sexta-feira, 4 de abril de 2008

AMVOX

O amigo Fernando questionou-me sobre o preço do relógio AMVOX2 Chronograph DBS a que me referi dois comentários abaixo.
Não sei qual o preço, embora possa fazer uma ideia por comparação com outras peças do mesmo género, isto é, não me surpreenderia se custasse à volta dos 40 ou 50 mil euros. Tal como o Aston DBS deverá custar uns 250 a 300 mil euros.
Nestes casos o preço não me interessa para nada. Como disse, trata-se apenas de admirar construções mecânicas absolutamente excepcionais realizadas pelo génio humano, que se aproximam de verdadeiras obras de arte. No caso do relógio, basta imaginar o que serão mais de trezentas peças em movimento perfeitamente coordenado e controlado, a funcionarem num espaço reduzido, em condições de falta de estabilidade e mantendo a máxima precisão. Quanto ao automóvel, será uma das construções mecânicas mais sofisticadas dos dias de hoje, recorrendo a soluções de engenharia mecânica, de materiais e de electrónica extremamente avançadas que, eventualmente, um dia serão mais ou menos comuns nos restantes automóveis a preços já abordáveis pela maioria dos mortais. Claro que o luxo de materiais e acabamentos também ajuda ao preço destes produtos.
Como disse, estas peças aproximam-se muito de obras de arte. As obras de grandes artistas, como as pinturas de Paula Rego na actualidade,
por exemplo, atingem igualmente valores astronómicos, acessíveis a muito poucos afortunados.
Não é o facto de atingirem valores astronómicos que nos vai impedir de admirar estes produtos do engenho humano, sabendo-se bem que a sua posse é de facto privilégio de um número reduzido de pessoas, esperando-se apenas que os possuam não só por os poderem adquirir, mas porque conhecem bem o que significam culturalmente.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Governo pelo privado

Os senhores Secretários de Estado do Ministério da Educação reuniram-se hoje com representantes dos professores em Coimbra.
A reunião decorreu nas instalações de uma escola privada, no caso a Bissaya Barreto. Sem ironia, regista-se o bom gosto e o sinal dado à sociedade em geral sobre a opção pelo privado dos senhores Secretários de Estado.

terça-feira, 1 de abril de 2008

AMVOX2 Chronograph DBS

Penso que nesta altura do campeonato os meus fieis leitores já terão percebido o meu interesse por relógios mecânicos, principalmente se forem bonitos e tiverem grandes máquinas lá dentro.
Hoje apresento uma das peças mais extraordinárias que apareceram nos últimos tempos.
Trata-se do AMVOX2 Chronograph DBS. Alguns notarão as letras AM e DBS e poderão achar algo estranho o seu aparecimento na designação de um relógio.
De facto não é uma coincidência. AM são mesmo as iniciais de ASTON MARTIN. E DBS, bem, é isso mesmo, refere-se a essa máquina impressionante e o sonho de qualquer amante de bons automóveis que é o Aston Martin DBS.
O relógio a que me refiro é pois o resultado de uma colaboração entre a Jaeger-LeCoultre e
a Aston Martin e como tal só podia ser uma coisa absolutamente extraordinária.
Trata-se de um cronógrafo produzido numa série extremamente reduzida em que em vez de se carregar nos botões tradicionais para o fazer trabalhar, se carrega muito simplesmente no cimo e no fundo do mostrador.
Para além do feliz e merecidamente bem sucedido comentador que consegue fazer do círculo um quadrado, só conheço uma pessoa que mereceria inteiramente possuir uma jóia destas que é o meu amigo JPF.
Aqui fica a imagem daquilo que estou a descrever, se conseguirem desviar a vista do animal de quatro rodas que está ao lado:



VERDADES DURAS COMO PUNHOS


No passado fim de semana, António Borges deu uma entrevista ao Público onde, a certa altura, disse o seguinte:
"Os factos são o que são. Em 2005, fui ao Congresso do PSD e apresentei uma moção onde me disponibilizei para ajudar o PSD a ter uma oposição mais activa em relação ao Governo. O congresso teve lugar no fim-de -semana e na segunda-feira, logo de manhã, fui chamado ao gabinete do ministro Manuel Pinho que me comunicou que todos os contratos com a Goldman Sachs estavam cancelados a partir daquele momento".
Após estas afirmações, o ainda ministro Manuel Pinho pretendeu desmentir António Borges garantindo que honestamente não se lembra de ter falado com ele.
Dois comentários:
-Em primeiro lugar, quem não quer ser lobo não lhe veste a pele. No momento em que António Borges devia ter assumido a sua candidatura não teve coragem para o fazer; se o tivesse feito, mesmo perdendo, estaria hoje numa posição completamente diferente perante os militantes do PSD que, embora tendo muitos defeitos, apreciam sobretudo quem tem coragem para ir à luta. Com isto não quero dizer que não tem hipóteses: tem apenas que sair da redoma intelectual e ir à luta pura e dura dos argumentos políticos, para além da técnica.
- Em segundo lugar, a actuação do ministro Manuel Pinho que politicamente não é ninguém, é bem a imagem dos dias de hoje, em que um Estado cada vez mais omnipresente põe e dispõe na área económica. Em vez de colocar a economia em cima e apoiar as pequenas e médias empresas como lhe competia, trata de manipular cada vez mais os grandes negócios em função de objectivos políticos.
Apesar de tudo, António Borges fez muito bem em se afirmar com esta entrevista. É de atitudes destas que o país precisa; de quem seja capaz de apresentar caminhos diferentes e de os sustentar devidamente do ponto de vista técnico.
Doutor António Borges: que não lhe doa a mão e não se fique por Alter do Chão.




A LIBERDADE ESTÁ A PASSAR POR ALI?

Os cubanos foram autorizados a dormir em hotéis até agora reservados a estrangeiros.
Esta pequena manifestação de liberdade dada aos cubanos no seu próprio país será utilizada por muito poucos, dada o baixíssimo nível dos ordenados em Cuba, mas vale pelo significado.
Segue-se à autorização de comprar fornos de microondas, leitores de DVD, computadores e uso de telemóveis por particulares.
É o próprio regime comunista que, na sua fase moribunda, vem confirmar as correntes com que tem limitado a liberdade dos cubanos.

segunda-feira, 31 de março de 2008

ESCOLA SEM EDUCAÇÃO



Após a divulgação do vídeo do sucedido numa aula na Escola Carolina Michaëlis no Porto, reproduzido até à náusea pelas televisões, assistimos agora à reprodução de dezenas de outros, mostrando outras tantas situações semelhantes em salas de aula por todo o país.

Podemos assim concluir que aquele caso não foi isolado, antes um entre tantos, o que dá um novo significado ao sucedido. A publicação daquele vídeo, em si mesma um acto inteiramente condenável, correspondeu ao destapar de uma caixa de Pandora, expondo a toda a sociedade um problema gravíssimo que andava mais ou menos escondido em toda a sua dimensão.

Passados alguns dias, é já possível retirar algumas conclusões, mesmo por um cidadão comum, não especialista em questões educativas, ou violência no meio escolar.

Todos fomos bombardeados com inúmeras análises e teses sobre “indisciplina escolar”, “recuperação da autoridade da escola”, “estatuto do aluno”, “faltas disciplinares”, etc. etc. Foi até possível ouvir justificações da atitude daquela aluna e dos seus colegas, através daquelas análises sociológicas a que já nos vamos habituando, e que dão origem à generalizada desresponsabilização que vai grassando por todo o lado.

As imagens daquele vídeo chocaram-me, no entanto, por algo que não tem sido relevado. Perante a apreensão do seu telemóvel pela professora, a aluna reagiu exactamente da mesma forma que o faria se tivesse sido um colega a tirar-lho. A atitude e a linguagem perante a professora não se distinguem em nada do relacionamento que todos os dias observamos entre jovens daquela idade.

Isto é, para aquela aluna, dentro da sala de aula, a professora está exactamente ao mesmo nível que os seus colegas, não se apercebendo da diferença essencial de papéis entre alunos e professor.

A meu ver, este será o aspecto mais grave de toda esta situação, até por ser o mais difícil de resolver.

As situações pontuais de violência ou indisciplina são ultrapassáveis com recurso ao exercício de autoridade, seja pelos órgãos da escola, seja pelas autoridades judiciárias se a esse ponto for necessário chegar.

Mas a completa falta de formação em termos cívicos patenteadas por aquelas imagens, aquilo a que muitos chamam simplesmente falta de educação, é resultado de muitos anos de abandalhamento e de desistência do papel educador, tanto por muitos pais como por escolas.

Os processos de reformas dos últimos anos também não ajudaram nada ao colocarem nos professores o ónus público da responsabilidade pelo insucesso escolar, retirando-lhes boa parte da respeitabilidade social de que sempre gozaram de forma merecida. Nos últimos tempos os próprios professores também não ajudaram muito, ao adoptarem alguns comportamentos públicos menos próprios da sua condição de educadores, como foi possível ver nas suas últimas manifestações.

Muitos alunos, com deficiente formação de base, digerem esta agitação convencendo-se de que os professores são iguais a eles, não entendendo o erro dessa percepção.

A bem de uma formação educativa completa dos nossos jovens que tão necessária é para o nosso futuro colectivo, espera-se que todos os actores relacionados com estas questões sejam capazes de colocar interesses imediatos de lado e se entendam para inverter o caminho seguido até aqui.

Publicado no Diário de Coimbra em 31 de Março de 2008

domingo, 30 de março de 2008

MUDOU A HORA


Esta noite mudou a hora oficial. Sendo assim, todos nós temos que pegar nos nossos relógios e rodar os ponteiros uma hora para a frente.
Alguns privilegiados, muito poucos, podem fazê-lo observando o mostrador de um dos mais bonitos, sofisticados e mais caros relógios que existem hoje em dia: o DUOMETRE COM CRONÓGRAFO da marca Jaeger-leCoultre

sábado, 29 de março de 2008

GRIEG

Como estamos na Primavera, nada como recordar Grieg e a sua suite Peer Gynt:

ULTRA-LIBERALISMO


Uma das razões apresentadas pelos defensores da proposta de eliminação do divórcio litigioso é a defesa de uma sociedade cada vez mais liberal.
O casamento civil, de forma diferente do casamento religioso -nomeadamente católico- que se considera um sacramento, é um contrato entre duas partes que são os elementos do casal.
Qualquer contrato possui cláusulas de direitos e deveres, bem como de salvaguarda, com vista a obter um equilíbrio das partes que o celebram. Normalmente não é possível a um dos contraentes pura e simplesmente rasgar um contrato que assinou de livre vontade.
Numa casamento existe, por razões sociais que agora não vêem ao caso, uma parte mais frágil, que supostamente é defendida pelo contrato. Todos sabemos que normalmente é a mulher o elo mais fraco. O abandono da sua defesa no contrato de casamento significa portanto uma fragilização da mulher na sociedade de forma objectiva.
Esta nova Esquerda que temos defende uma sociedade cada vez mais liberal através de uma progressiva desregulamentação das relações sociais que é mais ou menos o regresso à selva e que se pode perfeitamente chamar ultra-liberalismo.
É uma situação muito curiosa dos nossos tempos.
Não falta muito para os próceres da Esquerda descobrirem as vantagens da desregulamentação total da economia, usando da mesma argumentação ideológica libertária que agora ouvimos na parte social.
Onde estarão então a Esquerda e a Direita?