João César das Neves publicou a "Introdução à Ética Empresarial", com edição da PRINCIPIA. Quem já teve a oportunidade de o ouvir sobre esta matéria sabe bem a sorte que é ter agora à disposição este volume com muito daquilo que há a saber sobre a Ética Empresarial. Quer a visão histórica, que nos dá a conhecer a história da evolução dos conceitos ligados à Ética desde a Grécia Antiga, quer a visão concreta da Ética na gestão já nos nossos dias, tudo isso está neste volume. Recomendo vivamente.
O Orçamento Geral do Estado foi entregue hoje ao fim do dia. Entretanto, desde ontem que a comunicação social discute aspectos concretos do orçamento. Isto é, foram deliberadamente lançados pormenores para fora, que servem para colocar a discussão nos planos que interessam ao Governo. Isto só significa que o Governo dispõe de uma máquina de comunicação eficaz. O que impressiona mesmo é a forma, no mínimo acrítica, como toda a imprensa vai atrás do que lhe atiram, bem como a própria oposição. Triste país este.
Romy Schneider, a belíssima SISSI da tela deixou-nos há 26 anos. A sua vida não foi um mar de rosas, antes pelo contrário. Contudo, as imagens que nos deixou transmitem uma grande serenidade e beleza interior, para além, claro, de mostrarem uma das mulheres do cinema mais belas de sempre.
A semana passada terminou tal com havia começado. Se na segunda-feira as bolsas de todo o mundo haviam conhecido quedas como não se via há muitos anos, a sexta-feira levou verdadeiramente as bolsas aos infernos.
Mais grave, tal sucedeu dois dias depois de finalmente os principais bancos centrais de todo o mundo se terem conseguido entender para descer as taxas de juro em 0,5%.
A actual crise que começou por ser financeira passou já para as outras áreas da economia, começando a ver-se grandes empresas a baixar as suas produções, outras a fechar algumas fábricas e outras a falir.
Até há pouco, o cidadão comum sentia o reflexo da crise através dos aumentos constantes na prestação a pagar ao banco para amortização da casa. Neste momento, é a chamada economia real que se começa a ressentir de forma violenta, o que já está a ter consequências na vida de todos nós.
Os institutos internacionais como o FMI já reduziram as previsões de crescimento dos países europeus para este ano. Para 2009 prevê-se recessão para vários desses países, enquanto outros deverão estagnar, o que é pouco melhor.
Estamos todos a testemunhar uma das maiores e mais repentinas alterações na ordem económica mundial de que há memória.
No nosso léxico diário entraram já termos até agora relativamente desconhecidos como “produtos financeiros contaminados”, “risco sistémico”, “risco específico”, etc.
Entretanto, muito boa gente entretém-se a discutir se as intervenções dos Governos nos bancos e na actividade financeira em geral significa o fim do sistema capitalista e o triunfo final do Estado como orientador e planificador de toda a nossa vida isto é, a prova final das vantagens do socialismo. Entre nós, chegou-se mesmo a ouvir dizer que esta crise corresponde ao “cair do muro de Berlim” do capitalismo. Há ainda quem apresente ao povo as bolsas como sendo casinos em vez de forma de regular os preços e financiar a actividade económica. Os tempos conturbados sempre foram oportunidade para se proferir os maiores disparates.
Esta crise serviu ainda, infelizmente, para colocar a nu a incapacidade de os países da União Europeia se entenderem. Durante mais de uma semana foi possível assistir às mais desencontradas posições e manifestações de hipocrisia entre os líderes dos principais países europeus. Se em relação a muitos deles, sinceramente não se esperaria outra coisa dada a sua manifesta falta de qualidade e substância, outros houve que foram uma triste novidade como é o caso da chanceler alemã, Ângela Merkel.
Uma última nota, relativamente às causas profundas desta crise financeira global.
Se houve muitas falhas, a nível de regulação e de ganância generalizada no sistema financeiro em todo o mundo, uma falha gravíssima ressalta sobre todas as outras e que é a demonstração do desaparecimento da Ética da actividade financeira. É notório que as questões éticas foram completamente afastadas das preocupações de grande parte das elites que dominam os instrumentos financeiros.
Dir-se-à que essas preocupações éticas já não fazem falta no mundo de hoje em que o homem desenvolveu sistemas complexos e poderosos de regulação.
Pois a actual crise é bem a prova de que no início e no fim das actividades económicas deverá estar a pessoa humana e a sua dignidade, razão única da existência dessas actividades. Perdendo-se esta perspectiva, isto é, eliminando a Ética da nossa actividade, os mais poderosos e magníficos sistemas ficam a trabalhar no vazio e mais cedo ou mais tarde desabam fragorosamente.
Publicado no Diário de Coimbra em 13 de Outubro de 2008
Como todos sabemos, o "Tratado de Lisboa" que já foi o assunto mais importante da União Europeia deverá ser aprovado até ao fim do presente ano, com um novo referendo a realizar na Irlanda. Claro está que a resolução da actual crise económica e financeira se sobrepõe aos problemas organizativos (bom, isto não é verdade para todos, já que em Portugal a AR achou mais importante discutir o "casamento" dos homossexuais, mas enfim...) Por outro lado, o tratamento dado à Irlanda por alguns líderes, nomeadamente a Sra. Angela Merkel não deverá ser esquecido pelos irlandeses na hora de votar, pelo que o resultado do referendo poderá ser contrário aos desejos de Bruxelas. No entanto, convinha não esquecer esta questão. Provavelmente, deveria ser dado um passo em frente, deitar para o caixote do lixo aquela proposta e avançar decididamente para o federalismo europeu. A falta de capacidade europeia em responder a uma voz a um problema grave e concreto para todos, mostra que a orgânica interna da União tem que ser repensada e modificada urgentemente. Receio é que os actuais líderes europeus não sejam capazes de dar esse passo.
Descrição do Público: "Pode beijar o noivo. Pode beijar a noiva", declarou a "conservadora". E beijaram-se, sob uma chuva de papelinhos e de arroz. Os dois casais, um feminino, outro masculino, encenaram um casamento (repetido ao longo da manhã ao ritmo das necessidades jornalísticas) frente à Assembleia da República como forma de protesto contra o "casamento de conveniência" entre o PS e a "direita conservadora" para chumbar a legalização das uniões entre pessoas do mesmo sexo. De vestido branco e um véu improvisado, a cineasta Raquel Freire explica por que assumiu o papel de uma das noivas, num acto simbólico a favor da igualdade de direitos. "A humanidade está cheia de histórias assim. Os negros só podiam entrar na parte de trás do autocarro. Portugal também só permite que os homossexuais tenham relações escondidos como se fosse na parte de trás do autocarro." "Joana", a outra noiva, falsamente grávida, dá outro argumento para mudar a lei: "É só trocar duas vírgulas e duas palavras. Não se gasta dinheiro nenhum e não interfere com a vida de ninguém, a não ser dos próprios." Comentários: - "A noiva e o noivo": até a linguagem é homofóbica? - "falsamente grávida": como é evidente, a humanidade entregue a estas pessoas acabaria rapidamente, porque as gravidezes seriam todas falsas
Por esta altura já muitas pessoas perceberam que a razão da crise financeira mundial (que agora começa também a ser económica, e de que maneira) não se fundamenta no famoso "suprime" nos EUA. O problema do "subprime" que é bem real, serviu apenas de detonador. As razões do complexo problema a nível global não andarão muito longe das opções dos responsáveis dos bancos centrais. No caso do "nosso" BCE que anda há que tempos a lutar contra uma possível inflação e assim a manter as taxas de juro em níveis elevados, a decisão de descer a taxa em 0,5% mostra a sua incapacidade de perceber o que se passa e de reagir a sério. As bolsas soluçaram um pouco na meia hora seguinte ao anúncio e regressaram à sua queda permanente. A taxa Euribor também não ligou à medida e voltou a subir hoje. Entretanto, os países europeus entram praticamente todos em recessão ou quase, com as pessoas a discutirem se o capitalismo morreu e se o socialismo regressou. De facto o mundo está perigoso, mas sobretudo por causa por causa dos "dirigentes" que (des)governam o mundo.