jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Casamento "alegre"
Casamento "alegre"
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
E agora, PSD?
Que a chamada “crise global económica e financeira” tem as costas largas já todos sabemos. Que a mesma crise continua a minar de forma larvar os alicerces frágeis de economias mal preparadas e com problemas estruturais, basta ver o que acontece neste momento na Grécia.
Que a nossa economia continua num caminho descendente contínuo, todos os indicadores o indicam, principalmente o quase nulo potencial de crescimento de que infelizmente quase não se fala. Também a permanentemente anémica evolução do PIB, o endividamento externo, o défice das contas públicas e o desemprego galopante são evidentes.
O turbilhão da política é visível no agastamento sistemático dos confrontos no Parlamento, que já ultrapassaram notoriamente o nível do normal e democrático debate de ideias, para se transformarem numa coisa muito feia, que não vale a pena nomear.
A situação política mudou radicalmente depois das últimas eleições em que, recorde-se, o PS perdeu a maioria absoluta e o PSD se ficou pelos 29%.
Da inexistência de maioria absoluta não vem mal nenhum ao mundo. Implica, no entanto, para que o país seja governável, que se construa uma coligação governamental ou, em alternativa, um acordo de incidência parlamentar que garanta uma estabilidade governamental mínima. Fora disso fica a hipótese de ir procurando diariamente parceiros pontuais. Face ao estado actual da economia e à conflitualidade que todos nós podemos constatar diariamente, não parece que este último caminho tenha grande futuro.
Claro que, perante o panorama descrito, a tentação de esticar a corda pelo lado do PS para provocar eleições que lhe possam restituir a maioria absoluta a curto prazo, é muito grande. E nem será muito difícil convencer os portugueses de que são os partidos da oposição os responsáveis pela situação de ingovernabilidade, se estes não adoptarem uma postura de clara e óbvia defesa do interesse nacional.
E aqui chegamos ao PSD, que se apresenta completamente “nu” perante os portugueses. Face aos resultados eleitorais desde 2005, os dirigentes do PSD, actuais e futuros, que tirem o cavalinho da chuva como se costuma dizer. Em caso algum o PSD herdará o poder: se o quiser, terá que o conquistar.
No passado, tirando a excepção de Durão Barroso que governou perante a desistência excepcional de António Guterres, o PSD teve que lutar duro para conquistar o poder. Foi assim com Sá Carneiro e a AD em 1979: teve mesmo que assumir um confronto directo com o Presidente da República de então e que arrostar com a divisão partidária das “opções inadiáveis” (os que nesse tempo se consideravam os verdadeiros social-democratas do PSD) que lhe fizeram perder mais de 30 deputados. Foi assim na década de 80 quando Cavaco Silva cortou caminho às ideias de Bloco Central e se propôs introduzir as reformas profundas de que o País precisava.
Isto é, para ganhar eleições o PSD necessitou sempre de se apresentar com vontade de mudar radicalmente o estado das coisas e de mostrar ser capaz de o fazer.
Nos tempos que se aproximam não será diferente. Perante a actual situação, é obrigação do PSD ser mais uma vez capaz de corporizar os anseios de mudança. Está nas suas mãos e é sua responsabilidade fazê-lo. Não se trata apenas de escolher mais este ou aquele líder partidário a prazo, sob pena de o PSD se tornar politicamente irrelevante. Trata-se, como sempre se tratou, de escolher quem seja capaz de propor uma plataforma política que, do centro à direita, mobilize um eleitorado que, mergulhado numa profunda crise económica e social, se sente cada vez mais desprotegido face à enorme e pouco europeia realidade da soma de votos na esquerda comunista e radical. Não esquecendo que há algo que os cidadãos exigirão cada vez com mais força: credibilidade, credibilidade e credibilidade.
Publicado no Diário de Coimbra em 14 de Dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
sábado, 12 de dezembro de 2009
Haja seriedade
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Em Coimbra é que não!
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Um mundo multipolar
Realizou-se na semana passada, em Lisboa, a cerimónia que assinalou a entrada em vigor do Tratado de Lisboa. Apesar de neste semestre ser a Suécia que preside à União Europeia, faz sentido que tenha tido lugar em Lisboa, dado que o tratado tem o nome da nossa capital por a sua negociação ter sido concluída há dois anos pela presidência portuguesa.
O mundo está sempre em evolução, e quem não acompanha fica para trás. Isto é válido para pessoas e empresas, mas também para os países. Depois da implosão do chamado “socialismo real” com a queda do muro de Berlim e o desaparecimento do Pacto de Varsóvia, o mundo passou de bipolar a unipolar, tendo nessa altura os EUA passado a ser a única potência ao nível mundial.
Sendo inegavelmente uma grande potência económica, a Europa tem tido grandes dificuldades em afirmar-se ao nível político. Militarmente, a questão nem se põe, preferindo os europeus abrigarem-se no guarda-chuva da NATO.
Entretanto, a emergência de novas economias rapidamente crescentes ao nível global – China, Índia e Brasil – tem vindo a colocar em causa o lugar da economia europeia no mundo.
Uma alteração muito mais importante do que se supõe normalmente foi a emergência de Barack Obama como presidente dos EUA. Não propriamente pela mudança política, embora esta seja significativa, mas pela personalidade do presidente. Trata-se do primeiro presidente americano cujas origens estão viradas para o Pacífico, em vez do Atlântico. A recente viagem de Obama ao Oriente mostrou claramente que as suas prioridades estão naquela zona do globo, e não na Europa.
A União Europeia carecia claramente de instrumentos de decisão interna e de representação externa que lhe dessem capacidade de reacção em tempo útil e uma voz única perante as outras potências. O Tratado de Lisboa foi uma resposta a essas necessidades, dentro das limitações inerentes a uma União de países que não é uma federação, em que esses países continuam a gozar de extensa autonomia em grande número de áreas, mesmo na economia.
Um dos aspectos mais importantes do Tratado de Lisboa é a criação de representantes externos: o presidente do Conselho Europeu e um Alto Representante para a Política Externa. A partir de agora, o presidente americano, o presidente russo ou os seus congéneres chinês, indiano, brasileiro ou indiano teriam um interlocutor europeu único, para atender o telefone sempre que necessário. Digo teriam, porque a UE conseguiu o mais difícil: designou para aqueles lugares duas personalidades que, independentemente de serem certamente muito estimáveis pessoalmente, não acrescentam nada à UE por serem politicamente totalmente irrelevantes.
De facto, só por piada se imagina Obama a ligar para Van Rompuy ou Clinton para Catherine Ashton para resolver rapidamente uma qualquer emergência internacional.
Os equilíbrios internos da UE continuam a ser demasiado instáveis para permitirem soluções credíveis e eficazes para os problemas graves de um mundo que, efectivamente, é cada vez mais multipolar.
Publicado no Diário de Coimbra em 7 de Dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Cair a pique
- O projecto-lei do BE para acabar com a distinção entre corrupção por acto lícito e ilícito acaba de ser aprovada no Parlamento. Só o PS votou contra.
- CDS-PP que ouvir operadores judiciários antes de se legislar sobre corrupção
- O PS vai viabilizar a criação de uma comissão eventual de acompanhamento político do fenómeno da corrupção proposta pelo PSD.
Tudo isto enquanto se vai conhecendo o estado económico do País, não augura nada de bom para os próximos tempos. Aparentemente o desnorte é total: Sr. Presidente, quanto mais ainda vai aguentar?