O termo “smart city” entrou já no nosso léxico, embora
não seja ainda evidente o seu significado para um cidadão comum. De facto, numa
primeira abordagem, para a definição de “smart city” elegiam-se basicamente os
factores clássicos de desenvolvimento das cidades com a preocupação de definir
a competitividade e o desenvolvimento urbano sustentável, como sejam a
economia, a mobilidade, o ambiente, a população, a qualidade de vida e a
governança da cidade. Foi nesta perspectiva que, há poucos anos, um grupo de
universidades europeias (Viena, Delft e Ljubljana) desenvolveram um estudo em
70 cidades médias europeias, a que chamaram “european smart cities”
classificando-as de acordo com aquelas áreas. É de referir que Coimbra ficou
colocada em 46º lugar, classificação não muito honrosa, mas também não
humilhante, perspectivando a possibilidade de melhoria futura no ranking.
Àquela abordagem, digamos mais clássica, passou a
definir-se as “TICE” (Tecnologias de Informação, Comunicações e Electrónica)
como base de suporte de uma “Cidade Inteligente” (Smart City), e a abordagem desta
questão tornou-se mais ampla e evoluiu para patamares de integração das várias
áreas que interessam às cidades. A globalização e a rápida urbanização do mundo,
em que a população urbana deverá atingir 70% dentro de poucos anos, criam a necessidade
de uma nova perspectiva da evolução das cidades. A procura das cidades para
viver indo procurar novas oportunidades, transforma as cidades que irradiam
actividades económicas, culturais e sociais.
Recentemente, uma nova abordagem das “smart cities” foi
apresentada, integrando aspectos que me parecem essenciais e que não haviam
sido devidamente considerados anteriormente. O Centro de Globalização e
Estratégia de Barcelona criou o Índice IESE Cities in Motion que inclui dez
factores a ter em consideração quando se procura classificar uma cidade como
“Smart City” e que são os seguintes: Governança, Gestão pública, Planificação
Urbana, Tecnologia, Meio Ambiente, Projecção Internacional, Coesão Social,
Mobilidade e Transporte, Capital Humano e Economia.
De acordo com esta análise, uma conclusão que de tão
simples que é pareceria óbvia, é que “não há um modelo único de sucesso: o
primeiro passo para qualquer cidade será definir o modelo de cidade a seguir e
as áreas a melhorar para esse objectivo”.
A União Europeia tem também dado atenção a esta questão
nos últimos anos, promovendo trabalhos conjuntos entre diferentes cidades de
vários países que consideram ter problemas comuns. É o URB ACT em que Coimbra
também participa com cidades como Gdynia na Polónia, Gualdo Tadino e Siracusa
em Itália, Mizil na Roménia, Santurtzi em Espanha, Seinajoki na Finlândia e a
Triangle Region na Dinamarca, que se juntaram para estudar e propor acções
concretas no que respeita a “melhorar serviços públicos através de um processo
de inovação aberta”.
A integração dos factores de desenvolvimento urbano que
bem podem ser aqueles dez acima apresentados, numa base tecnológica fornecida
pelas TICE, será a chave para o sucesso futuro de qualquer cidade. A recuperação
dos anos de atraso endémico e ainda o induzido pela estagnação económica dos
últimos anos só se poderá conseguir num trabalho que tenha esta abordagem como
base. Não nos podemos esquecer que, hoje em dia, e com a integração europeia
isso é cada vez mais evidente entre nós, a competição faz-se cada vez mais
entre regiões e mesmo cidades e não entre países.
Publicado no Diário de Coimbra em 21 de Abril de 2014
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