatles Mccartney e Ringo resolveram juntar-se para apoiar a "meditação transcendental" nas escolas, seja lá o que isso for. Verdadeiramente deplorável a figura daquelas múmias paralíticas a cantar mal e a destruir em palco o que fizeram há séculos com os seus antigos companheiros. Pior mesmo só o comentário que acompanhou a reportagem televisiva sobre a sua supostamente desejada reunião permanente...

E DEPOIS DA CRISE?

As notícias sobre a actual crise não deixam de piorar a cada dia que passa. Ora, é também certo que, mais cedo ou mais tarde, ela irá passar. Assim, a resposta dos responsáveis governamentais não pode ficar só no plano das respostas imediatas às situações de emergência social. Pode, sim, ter em consideração que qualquer crise é também uma oportunidade.
Quando esta terminar, grande parte da economia estará destruída. Com toda a certeza, haverá porém outra parte que, tendo levantado a cabeça, avançará para o mundo pós-crise com elevada velocidade e pujança, liberta das muitas teias e gorduras excessivas que antes lhe tolhiam os movimentos.
É no momento actual que se devem definir, com conhecimento de causa, quais os sectores estratégicos da economia que depois da crise poderão emergir com sucesso e capacidade para transmitir à nossa economia a produtividade que faça de Portugal um país competitivo. Para tal, é necessária visão estratégica, para além da capacidade de apagar fogos.
Ajudar empresas ou mesmo sectores de forma avulsa equivalerá muito provavelmente a atirar dinheiro ao mar, embora possa calar algumas queixas, durante algum tempo. As pessoas atingidas pela crise necessitam de apoio e devem ser protegidas nesta fase difícil; as empresas sem viabilidade económica não.
Entre os sectores estratégicos que claramente deverão ser tidos em conta, apontam-se as actividades ligadas ao mar (não esquecer o famoso hiper-cluster do mar, defendido há anos por Ernâni Lopes), as ligadas ao turismo de qualidade, particularmente o da terceira idade, a reabilitação urbana, o património histórico único e a área ambiental. Como envolvente geral de actuação deverá estar, necessariamente, a INOVAÇÃO.
Em particular, a reabilitação dos centros urbanos degradados terá a vantagem de reanimar uma actividade económica crucial para o país que é a construção civil, reorientando-a para uma opção mais sustentável. Em consonância, deveria, aliás, aproveitar-se a estagnação da promoção imobiliária para alterar a Lei dos Solos com vista a eliminar definitivamente o crescimento desordenado das povoações.
Em suma, espera-se que haja visão para detectar as oportunidades escondidas pela falsa prosperidade dos últimos anos, e colocar a economia nacional na rota certa para o momento chave da recuperação.

Publicado no Diário de Coimbra em 6 de Abril de 2009