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terça-feira, 26 de maio de 2009
YES, WE CAN
Mike Murphy escreveu na revista TIME da semana passada (tradução livre):
"...Tal como foi apresentado, o Orçamento de Obama é uma obra de arte, se o objectivo é de forma encapotada, praticar o mesmo tipo de políticas disfarçadas contra as quais fez campanha. À classe média prometem-se uma avalanche de triliões de dólares de despesa e ainda (como lhe chama o Presidente), um corte de impostos para 95%das famílias trabalhadoras...A conta das despesas é apresentada aos mesmos de sempre: em primeiro lugar, às futuras gerações de americanos que arcarão com o triplo da dívida; depois, aos 2% de americanos que têm um rendimento anual superior a 250.000 dólares e que já pagam cerca de 50% de impostos. Para não mencionar os credores chineses que possuem pilhas de notas de dólares e que, com a desvalorização da moeda, ficam com muito menos dinheiro."
Enfim, assim todos podem, não é verdade? Para fazer mais do mesmo não é preciso Obama para nada, a não ser mesmo para ganhar as eleições.
E nós por cá? Alguém reconhece isto?
segunda-feira, 25 de maio de 2009
MACHADO DE CASTRO
Machado de Castro, talvez o escultor português mais conhecido, nasceu em Coimbra em Junho de 1731.
Da sua importante obra escultórica, destaca-se a estátua equestre do Rei D. José I, que está no Terreiro do Paço, em Lisboa. Para além de muitas outras obras, a Machado de Castro se devem numerosos presépios barrocos que se podem encontrar por todo o país, sendo de salientar os que estão na Sé Patriarcal de Lisboa de 1776 e na Basílica da Estrela, este último feito em 1782.
Muito justamente, Machado de Castro veio a dar o nome ao Museu de Coimbra que, de entre os museus portugueses, é o que maior colecção de esculturas apresenta.
O Museu Nacional Machado de Castro está instalado desde 1913 no antigo Paço Episcopal que serviu de habitação aos bispos de Coimbra desde o século XII, e que tem anexa a antiquíssima igreja de S. João de Almedina.
Ao longo dos séculos, o conjunto arquitectónico em que se insere foi sofrendo as vicissitudes normais ditadas pela passagem do tempo e evolução das sociedades, desde a primitiva construção do fórum romano no século I da nossa era.
Em vez de fazer um grande aterro, a administração romana optou por construir uma base de suporte para o fórum através de galerias abobadadas em dois níveis, que constituem o criptopórtico. Foi sobre a plataforma assim conseguida que as diversas edificações sucessivamente construídas e arruinadas se foram sucedendo no tempo.
O resultado de toda esta evolução está hoje consubstanciado no Museu Nacional Machado de Castro, que, após um longo encerramento para obras de recuperação de acordo com um magnífico plano do Arq. Gonçalo Byrne, se vai agora abrindo progressivamente à população.
Hoje em dia, e pela primeira vez, já é possível visitar os dois pisos do criptopórtico romano, numa experiência única, atendendo a que não existe mais nenhum daquela dimensão ou condições de conservação.
A Capela do Tesoureiro, executada por João de Ruão, que nos anos 60 do século passado foi trazida para este local vinda do Convento de S. Domingos na Rua da Sofia, está hoje protegida das intempéries e integrada num pavilhão expositivo de grande qualidade.
Desafio os meus concidadãos a visitar e admirar o novo Museu que Coimbra reganhou. A Direcção do Museu, que diga-se, tem hoje à cabeça uma mulher que não precisou de quotas para se afirmar, pretende que este seja um espaço de cultura e de cidadania activa.
Existe mesmo um Grupo de Amigos do Museu que permite a qualquer um de nós participar na vida do Museu.
Perante esta nova realidade que para além de mostrar o passado nos interpela a nós hoje, só podemos dizer que estamos perante um exemplo de COIMBRA NO SEU MELHOR.
Publicado no Diário de Coimbra em 25 de Maio de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
Longo caminho percorrido
AL CAPONE
"O Sindicato das Carreiras de Investigação e Fiscalização do SEF denunciou, este domingo, que o dinheiro ilegal realizado em apenas um ano nas casas de alterne de Portugal daria para pagar a nova auto-estrada entre Amarante e Bragança."
sábado, 23 de maio de 2009
sexta-feira, 22 de maio de 2009
A VELHA DEMOCRACIA
Michael Martin demitiu-se de líder da Câmara dos Comuns, depois da revelação das despesas dos deputados britânicos. Além dele, também um ministro e dois Lords já se foram embora. O ciclo da terceira via do socialismo de Tony Blair desfaz-se aos bocados em corrupção e poucas vergonhas ao mais alto nível. David Cameron exige eleições antecipadas e o primeiro ministro resiste cegamente à realidade. Vamos ver como a mais velha democracia do mundo vai ultrapassar esta crise.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
KAL´s cartoon
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Normalidade habitual
"O Procurador-Geral da República (PGR) deu instruções para que as diligências que impliquem cooperação judiciária internacional no caso Freeport não tenham a intervenção do Eurojust, organismo presidido por Lopes da Mota, alvo de um inquérito por alegadas pressões neste processo."
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Crise ideológica
Segundo os dicionários, a palavra “crise” significa um “momento perigoso e decisivo” ou uma “mudança que sobrevém no curso de uma doença aguda”.
Como tal, é uma situação conjuntural, embora traga dor e sacrifícios no seu interior.
Enquanto duram, as crises económicas exigem cuidados especiais dos responsáveis políticos, com o objectivo de minorar os efeitos nefastos sobre os atingidos que não se podem defender. No entanto, não se pode esquecer que, durante uma crise, o essencial é preparar o futuro, para que a saída se faça a um bom ritmo, deixando para trás os desperdícios que antes existiam.
Claro que, como acontece com qualquer doença, não há curas estáveis sem diagnóstico, isto é, sem conhecimento das razões que levaram ao seu surgimento.
Sobre as causas da presente crise, já muitos especialistas se pronunciaram, devendo aqui ser salientado o livro de Vítor Bento (Perceber a crise para encontrar o caminho) que ajuda a perceber o que se passou, e cuja leitura recomendo vivamente. Há poucas semanas ouvi, no entanto, aquela que considero a maneira mais apelativa de explicar o que se passou.
No 4.º Congresso Nacional da ACEGE, o Prof. Luís Campos e Cunha comparou o sucedido à queda de um avião. Um acontecimento desse calibre nunca se deve a uma causa única, mas sim à acumulação de problemas vários, que, embora graves, só por si não fariam cair o avião. É a ocorrência em simultâneo que determina a inevitabilidade do desastre. Por outro lado, há problemas que tal como as doenças desconhecidas, não são passíveis de ser detectados antes de se manifestarem, pelo que não podem sequer ser prevenidos.
Entre essas causas, apontam-se a fé num crescimento permanente sem fim, a vontade de providenciar casas para todos, os automatismos nas decisões de investimento, o dinheiro fácil e barato durante muito tempo, a venda de produtos financeiros em pacote sem conhecimento real da sua constituição, a falta de regulação da banca de investimentos, a ganância de querer dar lucros imediatos aos accionistas que garantissem bons prémios aos gestores, a falta de ética de muitos responsáveis bancários, económicos e políticos etc.
Claro que há também quem mais uma vez acuse a economia de mercado (sim, o velho capitalismo) ou mesmo a globalização de todos os males. Esquecem que nunca houve no mundo uma tão grande produção de riqueza; nunca tantos milhões de pessoas tiveram acesso ao mínimo indispensável.
Outros tentam apresentar esta crise como uma prova de contradição entre capitalismo e Estado, esquecendo aliás tudo o que a História do século. XX ensina. Como se fosse possível imaginar o sistema capitalista sem Estado, que é essencial desde logo para regular a própria actividade económica. Isto, claro está, para além do necessário exercício das funções de soberania e de assegurar uma redistribuição social das receitas que são geradas pelas empresas da tal economia de mercado.
Publicado no Diário de Coimbra em 18 de Maio 2009