jpaulocraveiro@ gmail.com "Por decisão do autor, o presente blogue não segue o novo Acordo Ortográfico"
segunda-feira, 23 de abril de 2018
COIMBRA DEMOCRÁTICA
A legislação que regulou a organização das
Autarquias Locais após o 25 de Abril previu uma distribuição de
responsabilidades e competências entre os diversos órgãos municipais muito
diferente do estabelecido para a governação nacional. Fosse por razões
conjunturais relacionadas com o PREC, fosse por se entender que as autarquias
locais, mais directamente ligadas às populações e aos seus desejos, ganhariam
vantagem em respeitar diferentes perspectivas, os órgãos executivos municipais
incluíram representantes dos diversos partidos. Esta organização é inédita na
sua formulação qualquer que seja o ponto de vista de onde se observe, em termos
empresariais ou mesmo de organização política.
Este modelo de organização implica diversas consequências,
dado que todos os vereadores eleitos têm iguais legitimidades políticas, logo
responsabilidades perante o povo que os elegeu. Num Executivo Municipal não há,
não pode haver, vereadores da situação e vereadores da oposição. Aliás, assim
não fora e certamente a Lei não seria como é e os Executivos municipais seriam
constituídos apenas por representantes dos partidos ou coligações vencedores
das eleições, à maneira dos Governos nacionais. O lugar da afirmação e debate política
partidário é a Assembleia Municipal, órgão fiscalizador. E não se diga que o
que aqui afirmo é mera utopia ou que está desligado da realidade.
Como estamos na semana do 25 de Abril cabe aqui lembrar
alguns antigos presidentes da Câmara do poder local democrático em Coimbra, com
os quais tive o privilégio de trabalhar directamente, lembrança essa que
servirá de prova do que acima deixo escrito.
Recordo António Moreira em cujos
executivos não havia qualquer diferença entre os vereadores, fossem de que
partidos fossem. Todos eles colaboravam e participavam na gestão municipal,
tivessem ou não pelouros atribuídos, como foram os exemplos de Santos Cardoso
do PCP, Pinto dos Santos e Manuel Machado do PS, nestes casos mesmo com
pelouros importantes, ainda que a coligação vencedora AD tivesse tido maioria
absoluta.
Mendes Silva, nunca suficientemente recordado, eleito pelo PS e que,
antes das reuniões do Executivo, promovia a realização de encontros informais
da vereação longe dos holofotes da comunicação social, sendo os assuntos calma
e aprofundadamente discutidos e analisados a fim de que, após obtidos os
consensos decorrentes de acertos, os mesmos fossem alvo de unanimidade na
aprovação. Assim conseguiu que muito mais de 95% das decisões camarárias tenham
merecido o voto favorável da totalidade dos vereadores.
Claro que, para esta
actuação, muito terão contribuído as suas capacidades pessoais únicas de
trabalho e de diálogo, mas também a experiência pessoal notável, que vinha da
presidência da Direcção da Associação Académica dos anos 50 que conseguiu do
governo de então a edificação do complexo que inclui a sede da AAC, o Teatro
Gil Vicente e cantinas em volta do seu jardim; ou do trabalho como Director Regional
do Desporto, tempo em que Coimbra atingiu píncaros na natação e no basket como
nunca mais se viu, nem com as instalações desportivas magníficas de que hoje
dispõe.
Penso não ser preciso mais para se concluir da
veracidade do que acima escrevi, isto é, que no Executivo Municipal não há
vereadores da situação e da oposição. É esta a razão da legislação que regula o
poder local e devem ser sempre encontradas soluções para que tal suceda, que
nem passam obrigatoriamente pela entrega de pelouros, mas apenas pela partilha
de responsabilidades e aproveitamento de capacidades.
Há mesmo matérias cujo interesse municipal
ultrapassa as diferenças político-partidárias e para os quais o simples bom
senso aconselha que se peça a colaboração efectiva de todos os vereadores. Por
exemplo, uma candidatura a Capital Europeia da Cultura necessita de uma
estrutura de missão profissional que a prepare. Mas será de toda a conveniência
que o seu trabalho seja devidamente acompanhado e apoiado por uma Comissão de
Acompanhamento em que tenham assento vereadores de todas as forças políticas
quanto mais não seja, para que toda a Cidade tenha conhecimento do trabalho
levado a cabo, tenha ou não a candidatura o êxito desejado.
domingo, 22 de abril de 2018
GROTESCO
Os grotescos a defenderem-se uns aos outros
https://eco.pt/2018/04/22/polemica-das-viagens-vasco-cordeiro-sai-em-defesa-de-carlos-cesar-no-facebook/
https://eco.pt/2018/04/22/polemica-das-viagens-vasco-cordeiro-sai-em-defesa-de-carlos-cesar-no-facebook/
sexta-feira, 20 de abril de 2018
Manuel Pinho e a pouca vergonha
Manuel Pinho foi ministro da Economia e continuava a ser empregado do BES e a receber mensalmente.
Este país é uma choldra.
https://observador.pt/especiais/caso-edp-ricardo-salgado-vai-ser-arguido-por-ter-pago-1-milhao-a-manuel-pinho-quando-este-era-ministro-da-economia/
Este país é uma choldra.
https://observador.pt/especiais/caso-edp-ricardo-salgado-vai-ser-arguido-por-ter-pago-1-milhao-a-manuel-pinho-quando-este-era-ministro-da-economia/
quinta-feira, 19 de abril de 2018
quarta-feira, 18 de abril de 2018
PSD
Com que então o PSD pede aumentos para os funcionários públicos em 2019. Nos mesmos termos que o Bloco de Esquerda, bla la bla. Pelos vistos já se esqueceu dos aumentos do Sócrates em 2009 que deram no que deram. Ou então acreditam no bla bla bla do crescimento fantástico do Costa & Centeno. Não sei o que é pior, ainda por cima com populismo da treta.
terça-feira, 17 de abril de 2018
Identidade de género
Com a nova lei de identidade de género, cuja definição depende apenas da vontade da pessoa em cada momento, o que fazer com as leis das quotas para mulheres? Ainda fazem algum sentido?
segunda-feira, 16 de abril de 2018
Presidente(s) na cadeia
Na Coreia do Sul a antiga presidente Park
Geun-hye foi condenada a 24 anos de prisão por corrupção, pela prova em
tribunal de 16 dos 18 crimes por que estava acusada. Para montar uma rede
ilícita que lhe rendeu dezenas de milhões de euros durante anos provenientes de
grandes empresas como a Samsung contou com a colaboração de uma grande amiga
chamada Choi Soon-sil que já é conhecida como “Rasputina” dada a influência que
exercia sobre a presidência coreana. A Sra. Park é filha de um antigo
presidente do tempo da ditadura dos anos 60 e 70, ainda venerado por muitos coreanos
mais velhos e conservadores, dada a prosperidade económica desse tempo. Aquando
da sua impugnação muitos milhares de coreanos foram para as ruas em sua defesa,
recusando as acusações de corrupção e abuso de poder que sobre ela impendiam,
numa atitude comum a muitos outros países, quando líderes ou ex-líderes
políticos são acusados de corrupção. A ex-presidente Park não está, porém,
sozinha nesta sua condição de ex-presidente acusada de corrupção na Coreia do
Sul. Ela é apenas a sétima personalidade a ter ocupado aquele cargo a braços
com este tipo de acusações. O padrão deste tipo de atitudes por parte dos
ex-presidentes não deixa de revelar uma falta histórica de controlo democrático
sobre a acção dos líderes máximos da Coreia do Sul, que deverá provocar
alterações profundas na organização política do país agora que, pela primeira
vez, foi possível destituir quem ocupava a presidência a fim de ser presente a
julgamento.
No Brasil, o ex-presidente Inácio Lula da Silva
entrou também na cadeia depois de condenado a 12 anos de prisão pelos tribunais
em duas instâncias, apanhado pela Operação Lava Jato. O antigo presidente não
foi o primeiro político a ser apanhado nesta rede de corrupção, nem deverá ser
o último. Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e que se notabilizou
no processo de impeachment de Dilma Rousseff foi condenado a 15 anos e quatro meses
de prisão por corrupção passiva; o ex-senador Sérgio Cabral Filho, do PMDB está
preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro; Aécio Neves, Fernando Collor
de Mello, Renan Calheiros, Romero Jucá, (presidente do PMDB) são outros
exemplos de membros da classe política (nestes casos de direita) que estão a
ser investigados no mesmo processo, arriscando-se igualmente a ir parar à cadeia.
Alguns dos maiores empresários do Brasil ligados à construção civil foram
também condenados a penas de prisão, casos dos presidentes da Camargo Corrêa,
da OAS e da Odebrecht, enquanto decorre a investigação da Andrade Gutierrez. José
Dirceu, que foi ministro-chefe da Casa Civil do presidente Lula da Silva, já
soma mais de trinta anos de condenações a prisão no âmbito da Operação Lava
Jato, depois de ter sido anteriormente apanhado na Operação Mensalão.
Ainda mais do que na Coreia do Sul, no Brasil
assiste-se a uma grande operação de tentativa de branqueamento da condenação de
um ex-presidente por crimes relacionados com corrupção, acusando-se a Justiça
de ser ela própria agente política e não o garante da legalidade perante seja
quem for.
Em ambos os países se nota algo de comum que
merece ser analisado. Trata-se de regimes democráticos que sucederam a algumas
décadas de poder ditatorial exercido por generais, isto é, ditaduras militares.
A sensação de impunidade no exercício das funções máximas no Estado parece não
ter desaparecido, enquanto se verifica alguma “compreensão” das populações
perante práticas ilícitas dos novos líderes, agora eleitos, independentemente
da sua orientação política.
A estabilização dos regimes democráticos
recém-estabelecidos passa muito pela exigência de rigor e capacidade de defesa
da legalidade mesmo perante novas lideranças que se apresentam com galões de
referência na luta contra as ditaduras que os antecederam. A independência e
capacidade de actuação da Justiça é como sempre, mas designadamente nessas
alturas, o garante máximo da Liberdade e da Igualdade dos cidadãos. Não nos
devemos deixar enganar por campanhas de carácter político que, no fim, apenas
visam manipular a Justiça como instrumento de luta política e proteger quem
usou, para fins inconfessáveis, os poderes que o povo lhes entregou.
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