Há para aí muitos comentadores a mostrarem-se admirados porque a Esquerda adoptou também a política de controlo orçamental que antigamente era de Direita.
Quanto a isto tenho a dizer que aquela afirmação é falsa. A Esquerda apenas percebeu que o controlo orçamental não é de direita nem de esquerda. Foi tornado necessário pela pertença à União Europeia e ao Euro.
A questão está toda no meio de apresentar o n.º necessário a Bruxelas. O que está a acontecer é que as reduções estão a ser obtidas com recurso a cativações enormes, isto é, a cortes na despesa corrente dos ministérios colocando em causa a saúde, a educação e mesmo a segurança e ainda com um investimento público historicamente baixo. Mesmo assim, a despesa do Estado não diminuiu, antes subiu.
Por outro lado, nestes 3 anos não foi feita nem uma reforma estrutural que possa significar maior eficiência do Estado, nem crescimento decente da economia portuguesa.
Significa isto que:
- em primeiro lugar, o Governo e os partidos que o apoiam sabem que têm que cumprir os critérios orçamentais e adopta as políticas restritivas no funcionamento do Estado e não no funcionalismo;
- sem segundo lugar, a União Europeia fecha os olhos ao processo de chegar ao nº final, apenas interessando este;
-em terceiro lugar, o futuro está a ser condicionado por uma governação à vista, sem qualquer ideia estratégica para o país.
Tudo isto é sobejamente conhecido da classe política. No entanto, os partidos apoiantes do Governo engolem tudo o que é contrário ao que sempre disseram e o maior partido da oposição faz de morto, aguardando calmamente que, algum dia, o PS perca as eleições.
Pior não pode ser.
jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
quinta-feira, 30 de agosto de 2018
Auto-estrada Coimbra-Viseu
Esta notícia do Diário de Coimbra dá nota de que o Executivo Municipal de Coimbra, através do voto consciente e deliberado da sua maioria PS+PCP, reprovou uma proposta de que continuasse a ser defendida a auto-estrada entre Coimbra Viseu, mantendo-se a necessidade de reabilitar o actual IP3.
Ficamos a saber que a maioria que governa o país (PS apoiado por BE e PCP) tem na maioria do executivo municipal de Coimbra um fiel apoiante, mesmo quando isso é notoriamente contrário aos interesses de Coimbra e da região.
Fica a notícia para memória futura.
Ficamos a saber que a maioria que governa o país (PS apoiado por BE e PCP) tem na maioria do executivo municipal de Coimbra um fiel apoiante, mesmo quando isso é notoriamente contrário aos interesses de Coimbra e da região.
Fica a notícia para memória futura.
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
Vidas agitadas, com deslumbramento
Em República, é
pacífico que o exercício de funções se deva ao mérito pessoal e não a qualquer
outra causa, seja por nascimento, ou por outras condições de vantagem
económica. Há, contudo, outras situações que por vezes se verificam, que se
podem considerar simétricas daquelas e que trazem consigo outros problemas.
Refiro-me a algum fascínio por pessoas que, como se costuma dizer, tiveram
muito sucesso na vida, vindo de baixo, ou dito de outra maneira, que se fizeram
a si próprias
Se esse sucesso
pessoal é normalmente digno de respeito e até de admiração, sucede também às
vezes se abusa dessa consideração, assistindo-se depois a quedas gigantescas,
porque demasiado alto se subiu. É que o deslumbramento pelo sucesso, seja de
exercício de poder ou de acesso a condições económicas muito favoráveis é
propenso ao desvario e falta de bom senso que conduz aos disparates
comportamentais mais absurdos e incompreensíveis. Atitudes essas que
frequentemente os colocam na mira da Justiça, quer venham a ser acusados ou
não, ou mesmo condenados.
Oliveira e Costa
foi sempre uma personagem humilde, tendo continuado a viajar de comboio em 2ª
classe mesmo quando era secretário de Estado dos Assuntos Fiscais. Saído da
política, construiu um banco, o BPN que, na sequência de actos de gestão mais
que duvidosos, acabou intervencionado pelo Estado, tendo os contribuintes lá
colocado até agora mais de 7 mil milhões de euros, não estando o processo ainda
terminado. Oliveira e Costa foi condenado a 14 anos de prisão efectiva, em
relação com esta sua actividade como banqueiro.
Outro administrador do BPN
saído da política que teve problemas com a Justiça foi Dias Loureiro que, no
entanto, ao contrário de Oliveira e Costa, viu arquivado pelo Ministério
Público o inquérito em que foi investigado por decisões tomadas como banqueiro.
Dias Loureiro também teve um início humilde, tendo-se tornado rico depois da
sua passagem por Sec. Geral do PSD e pelo Governo onde chegou a Ministro de
Cavaco Silva. Ironicamente, veio a caber-lhe a honra duvidosa de enterrar o
chamado cavaquismo com a sua acção enquanto Ministro da Administração Interna ao
mandar a polícia de choque contra os manifestantes da Ponte 25 de Abril.
Curiosamente,
aquelas mesmas manifestações da Ponte marcaram o início da carreira política de
Armando Vara que chegou a ministro da Juventude e do Desporto de António
Guterres. Mas, terminada a carreira política de forma algo inglória, Armando
Vara encetou uma carreira de gestor, terminando como Administrador da CGD, ele
que tinha começado por atender clientes num balcão da Caixa algures em
Trás-os-Montes. Armando Vara está condenado a pena efectiva de prisão de 5
anos, pelo caso “Face Oculta”.
De Trás-os-Montes é
também originário Duarte Lima que, de origens modestas, veio para Lisboa para a
política com muito sucesso, para além de se ter tornado numa personagem
conhecida pelo altíssimo nível de vida que passou a ter, de forma mesmo
ostensiva. No meio dos vários processos judiciais em que está envolvido, um há
em que já foi condenado a 6 anos de cadeia, o caso Homeland.
Simbolicamente,
Arlindo de Carvalho, juntamente com Oliveira e Costa, sentou-se no banco dos
réus num caso de burla qualificada no valor de dezenas de milhões de euros,
tendo o Ministério Público pedido pena efectiva de prisão para ambos. Arlindo
de Carvalho começou a sua carreira pública como um obscuro vereador da Câmara
de Cascais, tendo chegado a Ministro da Saúde com Cavaco Silva. Recordo-me de
que, no auge da sua carreira política enquanto ministro, deu uma entrevista de
vida ao jornal Expresso. Perguntado sobre o que constituía para si o sucesso,
respondeu de forma definitiva, virando a aba do casaco de forma a mostrar a sua
marca e respondendo com orgulho: “vestir Hugo Boss”.
De forma
significativa para o Regime, nenhum dos citados nesta crónica que foram
condenados está na cadeia. Perde o regime que mostra estar à sua mercê e,
talvez pior, espalha-se a ideia de que o importante é não ir parar à cadeia,
faça-se o que se fizer.
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
REVIVE - Convento de Santa Clara
Quando vi a notícia de abertura de concurso para apresentação de propostas para o Convento de Santa Clara no âmbito do programa REVIVE, soltei uma exclamação: até que enfim.
Afinal o Convento de Santa Clara em causa é o de Vila do Conde e não o de Coimbra e o processo foi aberto pela Câmara Municipal de Vila do Conde.
Tristeza.
Quando chegará a vez de Santa Clara a Nova? Em Coimbra, claro está.
Ver aqui:
http://revive.turismodeportugal.pt/node/405
Afinal o Convento de Santa Clara em causa é o de Vila do Conde e não o de Coimbra e o processo foi aberto pela Câmara Municipal de Vila do Conde.
Tristeza.
Quando chegará a vez de Santa Clara a Nova? Em Coimbra, claro está.
Ver aqui:
http://revive.turismodeportugal.pt/node/405
Alternativas
Felizmente, o sistema partidário está a começar a dar de si e a permitir alternativas coerentes a quem percebe que o PS com a geringonça está a atirar o país para uma eternidade económica medíocre apenas possível porque estamos na União Europeia que paga o necessário para nos manter lá e um PSD que mostra aspirar apenas a substituir o BE e o PCP na geringonça. E não me refiro apenas à Aliança de Santana Lopes, mas a outras alternativas que estão a surgir. Sejam bem vindas.
quarta-feira, 22 de agosto de 2018
terça-feira, 21 de agosto de 2018
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
José Sócrates
Neste mês de
Agosto passam 14 anos sobre uma célebre entrevista publicada no jornal Expresso
em que um candidato a líder do Partido Socialista se definia a si mesmo como
“um animal feroz”. No mês seguinte, em Setembro de 2004, José Sócrates seria
eleito Secretário-geral do PS com quase 80% dos votos, embora tivesse como
concorrentes os históricos Manuel Alegre e João Soares.
Terminava assim,
para o PS, o período de grande agitação da liderança de Ferro Rodrigues,
iniciada em 2002, e que se havia demitido em Julho de 2004 em protesto contra a
nomeação do Governo liderado por Pedro Santana Lopes, pelo Presidente da
República Jorge Sampaio, na sequência da saída de Durão Barroso para presidente
da Comissão Europeia. Ferro Rodrigues ter-se-á sentido traído com essa nomeação
pelo facto de ser velho companheiro de lutas políticas de Jorge Sampaio, ainda
antes de se filiarem no PS, nos tempos do GIS e do MES. A acrescentar a isso, o
então propalado alegado envolvimento seu e de camaradas do partido, em
particular do seu amigo Paulo Pedroso, no chamado processo Casa Pia, envolvendo
acusações de pedofilia, e que tinha minado de forma irremediável a sua
liderança.
Mas Jorge Sampaio
levou a sua atitude ainda mais longe. Assim que o PS teve um novo líder,
dissolveu a Assembleia da República, o que sucedeu logo em Novembro de 2004.
Mandou Santana Lopes para casa, sem nunca ter dado um motivo grave e concreto
para tal, embora o Governo estivesse sustentado por uma maioria (largamente)
absoluta na Assembleia da República. Porventura, a memória desses anos de
grande turbulência política e não só, estará já diluída nas nossas mentes,
sendo por isso importante chamá-la à área da consciência, porque muitos problemas
mais recentes ou mesmo da actualidade têm uma melhor explicação vistos à luz da
História.
Começou assim a
liderança de José Sócrates no partido Socialista, que venceria as eleições
parlamentares em Fevereiro de 2005 com maioria absoluta. Liderança essa que o
levou a primeiro-Ministro de Portugal a partir de Março de 2005, até terminar
da forma abrupta e de todos conhecida em Junho de 2011, após chamar a “Troika”
para resolver os problemas financeiros do país, nessa altura praticamente em
bancarrota.
O que
mesmo em 2011 a generalidade dos portugueses não esperaria é que José Sócrates
haveria de enfrentar numerosas e graves suspeitas ligadas a corrupção,
branqueamento de capitais e fraude fiscal no Processo Marquês que em 2014, dez
anos volvidos sobre a sua chegada a líder do PS, o levou mesmo à prisão preventiva
durante quase um ano, entre Novembro de 2014 e Outubro de 2015. Finalmente, em
Outubro de 2017, José Sócrates foi formalmente acusado da prática de 31 crimes
que abrangem, para além dos acima indicados, corrupção passiva de titular de
cargo público e falsificação de documento.
Durante
a investigação surgiram novos factos com ligação ao BES e à PT, mais parecendo
que por cada fio que se puxava, mais e mais fios surgiam, numa teia sem fim que
foi atrasando o processo
Este
caso tem evidentes conexões políticas, dado que José Sócrates terá praticado
aquilo de que agora é formalmente acusado, durante o exercício de altas funções
do Estado, mesmo enquanto primeiro-Ministro, não sendo possível esconder essa
circunstância. A forma como exerceu essas funções, com uma arrogância sem
limites, sendo ainda evidente uma tentação, ou mesmo tentativa, de controlar a
comunicação social e a banca, levanta também sustentadas dúvidas sobre a
democraticidade da sua actuação governativa. Para além dos crimes de que é
acusado e para os quais em breve terá oportunidade de se defender no local
adequado que é o Tribunal, há toda uma prática política cuja análise
descomprometida e livre deverá ser feita pela sociedade em geral. Até porque
José Sócrates não governou sozinho, nem foi um ditador que liderou um partido
seu. Antes foi escolhido democraticamente várias vezes para o exercício dos
diversos cargos que exerceu, fossem partidários ou governativos, aliás sempre rodeado de um coro de encómios pelos seus numerosos apoiantes,
ao longo de mais de 10 anos.
Com
esta, são já 666 as crónicas deste “VISTO DE DENTRO”. Nem de propósito: o VISTO
DE DENTRO de hoje é sobre José Sócrates. Há cada coincidência! Certamente…
quarta-feira, 15 de agosto de 2018
terça-feira, 14 de agosto de 2018
Desgraçada CP
Faltam comboios. São retiradas composições de umas linhas para suprir falhas noutras. As avarias são constantes, tal como o são o desmazelo e a falta de limpeza. Composições sem ar condicionado a circular entre Lisboa e Évora, para espanto dos turistas, já que os indígenas não se espantam e aceitam tudo.
Sabe-se que o governo anterior tinha preparado a compra de 35 comboios para 2016, coisa que o actual governo desfez.
Entretanto, no próximo ano, começa a liberalização da exploração dos caminhos de ferro na Europa. Quem vai continuar a querer andar nesta CP?
Acordem, portugueses.
Sabe-se que o governo anterior tinha preparado a compra de 35 comboios para 2016, coisa que o actual governo desfez.
Entretanto, no próximo ano, começa a liberalização da exploração dos caminhos de ferro na Europa. Quem vai continuar a querer andar nesta CP?
Acordem, portugueses.
segunda-feira, 13 de agosto de 2018
De como o diabo sempre cá esteve, ou o rei vai nu.
Aquando da
formação do actual governo, o anterior primeiro-ministro Passos Coelho referiu
que, com o novo governo PS apoiado pelo PCP e pelo BE, o diabo viria aí de
novo. Todos entendemos que se referia à necessidade de nova intervenção no
país, que surgiria na consequência de novo incumprimento dos compromissos
internacionais – défice e dívida pública- que seria consequência da aplicação
dos programas eleitorais dos partidos apoiantes do governo.
Tal não aconteceu,
e o ex- primeiro ministro muitas vezes teve que engolir as suas palavras, porque
os três partidos se “esqueceram” dos seus compromissos eleitorais e o Governo
conseguiu sossegar as instâncias da União Europeia, através do cumprimento das
regras de diminuição do défice público.
Contudo, ao fim de
três anos, percebe-se finalmente como é que o tão falado “milagre português”
foi conseguido.
Muitos sinais
foram dando conta do que se estava a passar, mas como os habituais agentes de
contestação aos governos se calaram, o quadro geral foi ficando de difícil
leitura para o cidadão comum. Contudo, chega um momento em que o estado das
coisas se altera de tal maneira que já não é mais possível escondê-lo e basta
pegar em algumas das áreas da governação para o provar.
O que se passa na
CP, por exemplo, é de tal forma grave que se imagina não estarmos num país
europeu do século XXI. A circulação de composições Alfa e Intercidades sem ar
condicionado que obrigou passageiros a desistir das viagens e sair na primeira
paragem para fazerem o resto dos percursos de táxi a suas expensas por o calor
ser insuportável, foi um sinal claro de que algo vai muito mal. A anulação de
carreiras com as desculpas mais estapafúrdias e os sistemáticos atrasos
completam o cenário. A realidade é que os Caminhos de Ferro Portugueses sofrem
de novo de cativações que, este ano, são de uns cem milhões de euros, para além
de há três anos não receberem do Governo as indemnizações compensatórias
decorrentes do serviço público. A CP não tem condições financeiras para renovar
a frota e nem sequer para a manutenção da actual.
A situação real no
INEM e no 112 veio também à superfície e não é bonita de se ver. Começa a haver
chamadas para o 112 que ficam sem respostas, como por exemplo sucedeu no
incêndio de Monchique em que tal sucedeu a umas 170 chamadas. Há turnos com menos
de metade do pessoal que normalmente atende as chamadas, havendo igualmente
atrasos inaceitáveis na resposta do INEM.
Relativamente ao
Serviço Nacional de Saúde toda a gente já se apercebeu do que se passa. Como
resultado, quem é rico foge do SNS e vai para o privado na sequência, aliás, do
que já fazem os funcionários públicos através da ADSE; o SNS é cada vez mais um
serviço para pobres, com condições de trabalho dificílimas para quem lá
trabalha e uma gritante falta de meios técnicos com equipamentos por substituir
ou mesmo por reparar.
Se em 2017 o
investimento público foi o mais baixo em quatro décadas, no corrente ano o seu
grau de execução do primeiro semestre foi de 24,5%, quando o previsto era de 49,3%.
Aqui reside, ainda, outra causa do que se passa na CP, já que o ministro das
Infraestruturas bem pode anunciar obras, que o grau de execução da
Infraestruturas de Portugal (estradas e caminhos de ferro) vai apenas nos
12,8%.
Por alguma razão a
tão criticada emigração, que anteriormente originava sistemáticas acusações,
teve em 2017, apesar da queda do desemprego e crescimento económico, um aumento
de 4,6%, sendo mesmo superior em valor absoluto à emigração de 2015, por
exemplo, no que respeita aos países para os quais há essas estatísticas.
Isto é, como não há
sol na eira e chuva no nabal, o cumprimento do défice, em simultâneo com o
eleitoralismo das “reversões” imediatas, tem como reverso a falência do Estado
nas suas mais variadas funções. E aqui está como não foi necessário vir o diabo
de fora. Ele esteve sempre cá dentro a ser alimentado, escondido durante uns
tempos, mas começando agora a mostrar as garras, com o inferno de desgraças que
carrega.
Monchique: "um sucesso"
1. Em Monchique não houve mortos, ao contrário do ano passado. Em Monchique ardeu demais, tal como no ano passado nas Beiras.
2. Em Monchique viu-se a GNR em força a tirar os habitantes das casas para os proteger das chamas, e muito bem. Ao contrário do que aconteceu no ano passado nas Beiras. Significa que, nesta matéria, se aprendeu muito e se agiu de acordo com os ensinamentos.
3. Em Monchique arderam mais de 27.000 hectares, no que foi o maior incêndio do ano em toda a Europa, incluindo os famosos incêndios da Suécia e da Grécia. Exactamente nos mesmos locais onde se viam GNRs a retirar pessoas, não se viam bombeiros, apesar de andarem por lá mais de 1.200. As queixas das populações sobre a ineficácia do combate ao incêndio e sobre a falta de apoio dos bombeiros são generalizadas. Toda a gente percebeu que o sistema de combate aos incêndios não evoluiu desde o ano passado e ANPC "sucks", para não dizer que é aquilo que em português tem um nome começado por m e cinco letras.
4. Vir o Governo argumentar que um incêndio com 27.000 ha de área ardida, apara além de dezenas de habitações é uma excepção a tudo o que correu bem é um insulto aos algarvios de Monchique e não só.
5. Fazer uma festa porque não morreu ninguém só mostra uma alarvidade sem limites, falta de respeito pelos que morreram no ano passado e uma consciência muito pesada pelo que que aconteceu nas Beiras em 2017. Tentar contrapor as casas ardidas e propriedades ardidas à inexistência de mortos, por uma coisa ser preferível a outra é misturar alhos com bugalhos e chamar estúpidas às pessoas. Os bombeiros não andavam a retirar pessoas das casas e os GNR não andavam a combater o incêndio. São coisas diferentes.
6. Faço votos que este ano não haja mais nenhum incêndio forte, porque a cambada de incompetentes e ineptos nomeados politicamente para a ANPC com aquele general reformado com colete a dizer "presidente" nas costas à cabeça é a mesma do ano passado e só a GNR a salvou de em Monchique não ter havido mortes. Isso e a sorte, que também dá sempre jeito alguma.
2. Em Monchique viu-se a GNR em força a tirar os habitantes das casas para os proteger das chamas, e muito bem. Ao contrário do que aconteceu no ano passado nas Beiras. Significa que, nesta matéria, se aprendeu muito e se agiu de acordo com os ensinamentos.
3. Em Monchique arderam mais de 27.000 hectares, no que foi o maior incêndio do ano em toda a Europa, incluindo os famosos incêndios da Suécia e da Grécia. Exactamente nos mesmos locais onde se viam GNRs a retirar pessoas, não se viam bombeiros, apesar de andarem por lá mais de 1.200. As queixas das populações sobre a ineficácia do combate ao incêndio e sobre a falta de apoio dos bombeiros são generalizadas. Toda a gente percebeu que o sistema de combate aos incêndios não evoluiu desde o ano passado e ANPC "sucks", para não dizer que é aquilo que em português tem um nome começado por m e cinco letras.
4. Vir o Governo argumentar que um incêndio com 27.000 ha de área ardida, apara além de dezenas de habitações é uma excepção a tudo o que correu bem é um insulto aos algarvios de Monchique e não só.
5. Fazer uma festa porque não morreu ninguém só mostra uma alarvidade sem limites, falta de respeito pelos que morreram no ano passado e uma consciência muito pesada pelo que que aconteceu nas Beiras em 2017. Tentar contrapor as casas ardidas e propriedades ardidas à inexistência de mortos, por uma coisa ser preferível a outra é misturar alhos com bugalhos e chamar estúpidas às pessoas. Os bombeiros não andavam a retirar pessoas das casas e os GNR não andavam a combater o incêndio. São coisas diferentes.
6. Faço votos que este ano não haja mais nenhum incêndio forte, porque a cambada de incompetentes e ineptos nomeados politicamente para a ANPC com aquele general reformado com colete a dizer "presidente" nas costas à cabeça é a mesma do ano passado e só a GNR a salvou de em Monchique não ter havido mortes. Isso e a sorte, que também dá sempre jeito alguma.
sexta-feira, 10 de agosto de 2018
quarta-feira, 8 de agosto de 2018
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
Políticos espertalhões fazem milhões
Não vou escrever
sobre o caso da actualidade que veio desmascarar um político português e de
seguida toda a direcção do seu partido ao tentar defender o indefensável que
estava à vista de toda a gente, porque ainda vai dar pano para muitas mangas.
Até porque permanecem dúvidas sobre a utilização de “informação privilegiada”
na aquisição, para além de eventuais favores no financiamento e no
licenciamento das obras.
O caso português
resultou num lucro de uns 4 ou 5 milhões de euros, mas noutras paragens há
políticos a conseguirem vantagens financeiras, nos mercados, em montantes de
centenas ou milhares de vezes aquele valor. O Reino Unido continua a passar por
dificuldades tremendas decorrentes do resultado do referendo de Junho de 2016
em que os eleitores escolheram abandonar a União Europeia. Parece mesmo que os
responsáveis políticos só agora tomam verdadeiramente consciência dos problemas
que enfrentam e ainda mais dos que os esperam no futuro que já está muito
próximo.
Mas nem todos os
políticos estão preocupados, já que muitos defenderam precisamente a saída da EU
e continuam a defendê-la, custe o que custar. São políticos populistas como
Nigel Farage que, basicamente, apelaram aos sentimentos nacionalistas de
segmentos de população mais idosos e menos urbanos acenando-lhes com o
encerramento de portas à imigração e com poupanças no financiamento da União
Europeia. Mas, na realidade, o “custe o que custar” que acima escrevi aplica-se
aos britânicos comuns e não aos próprios políticos, com Farage à cabeça.
Soube-se, através
de uma investigação da Bloomberg, que na própria noite de 23 de Junho de 2016,
se fizeram fortunas gigantescas jogando com o valor da Libra e com o
conhecimento secreto (porque não público) de sondagens feitas nos dias
imediatamente anteriores. Foi assim que, após o encerramento das urnas, o
próprio Nigel Farage e o representante de uma das principais empresas de sondagens
britânicas, a YouGov, foram às televisões anunciar que o referendo tinha sido ganho
pelos defensores da manutenção do Reino Unido na União Europeia. Contudo, quer
a empresa de sondagens, quer Nigel Farage tinham conhecimento, há vários dias,
de que o resultado do referendo ditaria, com grandes probabilidades, a vitória
do Brexit. No prazo de poucas horas, quando o resultado final por todos tido
como surpreendente, começou a formar-se, o valor da Libra viria a cair a pique,
quando no início da noite até tinha subido Os que tinham conhecimento prévio do
que iria acontecer tiveram uma janela temporal de algumas horas para fazer
negócios no “short selling” em contramão com as notícias que surgiram logo após
o fecho das urnas. As mais-valias foram gigantescas e as declarações nada
inocentes de Nigel Farage foram valiosíssimas para que tal tenha sucedido.
Segundo a
Bloomberg, o volume de negócios financeiros daquele dia na City foi de uma
envergadura brutal. Alguns “hedge funds” realizaram centenas de milhões de
dólares, enquanto as empresas de sondagens que com eles trabalharam reconhecem
ter sido aquele o dia de maiores lucros da actividade, desde sempre. De acordo
com a legislação inglesa, os resultados das sondagens apenas podem ser
entregues aos clientes, sendo proibido fazê-los chegar ao público antes do
fecho das urnas. Uma dessas empresas de sondagens, a Survation, está muito
ligada a Nigel Farage e proporcionou-lhe informação sobre a probabilidade do
Brexit, bem antes do resultado do referendo. Apesar disso, o político
prestou-se a dar ao público informação contrária, assim beneficiando
directamente os “hedge funds” que tinham a mesma informação que ele próprio.
A actividade das
empresas de sondagens fica claramente debaixo dos holofotes, mostrando que a
legislação regulatória actual, ao defender as decisões de voto dos eleitores,
coloca na mão dos especuladores, sejam eles financeiros ou políticos, uma
ferramenta poderosa de manipulação dos mercados. Não esquecendo que os
políticos estão do lado de fora, podendo usar a informação que detêm a seu belo
prazer e enganar os investidores mais fracos, com a possibilidade de argumentar
depois que os mercados são mesmo assim, tanto se podendo perder como ganhar.
Como, aliás, fez Nigel Farage.
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