quarta-feira, 10 de junho de 2009

10 DE JUNHO

A minha pátria é a língua portuguesa

CAMÕES

Descalça vai para a fonte

Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.

SOPHIA

Pudesse Eu

Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!


O rio da minha aldeia

Fernando Pessoa (poemas de Alberto Caeiro):

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,

Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

FERNANDO PESOA

Liberdade


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

BRASILEIRINHO

Maria Betânia ao vivo: Tarde em Itapoã

segunda-feira, 8 de junho de 2009

IMPRESSIONANTE

Impressionante o relato, feito na primeira pessoa, das torturas e assassinatos generalizados perpetrados pelo Partido Comunista do Cambodja (Khmer Rouge) ainda não há tantos anos assim, que vem na Revista Veja:

Guardas do Khmer Rouge matavam bebês de prisioneiros para evitar que, no futuro, eles buscassem vingança pela morte de seus pais, confirmou nesta segunda-feira o carcereiro-chefe do Tuol Sleng, o centro de tortura mais conhecido do regime. Kaing Guek Eav, conhecido como o "camarada Duch", é o primeiro de cinco proeminentes membros do partido a falar diante de um tribunal pelos crimes cometidos entre 1975 e 1979 a mando de Pol Pot no Camboja .

Duch, acusado por crimes contra a humanidade, crimes de guerra, assassinato e tortura, admitiu a responsabilidade pela morte dos bebês. "Quando crianças chegavam ao centro, eu mandava matá-las porque nós tínhamos medo que essas crianças se vingassem", disse o ex-carcereiro, hoje com 66 anos, segundo a agência de notícias Reuters. "Eu tinha que implementar a política do Partido Comunista", acrescentou.

Durante o testemunho, Dutch afirmou que a execução era feita por seus subordinados. Segundo ele, os guardas batiam os bebês contra árvores para matá-los. Ele negou a acusação da promotoria de que crianças eram jogadas de janelas do terceiro andar, o que, de acordo com Duch, provocaria pânico entre os prisioneiros. Estima-se que mais de 14.000 pessoas, entre elas mulheres e crianças, tenham morrido no local, situado em Phnom Penh.


PARABÉNS

Parabéns a, por esta ordem:

Portugal
Ferreira Leite
Paulo Rangel
Durão Barroso
Cavaco Silva

SONDAGENS

Sondagens, para que vos quero.
O Sol da passada sexta-feira referia, na sequência das indicações dessa "ciência exacta" que são as sondagens, que "Partidos no Governo serão penalizados... mas o PS português foge à regra".
Fiem-se nestes sociólogos tipo ISCTE, fiem-se...