segunda-feira, 22 de junho de 2009

O FUTURO DA ECONOMIA DE COIMBRA

Como escrevi neste espaço na semana passada, a competição entre as cidades é hoje muito importante. O aprofundamento da integração no espaço comunitário leva a que a identificação das populações se faça cada vez mais com as cidades em que residem e trabalham. Daí a grande importância da identidade, que se relaciona com a História cultural das cidades e com a sua afirmação económica.
Nas últimas duas ou três décadas do século passado, Coimbra viu desaparecer grande parte do seu tecido industrial. Não vou aqui desenvolver as razões por que tal sucedeu, mas foi um facto, e é hoje irreversível. O importante é perceber as linhas de evolução económica, e ajudar a criar as condições para que a cidade seja mais produtora de riqueza do que consumidora, e se afirme na constelação das cidades.
No decorrer do corrente ano, a ACEGE teve a oportunidade de promover a realização de conferências por responsáveis de empresas e organismos públicos de reconhecido sucesso. Em particular, ouviram-se responsáveis de novas empresas como a Bluepharma, a ISA e a Crioestaminal, que explicaram como montaram projectos empresariais que, com determinação, capacidade técnica e inovação tecnológica, se vieram a afirmar internacionalmente em áreas de grande competitividade. E, como estas, surgiram várias outras, que são exemplos de grande capacidade tecnológica e empresarial como a Critical Software, só para citar a mais conhecida.
Em termos estratégicos de evolução económica, isto significa que Coimbra está a mudar rapidamente, o que exige vontades dotadas de visão, para que a mudança se consolide e se expanda.
A criação de um cluster económico ainda informal na base das tecnologias da informação e da investigação universitária em diversas áreas começa a ser visível em Coimbra, e é necessário que continue a ter apoio.
Ao contrário do que muitas vezes se lê na comunicação social, a Universidade de Coimbra está hoje no patamar superior no que respeita às novas tecnologias, existindo uma forte ligação descomplexada entre a investigação que se pratica nos seus laboratórios e o mundo empresarial.
O Instituto Pedro Nunes tem tido um papel crucial nessa área, com a sua incubadora de novas empresas. O novo parque tecnológico vem criar condições físicas óptimas para a implantação de novas empresas, expansão das existentes e atracção de investimentos externos na área da inovação.
A existência de laboratórios tecnológicos virados para o apoio a actividades económicas – como é o caso do Itecons, que resultou de parcerias entre a Universidade, a economia real e o próprio município – é fundamental. A sua actividade dá solução local a questões técnicas complexas que anteriormente só se podiam resolver em Lisboa ou no Porto, criando valor enquanto desenvolve novas soluções e apoia tecnicamente uma actividade económica importante como é a construção civil.
Muito há ainda a fazer para recuperar a pujança económica que Coimbra teve no passado. Uma coisa é certa, porém: há caminhos já abertos, e a existência de uma nova classe empresarial fortemente ligada à investigação com espírito empreendedor e sucesso na sua actividade é mais uma demonstração do que é Coimbra no seu melhor.

Publicado no Diário de Coimbra em 22 de Junho de 2009

quarta-feira, 17 de junho de 2009

MUDANÇA

Como se sabe, todo o mundo é composto de mudança.
Título do jornal "i" de hoje: PS vai pedir ao PSD proposta de novo nome para provedor de Justiça .
E esta hem?


terça-feira, 16 de junho de 2009

Evangelho do Dia

(Mt 5, 43-48) Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A IMPORTÂNCIA DAS CIDADES



Pensar estruturadamente as estratégias de desenvolvimento do país não é tarefa fácil, mas é essencial para se encontrarem saídas para a situação complicada em que nos encontramos. Por isso, não se podem deixar de ter em conta as propostas de quem, possuindo uma competência excepcional, analisa a realidade nacional em profundidade há anos, com acesso a metodologias adequadas e dirigindo equipas pluridisciplinares de grande qualidade.

Refiro-me ao Doutor Ernâni Lopes, que em vários fóruns e publicações tem vindo a propor caminhos e atitudes perante as dificuldades da nossa organização económica, como fez recentemente numa entrevista à revista Visão. Também há alguns meses tivemos a honra de o ouvir em Coimbra num encontro da ACEGE, durante o qual partilhou com os presentes a sua visão do país e os resultados dos trabalhos que vem desenvolvendo, designadamente no âmbito da SaeR.

Não pretendo aqui descrever o estado da nossa economia, que o Doutor Ernâni Lopes classifica de doente, ou as razões deste estado de coisas. Parece-me mais importante apresentar as linhas estratégicas indicadas pelo Doutor Ernâni Lopes para a solução dos nossos problemas, até porque são muito concretas. Em resumo, aponta cinco conjuntos de sectores económicos a desenvolver; são eles: (1) Turismo, (2) Ambiente, (3) Cidades, (4) Serviços de valor acrescentado, (5) Hipercluster da economia do mar.

Destes domínios, destaco um, porque se reveste de um interesse muito particular relacionado com capacidades decisórias locais, que é o das Cidades.

A visão das cidades desenvolvida pelo Doutor Ernâni Lopes tem pouco a ver com a visão tradicional. Isto é, vai muito além da atitude habitual de gerir cidades pelo ordenamento físico do espaço urbano. Como a urbanização das sociedades é crescente, acompanhando a desertificação do interior, as cidades têm um papel cada vez mais importante. A competição entre regiões e mesmo entre países é progressivamente substituída pela competição entre as cidades que concorrem entre si na atracção de recursos. Relembro aqui os critérios “International Forum on Urban Competitiveness”, que aqui apontei há uns meses, e que são: produto total, produto per capita, produto por unidade de área geográfica, produtividade laboral, número de empresas multinacionais instaladas, número de patentes, preços, taxa de crescimento económico e taxa de emprego.

É assim que as cidades passam a ser vistas como produtoras de riqueza e não como simples consumidoras. Essa produção de riqueza faz-se normalmente através de bens e serviços, que deverão garantir o maior valor acrescentado possível.

O papel dos gestores das cidades passa, pois, a ser fundamentalmente o de proporcionar condições vantajosas para os agentes económicos em termos de competitividade externa.