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sexta-feira, 14 de junho de 2019
quarta-feira, 12 de junho de 2019
Ainda as trapalhadas de Berardo, Sócrates, Santos Ferreira, Constâncio e cia. lda.
Isto foi escrito no blog Impertinências há dez anos:
"A estória é conhecida. Joe Berardo compra acções do Millenium bcp com empréstimos, primeiro da Caixa (onde à época era presidente Santos Ferreira, o actual presidente do Millenium bcp que sucedeu a Filipe Pinhal, homem de confiança de Jardim Gonçalves), do BES (por esta e por outras razões Filipe Pinhal escreveu o que escreveu sobre Ricardo Salgado, o banqueiro do regime socialista) e do Santander. Depois do afastamento da administração Filipe Pinhal, o próprio Millenium bcp financiou Berardo na compra de mais acções do próprio banco. Santos Ferreira reeditava assim um processo semelhante ao de Jardim Gonçalves.
A coisa correu mal porque as acções do Millenium bcp, que Berardo deve ter comprado a um preço médio de cerca de 2 euros, foram caindo até quase 50 cêntimos. Correu mal para Berardo e para os bancos que o financiaram, a quem Berardo tinha oferecido como garantia as próprias acções do bcp. O Santander, que não faz parte complexo político-empresarial socialista português (nem do espanhol), perante a insuficiência da garantia exigiu um reforço e dispunha-se a executar a dívida se tal não acontecesse. Pelo caminho Berardo ofereceu como garantia, que o Santander recusou mas os bancos do regime aceitaram, a colecção de arte que o governo de Sócrates alojou no CCB a expensas dos sujeitos passivos.
O desfecho do episódio, revelado pelo Expresso e não desmentido por Berardo, foi o Millenium bcp, cujo Conselho de Remunerações é presidido por Berardo, prestar uma garantia à primeira interpelação (on first demand) ao Santander, pessoalmente aprovada por Santos Ferreira, que já tinha aprovado empréstimos, primeiro na Caixa e depois no Millenium bcp.
Que este emaranhado de conflitos de interesse pareça normal neste país é apenas um sintoma de como o governo de José Sócrates contribuiu para tornar este país ainda mais anormal."
Como é que anda para aí tanta gente agora desmemoriada e muito admirada com o que se passou é que me surpreende. Como não compreendo que se continue a votar no mesmo partido (e em parte, mesmas pessoas). Se calhar é mesmo verdade que "les portugais sont toujours gais"
"A estória é conhecida. Joe Berardo compra acções do Millenium bcp com empréstimos, primeiro da Caixa (onde à época era presidente Santos Ferreira, o actual presidente do Millenium bcp que sucedeu a Filipe Pinhal, homem de confiança de Jardim Gonçalves), do BES (por esta e por outras razões Filipe Pinhal escreveu o que escreveu sobre Ricardo Salgado, o banqueiro do regime socialista) e do Santander. Depois do afastamento da administração Filipe Pinhal, o próprio Millenium bcp financiou Berardo na compra de mais acções do próprio banco. Santos Ferreira reeditava assim um processo semelhante ao de Jardim Gonçalves.
A coisa correu mal porque as acções do Millenium bcp, que Berardo deve ter comprado a um preço médio de cerca de 2 euros, foram caindo até quase 50 cêntimos. Correu mal para Berardo e para os bancos que o financiaram, a quem Berardo tinha oferecido como garantia as próprias acções do bcp. O Santander, que não faz parte complexo político-empresarial socialista português (nem do espanhol), perante a insuficiência da garantia exigiu um reforço e dispunha-se a executar a dívida se tal não acontecesse. Pelo caminho Berardo ofereceu como garantia, que o Santander recusou mas os bancos do regime aceitaram, a colecção de arte que o governo de Sócrates alojou no CCB a expensas dos sujeitos passivos.
O desfecho do episódio, revelado pelo Expresso e não desmentido por Berardo, foi o Millenium bcp, cujo Conselho de Remunerações é presidido por Berardo, prestar uma garantia à primeira interpelação (on first demand) ao Santander, pessoalmente aprovada por Santos Ferreira, que já tinha aprovado empréstimos, primeiro na Caixa e depois no Millenium bcp.
Que este emaranhado de conflitos de interesse pareça normal neste país é apenas um sintoma de como o governo de José Sócrates contribuiu para tornar este país ainda mais anormal."
Como é que anda para aí tanta gente agora desmemoriada e muito admirada com o que se passou é que me surpreende. Como não compreendo que se continue a votar no mesmo partido (e em parte, mesmas pessoas). Se calhar é mesmo verdade que "les portugais sont toujours gais"
terça-feira, 11 de junho de 2019
SNS e ADSE
Vi uma lista de umas centenas de pessoas a exigir o fim das PPP's em Saúde. Curiosamente, muitas delas são funcionários públicos na reforma ou ao serviço. Alguma delas utiliza o SNS? É que, quase certamente, são utentes da ADSE. ADSE que basicamente funciona como um seguro de saúde que permite aos fp fugirem ao SNS e utilizarem o sector privado para resolver os seus problemas de saúde. Eu sei que hoje a ADSE é financiada exclusivamente pelos utentes, mas não é hipócrita quererem para os outros o que não querem para eles? As PPP são um instrumento que o SNS utiliza em alternativa ao investimento público e em que o Estado sistematicamente poupa dinheiro. Por outro lado, têm servido bem as populações locais, como provam os relatórios e mesmo os autarcas que não querem que acabem, curiosamente alguns do PCP e do PS. A existência de algumas PPP (que deverão sempre ser uma excepção e não a regra) tem ainda outra função, que é a de poder comparar com os hospitais públicos e verificar os custos relativos para os mesmos serviços, pondo a nú as ineficiências, desperdícios e deficiências de gestão. Se calhar, por detrás da exigência ideológica contra o privado esconde-se mesmo a vontade de esconder aquilo que se passa em hospitais de gestão pública (que, aliás, Centeno está farto de denunciar para justificar os cortes que faz).
segunda-feira, 10 de junho de 2019
A SAÚDE IMPORTA
O Estado, seja qual for o
quadrante ideológico de onde se observe, tem funções básicas que deve assumir,
sob pena de nem ter razão de existência. Uma delas é garantir serviços de saúde
a todos os seus cidadãos sem discriminações, independentemente das suas
condições socio-económicas ou do local do território nacional onde habitem. E,
se outras funções primordiais são garantidas na Constituição sem que ainda hoje
não passem do papel, como a habitação condigna e outras, a Saúde foi talvez
aquela que o Estado melhor conseguiu cumprir. Imaginar que, por qualquer razão,
um cidadão não veja abrir-se-lhe a porta de um hospital para se tratar, é hoje algo
de inadmissível em Portugal. É por isso que tenho uma dificuldade muito grande
em compreender a facilidade com que se ataca uma das poucas coisas que foram
bem conseguidas em Portugal nas últimas dezenas de anos, o Serviço Nacional de
Saúde.
Mas, como tudo na vida, o
SNS não é algo que se constrói para depois se apreciar de forma estática. Evolui
com a sociedade que deve servir. E está, naturalmente, sujeito às flutuações
políticas e variação das condições do país desde logo pelas necessidades de
financiamento, mas também pela espantosa evolução da medicina e das alterações
demográficas com um acentuado envelhecimento da sociedade.
Notoriamente causados pelas
escolhas políticas que tentam conciliar reposições de rendimentos com controlo
do défice, têm vindo a lume problemas no SNS que não deveriam existir. Se, por
um lado, se diz que aumentou em absoluto a verba orçamental destinada ao SNS,
por outro lado, essa verba desceu em função do PIB. E essa verba tem que
responder à redução do horário das 40 para 35 horas semanais, o que significa
um aumento salarial implícito de 12,5%, mas também a necessidade de compensar
as horas de trabalho desaparecidas com novo pessoal, o que permite ao governo
dizer que aumentou o número de pessoas a trabalhar no SNS. Será verdade, só que
não significa qualquer aumento de capacidade de resposta havendo, antes pelo contrário,
notícias cada vez mais frequentes de esgotamento de médicos e enfermeiros.
Claro que, perante este quadro, teve que haver compensação com diminuição de
despesa em algum lado, como as Finanças exigem para mostrar um défice simpático
à União Europeia. Essa diminuição entrou por todas as frinchas do SNS através
das cativações e da redução radical do investimento, de que a ala pediátrica do
Hospital de S. João no Porto é apenas um conspícuo, mas triste e lamentável
exemplo. Todos os hospitais do SNS estão a sofrer com os cortes radicais de
despesa, seja com adiamentos inadmissíveis nas consultas, tratamentos e cirurgias,
inclusive na área da oncologia, seja na necessidade de o SNS recorrer ao resto
do Sistema de Saúde, por completa falta de capacidade de resposta. O
racionamento nas reparações de equipamentos e mesmo na aquisição dos produtos
mais básicos para diagnósticos e tratamentos é um facto que já não se consegue
esconder.
A excessiva centralização da gestão dos hospitais pode garantir o
co
ntrolo orçamental, mas tem como consequência uma deterioração da oferta, quer
em quantidade quer, pior que isso, em qualidade. E a produtividade confunde-se
muitas vezes com controlo de assiduidade, numa demonstração de falta de capacidade
de gestão já que, na verdade, quem ainda mantém o SNS a funcionar, apesar de
tudo, são os seus trabalhadores que não são escolhidos pela cor política, ao
contrário do que cada vez mais se verifica nas chefias.
Perante a actual situação de
carências de toda a ordem do SNS, sectores políticos elegeram como prioridade
cortar toda a possibilidade de o SNS recorrer a outros sectores do Sistema de
Saúde, nomeadamente através de parcerias público-privadas que, nesta área, e ao
contrário de outras, até têm dado bons resultados. Estão no seu direito,
deverão é ser responsabilizados pela queda da qualidade da oferta de saúde às
populações servidas.
O SNS é tão importante para
os cidadãos em geral, que direitas e esquerdas estão convocadas para criarem as
condições de sustentabilidade que o permitam manter com a maior e melhor
capacidade possível, não estragando o que foi resultado de trabalho de tantos.
Publicado originalmente na edição do Diário de Coimbra de 10 de Junho de 2019
quinta-feira, 6 de junho de 2019
Dia D
Obrigado
Paul Verlaine:
Les sanglots longs
des violons
de l'automne
Blessent mon coeur
d'une langueur
monotone.
Paul Verlaine:
Les sanglots longs
des violons
de l'automne
Blessent mon coeur
d'une langueur
monotone.
Citar Agustina
“Somos sempre muito faladores com o insignificante e muito calados com o que nos assusta.”
Pois.
Pois.
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