segunda-feira, 14 de julho de 2008

INGRID EM LIBERDADE



No passado mês de Abril, escrevi neste espaço sobre a situação trágica de Ingrid Betancourt, refém das FARC desde a data do seu rapto em 2002.
Na altura em que foi raptada pelas FARC, Ingrid Betancourt era candidata às eleições presidenciais do seu país, a Colômbia, que foram ganhas por Álvaro Uribe.
Há poucos dias, Ingrid Betancourt foi libertada com mais 14 reféns, numa operação de resgate levada a cabo pelas forças armadas colombianas, considerada um êxito do presidente Álvaro Uribe, quer pelo resultado, quer pela forma como foi levada a cabo, sem qualquer derramamento de sangue.
Prefiro passar ao lado da triste polémica a que esta libertação deu origem, mesmo no nosso país, onde ainda há quem defenda as FARC de forma cega, não ouvindo sequer os seus camaradas ideológicos Saramago ou Fidel Castro.
Também não vale a pena perder muito tempo com a reacção de Hugo Chávez, bem demonstrativa da utilização oportunista que ele fazia da situação de Ingrid Betancourt. O rapto permitia a sua autopromoção, e um aumento das vantagens internacionais para o seu regime. Também neste caso houve silêncios por parte dos “compagnons de route” de Chavez nacionais, que todavia soaram bem mais alto do que muitas gritarias.
O mais importante de toda esta situação é que Ingrid Betancourt está finalmente em liberdade. Como nunca foi uma mulher que se calasse, não será de esperar que se resigne a deixar de tentar influenciar o destino do seu país. O seu regresso será também político.
Álvaro Uribe, após a sua eleição como presidente em 2002, transformou um país que era “terra sem lei” num estado democrático. Esta transformação passou também pela regularização da autoridade estatal. Para tanto foi crucial o desarmamento de muitos grupos paramilitares direitistas que existiam na Colômbia e que, juntamente com as FARC, impunham um permanente estado de guerra civil.
Em simultâneo, perseguiu as FARC a quem infligiu pesadas derrotas, sendo a operação que resultou na libertação de Ingrid Betancourt é um evidente exemplo.
Em resultado destas acções, a Colômbia entrou num caminho de prosperidade económica, sendo um país bem mais seguro do que antes.
No entanto, Álvaro Uribe está no seu segundo mandato presidencial, que só foi conseguido através de uma decisão nesse sentido do Congresso, com posterior ratificação do Supremo Tribunal. Isto é, tem feito um bom trabalho, mas com uma legitimidade no mínimo discutível.
Para já, dele se espera que seja capaz de evitar o caminho de tentar forçar um terceiro mandato através de vias referendárias ou outras de má tradição na América Latina, seguindo exemplos actuais como Hugo Chávez na Venezuela ou Alberto Fujimori no Peru.
É neste contexto que se espera que a nova situação de Ingrid Betancourt venha a abrir novas possibilidades para a Colômbia, curiosamente em consequência de uma acção do próprio Álvaro Uribe.

Publicado no Diário de Coimbra em 14 de Julho de 2008

domingo, 13 de julho de 2008

FOZ COA

Com o petróleo a chegar aos 200 dolares, é preciso dizer:
AS GRAVURAS SABEM NADAR.
Barragem de Foz Coa: construam-me, porra!

FRANK e JOBIM

Quando Frank Sinatra e António Carlos Jobim se econtraram, gravaram e legaram-nos esta notável interpretação da Garota de Ipanema muito jazzy:



Tenham um bom Domingo, se possível na praia.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

ROBIN HOOD

Numa altura em que se discutia a necessidade ou possibilidade de descida do Imposto sobre Produtos Petrolíferos, eis que da cartola da imaginação política sai mais um imposto: o Imposto Bobin dos Bosques. O Governo entendeu por bem inspirar-se no Sr. Berlusconi e deu numa de "tirar aos ricos para dar aos pobres".
Parece que a ideia é "sacar" às malvadas petrolíferas um quarto dos lucros indevidos que possam vir a ter com a gestão de stocks e subidas acentuadas do preço do crude entre os momentos da compra e da utilização da matéria prima: a tal especulação.
Das duas uma: ou se trata apenas de uma antecipação do imposto sobre os resultados das empresas, ou efectivamente o Governo acaba por ir aos bolsos dos accionistas da petrolíferas.
Espero sinceramente que se verifique a primeira hipótese, porque no caso da segunda já se sabe muito bem quem vai pagar o aumento de impostos: todos nós que temos que abastecer os depósitos das nossas viaturas com os combustíveis sobre cujos preços se vai repercutir o novo imposto e que disto não haja qualquer dúvida.
O que me fez mais impressão nem foi o Governo arranjar mais umas receitas de impostos. O que verdadeiramente me impressionou foi que nem um Deputado denunciasse mais este aumento de impostos.

OBRIGADO

Carros eléctricos:

TRINTA POR CENTO VEZES ZERO É IGUAL A ZERO

Veja aqui e aqui

Será que nem no Governo nem na Oposição há alguém acordado?

terça-feira, 8 de julho de 2008

QUESTÕES DO MUNDO DE HOJE


A capa do Economist (link em baixo à direita) desta semana é um autêntico quebra-cabeças das questões do nosso mundo de hoje.
O desafio é descobrir as referências de pelo menos 50% das legendas da Torre de Babel.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

CULTURA VIVA



Como todos os conimbricenses sabem muito bem, a nossa Cidade tem historicamente uma relação algo tensa com a Cultura.
Por um lado, à sombra da Universidade e do seu conhecimento, muita gente acha que só por isso Coimbra é automaticamente uma cidade de Cultura. E paralelamente desdenha-se muito facilmente das manifestações culturais mais ligadas às raízes populares.
Por outro lado, acções culturais de carácter digamos assim um pouco mais elitista por obrigarem a alguma formação cultural para a sua fruição plena ficam por vezes às moscas, incluindo as cadeiras reservadas às “entidades oficiais” e convidados institucionais.
São reflexos da velha cidade de “doutores”e “futricas” que infelizmente ainda se vão por vezes manifestando.
Contra este velho e ultrapassado maniqueísmo da nossa cidade foi dado há poucas semanas um passo significativo, pelo que tenho todo o gosto em salientá-lo nestas minhas breves linhas semanais.
De facto, esse é um dos significados do Protocolo de cedência do Pavilhão de Portugal à Orquestra Clássica do Centro.
A música, nomeadamente a dita clássica, é uma das expressões culturais que mais elevam o génio humano e que de forma mais eficaz contribuem para aproximar pessoas de diferentes condições e origens.
A existência da Orquestra Clássica do Centro em Coimbra é importantíssima para colocar o nível cultural da Cidade num patamar superior e para cortar transversalmente as velhas estratificações que referi acima. É igualmente fundamental para ajudar a criar uma cultura musical na juventude da nossa terra onde a construção de um Conservatório tem encontrado tantas dificuldades.
Muitas cidades da Europa e do resto do mundo se têm afirmado a nível internacional pelas suas orquestras e pela promoção dos mais variados festivais musicais. Para que isso aconteça é necessário preparar bases que não podem deixar de passar pela existência de muitos e bons músicos e de um ambiente cultural propício.
A entrega do Pavilhão de Portugal à Orquestra Clássica do Centro pela Câmara Municipal é um passo nessa direcção pelo que não pode deixar de se salientar e aplaudir. É a manifestação do cuidado colocado pela actual Câmara na promoção da Cultura, numa das áreas que reconhecidamente mais pode beneficiar as populações a longo prazo, em especial as camadas jovens.
Os programas já apresentados pela OCC para os próximos meses, aproveitando a estrutura física que agora lhe foi entregue são a demonstração daquilo que acima escrevi.
Faço votos para que o verdadeiro herói da divulgação da cultura musical que é o Maestro Virgílio Caseiro bem como a Dra. Emília Martins sejam bem sucedidos nesta nova fase da “sua” Orquestra e que a Cidade e toda a Região Centro venham a reconhecer o seu trabalho, fornecendo muitos e assíduos espectadores para os espectáculos e restantes iniciativas que vão acontecer (ver aqui).

Publicado no Diário de Coimbra em 7 de Julho de 2008

sábado, 5 de julho de 2008

INTERLÚDIO

Porque há coisas muito mais importantes, este site vai estar em baixa intensidade durante cerca de uma semana.