
Como a Economist viu a última cimeira de líderes europeus que designaram Durão Barroso para um segundo mandato, sem deixarem, no entanto de lhe atirar umas pedras.
jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
Está a passar relativamente despercebida a efeméride de um dos acontecimentos mais significativos do nosso tempo.
Foi em 1989 que uma das experiências sociais mais profundas e duradouras dos últimos séculos teve o seu fim simbólico, com a queda do Muro de Berlim em 9 de Novembro desse ano.
Terminava, assim, de forma inglória uma aventura que marcou de forma indelével quase todo um século da humanidade. E foi o povo anónimo que tomando nas mãos o seu futuro acabou com um sistema que tinha levado o mundo à beira do precipício do holocausto nuclear durante a Guerra Fria.
Não vale a pena analisar aqui as causas que no século XIX levaram ao surgimento e desenvolvimento do chamado Socialismo Real no início do século XX, nem sequer descrever a tragédia humanitária que constituiu enquanto existiu. A sua História ainda é suficientemente recente para todos nos lembrarmos disso. Por outro lado, ao desaparecer aquilo a que Churchill chamou de “cortina de ferro”, não há também qualquer razão para que persistam as posições de anti-comunismo. As aberrações comunistas que ainda subsistem, como Cuba e a Coreia do Norte, não têm qualquer relevância e apenas mostram, mais uma vez, como as ditaduras são incapazes de entender a passagem da História, e só subsistem como sistemas de poder pessoal.
A queda do Muro de Berlim foi o acontecimento que simbolizou as transformações do mundo comunista que terminaram na sua extinção. Curiosamente, foi o início dos trabalhos do Congresso dos Representantes do Povo em Moscovo, em 25 de Maio de 1989 que veio a determinar a implosão comunista.
Quando o líder soviético Mikhail Gorbachev abriu a porta às críticas, a liberdade entrou pelo Congresso em torrentes de tal forma violentas que o regime soviético acabou por ser destruído pelo seu interior.
O equilíbrio mundial instável e perigoso que existia no mundo pela existência de dois blocos ficou assim destruído, pelo súbito desaparecimento de um deles.
Em termos políticos, a nação líder do anterior bloco ocidental, os EUA, ficou notoriamente desorientada pelo desaparecimento do contraponto a nível mundial.
Em termos económicos, o mundo viu surgir um novo mercado gigantesco, muito desorganizado, mas que rapidamente evoluiu e deu origem a uma nova situação de liberdade de comércio e de trocas financeiras conhecido por globalização.
As ondas de choque tremendas de há vinte anos ainda hoje se sentem pelo mundo inteiro. Os desequilíbrios que então existiam estão, porém, notoriamente atenuados, havendo centenas de milhões de pessoas com acesso a níveis de vida e uma liberdade que eram impensáveis.
Não se pode deixar de considerar que a actual crise económica e financeira é igualmente uma consequência do que então sucedeu. A adaptação das estruturas de regulação económica internacional que foram pensadas para um contexto mundial completamente diferente não foi feita. Em consequência, o próprio sistema económico reagiu à euforia e artificialidade criada no mundo financeiro impondo uma correcção que se está a fazer com grande sacrifício por toda a parte.
A efeméride do desaparecimento do Socialismo Real merece bem ser recordada, ficando o ano de 1989 como crucial para toda a humanidade, pelas consequências que teve, está a ter e terá ainda por muito tempo.
Do JN: "As acções da PT seguem a subir 0,72 por cento para 6,69 euros, depois de o Governo ter anunciado que comunicou à administração da operadora que vai inviabilizar a compra de 30 por cento da Media Capital.
Às 11:15, as acções da PT seguiam em alta ligeira, valendo 6.69 euros, o valor mais alto desde o início de Setembro de 2008."
Pensar estruturadamente as estratégias de desenvolvimento do país não é tarefa fácil, mas é essencial para se encontrarem saídas para a situação complicada em que nos encontramos. Por isso, não se podem deixar de ter em conta as propostas de quem, possuindo uma competência excepcional, analisa a realidade nacional em profundidade há anos, com acesso a metodologias adequadas e dirigindo equipas pluridisciplinares de grande qualidade.
Refiro-me ao Doutor Ernâni Lopes, que em vários fóruns e publicações tem vindo a propor caminhos e atitudes perante as dificuldades da nossa organização económica, como fez recentemente numa entrevista à revista Visão. Também há alguns meses tivemos a honra de o ouvir em Coimbra num encontro da ACEGE, durante o qual partilhou com os presentes a sua visão do país e os resultados dos trabalhos que vem desenvolvendo, designadamente no âmbito da SaeR.
Não pretendo aqui descrever o estado da nossa economia, que o Doutor Ernâni Lopes classifica de doente, ou as razões deste estado de coisas. Parece-me mais importante apresentar as linhas estratégicas indicadas pelo Doutor Ernâni Lopes para a solução dos nossos problemas, até porque são muito concretas. Em resumo, aponta cinco conjuntos de sectores económicos a desenvolver; são eles: (1) Turismo, (2) Ambiente, (3) Cidades, (4) Serviços de valor acrescentado, (5) Hipercluster da economia do mar.
Destes domínios, destaco um, porque se reveste de um interesse muito particular relacionado com capacidades decisórias locais, que é o das Cidades.
A visão das cidades desenvolvida pelo Doutor Ernâni Lopes tem pouco a ver com a visão tradicional. Isto é, vai muito além da atitude habitual de gerir cidades pelo ordenamento físico do espaço urbano. Como a urbanização das sociedades é crescente, acompanhando a desertificação do interior, as cidades têm um papel cada vez mais importante. A competição entre regiões e mesmo entre países é progressivamente substituída pela competição entre as cidades que concorrem entre si na atracção de recursos. Relembro aqui os critérios “International Forum on Urban Competitiveness”, que aqui apontei há uns meses, e que são: produto total, produto per capita, produto por unidade de área geográfica, produtividade laboral, número de empresas multinacionais instaladas, número de patentes, preços, taxa de crescimento económico e taxa de emprego.
É assim que as cidades passam a ser vistas como produtoras de riqueza e não como simples consumidoras. Essa produção de riqueza faz-se normalmente através de bens e serviços, que deverão garantir o maior valor acrescentado possível.
O papel dos gestores das cidades passa, pois, a ser fundamentalmente o de proporcionar condições vantajosas para os agentes económicos em termos de competitividade externa.
Descalça vai para a fonte
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.
Pudesse Eu |
Pudesse eu não ter laços nem limites |
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
No cumprimento da sua vocação informativa os jornais dão-nos conhecimento da realidade que frequentemente passa ao lado dos grandes títulos que chamam a atenção. Basta que sejam lidos para além da primeira página. É assim que, há poucos dias, o Diário de Coimbra nos deu conhecimento dos resultados de mais um torneio de natação que decorreu no Complexo Olímpico de Piscinas em Coimbra. Ficámos a saber que o balanço do II Meeting Cidade de Coimbra/XXI Torneio Internacional da Queima das Fitas - que contou com a participação de numerosa comitiva de atletas estrangeiros - se saldou por 24 recordes nacionais, 5 tempos de acesso para o Campeonato do Mundo em Roma, 17 tempos mínimos para o Campeonato da Europa de Juniores em Praga, dois mínimos para os Jogos Olímpicos da Juventude em Singapura, para além de muitos outros resultados relevantes ao nível regional e de categorias.
Aproveito para fazer alguns comentários.
Primeiro, este encontro desfaz o mito da “Queima das bebedeiras”. Se algumas acontecem entre os largos milhares que celebram esta grande festa de juventude originária da nossa Universidade, e que muitas outras agora imitam, as bebedeiras não constituem, de forma nenhuma, o centro da Queima das Fitas.
Segundo, os atletas não se cansaram de elogiar as condições das instalações que serviram de palco ao torneio. É conveniente recordar que até há poucos anos o concelho de Coimbra era, de entre os concelhos do distrito, aquele que dispunha de menor área de piscina por habitante. Essa situação foi completamente ultrapassada. Coimbra dispõe hoje, de um número de piscinas públicas que a colocam na linha da frente do país nessa área desportiva. Para além da quantidade, existe ainda a qualidade. Todos nos recordamos que Coimbra não possuía uma piscina olímpica, e que as antigas piscinas não possuíam condições de comodidade ou segurança mínima para a prática da modalidade. Não é à toa que atletas de nível mundial que agora nos visitaram consideraram o Complexo Olímpico de Piscinas de Coimbra como estando à altura do melhor que há na Europa.
Coimbra já foi, em tempos, um alfobre de nadadores, tendo dado origem a grandes campeões; a degradação das instalações desportivas alterou esta realidade. Hoje, assistimos a um novo boom. O elevado número de recordes regionais a que se assistiu neste meeting, com os nossos nadadores a serem “puxados” pelos campeões internacionais, é indicativo de que Coimbra poderá reocupar um lugar cimeiro na natação nacional.
Como os mais modernaços de entre nós gostam de dizer, para correr software avançado, é necessário que o hardware tenha capacidade para tal.
Esta é a situação actual da natação entre nós, que indiscutivelmente significa COIMBRA NO SEU MELHOR.
Publicado no Diário de Coimbra em 8 de Junho de 2009