jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
sábado, 31 de março de 2018
terça-feira, 27 de março de 2018
Presidente do Eurogrupo
Mas este sr. não é presidente do Eurogrupo? Afinal parece que esse cargo não serve para mais nada, para além da tratar da agenda das reuniões do dito.
https://www.dn.pt/dinheiro/interior/ajudas-a-banca-ja-custaram--17-mil-milhoes-a-contribuintes-9216204.html
https://www.dn.pt/dinheiro/interior/ajudas-a-banca-ja-custaram--17-mil-milhoes-a-contribuintes-9216204.html
Como construir um défice simpático
Em 2017, a carga fiscal atingiu o valor de 34,7% do PIB. O mais alto desde sempre.
Como em 2017 o PIB também cresceu, os impostos arrecadados foram gigantescos. O défice de 0,9% foi, assim, conseguido pelo lado do aumento das receitas e não pela diminuição da despesa, que também cresceu. Onde estão as reformas do Estado tão elogiadas pela Comissão Europeia amiga? Em lado nenhum. O diabo continua escondido debaixo do tapete, mas a ser bem alimentado.
Gráfico da variação da carga fiscal em função do défice retirado de:
https://www.facebook.com/gershonjorge?hc_ref=ARTnwoQf48sgY6dxS_1_ssNIcBORIAVhc9Oep9FiFTwcXJirFNWX6pfLJHQEtIjW6Sc&fref=nf
Como em 2017 o PIB também cresceu, os impostos arrecadados foram gigantescos. O défice de 0,9% foi, assim, conseguido pelo lado do aumento das receitas e não pela diminuição da despesa, que também cresceu. Onde estão as reformas do Estado tão elogiadas pela Comissão Europeia amiga? Em lado nenhum. O diabo continua escondido debaixo do tapete, mas a ser bem alimentado.
Gráfico da variação da carga fiscal em função do défice retirado de:
https://www.facebook.com/gershonjorge?hc_ref=ARTnwoQf48sgY6dxS_1_ssNIcBORIAVhc9Oep9FiFTwcXJirFNWX6pfLJHQEtIjW6Sc&fref=nf
segunda-feira, 26 de março de 2018
Estrutura de Missão para a Sustentabilidade do Programa Orçamental da Saúde
O Governo inventou mais um grupo de trabalho:
"Estrutura de Missão para a Sustentabilidade do Programa Orçamental da Saúde"
E eu a julgar que no Governo havia um Ministério da Saúde, com orçamento, Ministro, Secretários de Estado e tudo.
E ninguém acha isto estranho?
"Estrutura de Missão para a Sustentabilidade do Programa Orçamental da Saúde"
E eu a julgar que no Governo havia um Ministério da Saúde, com orçamento, Ministro, Secretários de Estado e tudo.
E ninguém acha isto estranho?
INCÊNDIOS E RESPONSABILIDADES
Os portugueses não estavam habituados a que a
verdade lhes entrasse pela casa dentro como aconteceu com os relatórios das
Comissões Independentes criadas pela Assembleia da República sobre os incêndios
de Junho e Outubro de 2017. Na verdade, entre a defesa de interesses
partidários mesquinhos e a auto-defesa das estruturas estatais e respectivo
funcionalismo, a dureza da realidade é quase sempre amaciada e transformada de
forma a que não seja verdadeiramente possível encontrar responsabilidades.
Quando estas apesar de tudo têm que surgir, encontram-se processos de
responsabilizar algum desgraçado funcionário menor para arcar com elas.
É por isso uma surpresa que nos surja perante os
olhos um relatório como o produzido pela Segunda Comissão Técnica Independente
sobre os incêndios de Outubro passado, agora apresentado.
A primeira informação a reter é algo de que já
havia uma noção generalizada e tem a ver com a dimensão dos fogos de Outubro;
de acordo com o Relatório, este incêndio foi o “maior registado na Europa até
ao momento e o maior do mundo em 2017, com uma média de 10 mil
hectares ardidos por hora entre as 16:00 do dia 15 de Outubro e as 05:00 do dia
16”. Para isto contribuíram vários
factores meteorológicos dominados pela passagem do furacão “Ophelia”, situação
devidamente prevista com antecedência pelo IPMA.
Mas o Relatório aponta outras causas para que
estes incêndios viessem a ter as trágicas consequências que dá a conhecer: 48
vidas humanas perdidas, 241 mil hectares ardidos, 521 empresas e mais de 4.500
postos de trabalho afectados em 30 municípios.
É o caso da falta de meios para o combate aos
incêndios. Ficou-se a saber: quinze dias antes dos incêndios de Outubro, a ANPC
(Autoridade Nacional de Protecção Civil) pediu à tutela autorização para reforçar
os meios, mas das 105 equipas pedidas, o Governo só autorizou 50; um pedido de reforço de 40 operacionais da Força Especial de Bombeiros foi
recusado; um pedido de reforço de quatro meios aéreos ligeiros, apresentado em
Julho foi recusado; um outro pedido para a locação de quatro aviões anfíbios
médios, precisamente para o período entre 13 e 31 de Outubro foi também
recusado; um pedido feito em Setembro para o reforço de 200 horas de voo
suplementares para duas parelhas de aviões anfíbios médios” foi igualmente
recusado. As recusas do Governo sustentaram-se essencialmente em falta de
“fundamento legal”.
Como tinha acontecido em Junho em Pedrógão, voltaram a verificar-se falhas
do Estado, isto é, parece não se ter aprendido nada com o que então aconteceu.
Não era só a Ministra que era a mesma, a estrutura da Protecção Civil
manteve-se, só tendo sido alterada depois de 16 de Outubro. Apesar dos avisos
meteorológicos, o combate aéreo surgiu muito tarde, dando tempo aos fogos para
progredirem a uma velocidade enorme. O próprio presidente da Câmara de Oliveira
do Hospital reagiu a este Relatório afirmando que “esta tragédia não teria
acontecido se tivéssemos meios aéreos na primeira hora” e ainda que “todos ficaram
abandonados”. As Forças Armadas foram chamadas, para serem deslocadas para
outros locais depois de chegarem aonde lhes tinha sido antes determinado. O
Relatório aborda ainda a desorganização/incompetência no ataque aos incêndios
apontando por exemplo, que “os Postos de Comando Operacional estavam
deficientemente localizados e estavam desfasados na sua dimensão e
complexidade, não conseguindo corresponder às necessidades exigidas pelo ataque
ao fogo”.
Mas o Relatório da CTI2 refere também a possibilidade
de o incêndio inicial na Lousã ter tido origem na queda de uma árvore sobre uma
linha de média tensão, o que remete imediatamente para a questão das
responsabilidades. Ninguém é responsável pelas condições meteorológicas
extremas verificadas nas Beiras naqueles dias fatídicos. Mas a falta de
decisões dos responsáveis políticos nos meses anteriores e mesmo as suas
decisões erradas naqueles dias podem ter tido um papel crucial nas
consequências gravíssimas dos incêndios, a começar pelo número de mortos. Todos
sentimos que a hora é do Ministério Público que, face ao presente Relatório,
parece ter bases mais do que suficientes para proceder às suas investigações e
acusações, se for caso disso. Em Outubro, o Presidente da República devolveu
dignidade ao Estado, com a sua actuação firme mas agora não deve, não pode
permitir que se passe um pano sobre o que se passou naqueles dias de Outubro de
2017.
quinta-feira, 22 de março de 2018
terça-feira, 20 de março de 2018
Equinócio da Primavera
Boas vindas à Primavera que chega hoje às 16:15. É o ponto vernal em que a eclíptica passa para o lado de cima do equador e os dias passam a ser maiores que as noites. E tudo renasce na natureza, sem que o Homem, neste caso, possa estragar.
Sarkozy detido
Em França, o ex-Presidente Nicolas Sarkozy foi detido hoje suspeito de financiamentos ilegais na sua campanha de 2007. É assim. A justiça pode demorar, mesmo em França, não é só cá. O seu tempo não é o tempo das legislaturas ou mesmo dos jornais. Ao que parece, não há escandaleiras por ser ex-Presidente, nem pelo tempo que passou. Ao contrário do que se passou (e passa) por cá com o ex-primeiro Ministro Sócrates, que mais parece um vidrinho em que não se pode tocar e logo ele que se considera a si mesmo como um animal feroz.
segunda-feira, 19 de março de 2018
EUROPA: CAMINHOS INCERTOS
Ao fim de seis meses, Ângela Merkel conseguiu
finalmente responder ao Presidente do Parlamento alemão Wolfgang
Schäuble: “Sim Sr. Presidente, aceito o resultado da votação”, à
tradicional pergunta deste sobre se aceitava a votação parlamentar que, por
pequena margem, tinha aprovado a proposta do novo Governo alemão. Desde as
eleições de Setembro último que o anterior governo alemão presidido por Ângela
Merkel se mantinha em funções, enquanto as negociações para a formação de um
novo decorriam de forma dura entre os dois principais partidos, a CDU que em
conjunto com a CSU da Baviera tinha obtido 33% contra os 41,5% de quatro anos
antes e o SPD que desceu de 25,7% para 20,5%. A queda dos dois partidos foi
notória, tendo tido consequências mais sérias no SPD que, depois de diversas
peripécias, substituiu o seu líder Martin Schultz por Andrea Nahles que é a
primeira mulher a liderar o partido nos seus 154 anos de história. A aceitação
por Schultz do posto de ministro dos Negócios Estrangeiros em troca de um
acordo, quando na campanha tinha afirmado que nunca pertenceria a um governo
liderado por Merkel foi-lhe fatal, já que os sociais-democratas não lhe
perdoaram a atitude entendida como traição ao partido. A formação de uma nova
grande coligação foi, assim, tremendamente difícil, tendo Merkel ficado à mercê
da aprovação dos 646.000 membros do SPD. A votação de 13% conseguida pelo AfD
que, tendo surgido há apenas 4 anos é o primeiro partido de extrema-direita a
conseguir eleger deputados para o parlamento alemão desde os anos 50, era o
sinal mais evidente do pano de fundo que, em conjunto com as quedas da CDU e do
SPD, marca um cansaço do eleitorado alemão com as políticas dos últimos anos e,
em particular, com a política de Merkel de acolhimento dos muitos milhares de
refugiados de África e do Médio-Oriente. Ângela Merkel teve que aceitar ser
Chanceler de um Governo que tem 6 ministros do SPD (com as pastas cruciais dos
Estrangeiros, Finanças, Famílias, Trabalho e Assuntos Sociais, Ambiente e
Justiça), 5 ministros da CDU e 3 ministros da CSU. Notoriamente, Ângela Merkel
surge como uma pálida imagem da que era tida como a mulher mais importante da
Europa e mesmo do Mundo.
Em Itália, os resultados das eleições do passado dia 4 de Março foram largamente
inconclusivos. Do lado do Centro-Direita que elegeu 264 representantes para a
Câmara de Deputados, a Liga do Norte de Matteo Salvini com 122 deputados surgiu como maioritária, relegando a Força Itália de
Silvio Berlusconi para um lugar que lhe retira capacidade de decisão sobre a
política italiana. No que respeita ao Centro-Esquerda, a eleição de apenas 113
deputados constituiu uma derrota desastrosa, principalmente para o Partido
Democrático do ex Primeiro-Ministro Matteo Renzi que contou 104 deputados, o que provocou de
imediato a renúncia do seu líder partidário. O Partido Democrático agregou
ex-comunistas e ex-democratas cristãos progressistas, depois da hecatombe
judicial que levou a estrutura política italiana do pós-guerra e coube-lhe a
liderança dos três últimos governos italianos.
A surpresa veio do Movimento 5 Estrelas, fundado em 2009 pelo comediante
Peppe Grilo e que surgiu liderado por Luigi di Maio que tem apenas 31 anos de
idade. Só por si, o Movimento Cinco Estrelas conseguiu 227 lugares na Câmara de
Deputados tendo-se convertido em partido charneira na política italiana, dele
dependendo a futura solução governativa. Esta solução não será fácil de
encontrar. O Partido Democrata tem afirmado recusar-se a ter negociações quer
com o Movimento Cinco Estrelas, quer com a direita, preferindo ir para a
oposição. Já o Movimento 5 Estrelas, afirma que a distinção esquerda/direita
não faz hoje qualquer sentido, preferindo soluções pragmáticas para os
problemas políticos à esquerda ou à direita, mas os seus votantes estarão mais
próximos do Partido Democrata do que da Liga do Norte.
Há uma conclusão comum a tirar destas duas eleições que consiste em a União
Europeia aparecer mal vista pelos eleitores destes dois países, mas
principalmente pelos italianos que são dos europeus com mais reservas quanto à
União. Trata-se de duas das maiores economias europeias que, curiosamente,
funcionam com larga independência do poder político, havendo mesmo quem diga,
quanto à italiana, que funciona apesar do Governo.
Fora da União Europeia, Putin vai assumir sem surpresa o seu quarto mandato
presidencial da Federação Russa após a sua primeira eleição em 2000, para além
de ter assumido o cargo de primeiro-ministro entre 2008 e 2012. Ao notório carácter
imperialista do Kremlin sob Putin que tem provocado atritos nas suas fronteiras
a Ocidente, veio agora juntar-se a crise provocada pelos atentados a cidadãos
russos em território do Reino Unido através da utilização de armas químicas que
também afectaram cidadãos britânicos. Tratou-se de uma acção sem precedentes em
território britânico, contando mesmo com a Guerra Fria. Embora o Reino Unido
esteja de saída da União Europeia, numa questão deste tipo a Europa deve
manter-se unida e, de facto, quer a Alemanha quer a França já se colocaram
decididamente ao lado do Reino Unido. Espera-se que, perante todo este quadro,
que se reveste cada vez mais de maior complexidade e perigosidade, os
dirigentes nacionais europeus sejam capazes de estar à altura da situação já
que, de uma Comissão Europeia chefiada por Juncker, não será de esperar grande
coisa.
quinta-feira, 15 de março de 2018
quarta-feira, 14 de março de 2018
Stephen Hawking
Morreu o cientista que escreveu um dos livros sobre ciência mais interessantes que me foi dado ler: Uma Breve História do Tempo. Aqui, finalmente, percebi mais ou menos algumas consequências da Teoria da Relatividade de Einstein. E ainda que as três dimensões de que todos nos apercebemos escondem uma realidade curva muito estranha e muito mais interessante. Obrigado, Stephen Hawking.
Catedratices
Se bem me lembro, aqui há uns anos Mário Soares foi prof. Catedrático convidado da Universidade de Coimbra. Ou estou enganado?
terça-feira, 13 de março de 2018
segunda-feira, 12 de março de 2018
A ÉTICA NA POLÍTICA
A ética na política é uma questão tão antiga que
já Aristóteles, na obra sobre a Ética que dedicou a seu filho Nicómaco se debruçou
sobre ela. Perguntava-se o filósofo se um político pode ter sucesso (ganhar
eleições) e exercer o poder, qualquer que seja o tipo de poder, e ser
simultaneamente “boa pessoa”. Trata-se da eterna questão de os meios
justificarem os fins ou, em termos actuais, o bem conhecido “rouba, mas faz”. Já
Maquiavel foi direito ao assunto, atacando os moralistas que nos querem fazer
crer que os líderes devem ser generosos, agradecidos e fiéis como os que nos
dias de hoje nos querem fazer crer que os líderes políticos devem ser, acima de
tudo bonzinhos, simpáticos e fazerem o que aqueles que têm acesso aos meios
dizem que é bom.
Claro que a ética só pode ser pessoal, a sua
definição tem variado ao longo dos tempos e desenvolve-se para cada qual de
forma diferente, não podendo ser imposta por alguém que se coloque no alto de
um pedestal que imagine conferir-lhe uma superioridade moral sobre os outros
cidadãos.
A ética na política surge em dois planos
diferenciados, mas que se interpenetram, por os actores serem frequentemente os
mesmos, o plano intra-partidário na actuação que leva à conquista do poder
dentro dos partidos e no plano mais público através da governação da coisa
pública que se segue às eleições. Não podemos imaginar que, quem dentro dos
partidos tem a sua “virtude” aristotélica caracterizada de uma determinada
maneira vá, posteriormente, alcançar a sua “felicidade” pelo uso do poder, de
forma essencialmente diferente.
A corrupção na vida partidária manifesta-se pelo caciquismo
da compra de sindicatos de votos, a inscrição de amigos aos magotes cuja única
actividade política é irem votar, o pagamento de quotas por atacado, o
transporte de militantes aos locais de voto, o controlo visual dos votantes à
porta das secções de voto, etc. Este etc. contém ainda outras e mais graves
actividades do que as antes descritas que, apesar de tudo, são mais ou menos
visíveis para quem quiser ver. Abrange o mundo subterrâneo da montagem e
propagação de mentiras sobre os adversários, colocar toupeiras nas listas dos
mesmos adversários ou roubar-lhe elementos à lista e outras coisas ainda menos
confessáveis que normalmente se encontram nos livros de John Le Carré e não em
manuais de ciência política. A juntar a tudo isto só falta mesmo clamar por
mais ética.
Existindo actividades destas no interior dos
partidos, ninguém se pode admirar que, quando no poder, alguns políticos
desenvolvam formas mais ou menos obscuras de relacionamento com o mundo
empresarial onde também se movem personagens com idêntica visão do mundo. O
caso do antigo Primeiro Ministro Sócrates a contas com a Justiça juntamente com
aquele que era até há poucos anos o epítome da finança Ricardo Salgado e os
gestores premiados de grandes empresas como os da PT é apenas a parte à vista
do grande iceberg que é a corrupção na política em Portugal. E, embora agora dê
jeito a muitos não lembrar isso, nenhum daqueles célebres arguidos trabalhou
sozinho nas suas áreas da governação, da finança e da economia. Recordo, aliás,
como tanta gente se baixava reverentemente à importância e poder desses
personagens dignos de um verdadeiro “ancien régime” transportado para o Séc.
XXI numa demonstração grotesca de subserviência generalizada ao poder e ao
dinheiro, dificilmente aceitáveis numa democracia plena. Não muito longe disto anda
também a recente eleição de um presidente de Câmara depois de estar preso
durante alguns anos, precisamente por ter sido condenado por corrupção no
exercício dessas mesmas funções, em anterior mandato.
Como é evidente, estas situações não se resolvem com apelos à ética que, perante
a gravidade do que se passa em Portugal, mais parecem nuvens de fumo e que,
ainda por cima, muito facilmente se viram contra os próprios. O que todos
precisamos é de uma Justiça independente e forte a todos os níveis, que proteja
os simples cidadãos honestos pagantes de impostos dessa calamidade que é a
corrupção.
domingo, 11 de março de 2018
11 de Março
Pela primeira vez desde há muito, hoje é 11 de Março e não li nem ouvi nada sobre o 11 de Março de 1975. Ali começou o que era para ser a segunda fase da revolução socialista, logo à cabeça com as desgraçadas das nacionalizações absurdas que aniquilaram a nossa produção industrial para sempre. Terminou em Novembro do mesmo ano, com resultado contrário do que os comunistas esperavam.
sábado, 10 de março de 2018
Hipocrisia
É fácil mandar na casa dos outros.
O Governo vai determinará que passará a ser obrigatório ter pelo menos 40% de mulheres em conselhos de administração e orgãos de fiscalização das empresas.
Muito bem. Decisão do governo com 17% de mulheres, numa Europa em que a média é de de 26%.
O Governo vai determinará que passará a ser obrigatório ter pelo menos 40% de mulheres em conselhos de administração e orgãos de fiscalização das empresas.
Muito bem. Decisão do governo com 17% de mulheres, numa Europa em que a média é de de 26%.
sexta-feira, 9 de março de 2018
terça-feira, 6 de março de 2018
segunda-feira, 5 de março de 2018
PSD: NOVA LIDERANÇA
Há quem se entretenha a encontrar divisões e mesmo
lutas internas decorrentes dos resultados da eleição interna, das escolhas do
novo líder para a sua Direcção do Partido e até com as eleições internas dos
Deputados eleitos pelo PSD, para a Direcção do seu Grupo Parlamentar. Tudo isso
são manifestações de velhas zangas pessoais mal resolvidas, ódios recalcados e
até, por vezes, afloramentos de uma deficiente formação democrática que só
ficam mal a quem a apresenta, e que não interessam nada para o futuro do PSD e,
fundamentalmente, para o futuro de Portugal, esperando-se que o seu destino
seja o rápido esquecimento.
Desde o desaparecimento de Francisco Sá Carneiro
em Dezembro de 1980, o PSD foi liderado por Francisco Pinto Balsemão, Nuno
Rodrigues dos Santos, Carlos Mota Pinto, Rui Machete, Aníbal Cavaco Silva, Fernando
Nogueira, Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso, Pedro Santana Lopes, Luís
Marques Mendes, Luís Filipe Menezes, Manuela Ferreira Leite, Pedro Passos
Coelho e agora Rui Rio. Ao olhar para a lista não podemos deixar de fazer
algumas observações. Desde logo, são muitos nomes, tendo a duração média da
liderança sido ligeiramente inferior a três anos, o que não pode deixar de ser
significativo. De todos eles, apenas Cavaco Silva, Durão Barroso e Passos
Coelho foram primeiros-ministros na sequência de vitórias eleitorais e destes,
apenas Cavaco Silva e Passos Coelho cumpriram mandatos de forma integral, tendo
Cavaco Silva sido também Presidente da República. Dois destes líderes exerceram
o cargo de Primeiro-Ministro por herança, digamos assim, que foram Pinto
Balsemão e Santana Lopes a que se seguiram pesadas derrotas eleitorais do PSD.
Depois, da maioria dos líderes guarda-se apenas uma recordação que se vai
esbatendo no tempo, não tendo deixado marcas sensíveis no país, por mais dignos
de consideração pessoal e política que tenham sido e foram-no, certamente.
A actual liderança do PSD segue-se à de Passos
Coelho que decidiu, por sua própria vontade, afastar-se. Encontra uma situação
invulgar na história do PSD e até da nossa Democracia que exige respostas
diferentes das experimentadas no passado. De facto, a coligação PSD/CDS foi
vencedora nas eleições de 2015, mas um acordo até então inédito entre as
esquerdas permitiu ao Partido Socialista formar Governo de forma estável,
embora seja minoritário na Assembleia da República.
Rui Rio tem uma larga experiência política, não só
como Presidente da Câmara do Porto, mas também como Deputado e ainda como
dirigente partidário, já que foi Secretário-geral do PSD ao tempo em que
Marcelo Rebelo de Sousa foi Presidente do Partido. Tem as suas próprias
características pessoais, que alguns militantes apreciarão mais e outros menos,
sendo isso o que menos importa. É o Presidente eleito do PSD e ganhou o direito
a definir a estratégia partidária para levar o partido à vitória, único objectivo
eleitoral que interessa ao PSD e única maneira de ter oportunidade para
concretizar as suas ideias para a governação do país.
Muitas das suas actuais intervenções,
designadamente no que respeita a encontrar consensos com o Partido Socialista
em áreas importantes para um maior e, fundamentalmente mais sustentado e justo
desenvolvimento do país têm grandes probabilidades de serem votadas ao
fracasso, atendendo aos actuais acordos do PS à esquerda que lhe oferecem a
oportunidade de ocupar todo o aparelho do Estado sózinho, sem ter ganho as
eleições. Mas não será por isso que deverão ser deixadas na gaveta. A
responsabilidade da sua rejeição será de quem prefere outros caminhos e não de
quem manifesta disponibilidade para encontros que não signifiquem caminhos
juntos ao estilo “bloco central”, mas capacidade de olhar estrategicamente para
o futuro comum e não a simples gestão do dia-a-dia, aproveitando circunstâncias
externas momentaneamente favoráveis.
O PSD corre, no entanto, riscos evidentes ao
tentar alcançar acordos com o PS para áreas políticas em que considera isso
necessário, mas que poderão não ser sentidos como prioritários por muitos
eleitores. São os de aparecer como colaborante com um Governo de quem é
oposição e que não precisa disso para nada, ou então de dar a entender que é candidato
a substituir de alguma maneira o BE e o PCP em acordos governamentais, ainda
que tal não corresponda à realidade. Essa é uma ideia que, por um lado irritará
inevitavelmente um vasto eleitorado que, ao fim de quatro anos do actual
governo não poderá deixar de associar o PS àqueles dois partidos e, por outro,
frustrará a natural ambição eleitoral de vitória dos militantes e simpatizantes
do PSD. E, se há alguma coisa que a Democracia exige, é que haja oposição forte
e consistente na afirmação das suas alternativas políticas.
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