jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
sábado, 28 de fevereiro de 2009
Aprender sempre
Do Evangelho do dia (S. Lucas 5,30-32):
«Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores.»
«Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos que Eu vim chamar ao arrependimento, mas os pecadores.»
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
A TRUTA
Que grandes trutas que eles eram (incluindo a saudosa Jacqueline Du Pré).
Aqui fica o que se chama uma bela schubertiada:
Aqui fica o que se chama uma bela schubertiada:
Peço desculpa
Pedindo desculpa pelo desvio de mau gosto anterior, aqui fica o Izhak Perlman juntamente com o amigo Daniel com algo de construtivo e que prova que a humanidade vale a pena, que é a arte sublime de Mendelssohn:
Respeitosamente
Hoje apeteceu-me ouvir isto, que fica bem de como musica de fundo ao ouvir a proposta "Robin dos Bosques" e que também não vai mal com umas questõezinhas fracturantes.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
DE ESPANHA NEM...(2)
Pelos vistos, não é só por cá que a Justiça anda pelas ruas da amargura. A justiça espanhola também não anda lá essas coisas.
No mesmo dia, a imprensa deu nota dos seguintes casos:
No 1º, um assassino foi absolvido depois de ter morto duas pessoas em Vigo, porque conseguiu convencer os jurados de que os actos que praticou (desferiu um total de 57 facadas nas duas vítimas, 35 num deles e 22 no outro) se deveram a ser assim mesmo, do que não tem culpa, por ser da sua própria natureza.
Já no 2º caso um outro tribunal condenou um mendigo francês a um ano de prisão por ter roubado, com recurso à violência, metade de um pão.
E eu a julgar que estávamos mal.
No mesmo dia, a imprensa deu nota dos seguintes casos:
No 1º, um assassino foi absolvido depois de ter morto duas pessoas em Vigo, porque conseguiu convencer os jurados de que os actos que praticou (desferiu um total de 57 facadas nas duas vítimas, 35 num deles e 22 no outro) se deveram a ser assim mesmo, do que não tem culpa, por ser da sua própria natureza.
Já no 2º caso um outro tribunal condenou um mendigo francês a um ano de prisão por ter roubado, com recurso à violência, metade de um pão.
E eu a julgar que estávamos mal.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
DE ESPANHA NEM...
Pelos vistos o ministro espanhol da Justiça demitiu-se na sequência de um escândalo relacionado com o seu encontro com Baltasar Garzon durante uma caçada. Mariano Fernandez Bermejo encontrou-se com este juiz quando estava em instrução um processo por corrupção que envolve elementos do Partido Popular. Por sua vez o juiz deu entrada num hospital, com stress súbito, vá-se lá saber porquê.
Estes espanhóis ainda estão muito atrasadinhos, coitados. Cá um encontro destes nem seria notícia de jornais, quanto mais escândalo.
Estes espanhóis ainda estão muito atrasadinhos, coitados. Cá um encontro destes nem seria notícia de jornais, quanto mais escândalo.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
PROFS NA RUA, À FORÇA
O Sr. Albino Almeida diligente presidente da CONFAP saudou a divulgação dos dados sobre violência escolar que se traduzem no facto de a PGR ter aberto quase 140 inquéritos-crimes relacionados com essa matéria.
Pelos vistos violentar os professores obrigando-os a participar num cortejo carnavalesco pela rua fora com os alunos quando não têm vontade nem têm qualquer interesse nisso para o seu futuro e o dos alunos faz parte das competências da CONFAP ( e da autarquia e do ME, que ajudaram à festa).
Quando os meus filhos andavam pelas escolas e episodicamente participei nas respectivas associações de pais apercebi-me bem de como estas serviam muitas vezes para:
- tirar vantagens políticas dessa participação, servindo de correias de transmissão dos respectivos partidos;
- defender os seus meninos, quando não eram propriamente meninos de coro;
- trepar nas estruturas das associações de pais.
Claro que isto não se passa com todos, mas que se passa com muitos, isso passa e sei muito bem do que estou a falar.
Absolutamente lamentável, tudo isto, que na verdade não passa de uma intolerável violação dos direitos cívicos dos professores.
Pelos vistos violentar os professores obrigando-os a participar num cortejo carnavalesco pela rua fora com os alunos quando não têm vontade nem têm qualquer interesse nisso para o seu futuro e o dos alunos faz parte das competências da CONFAP ( e da autarquia e do ME, que ajudaram à festa).
Quando os meus filhos andavam pelas escolas e episodicamente participei nas respectivas associações de pais apercebi-me bem de como estas serviam muitas vezes para:
- tirar vantagens políticas dessa participação, servindo de correias de transmissão dos respectivos partidos;
- defender os seus meninos, quando não eram propriamente meninos de coro;
- trepar nas estruturas das associações de pais.
Claro que isto não se passa com todos, mas que se passa com muitos, isso passa e sei muito bem do que estou a falar.
Absolutamente lamentável, tudo isto, que na verdade não passa de uma intolerável violação dos direitos cívicos dos professores.
DIREITAS E ESQUERDAS
Durante os vinte anos que se seguiram ao 25 de Abril, o sistema partidário português manteve-se relativamente estabilizado. Ao centro, respectivamente à Direita e à Esquerda, estavam o PSD e o PS. À direita do PSD existia o CDS e à esquerda do PS posicionava-se o PCP.
A soma dos dois lados ia-se equilibrando, puxando ligeiramente mais para um lado ou para o outro, conforme as circunstâncias e as lideranças do PS e do PSD.
No entanto, no actual quadro de intenções de voto, quando faltam apenas quatro meses para o primeiro dos três actos eleitorais deste ano, os partidos à Esquerda somarão um pouco mais de 60% e os dois partidos à Direita um pouco menos de 40%.
As questões apresentadas para discussão na sociedade são sistematicamente de orientação ideológica de esquerda, nada indicando que o eleitor mediano se aperceba deste condicionamento de agenda. O resultado é o deslizamento para a esquerda patente nas intenções de voto, mesmo quando não há uma identificação com “a esquerda”. Há um desfasamento entre as prioridades ou causas sentidas pelo eleitorado e o panorama partidário, que as transforma em causas de esquerda.
É necessário trazer para o debate público temas que reposicionem o centro do espectro político.
Discutir a introdução do “casamento” dos homossexuais, argumentando com a reposição de direitos de igualdade, na realidade apenas tem como objectivo puxar o debate público para a esquerda. A razão invocada é perigosa, porque vem abrir a porta a muitas outras orientações e eventuais afectos que a nossa moral judaico-cristã expulsou da “normalidade” como sejam o casamento entre primos, entre irmãos ou mesmo a poligamia, entre outros.
As liberdades individuais são diariamente espezinhadas em nome de um suposto melhor funcionamento do Estado, praticamente sem discussão. Exemplos? O cartão único e o chip obrigatório para os automóveis.
A Educação e a Saúde deverão passar a ser centradas nos interesses dos cidadãos, que não deveriam ter de pagar duas vezes para terem liberdade de escolha no projecto educativo dos seus filhos e nos serviços de saúde, respectivamente.
A liberdade económica é seriamente afectada pelos desvios introduzidos por práticas de corrupção, que se traduzem num peso escondido que todos temos que pagar. É necessário introduzir o crime de “enriquecimento súbito e injustificado”, que até hoje não existe no nosso ordenamento penal.
O que nos leva directamente à Justiça. Um sistema judicial que não resolve as questões em tempo útil não serve os cidadãos e não serve a economia, com graves custos para a competitividade.
A sustentabilidade ambiental tem de ser intransigentemente defendida. A conservação daquilo que nos foi legado para entregarmos aos nossos descendentes não pode estar à mercê de pretensos “desenvolvimentos económicos” que à sombra de PIN´s e desculpas parecidas destroem o que temos de melhor e mais valioso, que é o ambiente.
Como se vê, exemplos de temas que nos interessam a todos, fora do condicionamento fracturante e mesmo para além da crise, não faltam. Venham eles, que os portugueses agradecerão, com consequências evidentes nos resultados eleitorais.
Publicado no Diário de Coimbra em 23 de Fevereiro de 2009
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Mais conhecidos que Jesus Cristo
Volta não volta aparecem uns cromos que são considerados mais conhecidos que Jesus Cristo. Aqui há umas dezenas de anos, foi John Lennon que descobriu que os Beatles já eram mais conhecidos que Jesus Cristo. Logo de seguida foi o que se sabe.
Aparece agora uma notícia que dá Barack Obama como tendo destronado Jesus Cristo na lista de heróis mais admirados pelos norte-americanos. Saliente-se que isto sucede antes mesmo de Obama mostrar qualquer resultado, porque só agora está a começar a sua presidência.
Costumo dizer que admito tudo, menos fanáticos. Aqui aplica-se em cheio.
Aparece agora uma notícia que dá Barack Obama como tendo destronado Jesus Cristo na lista de heróis mais admirados pelos norte-americanos. Saliente-se que isto sucede antes mesmo de Obama mostrar qualquer resultado, porque só agora está a começar a sua presidência.
Costumo dizer que admito tudo, menos fanáticos. Aqui aplica-se em cheio.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Isto é uma vergonha nacional.
Parte de um ofício enviado pela Directora Regional de Educação do Norte a uma Escola, logicamente afixado na Escola e lido por professores e alunos:
"Sendo certo que muitos docentes não se aceitam o uso dos alunos nesta atitude inaceitável, acompanharemos de muito perto a defesa do bom nome da escola, dos professores, dos alunos e de toda uma população que muito tem orgulhado o nosso país pela valorização que à escola tem dado."
Nem se consegue perceber o sentido. A autora do texto é responsável por uma estrutura importantíssima do Ministério da Educação. Repito: da Educação.
Com maus exemplos como este, não há educação possível.
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Medidas para a crise I
O PSD apresentou uma proposta de medidas para enfrentar a crise, que me parecem acertadas.
Aqui ficam algumas :
Garantir o pagamento das dívidas do Estado às PME.
Criar uma conta corrente entre o Estado e as empresas.
Alterar o regime de pagamento do IVA.
Alterar o regime de reembolso do IVA.
Extinguir o pagamento especial por conta.
Dar orientação à CGD para reforçar a sua actuação no financiamento das PME exportadoras.
Dinamizar o capital de risco para as PME exportadoras.
A alternativa apresentada para apoiar as empresas é claramente melhor que fazer empréstimos que irão aumentar o endividamento das mesmas.
Aqui ficam algumas :
Garantir o pagamento das dívidas do Estado às PME.
Criar uma conta corrente entre o Estado e as empresas.
Alterar o regime de pagamento do IVA.
Alterar o regime de reembolso do IVA.
Extinguir o pagamento especial por conta.
Dar orientação à CGD para reforçar a sua actuação no financiamento das PME exportadoras.
Dinamizar o capital de risco para as PME exportadoras.
A alternativa apresentada para apoiar as empresas é claramente melhor que fazer empréstimos que irão aumentar o endividamento das mesmas.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
DIFERENÇA ESSENCIAL
Antes desta, todas as outras crises tiveram uma característica que diferenciava Portugal dos outros países. Em Portugal, a crise chegava depois dos outros países e era mitigada. Claro que a saída da crise se dava entre nós mais tarde e também mais fraquinha. Isto é, havia uma resiliência própria da nossa economia.
Desta vez, tudo mudou. A crise chegou até nós de forma instantânea e somos o terceiro país da UE onde ela é mais grave. Há aqui muito a estudar e a perceber. Esperemos ao menos que a saída da crise seja igualmente rápida e com grande velocidade de recuperação.
Desta vez, tudo mudou. A crise chegou até nós de forma instantânea e somos o terceiro país da UE onde ela é mais grave. Há aqui muito a estudar e a perceber. Esperemos ao menos que a saída da crise seja igualmente rápida e com grande velocidade de recuperação.
ACEGE EM COIMBRA
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
CANNABIS
O governo britânico lançou uma campanha de alerta sobre os riscos do consumo de cannabis, chamando a atenção para a relação entre cannabis e doenças mentais.
Segundo o ministro da Saúde Pública britânico,“os jovens precisam de saber que a cannabis não é uma droga leve. Precisam de estar conscientes dos riscos que correm”.
O governo britânico alterou a classificação da cannabis, podendo os utilizadores enfrentar cinco anos de cadeia e os fornecedores ser condenados a penas até 14 anos.
Cá em Portugal, a despenalização do consumo e as regras para determinar quem é consumidor e quem é traficante deram na autêntica tragédia que se vê nas nossas ruas. Quem quiser saber como é que vá à Baixa de Coimbra a partir das 7 da tarde (só aconselho a não levar valores).
ACEGE em Lisboa
“A Competitividade entre os Blocos Económicos”
Prof. Doutor Jorge Vasconcellos e Sá
18 de Fevereiro (Quarta-feira) na Rua dos Douradores 57 – 12.30h
Caros Amigos,
Venho convidá-los para mais um almoço inserido no nosso ciclo de debates que terá lugar dia 18 de Fevereiro, dando continuidade à reflexão sobre o tema “Valores e desafios para um novo Paradigma na Gestão”.
O nosso convidado desta vez é o Prof. Doutor Jorge Vasconcellos e Sá, Professor Catedrático de Economia e que nos vem falar sobre a “A Competitividade entre os Blocos Económicos”.
Com a sua experiência e saber, estamos certos que o tema nos ajudará na nossa reflexão sobretudo pela introdução de dados que nos permitirão avaliar de forma mais sustentada as realidades económicas da Europa e dos Estados Unidos, bem como da realidade de Portugal no contexto destes dois blocos económicos. Será, temos a certeza, um encontro estimulante e enriquecedor para todos aqueles que nele queiram participar. Aceitaremos as inscrições por ordem de recepção dando prioridade aos associados até dia 16. A partir do dia 17 abriremos as inscrições a não associados.
O almoço terá lugar como habitualmente às 13 horas, na Rua dos Douradores nº 57.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
CONHECER A CRISE
A crise que presentemente assola as economias de todo o mundo apresenta-se com várias facetas que a tornam única, e muito difícil de enfrentar.
Desde logo, duas características a distinguem:
- a escassez de crédito financeiro e
- a retracção no consumo.
A escassez de crédito financeiro ocorreu como consequência directa da “loucura” que varreu a banca de investimento, criando uma bolha especulativa. Esta, ao esvaziar-se, deixou activos nos balanços dos bancos comerciais que não valem, nem de perto nem de longe, os valores por que foram comprados: são os chamados activos tóxicos. Em consequência, os bancos têm muita dificuldade em emprestar dinheiro entre si e em financiar-se para garantir dinheiro para novos projectos, seja de empresas, seja de particulares. Praticamente todos os países têm ensaiado soluções em resposta, que passam por prestar garantias do Estado aos bancos, ou mesmo por nacionalizações pontuais. Até agora, estas acções não têm conseguido os resultados pretendidos, porque os “activos tóxicos” permanecem nos balanços, continuando a contaminar as contas. Fala-se agora em criar “bancos negros” para depositar esses activos, e assim limpar os balanços dos bancos. Como é evidente, não se encontram interessados para pagar essa conta, que mais cedo ou mais tarde iria cair nos Estados, e desta forma ser indirectamente paga pelos impostos dos contribuintes.
O outro aspecto desta crise, que ocorre em simultâneo com o anterior, tem a ver com o retraimento do consumo, que se verifica em todo o mundo. Em parte pelo medo do desemprego, em parte por pura reacção face às más notícias, o consumo caiu a pique por todo o mundo. Muitas fábricas viram a sua procura diminuir drasticamente, sendo levadas à falência ou diminuição da produção. O efeito de bola de neve é óbvio: provocam subidas trágicas do desemprego, e este retrai ainda mais o consumo já diminuído. Para além de um acréscimo nas prestações sociais, os Estados vêem-se na necessidade de apoiar activamente o emprego, através de apoios às empresas e de planos de obras públicas. Não é fácil a decisão, porém: tudo isto tem de ser bem pensado, para evitar que essa despesa pública venha a ser um entrave à recuperação económica, quando a crise passar. Para usar a expressão inglesa, convém não deitar fora o bebé, juntamente com a água do banho.
Para além da sua globalidade, é a conjugação destes aspectos que dá à actual situação uma gravidade excepcional e atrasa a recuperação. É urgente que, perante estas dificuldades extremas, seja possível encontrar uma base mínima de entendimento entre os responsáveis que partilham os mesmos valores de sociedade. De facto, embora como sempre embrulhadas nas melhores intenções, já se perfilam no horizonte as “soluções mágicas” que a História do século XX mostrou serem a porta para as maiores desgraças da Humanidade.
Publicado no Diário de Coimbra em 16 de Fevereiro de 2009
domingo, 15 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
O TERRÍVEL ERRO ESTRATÉGICO
O título é tirado do artigo de João César das Neves publicado hoje no Diário de Notícias.
Basicamente o grande erro é a aposta nas obras públicas para enfrentar a crise.
Recomendo vivamente a leitura do artigo, que termina assim:
"Em momento de crise financeira seria tolice preocupar-se com o equilíbrio das contas. Esta é a altura de o Estado se endividar, como todos os parceiros fazem e o permite o Pacto de Estabilidade. Mas com a sua abordagem o Governo não cria apenas um défice conjuntural. Ao privilegiar as obras de longo prazo, em vez de descer impostos ou dar subsídios, Sócrates compromete a solidez estrutural das contas públicas. Após a crise, o próximo primeiro-ministro, quem quer que seja, repetirá o que o actual Governo teve de dizer em 2005 sobre austeridade. O erro de Sócrates é o mesmo de Guterres: bloquear com dívidas o próximo surto de crescimento económico."
Basicamente o grande erro é a aposta nas obras públicas para enfrentar a crise.
Recomendo vivamente a leitura do artigo, que termina assim:
"Em momento de crise financeira seria tolice preocupar-se com o equilíbrio das contas. Esta é a altura de o Estado se endividar, como todos os parceiros fazem e o permite o Pacto de Estabilidade. Mas com a sua abordagem o Governo não cria apenas um défice conjuntural. Ao privilegiar as obras de longo prazo, em vez de descer impostos ou dar subsídios, Sócrates compromete a solidez estrutural das contas públicas. Após a crise, o próximo primeiro-ministro, quem quer que seja, repetirá o que o actual Governo teve de dizer em 2005 sobre austeridade. O erro de Sócrates é o mesmo de Guterres: bloquear com dívidas o próximo surto de crescimento económico."
(In)dependências
O facto de Portugal ser membro de pleno direito da União Europeia não nos deve fazer esquecer que somos igualmente um país com uma longa História de independência política, e que o primeiro dever dos nossos responsáveis é para com os portugueses.
As políticas comunitárias são, em teoria, boas para a Comunidade, o que não significa que sejam todas vantajosas para nós. Por isso mesmo, não podemos prescindir de duas coisas: em primeiro lugar, garantir que as políticas comunitárias sectoriais não nos prejudicam; em segundo lugar, evitar que as políticas internas não secundarizem o nosso próprio desenvolvimento económico relativamente à UE.
Olhando para os sectores agrícola e pecuário, é evidente que a taxa de cobertura das nossas necessidades é cada vez menor, contribuindo este sector de forma pesada para o défice das nossas contas externas. A diferença entre o que importamos e o que exportamos, em termos de alimentos e bebidas (incluindo carne, peixe, leite, ovos e mel), atingiu nos primeiros dez meses de 2008 o valor de 4.487 milhões de euros. No mesmo período, o défice total das nossas contas externas atingiu o montante de 13.900 milhões de euros; a parte referente aos alimentos absorve uma parcela de 32% daquele défice. Até nas pescas, sector em que tradicionalmente produzíamos o que necessitávamos e ainda conseguíamos exportar, se verificou naquele período um défice de 714 milhões de euros, o que diz bem das consequências do abate da nossa frota pesqueira, promovido e pago pela União.
Isto é, aquilo que todos vemos ao percorrer o país, o progressivo abandono do interior e das terras de agricultura, tem consequências terríveis em termos da nossa sustentabilidade económica. Claro que se olharmos para a Europa, só a Alemanha e a Polónia produzem o suficiente para alimentar todos os países da União. Compreende-se bem que estes países façam os possíveis para proteger a sua produção, baixando as quotas dos restantes. Nós é que não podemos deixar-nos ir nessa cantiga, devendo, isso sim, proteger o mais possível a nossa auto-sustentação em termos alimentares.
Acresce que o abandono das terras tem graves implicações na falta de equilíbrio da ocupação do território, com um crescimento exagerado das áreas metropolitanas, particularmente de Lisboa, e da desestruturação social inerente.
Está à vista de todos o resultado de mais de 20 anos de aceitação de subsídios europeus que se traduziram na destruição da nossa agricultura e da frota pesqueira. Tendo nós a maior ZEE da Europa, temos hoje em dia que importar a maior parte do peixe que consumimos, o que não deixa de ser espantoso.
Pugnar pela maior auto suficiência possível em termos alimentares, não é sinónimo de patriotismo serôdio ou de anti-europeísmo, mas de pura sensatez perante a possibilidade de crises como a que actualmente atravessamos.
Para além das discussões sobre a distribuição de verbas comunitárias, importa definir uma estratégia clara de recuperação da capacidade de produção agrícola e pecuária que nos permita obter um grau de independência mínimo.
Publicado no Diário de Coimbra em 9 de Fevereiro de 2009
As políticas comunitárias são, em teoria, boas para a Comunidade, o que não significa que sejam todas vantajosas para nós. Por isso mesmo, não podemos prescindir de duas coisas: em primeiro lugar, garantir que as políticas comunitárias sectoriais não nos prejudicam; em segundo lugar, evitar que as políticas internas não secundarizem o nosso próprio desenvolvimento económico relativamente à UE.
Olhando para os sectores agrícola e pecuário, é evidente que a taxa de cobertura das nossas necessidades é cada vez menor, contribuindo este sector de forma pesada para o défice das nossas contas externas. A diferença entre o que importamos e o que exportamos, em termos de alimentos e bebidas (incluindo carne, peixe, leite, ovos e mel), atingiu nos primeiros dez meses de 2008 o valor de 4.487 milhões de euros. No mesmo período, o défice total das nossas contas externas atingiu o montante de 13.900 milhões de euros; a parte referente aos alimentos absorve uma parcela de 32% daquele défice. Até nas pescas, sector em que tradicionalmente produzíamos o que necessitávamos e ainda conseguíamos exportar, se verificou naquele período um défice de 714 milhões de euros, o que diz bem das consequências do abate da nossa frota pesqueira, promovido e pago pela União.
Isto é, aquilo que todos vemos ao percorrer o país, o progressivo abandono do interior e das terras de agricultura, tem consequências terríveis em termos da nossa sustentabilidade económica. Claro que se olharmos para a Europa, só a Alemanha e a Polónia produzem o suficiente para alimentar todos os países da União. Compreende-se bem que estes países façam os possíveis para proteger a sua produção, baixando as quotas dos restantes. Nós é que não podemos deixar-nos ir nessa cantiga, devendo, isso sim, proteger o mais possível a nossa auto-sustentação em termos alimentares.
Acresce que o abandono das terras tem graves implicações na falta de equilíbrio da ocupação do território, com um crescimento exagerado das áreas metropolitanas, particularmente de Lisboa, e da desestruturação social inerente.
Está à vista de todos o resultado de mais de 20 anos de aceitação de subsídios europeus que se traduziram na destruição da nossa agricultura e da frota pesqueira. Tendo nós a maior ZEE da Europa, temos hoje em dia que importar a maior parte do peixe que consumimos, o que não deixa de ser espantoso.
Pugnar pela maior auto suficiência possível em termos alimentares, não é sinónimo de patriotismo serôdio ou de anti-europeísmo, mas de pura sensatez perante a possibilidade de crises como a que actualmente atravessamos.
Para além das discussões sobre a distribuição de verbas comunitárias, importa definir uma estratégia clara de recuperação da capacidade de produção agrícola e pecuária que nos permita obter um grau de independência mínimo.
Publicado no Diário de Coimbra em 9 de Fevereiro de 2009
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Baixa
sábado, 7 de fevereiro de 2009
GOULD E BACH
Bom fim de semana.
Para tal, nada melhor que descansar e ouvir isto:
(Concerto brandeburguês nº 5)
Para tal, nada melhor que descansar e ouvir isto:
(Concerto brandeburguês nº 5)
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
A PORSCHE COMPROU A VOLKSWAGEN
É uma daquelas coisas quase impossíveis de imaginar. Uma marca de automóveis desportivos e exclusivos que produz uns meros 100.000 automóveis por ano compra o maior fabricante de automóveis da Alemanha, tendo adquirido acções que representam mais de 50% do capital e garantido opção de 74%. Como diz a FORTUNE deste mês,David compra Golias.
Para tornar tudo ainda mais interessante, em 1992 a Porsche caminhava a passos largos para o abismo.
Hoje em dia, consegue ganhar uma média de 14.000 dolares por cada carro que vende e está sentada em cima de 20.000 milhões de dólares, que é mais do que o Estado americano está a injectar na GM, Ford e Chrysler juntas, para as salvar. Não posso deixar de comentar que o Estado português, sem mexer uma palha para o fabricar, ganha muito mais por cada Porsche vendido em Portugal que o próprio fabricante.
Tudo isto foi possível graças à acção do presidente da empresa que entrou em 1992 e deu a volta à situação, tendo transformado uma fabrica tradicional a perder qualidade numa sofisticada empresa ultra moderna e com a qualidade máxima do mundo automóvel, ainda por cima dando muito lucro, como se vê. Ao lado, apostou num "hedge fund" bem controlado que lhe permitiu chegar a um ponto em que as venda dos carros representam apenas 12% dos lucros da Porsche.
Notável. Claro que quando criticam o Eng. Wendelin Wiedeking por ganhar 100 milhões de dólares por ano, ele riposta calmamente que os merece. E nem a crise global afecta o seu negócio.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Os amigos de Alex
Não sei a que propósito, algum dos jovens cá de casa resolveu colocar o DVD "The big chill". Deve ser para provocar este cota, mas a carapaça já é grande, if you know what i mean. Para o pessoal amigo(amigos de Alex?), aqui fica o funeral do Alex, com a sua banda sonora.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
FELIX MENDELSSOHN BARTOLDY
VENDE-SE SAAB E VOLVO
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
GOVERNAÇÃO E SEXUALIDADE
Pelos comentários excitados por todo o lado (ainda há pouco no RCP) a grande vantagem da nova primeira-ministra da Islândia é ser lésbica. Por mim, pensava que a sexualidade não tinha nada a ver com as capacidades governativas de alguém, mas pelos vistos agora passou a ser uma vantagem competitiva.
Crise e confusões ideológicas
A actual crise económica e financeira tem servido para os maiores desvarios ideológicos. Generaliza-se a ideia de que a solução dos nossos problemas está exclusivamente no Estado, porque é um actor racional, ao contrário do Mercado, que deu provas de se comportar irracionalmente. Esquece-se assim, de um fôlego, a história empresarial como um dos grandes progressos da humanidade, que funcionou, com o racionalismo que usa para as decisões, como base de todo o desenvolvimento dos últimos duzentos anos. Para alguns mais saudosos dos tempos de brasa de Vasco Gonçalves, os problemas da banca resolver-se-iam mesmo pela sua nacionalização sistemática.
Como responder a isto? Basta recordar que na base da actual crise mundial estão os chamados “produtos tóxicos” financeiros. Estes tiveram origem no “subprime” norte-americano, uma criação do Estado, repleta de boas intenções, para que toda a gente pudesse ter acesso a casa própria nos EUA. Passou-se isto ainda no tempo de Clinton; entretanto, os fundos Fannie Mae e Freddie Mac cresceram de tal maneira que levaram a uma valorização excessiva do mercado imobiliário. A consequência imediata é bem conhecida: toda a chamada banca de investimento foi infectada, seguindo-se, por contágio, a banca comercial e a chamada economia real.
Ouvi alguém defender recentemente que a política é como um pêndulo: umas vezes balança para a direita, outras vezes para a esquerda. Segundo essa teoria, quem ganha as eleições é quem estiver no centro do pêndulo no momento certo. Para ganhar eleições, tudo o que então seria preciso é ter a argúcia de ocupar esse sítio no momento das eleições. Quando o pêndulo anda mais à esquerda, tiram-se do bolso umas medidas sociais fracturantes; quando o pêndulo puxa mais para a direita, arranja-se algo em conformidade.
Assim se compreende melhor a proposta abstrusa dos casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo feita neste momento específico, dois meses depois de ter sido recusada pelos actuais proponentes.
Parece que há quem ache que a aceitação dos métodos que os Estados estão a usar para combater a crise significa que o eleitorado passou a defender mais Estado, logo, está mais à esquerda no espectro ideológico. Estes métodos, recorde-se, consistem em injectar dinheiro dos impostos actuais e futuros para cima dos problemas. No meio disto, só o ministro das Finanças parece não ter perdido o Norte, porque reconhece calmamente que os actuais governos se vêem obrigados a navegar sem GPS, isto é, às cegas.
Há mesmo por aí quem recorde que já Hegel defendeu algures que o Estado é o centro da ideia ética, e que, perante a actual situação, deverá ser o mesmo Estado a moralizar o capitalismo. Doce engano. Perante a economia, se o Estado cumprir aquilo para que serve, isto é, cumprir leal e rigorosamente as suas funções reguladoras e de supervisão, já ficaremos todos satisfeitos. Ninguém na economia precisa que o Estado lhe venha dizer o que deve produzir, quando e como.
Publicado no Diário de Coimbra em 2 de Fevereiro de 2009
Como responder a isto? Basta recordar que na base da actual crise mundial estão os chamados “produtos tóxicos” financeiros. Estes tiveram origem no “subprime” norte-americano, uma criação do Estado, repleta de boas intenções, para que toda a gente pudesse ter acesso a casa própria nos EUA. Passou-se isto ainda no tempo de Clinton; entretanto, os fundos Fannie Mae e Freddie Mac cresceram de tal maneira que levaram a uma valorização excessiva do mercado imobiliário. A consequência imediata é bem conhecida: toda a chamada banca de investimento foi infectada, seguindo-se, por contágio, a banca comercial e a chamada economia real.
Ouvi alguém defender recentemente que a política é como um pêndulo: umas vezes balança para a direita, outras vezes para a esquerda. Segundo essa teoria, quem ganha as eleições é quem estiver no centro do pêndulo no momento certo. Para ganhar eleições, tudo o que então seria preciso é ter a argúcia de ocupar esse sítio no momento das eleições. Quando o pêndulo anda mais à esquerda, tiram-se do bolso umas medidas sociais fracturantes; quando o pêndulo puxa mais para a direita, arranja-se algo em conformidade.
Assim se compreende melhor a proposta abstrusa dos casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo feita neste momento específico, dois meses depois de ter sido recusada pelos actuais proponentes.
Parece que há quem ache que a aceitação dos métodos que os Estados estão a usar para combater a crise significa que o eleitorado passou a defender mais Estado, logo, está mais à esquerda no espectro ideológico. Estes métodos, recorde-se, consistem em injectar dinheiro dos impostos actuais e futuros para cima dos problemas. No meio disto, só o ministro das Finanças parece não ter perdido o Norte, porque reconhece calmamente que os actuais governos se vêem obrigados a navegar sem GPS, isto é, às cegas.
Há mesmo por aí quem recorde que já Hegel defendeu algures que o Estado é o centro da ideia ética, e que, perante a actual situação, deverá ser o mesmo Estado a moralizar o capitalismo. Doce engano. Perante a economia, se o Estado cumprir aquilo para que serve, isto é, cumprir leal e rigorosamente as suas funções reguladoras e de supervisão, já ficaremos todos satisfeitos. Ninguém na economia precisa que o Estado lhe venha dizer o que deve produzir, quando e como.
Publicado no Diário de Coimbra em 2 de Fevereiro de 2009
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