Uma das maiores empresas alemãs de construção automóvel é o Grupo Volkswagen, que tem 136 fábricas em todo o mundo empregando, só na Alemanha, 120 mil trabalhadores.
E é precisamente na Alemanha que a VW anunciou recentemente o próximo encerramento de 3 fábricas, o que nunca aconteceu durante os 87 anos da existência da empresa No início dos anos 80 a economia alemã passou por grandes dificuldades tendo o Chanceler Helmut Schmidt (SPD) obtido dos sindicatos um acordo que passou por ser aceite um corte substancial temporário nos ordenados dos trabalhadores, o que se revelou essencial para a recuperação económica da então RFA.
Toda a indústria automóvel europeia, está em crise divido à necessidade de se adaptar à mobilidade eléctrica exigida pelos critérios da União Europeia. Na Alemanha o problema será mais sério ao encerramento de todas as centrais nucleares o que, em conjunto com o fim do gás natural russo, ditou uma subida do custo da energia essencial para a laboração das fábricas.
O mercado automóvel está a conhecer uma literal invasão de automóveis eléctricos chineses, para além de A China praticamente ter o monopólio do fabrico das baterias de lítio. Cerca de um quinto dos carros eléctricos vendidos na Europa são de origem chinesa. Enquanto as marcas chinesas vão construindo fábricas um pouco por todo o mundo, as construtoras europeias vão fechar fábricas como a VW, a que se poderá juntar em breve a Stellantis.
A indústria automóvel está numa encruzilhada. Tem de responder às exigentes normas governamentais anti-poluição e aos objectivos legais do fim dos motores de combustão. Mas numerosos fabricantes, contrapõem a cada vez maior eficiência desses motores e ainda de outras alternativas que não os motores eléctricos. Há todo um mundo de alternativas em desenvolvimento técnico acelerado, contra a opinião dos políticos que só veem os veículos eléctricos a bateria como o futuro.
Trump avisa que, se vencer, aplicará taxas alfandegárias muitíssimo elevadas aos veículos provenientes da China. E a Comissão Europeia, no dia em que escrevo esta crónica, fez entrar em vigor taxas sobre os mesmos veículos, embora de valor inferior, entre um mínimo de 27% e um máximo de 45,3%. O motivo radica em substanciais subsídios que o Estado chinês concede aos exportadores automóveis chineses.
Não se pense que, neste cantinho da Europa, não temos nada a ver com isto. Se o motor da Europa gripa, todos sofremos. Para além da fábrica da VW em Portugal, a Autoeuropa que representa 1,5% do PIB nacional, não contando com toda a fileira industrial que suporta.
Publicado originalmente no Diário de Coimbra em 4 de Novembro 2024