sábado, 21 de março de 2009

PONTO VERNAL

O equinócio da primavera que marca o momento em que no hemisfério norte os dias passam a ser maiores que as noites e é desde sempre, um momento importante na vida dos homens. Hoje em dia, em que a artificialidade da nossa civilização conseguiu anular as dificuldades da natureza e tornar todo o ano confortável, já pouca gente liga a este dia.
Nos tempos do império romano, o ano começava mesmo por esta altura, em 1 de Março. As festas de Ano Novo eram conhecidas como as "marças", altura em que havia grandes festejos populares e se renovava o fogo sagrado do altar de Vesta, como preparação do equinócio da Primavera. Em 153 antes de Cristo, o início do ano passou para o dia 1 de Janeiro, basicamente por razões burocráticas da organização do império romano, assim se mantendo até hoje.
Como curiosidade, refira-se que há quem diga que a maçonaria ainda hoje mantém o dia 1 de Março como data de início do ano maçónico, mas não posso garantir, por ser sociedade ainda hoje um tanto secreta, ou "discreta" como às vezes se diz.
De qualquer forma, trata-se de convenções.
O que não é convenção é a efeméride astronómica do equinócio da primavera que traduz um dos dois momentos em que a eclíptica se cruza com o equador celeste.
No nosso hemisfério norte, o Sol passa nesta altura a estar acima do equador celeste. Essa intersecção chama-se em astronomia ponto vernal e é a origem das coordenadas que determinam a localização de todos os astros (ascenção recta e declinação), sendo por isso o ponto mais importante de todos em astronomia.
Não se pense que é um ponto fixo. De facto, devido à precessão dos equinócios, vai avançando sobre o equador celeste, tal como um prato vai rodando sobre a mesa. Quando foi definido, chamou-se ponto de Áries porque nessa altura estava nessa constelação; por causa da precessão, encontra-se hoje em Peixes (o que aliás baralha toda a historieta dos astrólogos).
Espero que toda esta conversa sirva para suscitar curiosidade pelo conhecimento da Astronomia, que é uma ciência bem interessante e passível de conhecimento a diversos níveis, sempre interessantes.
Aqui fica um esquema onde aparecem as coordenadas referidas:


quarta-feira, 18 de março de 2009

THE ENTREPRENEURIAL SOCIETY

A última ECONOMIST (abrir em baixo, à direita) dedica um "relatório especial" ao empreendedorismo, a ler e estudar bem.
Para abrir o apetite, e com a devida vénia, aqui fica o último artigo do relatório com sublinhados em bold meus, que dá o título a este post (e que mistura empreendedorismo com neurónios, não dando para traduzir):

THE ENTREPRENEURIAL SOCIETY
Mar 12th 2009


Better, on the whole, than managed capitalism

THE rise of the entrepreneur, which has been gathering speed over the
past 30 years, is not just about economics. It also reflects profound
changes in attitudes to everything from individual careers to the
social contract. It signals the birth of an entrepreneurial society.

How can policymakers adjust to this change? The first thing they need
to do is shed some common misconceptions about the meaning of
entrepreneurial capitalism. In any discussion of entrepreneurship, the
phrase most frequently invoked is Schumpeter's "creative destruction".
That can be unhelpful, implying that "destruction" and "creation" carry
equal weight and that mankind will be in for a rough time in perpetuity.

Columbia University's Mr Bhide points out that a great deal of creation
is of the non-destructive variety. Rather than displacing existing
products and services, many innovations promote and satisfy new
demands. William Nordhaus, an economist at Yale University, points out
that about 70% of the goods and services consumed in 1991 bore little
relationship to those consumed 100 years earlier. There are worlds of
non-destructive creation yet to be conquered--new cures for diseases,
say, or innovations that will improve the life of elderly people. And
even when the creation does involve some destruction, there is usually
not a lot of it. Most innovations increase productivity and improve the
general standard of living.

IT'S FINE TO BE BRILLIANT
Entrepreneurialism promotes individual creativity as well as economic
dynamism. One of the most chilling chapters in William Whyte's "The
Organisation Man" (1956), a study of corporate America at the height of
managed capitalism, was entitled "The Fight Against Genius". The
thinking at the time was that well-rounded team players would be more
valuable than brilliant men, "and a very brilliant man would probably
be disruptive." Entrepreneurial capitalism has brought the
rehabilitation of the "very brilliant man".

Entrepreneurial capitalism is not as disruptive as many of its
friends--and most of its enemies--imagine. It produces a bigger pie and
allows more people to exercise their creative talents. But it is
disruptive nonetheless. It increases the rate at which companies are
born and die and forces workers to move from one job to another.
Policymakers have to find the right balance between flexibility and
security.

The most urgent need for reform is in continental Europe. Policymakers
in the larger European economies need to learn from the Scandinavian
countries that it is possible to have a safety net without clogging up
the labour market. If people are hard to sack, start-ups find it more
difficult to get off the ground. And high unemployment rates discourage
people from branching out on their own because they might not find
another job if they fail.

America suffers from serious rigidities of its own. The mobility of
American workers is severely restricted by the country's reliance on
employer-provided health insurance, a relic of the second world war.
New firms often have to pay more for their health care because they
have smaller "risk pools" than larger companies. America's health-care
system is bad at controlling costs, imposing a heavy burden on the
whole economy, particularly the newest and most fragile firms.

"Every generation needs a new revolution," Thomas Jefferson wrote
towards the end of his illustrious life. The revolution for the current
generation is the entrepreneurial one. This has spread around the
world, from America and Britain to other countries and from the private
sector to the public one. It is bringing a great deal of disruption in
its wake that is being exaggerated by the current downturn. But it is
doing something remarkable: applying more brainpower, in more countries
and in more creative ways, to raising productivity and solving social
problems. The "gale" that Schumpeter celebrated is blowing us, a little
roughly, into a better place.

terça-feira, 17 de março de 2009

PERGUNTAR NÃO OFENDE

Porque é que duas crianças acidentadas (ver aqui) levadas para o S. João no Porto, foram depois transferidas para o S. José, em Lisboa?
Segunda pergunta: ninguém acha isso estranho?

segunda-feira, 16 de março de 2009

CAIS (de partida)



A turbulência do dia-a-dia leva-nos frequentemente a ser cegos para o sofrimento que nos rodeia.

Participamos de vez em quando nesta ou naquela acção caritativa ou apenas de solidariedade, ficando a nossa consciência tranquila, porque supomos que já fizemos a nossa parte. Deixamos de lado o contacto humano, a palavra amiga, porque temos até medo de ouvir as histórias pessoais, preferindo apenas pagar para cumprir a obrigação social. Gostamos muito da Humanidade, mas temos mais problemas em lidar com os homens e mulheres.

Com certeza que todos já passámos por algum vendedor da revista CAIS. Com alguma probabilidade, até já temos o nosso “fornecedor” fixo da revista, como sucede comigo. Desde que trabalho na Baixa, todos os dias encontro o vendedor Giuseppe Cianciola, um italiano que tem sempre uma palavra simpática para todos , nem que seja a comentar o tempo.

Como todas as pessoas que vendem a revista Cais, Giuseppe tem uma história de vida triste que não interessa aqui contar; o que importa é que a vida se encarregou de o trazer de Itália até Coimbra. Por cada revista que vender, 70% do preço de capa - 2€ - ficam para ele, entregando o resto à Associação Cais.

Esta Associação de Solidariedade Social sem fins lucrativos, reconhecida como pessoa de utilidade pública, existe desde 1994. A sua missão é contribuir para o melhoramento global das condições de vida de pessoas sem casa/lar, social e economicamente vulneráveis, em situação de privação, exclusão e risco, designadamente aqueles que são conhecidos como Sem-Abrigo.

Ao aceitarem participar no programa da Cais, aquelas pessoas assumem compromissos de comportamento social, difíceis de cumprir para boa parte dos vendedores. A venda da revista Cais torna-se para eles e elas um ponto de partida, uma resposta de transição para a vida activa. Hoje em dia, podem até ser considerados heróis, pela renúncia a um passado e escolha de uma vida com mais dignidade.

Não se pense que, com todo este contexto, a revista Cais é apenas para comprar e deitar fora. Habitualmente, inclui artigos de grande interesse sobre temáticas sociais, culturais e científicas. Todos os anos promove um concurso nacional de fotografia, que tem desde 2006 o BES como mecenas; em 2008, 870 pessoas concorreram, com trabalhos subordinados ao tema “Sons, Odores e sabores”.

Estimado leitor: da próxima vez que encontrar um vendedor ou vendedora da CAIS, tire-se das suas tamanquinhas, e, além de comprar a revista, aproveite a oportunidade para tentar conhecer melhor o ser humano que lha estende. Será ainda mais compensador.


Publicado no Diário de Coimbra em 16 de Março de 2009

sexta-feira, 13 de março de 2009

Morte de um jornalista

Morreu o jornalista João Mesquita. Só o conhecia como profissional desde que há uns anos me fez uma entrevista. Foi meticuloso, profissional e inteiramente verdadeiro no trabalho que fez, mesmo no que não me deu jeito. Fiquei a admirá-lo.
Entretanto, face às dificuldades profissionais por que passou, concordo bastante com este texto, o que lamento.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Banca é O problema


O ex-ministro das Finanças Campos e Cunha foi à televisão explicar por que a resolução da actual crise passa pela banca e não por apoios directos à economia dita real, que equivale a ir atirando dinheiro para cima dos problemas que não desaparecem por isso, sendo apenas adiados. Fê-lo em termos teóricos e também através da apresentação do caso concreto do Japão que andou mais de dez anos em crise profunda de quase depressão, incluindo mesmo deflação, até o Governo se ter decidido a entrar decisivamente na reforma do negócio bancário.

quarta-feira, 11 de março de 2009

CRISE E ESPERANÇA


Foi ontem apresentado em Coimbra o novo livro do Padre jesuíta Vasco Pinto de Magalhães, editado pela Tenacitas: "ONDE HÁ CRISE HÁ ESPERANÇA".
A apresentação esteve a cargo da Cristina Carrington que se saiu excepcionalmente bem da tarefa.
O livro contem um pensamento para cada dia do ano.
O de hoje, 11 de Março, por exemplo, é o seguinte:

"Sentir-se bem não é o mesmo que estar bem! Pode haver bem-estar sem haver paz interior, profunda. Esta depende mais de viver com sentido, de forma construtiva e virada para os outros, do que não ter problemas ou de ter vida fácil. Há o perigo de procurar soluções de superfície que duram um tempo efémero e depois desses momentos ficar pior. Há que pôr-se a caminho, acertando as prioridades, os valores e os compromissos. Daí vem a paz, mesmo na adversidade."

Gostou? Então vá a correr comprar o livro, porque é todo neste estilo e com esta profundidade de análise do quotidiano.

"NÃO": Procura-se


A edição de hoje do jornal "As Beiras" tem um título em grandes parangonas: "Clube dá cartão vermelho a Pedro Vaz Serra".
Chamada assim a atenção, o leitor vai à notícia no interior, onde se lê:
"Recusando tratar-se de um cartão vermelho aos nomes integrados na lista de Pedro Vaz Serra, que lhes merecem todo o apreço e consideração.....". A notícia prossegue depois com críticas à lista de Pedro Vaz Serra (à qual pertenço) por parte de alguns sócios do Clube de Empresários.
Entre quem ler a notícia e quem ler apenas o título da 1ª página, por exemplo quem passa na rua e vê os títulos dos jornais, e quem ler a notícia, a percepção do assunto será, pois, completamente diversa.
No título de capa falta um "não" que não se sabe se está enterrado em Taveiro ou foi dar uma volta a Leiria.