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quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Descer de degrau em degrau
Qualquer que seja o motivo para o fazer, irrealismo ou compreensível vontade de transmitir confiança, a retirada de palavras do léxico noticiário não altera a realidade e, em determinados casos, só aumenta a desconfiança dos cidadãos.
Há poucas semanas, soube-se de uma certa aversão da agência Lusa pela utilização do termo estagnação para caracterizar a situação económica do país.
A queda acentuada de todos os indicadores depressa ultrapassou essa questão, porque a palavra recessão veio infelizmente substituir a estagnação em todos os noticiários. Ao nível internacional, começa a falar-se em depressão, o que é ainda muito mais complicado e promete um futuro muito difícil.
Para se perceber facilmente a diferença entre as duas situações, podemos socorrer-nos da definição simplista do antigo presidente americano Truman: dizia ele que há recessão quando o vizinho perde o emprego, e há depressão quando perdemos o nosso.
A situação económica começa a parecer-se com um imenso buraco negro. As pazadas de dinheiro atiradas para cima do problema desaparecem sem deixar rasto. Fala-se da banca e da economia real, como se tudo não fizesse parte do sistema económico e como se os bancos fossem os únicos responsáveis pelos problemas das empresas não financeiras. Nada de mais errado: a crise é geral, e é assim que deve ser encarada, para ser possível a obtenção de resultados. Não vale a pena diabolizar a banca, para além de erros e até eventuais ilegalidades cometidas por alguns banqueiros em tempos de vacas gordas que devem ser exemplarmente punidos por isso.
O leitor lembrar-se-á da calma com que foi para férias no Verão passado. Pois bem, ao pensar em tudo o que aconteceu nestes seis meses, poderá imaginar que já está psicologicamente preparado para tudo o que poderá vir aí. Pois é melhor começar pensar em tirar o cavalinho da chuva, como diz o povo.
As taxas de juro americanas e japonesas estão praticamente a zero. A deflação aparece no horizonte.
As taxas do Banco Central Europeu desceram como nunca visto, mas as taxas que nos chegam pouco descem, porque as comissões e spreads sobem. Isto é, não há liquidez, como o prova a incapacidade de a CGD se financiar lá fora, mesmo com garantias do Estado e sucessivos aumentos de capital.
Isto é, não há liquidez.
Os teóricos perdem tempos infindáveis a discutir se se deve aumentar os investimentos públicos e em que áreas, ou se será melhor diminuir os impostos para promover o consumo.
Infelizmente, o que não se vê é quem explique aos cidadãos com clareza e verdade, a realidade da situação e os critérios para as medidas de apoio que se vão tomando.
Porventura, a proximidade de três actos eleitorais não ajuda à clarificação da situação. Seria bom que os actores políticos fossem capazes de colocar os interesses nacionais acima dos seus interesses partidários imediatos, porque a gravidade da situação assim o exige e o povo português não iria gostar nada de acordar num dia destes numa situação miserável generalizada e descobrir que foi enganado.
Publicado no Diário de Coimbra em 29 de Dezembro de 2008
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
CAPSIZE
O Dr. Medeiros Ferreira escreveu algures que o país parece um navio mal estivado, em que a carga vai quase toda a estibordo, pelo que num dia destes desequilibra-se e vira.
A imagem está boa, mas ao contrário. De facto, a carga vai praticamente toda a bombordo, que é o lado esquerdo para quem está dentro no navio virado para a proa. A soma das sondagens para a direita- PDS e CDS está tão longe da soma das esquerdas - PS, PCP BE e mais quem por aí venha, que não falta muito o navio faz da quilha portaló, para continuar com a imagem naval.
Tal como sucedeu com o Tolan (lembram-se?) basta haver um pequeno encosto para isto ficar tudo virado ao contrário. A inconsciência anda à solta e ainda vamos pagar tudo isto muito caro, para além da conta dos impostos, claro.
A nacionalização salvítica
Parece que o plano de recuperação proposto pelo Dr. Miguel Cadilhe não lhe deixou outra alternativa, porque o Estado teria que lá colocar uns 600 M€ (ah, e não mandaria no Banco, mero pormenor).
Cançoneta para embalar meninos.
No fim de tudo iremos chegar à conclusão que o Estado terá lá metido muito mais do que aquela verba, sem recuperação que se veja. Mas, claro, o Dr. Cadilhe provavelmente também não percebe nada daquilo...