Há mais de três anos, quando comecei esta série, fiz questão de afirmar que este meu exercício de cidadania activa se reveste de uma atitude construtiva, sem proselitismos de qualquer espécie. Não quer isto significar que desista de convicções pessoais, ou que relativize o absoluto. Quer tão-só significar que mais vale fazer parte da solução do que do problema. E que, recordando aqui de novo o P. Vasco Pinto de Magalhães, “não interessa ser optimista nem pessimista, e sim optimizador”.
Há exactamente quinze dias, o texto desta minha crónica surgiu literalmente esmagado por dois textos de opinião que tinham algo em comum: o ataque “ad hominem” ao Presidente da Câmara Municipal. Como bem sabemos, embora por vezes tendamos a esquecê-lo, a realidade nunca é branca ou preta. Na realidade, qualquer exercício de governação agradará a uns e desagradará a outros, e haverá sempre quem, com razão, se possa queixar deste ou daquele aspecto particular. Não sou dos que vêem campanhas negras em tudo o que é oposição activa, e muito menos aprecio acusações do tipo de “bota-abaixismo”. Considero assim que a crítica às opções tomadas é sempre válida, e contribui para esclarecer as coisas e melhorar a actividade concreta. Ora, não é isso que acontece quando a crítica se resume ao ataque feroz fulanizado.
Uma das áreas mais criticadas na actual Câmara de Coimbra é a da Cultura. A meu ver, de forma injusta. Na realidade, para além de inúmeras acções pontuais, há outras com uma continuidade temporal essencial, como são, por exemplo, o teatro e a música dita clássica. Nesta última área, uma opção da actual Câmara merece ser salientada e louvada.
A Orquestra Clássica do Centro é o maior agrupamento musical da Região Centro, tendo uma actividade de divulgação musical absolutamente meritória. A Câmara Municipal de Coimbra cedeu-lhe o Pavilhão Centro de Portugal para se instalar, e concede-lhe anualmente uma verba que garante minimamente o seu funcionamento, ao que a Orquestra retribui com uma série variada de concertos. Para além deste, sem o qual pura e simplesmente não existiria, a Orquestra Clássica do Centro conta apenas com apoios da CGD e outros, entre os quais os dois jornais diários publicados em Coimbra, tudo ao abrigo da lei do mecenato. Do Ministério da Cultura, não recebe qualquer verba, embora, como atrás disse, seja a maior orquestra clássica da zona Centro e exerça um papel fundamental na cultura da nossa região, através dos concertos e inúmeras acções de formação musical dirigidas aos jovens.
O sucesso indesmentível desta orquestra deve-se acima de tudo à sua direcção artística cuja qualidade transmite um entusiasmo transbordante a quem vai aos concertos, e ainda à respectiva gestão, cuja capacidade de realização e competência consegue com quase nada fazer praticamente tudo. Curiosamente, tal deve-se a mais uma mulher que não precisou de quotas para se afirmar num mundo restrito e extremamente exigente como é aquele em que se move. Caso para se dizer, mais uma vez, que é COIMBRA NO SEU MELHOR.
Publicado no Diário de Coimbra em 1 de Junho de 2009
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